Christian Johann Heinrich Heine, foi um
jornalista, crítico literário, ensaísta e poeta romântico alemão nascido em 13
de dezembro de 1797 em Dusseldorf, na Renânia do Norte, Vestfália, na
época, Sacro Império Romano-Germânico. Suas principais obras foram: Deutschland. Ein Wintermärche, Atta
Troll, Die Harzreise, Book of Songs. Foi chamado de “o
último dos românticos”. Teve parte de sua poesia lírica musicada por compositores
como Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Robert Schumann, Brahms e no século XX
porJosé Maria Rocha Ferreira, Hans Werner Henze e Lord Berners.
A família de
Heinrich Heine era de judeus assimilados e ele tinha o nome de Heinrich Henry.
Durante a ocupação francesa napoleônica, o pai dele, que era comerciante, teve
benefícios devido aos novos ideais de igualdade cívica para todos os cidadãos,
incluindo os judeus, que eram discriminados em lugares que hoje pertencem à
Alemanha. Mas por causa de problemas financeiros do pai Heine foi mandado para
a casa de seu tio pelo lado paterno de nome Salomon, que morava em Hamburgo e
que era próspero banqueiro. Esse tio bancou os estudos de Heine e o incentivou
a procurar uma ocupação no mundo dos negócios. Mas Heine não tinha interesse em
seguir carreira nos negócios. Ele preferiu estudar Direito. De início esteve na
Universidade de Bonn, depois na Universidade de Gottinguer e por fim foi para a
Universidade de Berlin.
Apesar de ter ido estudar Direito, Heine, já
licenciado nessa área, preferiu a Literatura. Ele deixou a religião judaica e
passou a ser cristão luterano com o nome de Christian
Johann Heinrich, chamando a si mesmo de Heinrich Heine. As razões de sua
conversão ao cristianismo estavam ligadas às diversas limitações impostas aos
judeus que existiam em grande parte dos Estados Alemães. Os judeus não podiam
exercer muitas profissões e nem vários cargos em diversas instituições e havia
Universidades que não aceitavam o ingresso de judeus. Como Heine tinha interesse
no magistério, ele como judeu não poderia ser professor.
Heine considerou sua conversão ao cristianismo como
o "bilhete de admissão na cultura europeia”. Mas houve judeus que não
se converteram para ter algumas vantagens e que tiveram sucesso em certas áreas
de destaque na sociedade, como o caso do primo de Heine, o compositor Giacomo
Meyerbeer. Esta questão entre o judaísmo e o cristianismo na personalidade de
Heine fará parte dele em sua vida. Heine também queria ter acesso ao universo
de escritores românticos qe era mais acessível aos luteranos e católicos.
A
primeira obra de Heine foi em 1821 com "Gedichte" (Poemas), que
depois foi unido ao volume Sofrimentos juvenis, com características
de infelicidade e lamentações amorosas. Em 1823
escreveu Tragédias. No ciclo O Mar do Norte, Heine
escreveu poemas para o mar, em versos livres. A inspiração para
escrever algumas obras líricas importantes veio de paíxões não correspondidas
por suas primas Amalie e Therese. A primeira grande coletânea de versos dele
foi Buch der Lieder ("Livro das canções", em
1827).Nessa obra encontram-se baladas, canções amorosas, quadros
satíricos e as grandiosas evocações marítimas. Esteve
em Paris em 1831 e lá teve influência de teóricos do socialismo utópico
seguidores de Saint-Simon, que defendiam uma sociedade igualitária com base no
mérito. Em Paris Heine pretendia encontrar maior liberdade de expressão e
aceitação de suas ideias e nisso ele estava certo.
Heine
incomodou com seus escritos as autoridades em territórios alemães e obras suas
foram submetidas à censura, tendo muitas delas sido proibidas. O movimento da
Jovem Alemanha, de 1835, ao qual Heine pertencia e era um importante líder,
também teve obras banidas. Não foi permitido que ele voltasse e ele ficou na
França. Ainda que exilado, o poeta continuava com forte ligação com a Alemanha,
cuja situação política era alvo de críticas dele. Sob influência de ideias
francesas Heine dedicou-se a uma renovação da literatura alemã. Ele trabalhou
na França como correspondente do jornal liberal alemão Allgemeine
Zeitung, cuja sede era em Augsburgo. Divulgou a cultura alemã na
França. Fundou a corrente do feuilleton, que na atualidade é chamado
de Jornalismo Cultural e contribuiu como mdediador cuntural
entre França e Alemanha. Acreditava que a filosofia alemã junto ao espírito
revolucionário francês levaria à emancipação política e cultural da Europa.
Criticava a religião e disse certa vez:
Bendita
seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas
doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e
esperança.
Sobre
a censura sobre suas obras ele falou:
“Aqueles
que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens.”
Muitos
anos após sua morte, em Berlim na Alemanha nazista, obras de Heine foram
queimadas.
A
influência de Heine foi maior fora da Alemanha do que dentro dela. Foi muito
admirado na França como escritor e recebeu uma pensão do governo francês. Na
Europa oriental foi considerado um grande influenciador para uma literatura
nacional, junto com Goethe e obras dele foram lidas com admiração na China e
Japão.
Foi
um autor envolvido na política e com preocupações sociais. Em seus poemas e
textos foi sarcástico, irônico, fazendo críticas à sociedade alemã. Ele foi
influenciado pelos ideais da Revolução francesa e criticava o conservadorismo
na arte e na política. Queria que as pessoas fossem esclarecidas e era contra a
exploração do ser humano, considerando-se principalmente o aumento dessa
durante a revolução industrial. Conheceu Karl Marx em Paris. O pensamento desse
autor e revolucionário influenciou Heine como autor envolvido em política e crítico social, como se pode ver no poema Os tecelões de Silésia,
de 1844, traduzido e publicado por Friedrich Engels no jornal inglês “The new
moral World”. Também a obra de Heine Alemanha, um conto de inverno,
(Deutschland, ein Wintermärchen, no original) de 1844, foi marcada por
suas características políticas. É uma obra com críticas à sociedade alemã.
Embora
apoiador de movimentos sociais e políticos, Heine não se filiou a partidos.
Considerava-se um artista que escrevia para o mundo e a
Humanidade. Foi um inimigo do nacionalismo germânico, parecendo
até profetizar sobre a tragédia do nazismo que aconteceria na Alemanha muitos anos
depois, tendo dito: “um drama há de ser encenado na Alemanha que fará a Revolução Francesa
parecer um idílio inofensivo”.
Heine
escreveu o poema O Navio Negreiro, do original alemão Das
Sklavenschiff, de 1853/54. No poema o autor descreve a condições de um
navio negreiro ancorado no porto do Rio de Janeiro. O poeta brasileiro Castro
Alves inspirou-se nesse poema para escrever também um poema com o mesmo
título O Navio Negreiro. Machado de Assis, Gonçalves Dias,
Raul Pompeia, Alphonsuns de Guimaraens, Fagundes Varela, Manuel Bandeira e
André Valias foram admiradores brasileiros de Heine.
Heine
foi um jornalista muito inteligente, que colaborou entre 1831 e 1848 como correspondente em
Paris, no Jornal Geral de Augsburgo, no qual descrevia aspectos da
vida francesa, escrevendo sobre o parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o
teatro e a música. Muito dessa produção foi publicada em diversos volumes,
destacando-se Lutécia. Ele era um mordaz crítico do absolutismo alemão e do
liberalismo burguês francês.
Faleceu
em 17 de fevereiro de 1856, estando com sérios
problemas de visão, tendo tido sérias dificuldades financeiras, uma
infelicidade amorosa com uma mulher com bem menos instrução e estado doente
desde 1848, com paralisia, por causa da sífilis que contraiu.
Frases
de Heine:
“ Muitas vezes digo à vida: não me dês tanto, para que não me
possas levar tanto.”
“Onde
quer que livros sejam queimados, os homens serão também, eventualmente,
queimados.”
“O
historiador é o profeta que olha para trás.”
“Onde as
palavras acabam, a música começa.”
“A morte é a frescura da noite e a vida o dia
sufocante.”
“Poucas vezes compreendi os outros
e poucas vezes eles me compreenderam a mim. Porém, quando nos encontramos na
lama, compreendemo-nos logo.”
Poemas:
“Sonhei de novo o sonho antigo:
Maio, juras de amor
eterno,
Ambos sentados sob a
tília
E tendo a noite como
abrigo.
E juras a cada
momento,
Risinhos, carícias,
beijos:
Sem mais, porém,
mordeu-me a mão,
Pra me lembrar do
juramento.
Ó namorada de olhos
claros,
Com seus caninos
entre os ais:
Estou de acordo
quanto às juras,
Mas a mordida foi
demais.”
*
Mir träumte wieder
der alte Traum:
Es war eine Nacht im Maie,
Wir saßen unter dem
Lindenbaum,
Und schwuren uns ewige Treue.
Das war ein Schwören und Schwören aufs neu,
Ein Kichern, ein Kosen, ein Küssen;
Daß ich gedenk des
Schwures sei,
Hast du in die Hand mich gebissen.
O Liebchen mit den Äuglein klar!
O Liebchen schön und bissig!
Das Schwören in der Ordnung war,
Das Beißen war
überflüssig.
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“Quando eu te
desposar...”
Quando eu te
desposar, teus dias
Serão dignos de
invejas;
Desfrutarás mil
alegrias
E ociosidade régia.
Hei de perdoar-te mau
humor,
E queixas mas – é
claro –
Se não cobrires de
louvor
Meu verso, eu me
separo.
*
“Und bist du erst mein ehlich Weib…”
Und bist du erst mein ehlich Weib,
Dann bist du zu beneiden,
Dann lebst du in lauter Zeitvertreib,
In lauter Pläsier und Freuden.
Und wenn du schiltst und wenn du tobst,
Ich werd` es geduldig leiden;
Doch wenn du meine Verse nicht lobst,
Laß ich mich von dir scheiden.
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Morfina
É grande a semelhança
desses dois
jovens e belos
vultos, muito embora
um pareça mais pálido
e severo
ou, posso até dizer,
bem mais distinto
do que o outro, o
que, terno, me abraçava.
Havia em seu sorriso
tanto afeto,
carinho e, nos seus
olhos,tanta paz!
Ornada de papoulas,
sua fronte
tocava a minha, às
vezes – e seu raro
odor me dissipava a
dor do espírito.
Tal alívio, porém ,
não dura. Eu só
hei de curar-me
inteiramente quando
o irmão severo e
pálido abaixar
a sua tocha. – O sono
é bom; o sono
eterno, ainda melhor;
mas certamente
o ideal seria nunca
ter nascido.
*
Morphine
Groß ist die Ähnlichkeit der beiden schönen
Jünglingsgestalten, ob der eine gleich
Viel blässer als der andre, auch viel strenger,
Fast möcht ich sagen: viel vornehmer aussieht
Als jener andre, welcher mich vertraulich
In seine Arme schloß – Wie lieblich sanft
War dann sein Lächeln und sein Blick wie selig!
Dann mocht es wohl geschehn, daß seines Hauptes
Mohnblumenkranz auch meine Stirn berührte
Und seltsam duftend allen Schmerz verscheuchte
Aus meiner Seel` – Doch solche Linderung,
Sie dauert kurze Zeit; genesen gänzlich
Kann ich nur dann, wenn seine Fackel senkt
Der andre Bruder, der so ernst und bleich. –
Gut ist der Schlaf, der Tod ist besser – freilich
Das beste wäre, nie geboren sein.
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Esperem só
“Só porque arraso
quando arrojo
Raios, acham que não
sei troar.
Ora, meus senhores,
ao contrário:
Na arte do trovão não
sou pior!
No devido dia, eu
ponho à prova,
Quem duvida agora é
só esperar;
O meu peito então vai
trovejar,
E trincar os céus, a
minha voz!
No fragor daquele
furacão,
Os carvalhos secos
vão rachar,
Os castelos vão
desmoronar,
Velhas catedrais,
ruir ao chão!”
*
Wartet nur
Weil ich so ganz vorzüglich blitze,
Glaubt ihr, daß ich nicht donnern könnt!
Ihr irrt euch sehr, denn ich besitze
Gleichfalls fürs Donnern ein Talent.
Es wird sich grausenhaft bewähren,
Wenn einst erscheint der rechte Tag;
Dann sollt ihr meine Stimme hören,
Das Donnerwort, den Wetterschlag.
Gar manche Eiche wird zersplittern
An jenem Tag der wilde Sturm,
Gar mancher Palast wird erzittern
Und stürzen mancher Kirchenturm!
___________________________________________
Não entro nessa
dança, não incenso
Os ídolos de ouro e
pés de barro;
Tampouco aperto a mão
desse masmarro
Que me difama e
distribui dissenso.
Não galanteio a linda
rapariga
Que ostenta sem pudor
suas vergonhas;
Nem acompanho as
multidões medonhas
Que adoram seus
heróis de meia-figa.
Eu sei: carvalhos têm
que desabar,
Enquanto o junco se
abaixando espera
Passar o vento forte
da intempérie.
Mas do que pode um
junco se orgulhar?
Tirar poeira de
capacho ao sol,
Curvar-se para a
linha de um anzol.
*
Ich tanz nicht mit, ich räuchre nicht den Klötzen,
Die außen goldig sind, inwendig Sand;
Ich schlag nicht ein, reicht mir ein Bub die Hand,
Der heimlich will den Namen mir zerfetzen.
Ich beug mich nicht vor jenen hübschen Metzen,
Die schamlos prunken mit der eignen Schand;
Ich zieh nicht mit, wenn sich der Pöbel spannt
Vor Siegeswagen seiner eiteln Götzen.
Ich weiß es wohl, die Eiche muß erliegen,
Derweil das Rohr am Bach, durch schwankes Biegen,
In Wind und Wetter stehn bleibt, nach wie vor.
Doch sprich, wie weit bringt’s wohl am End’ solch Rohr?
Welch Glück! als ein Spazierstock dient’s dem Stutzer,
Als Kleiderklopfer dient’s dem Stiefelputzer.
Os anjos
Eu, incrédulo Tomé,
Já não creio na
doutrina
Que o rabi e o padre
ensinam:
Nesse “céu” não levo
fé!
Mas nos anjos
acredito,
Dou aqui meu testemunho:
Perambulam pelo
mundo,
Impolutos e bonitos.
Só refuto essa
bobagem
De anjo aparecer de
asinha;
Sei de muitos,
Senhorinha,
Desprovidos de
penagem.
Com carinho e
claridade,
De olho atento nos
humanos,
Nos protegem,
afastando
O infortúnio e a tempestade.
Amizade tão discreta
Reconforta toda
gente,
Tanto mais o
duplamente
Judiado, que é o
poeta.
*
Die engel
Freylich ein ungläub’ger Thomas
Glaub’ ich an den Himmel nicht,
Den die Kirchenlehre Romas
Und Jerusalems verspricht.
Doch die Existenz der
Engel,
Die bezweifelte ich nie;
Lichtgeschöpfe sonder Mängel,
Hier auf Erden wandeln sie.
Nur, genäd’ge Frau, die Flügel
Sprech’ ich jenen Wesen ab;
Engel giebt es ohne Flügel,
Wie ich selbst gesehen hab’.
Lieblich mit den weißen Händen,
Lieblich mit dem schönen Blick
Schützen sie den Menschen, wenden
Von ihm ab das
Mißgeschick.
Ihre Huld und ihre Gnaden
Trösten jeden, doch zumeist
Ihn, der doppelt qualbeladen,
Ihn, den man den Dichter heißt.
__________________________________________
Esses
olhos-primavera,
Me fitando azuis na
relva
São amáveis violetas
Que escolhi para um
buquê.
Vou colhendo enquanto
penso:
O que vem ao
pensamento
E no coração me dói,
Cantam alto os
rouxinóis.
O que eu penso eles
cantam
Estridentes – num
instante
Minha sina mais
secreta
Espalhou-se na
floresta.
*
Die blauen
Frühlingsaugen
Schau'n aus dem Gras
hervor;
Das sind die lieben Veilchen,
Die ich zum Strauß erkor.
Ich pflücke sie und denke,
Und die Gedanken all,
Die mir im Herzen seufzen,
Singe laut die Nachtigall.
Ja, was ich denke, singt sie
Lautschmetternd, daß es schallt;
Mein zärtliches Geheimnis
Weiß schon der ganze Wald.
.
___________________________________________
Acreditava
antigamente
Que todo beijo que me
tiram,
Ou que recebo de
presente,
Fosse por obra do
destino.
Deram-me beijos e
beijei,
Antes com tanta
seriedade,
Como se obedecesse às
leis
Que regem a
necessidade.
Agora sei como é
supérfluo
E não me faço de
rogado,
Vou dando beijos em
excesso,
Incrédulo e despreocupado.
*
Ehmals glaubt ich,
alle Küsse,
Die ein Weib uns gibt und nimmt,
Seien uns, durch Schicksalsschlüsse,
Schon urzeitlich vorbestimmt.
Küsse nahm ich, und ich küßte
So mit Ernst in jener Zeit,
Als ob ich erfüllen müßte
Thaten der Notwendigkeit.
Jetzo weiß ich, überflüssig,
Wie so manches, ist der Kuß,
Und mit leichtern Sinnen küß ich,
Glaubenlos im
Überfluß.
___________________________________________
Como rasteja devagar
O tempo, caracol
horrendo!
E eu, sem poder mover
os membros,
Não saio mais deste
lugar.
Na minha cela sempre
escura
Não entra sol nem a
esperança;
Daqui, em derradeira
instância,
Só me liberta a
sepultura.
Quem sabe já virei
defunto
E esses semblantes em
cortejo,
Que à noite
desfilando eu vejo,
Não são visitas do
outro mundo.
Fantasmas a vagar sem
corpo
Ou deuses do templo
pagão,
Que adoram fazer
confusão
No crânio de um poeta
morto. –
A doce festa dos
espíritos,
Orgia saturnal e
tétrica,
Busca a mão óssea do
poeta
Deitar às vezes por
escrito.
*
Wie langsam kriechet sie dahin,
Die Zeit, die schauderhafte Schnecke!
Ich aber, ganz bewegungslos
Blieb ich hier auf demselben Flecke.
In meine dunkle Zelle dringt
Kein Sonnenstral, kein Hoffnungsschimmer;
Ich weiß, nur mit der Kirchhofsgruft
Vertausch ich dies fatale Zimmer.
Vielleicht bin ich gestorben längst;
Es sind vielleicht nur Spukgestalten
Die Phantasieen, die des Nachts
Im Hirn den bunten Umzug halten.
Es mögen wohl Gespenster seyn,
Altheidnisch göttlichen Gelichters;
Sie wählen gern zum Tummelplatz
Den Schädel eines todten Dichters. –
Die schaurig süssen Orgia,
Das nächtlich tolle Geistertreiben,
Sucht des Poeten Leichenhand
Manchmal am Morgen aufzuschreiben.
_____________________________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
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