terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O poeta alemão Heine

 



Christian Johann Heinrich Heine, foi um jornalista, crítico literário, ensaísta e poeta romântico alemão nascido em 13 de dezembro de 1797 em Dusseldorf, na Renânia do Norte, Vestfália, na época, Sacro Império Romano-Germânico. Suas principais obras foram: Deutschland. Ein WintermärcheAtta TrollDie HarzreiseBook of SongsFoi chamado de “o último dos românticos”. Teve parte de sua poesia lírica musicada por compositores como Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Robert Schumann, Brahms e no século XX porJosé Maria Rocha Ferreira, Hans Werner Henze e Lord Berners. 

A família de Heinrich Heine era de judeus assimilados e ele tinha o nome de Heinrich Henry. Durante a ocupação francesa napoleônica, o pai dele, que era comerciante, teve benefícios devido aos novos ideais de igualdade cívica para todos os cidadãos, incluindo os judeus, que eram discriminados em lugares que hoje pertencem à Alemanha. Mas por causa de problemas financeiros do pai Heine foi mandado para a casa de seu tio pelo lado paterno de nome Salomon, que morava em Hamburgo e que era próspero banqueiro. Esse tio bancou os estudos de Heine e o incentivou a procurar uma ocupação no mundo dos negócios. Mas Heine não tinha interesse em seguir carreira nos negócios. Ele preferiu estudar Direito. De início esteve na Universidade de Bonn, depois na Universidade de Gottinguer e por fim foi para a Universidade de Berlin.

Apesar de ter ido estudar Direito, Heine, já licenciado nessa área, preferiu a Literatura. Ele deixou a religião judaica e passou a ser cristão luterano com o nome de Christian Johann Heinrich, chamando a si mesmo de Heinrich Heine. As razões de sua conversão ao cristianismo estavam ligadas às diversas limitações impostas aos judeus que existiam em grande parte dos Estados Alemães. Os judeus não podiam exercer muitas profissões e nem vários cargos em diversas instituições e havia Universidades que não aceitavam o ingresso de judeus. Como Heine tinha interesse no magistério, ele como judeu não poderia ser professor.

Heine considerou sua conversão ao cristianismo como o "bilhete de admissão na cultura europeia”. Mas houve judeus que não se converteram para ter algumas vantagens e que tiveram sucesso em certas áreas de destaque na sociedade, como o caso do primo de Heine, o compositor Giacomo Meyerbeer. Esta questão entre o judaísmo e o cristianismo na personalidade de Heine fará parte dele em sua vida. Heine também queria ter acesso ao universo de escritores românticos qe era mais acessível aos luteranos e católicos.

A primeira obra de Heine foi em 1821 com "Gedichte" (Poemas), que depois foi unido ao volume Sofrimentos juvenis, com características de infelicidade e lamentações amorosas. Em 1823 escreveu Tragédias. No ciclo O Mar do Norte, Heine escreveu poemas para o mar, em versos livres.  A inspiração para escrever algumas obras líricas importantes veio de paíxões não correspondidas por suas primas Amalie e Therese. A primeira grande coletânea de versos dele foi Buch der Lieder ("Livro das canções", em 1827).Nessa obra encontram-se baladas, canções amorosas, quadros satíricos e as grandiosas evocações marítimas. Esteve em Paris em 1831 e lá teve influência de teóricos do socialismo utópico seguidores de Saint-Simon, que defendiam uma sociedade igualitária com base no mérito. Em Paris Heine pretendia encontrar maior liberdade de expressão e aceitação de suas ideias e nisso ele estava certo.

Heine incomodou com seus escritos as autoridades em territórios alemães e obras suas foram submetidas à censura, tendo muitas delas sido proibidas. O movimento da Jovem Alemanha, de 1835, ao qual Heine pertencia e era um importante líder, também teve obras banidas. Não foi permitido que ele voltasse e ele ficou na França. Ainda que exilado, o poeta continuava com forte ligação com a Alemanha, cuja situação política era alvo de críticas dele. Sob influência de ideias francesas Heine dedicou-se a uma renovação da literatura alemã. Ele trabalhou na França como correspondente do jornal liberal alemão Allgemeine Zeitung, cuja sede era em Augsburgo. Divulgou a cultura alemã na França.  Fundou a corrente do feuilleton, que na atualidade é chamado de Jornalismo Cultural e contribuiu como mdediador cuntural entre França e Alemanha. Acreditava que a filosofia alemã junto ao espírito revolucionário francês levaria à emancipação política e cultural da Europa. Criticava a religião e disse certa vez:

Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança.

Sobre a censura sobre suas obras ele falou:

“Aqueles que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens.”

Muitos anos após sua morte, em Berlim na Alemanha nazista, obras de Heine foram queimadas.

A influência de Heine foi maior fora da Alemanha do que dentro dela. Foi muito admirado na França como escritor e recebeu uma pensão do governo francês. Na Europa oriental foi considerado um grande influenciador para uma literatura nacional, junto com Goethe e obras dele foram lidas com admiração na China e Japão.

Foi um autor envolvido na política e com preocupações sociais. Em seus poemas e textos foi sarcástico, irônico, fazendo críticas à sociedade alemã. Ele foi influenciado pelos ideais da Revolução francesa e criticava o conservadorismo na arte e na política. Queria que as pessoas fossem esclarecidas e era contra a exploração do ser humano, considerando-se principalmente o aumento dessa durante a revolução industrial. Conheceu Karl Marx em Paris. O pensamento desse autor e revolucionário influenciou Heine como autor envolvido em política e crítico social, como se pode ver no poema Os tecelões de Silésia, de 1844, traduzido e publicado por Friedrich Engels no jornal inglês “The new moral World”. Também a obra de Heine Alemanha, um conto de inverno, (Deutschland, ein Wintermärchen, no original) de 1844, foi marcada por suas características políticas. É uma obra com críticas à sociedade alemã.

Embora apoiador de movimentos sociais e políticos, Heine não se filiou a partidos. Considerava-se um artista que escrevia para o mundo e a Humanidade.  Foi um inimigo do nacionalismo germânico, parecendo até profetizar sobre a tragédia do nazismo que aconteceria na Alemanha muitos anos depois, tendo dito: “um drama há de ser encenado na Alemanha que fará a Revolução Francesa parecer um idílio inofensivo”.

Heine escreveu o poema O Navio Negreiro, do original alemão Das Sklavenschiff, de 1853/54. No poema o autor descreve a condições de um navio negreiro ancorado no porto do Rio de Janeiro. O poeta brasileiro Castro Alves inspirou-se nesse poema para escrever também um poema com o mesmo título O Navio Negreiro. Machado de Assis, Gonçalves Dias, Raul Pompeia, Alphonsuns de Guimaraens, Fagundes Varela, Manuel Bandeira e André Valias foram admiradores brasileiros de Heine.

Heine foi um jornalista muito inteligente, que colaborou entre 1831 e 1848 como correspondente em Paris, no Jornal Geral de Augsburgo, no qual descrevia aspectos da vida francesa, escrevendo sobre o parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o teatro e a música. Muito dessa produção foi publicada em diversos volumes, destacando-se Lutécia. Ele era um mordaz crítico do absolutismo alemão e do liberalismo burguês francês.

Faleceu em 17 de fevereiro de 1856, estando com sérios problemas de visão, tendo tido sérias dificuldades financeiras, uma infelicidade amorosa com uma mulher com bem menos instrução e estado doente desde 1848, com paralisia, por causa da sífilis que contraiu.

 

Frases de Heine:

 

 “ Muitas vezes digo à vida: não me dês tanto, para que não me possas levar tanto.”

 “Onde quer que livros sejam queimados, os homens serão também, eventualmente, queimados.”

 “O historiador é o profeta que olha para trás.”

 “Onde as palavras acabam, a música começa.”

 “A morte é a frescura da noite e a vida o dia sufocante.”

“Poucas vezes compreendi os outros e poucas vezes eles me compreenderam a mim. Porém, quando nos encontramos na lama, compreendemo-nos logo.”

 

Poemas:

 

“Sonhei de novo o sonho antigo:

Maio, juras de amor eterno,

Ambos sentados sob a tília

E tendo a noite como abrigo.

E juras a cada momento,

Risinhos, carícias, beijos:

Sem mais, porém, mordeu-me a mão,

Pra me lembrar do juramento.

Ó namorada de olhos claros,

Com seus caninos entre os ais:

Estou de acordo quanto às juras,

Mas a mordida foi demais.”

*

Mir träumte wieder der alte Traum:

Es war eine Nacht im Maie,

Wir saßen unter dem Lindenbaum,

Und schwuren uns ewige Treue.

Das war ein Schwören und Schwören aufs neu,

Ein Kichern, ein Kosen, ein Küssen;

Daß ich gedenk des Schwures sei,

Hast du in die Hand mich gebissen.

O Liebchen mit den Äuglein klar!

O Liebchen schön und bissig!

Das Schwören in der Ordnung war,

Das Beißen war überflüssig.

 

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“Quando eu te desposar...”

Quando eu te desposar, teus dias

Serão dignos de invejas;

Desfrutarás mil alegrias

E ociosidade régia.

Hei de perdoar-te mau humor,

E queixas mas – é claro –

Se não cobrires de louvor

Meu verso, eu me separo.

*

“Und bist du erst mein ehlich Weib…”

Und bist du erst mein ehlich Weib,

Dann bist du zu beneiden,

Dann lebst du in lauter Zeitvertreib,

In lauter Pläsier und Freuden.

Und wenn du schiltst und wenn du tobst,

Ich werd` es geduldig leiden;

Doch wenn du meine Verse nicht lobst,

Laß ich mich von dir scheiden.

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Morfina

É grande a semelhança desses dois

jovens e belos vultos, muito embora

um pareça mais pálido e severo

ou, posso até dizer, bem mais distinto

do que o outro, o que, terno, me abraçava.

Havia em seu sorriso tanto afeto,

carinho e, nos seus olhos,tanta paz!

Ornada de papoulas, sua fronte

tocava a minha, às vezes – e seu raro

odor me dissipava a dor do espírito.

Tal alívio, porém , não dura. Eu só

hei de curar-me inteiramente quando

o irmão severo e pálido abaixar

a sua tocha. – O sono é bom; o sono 

eterno, ainda melhor; mas certamente

o ideal seria nunca ter nascido.

 

*

Morphine

Groß ist die Ähnlichkeit der beiden schönen

Jünglingsgestalten, ob der eine gleich

Viel blässer als der andre, auch viel strenger,

Fast möcht ich sagen: viel vornehmer aussieht

Als jener andre, welcher mich vertraulich

In seine Arme schloß – Wie lieblich sanft

War dann sein Lächeln und sein Blick wie selig!

Dann mocht es wohl geschehn, daß seines Hauptes

Mohnblumenkranz auch meine Stirn berührte

Und seltsam duftend allen Schmerz verscheuchte

Aus meiner Seel` – Doch solche Linderung,

Sie dauert kurze Zeit; genesen gänzlich

Kann ich nur dann, wenn seine Fackel senkt

Der andre Bruder, der so ernst und bleich. –

Gut ist der Schlaf, der Tod ist besser – freilich

Das beste wäre, nie geboren sein.

 

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Esperem só

“Só porque arraso quando arrojo

Raios, acham que não sei troar.

Ora, meus senhores, ao contrário:

Na arte do trovão não sou pior!

No devido dia, eu ponho à prova,

Quem duvida agora é só esperar;

O meu peito então vai trovejar,

E trincar os céus, a minha voz!

No fragor daquele furacão,

Os carvalhos secos vão rachar,

Os castelos vão desmoronar,

Velhas catedrais, ruir ao chão!”

*

Wartet nur

Weil ich so ganz vorzüglich blitze,

Glaubt ihr, daß ich nicht donnern könnt!

Ihr irrt euch sehr, denn ich besitze

Gleichfalls fürs Donnern ein Talent.

Es wird sich grausenhaft bewähren,

Wenn einst erscheint der rechte Tag;

Dann sollt ihr meine Stimme hören,

Das Donnerwort, den Wetterschlag.

Gar manche Eiche wird zersplittern

An jenem Tag der wilde Sturm,

Gar mancher Palast wird erzittern

Und stürzen mancher Kirchenturm!

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Não entro nessa dança, não incenso

Os ídolos de ouro e pés de barro;

Tampouco aperto a mão desse masmarro

Que me difama e distribui dissenso.

 

Não galanteio a linda rapariga

Que ostenta sem pudor suas vergonhas;

Nem acompanho as multidões medonhas

Que adoram seus heróis de meia-figa.

 

Eu sei: carvalhos têm que desabar,

Enquanto o junco se abaixando espera

Passar o vento forte da intempérie.

 

Mas do que pode um junco se orgulhar?

Tirar poeira de capacho ao sol,

Curvar-se para a linha de um anzol.

*

Ich tanz nicht mit, ich räuchre nicht den Klötzen,

Die außen goldig sind, inwendig Sand;

Ich schlag nicht ein, reicht mir ein Bub die Hand,

Der heimlich will den Namen mir zerfetzen.

 

Ich beug mich nicht vor jenen hübschen Metzen,

Die schamlos prunken mit der eignen Schand;

Ich zieh nicht mit, wenn sich der Pöbel spannt

Vor Siegeswagen seiner eiteln Götzen.

 

Ich weiß es wohl, die Eiche muß erliegen,

Derweil das Rohr am Bach, durch schwankes Biegen,

In Wind und Wetter stehn bleibt, nach wie vor.

 

Doch sprich, wie weit bringt’s wohl am End’ solch Rohr?

Welch Glück! als ein Spazierstock dient’s dem Stutzer,

Als Kleiderklopfer dient’s dem Stiefelputzer.

 

 

Os anjos

Eu, incrédulo Tomé,

Já não creio na doutrina

Que o rabi e o padre ensinam:

Nesse “céu” não levo fé!

 

Mas nos anjos acredito,

Dou aqui meu testemunho:

Perambulam pelo mundo,

Impolutos e bonitos.

 

Só refuto essa bobagem

De anjo aparecer de asinha;

Sei de muitos, Senhorinha,

Desprovidos de penagem.

 

Com carinho e claridade,

De olho atento nos humanos,

Nos protegem, afastando

O infortúnio e a tempestade.

 

Amizade tão discreta

Reconforta toda gente,

Tanto mais o duplamente

Judiado, que é o poeta.

*

Die engel

Freylich ein ungläub’ger Thomas

Glaub’ ich an den Himmel nicht,

Den die Kirchenlehre Romas

Und Jerusalems verspricht.

 

Doch die Existenz der Engel,

Die bezweifelte ich nie;

Lichtgeschöpfe sonder Mängel,

Hier auf Erden wandeln sie.

 

Nur, genäd’ge Frau, die Flügel

Sprech’ ich jenen Wesen ab;

Engel giebt es ohne Flügel,

Wie ich selbst gesehen hab’.

 

Lieblich mit den weißen Händen,

Lieblich mit dem schönen Blick

Schützen sie den Menschen, wenden

Von ihm ab das Mißgeschick.

 

Ihre Huld und ihre Gnaden

Trösten jeden, doch zumeist

Ihn, der doppelt qualbeladen,

Ihn, den man den Dichter heißt.

 

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Esses olhos-primavera,

Me fitando azuis na relva

São amáveis violetas

Que escolhi para um buquê.

 

Vou colhendo enquanto penso:

O que vem ao pensamento

E no coração me dói,

Cantam alto os rouxinóis.

 

O que eu penso eles cantam

Estridentes – num instante

Minha sina mais secreta

Espalhou-se na floresta.

*

Die blauen Frühlingsaugen

Schau'n aus dem Gras hervor;

Das sind die lieben Veilchen,

Die ich zum Strauß erkor. 

 

Ich pflücke sie und denke,

Und die Gedanken all,

Die mir im Herzen seufzen,

Singe laut die Nachtigall.

 

Ja, was ich denke, singt sie

Lautschmetternd, daß es schallt;

Mein zärtliches Geheimnis

Weiß schon der ganze Wald. 

.

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Acreditava antigamente

Que todo beijo que me tiram,

Ou que recebo de presente,

Fosse por obra do destino.

 

Deram-me beijos e beijei,

Antes com tanta seriedade,

Como se obedecesse às leis

Que regem a necessidade.

 

Agora sei como é supérfluo

E não me faço de rogado,

Vou dando beijos em excesso,

Incrédulo e despreocupado.

*

Ehmals glaubt ich, alle Küsse, 

Die ein Weib uns gibt und nimmt,

Seien uns, durch Schicksalsschlüsse,

Schon urzeitlich vorbestimmt.

 

Küsse nahm ich, und ich küßte

So mit Ernst in jener Zeit,

Als ob ich erfüllen müßte

Thaten der Notwendigkeit.

 

Jetzo weiß ich, überflüssig,

Wie so manches, ist der Kuß,

Und mit leichtern Sinnen küß ich,

Glaubenlos im Überfluß.

 

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Como rasteja devagar

O tempo, caracol horrendo!

E eu, sem poder mover os membros,

Não saio mais deste lugar.

 

Na minha cela sempre escura

Não entra sol nem a esperança;

Daqui, em derradeira instância,

Só me liberta a sepultura.

 

Quem sabe já virei defunto

E esses semblantes em cortejo,

Que à noite desfilando eu vejo,

Não são visitas do outro mundo.

 

Fantasmas a vagar sem corpo

Ou deuses do templo pagão,

Que adoram fazer confusão

No crânio de um poeta morto. –

 

A doce festa dos espíritos,

Orgia saturnal e tétrica,

Busca a mão óssea do poeta

Deitar às vezes por escrito.

*

Wie langsam kriechet sie dahin,

Die Zeit, die schauderhafte Schnecke!

Ich aber, ganz bewegungslos

Blieb ich hier auf demselben Flecke.

 

In meine dunkle Zelle dringt

Kein Sonnenstral, kein Hoffnungsschimmer;

Ich weiß, nur mit der Kirchhofsgruft

Vertausch ich dies fatale Zimmer.

 

Vielleicht bin ich gestorben längst;

Es sind vielleicht nur Spukgestalten

Die Phantasieen, die des Nachts

Im Hirn den bunten Umzug halten.

 

Es mögen wohl Gespenster seyn,

Altheidnisch göttlichen Gelichters;

Sie wählen gern zum Tummelplatz

Den Schädel eines todten Dichters. –

 

Die schaurig süssen Orgia,

Das nächtlich tolle Geistertreiben,

Sucht des Poeten Leichenhand

Manchmal am Morgen aufzuschreiben.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

Figura: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+do+poeta+heine#imgrc=YqNB_Kvq055aKM

 



 

 


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