quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

O pintor brasileiro Cândido Portinari


 


Em 6 de fevereiro de 1962, aos 58 anos, morria devido à intoxicação por chumbo, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, o pintor e desenhista brasileiro Candido Portinari. Ele nasceu em 29 de dezembro de 1903 em Brodowski, São Paulo. Ele pintou mais de cinco mil obras, entre elas pequenos esboços e pinturas em tamanho padrão e também grandes murais, como os painéis Guerra e Paz, que está desde 1956 na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.  

Portinari nasceu em uma fazenda de café, perto de Brodowski, que no inicio do século XX era um distrito do município de Batatais. Seus pais eram os imigrantes italianos, Giovan Battista Portinari (João Baptista Portinari) e Domenica Turcato (Domingas Torquato),da província de Vicenza, região do Vêneto.

Quando menino Portinari manifestou logo habilidade em artes, mas não terminou seus estudos no ensino Primário. Ele foi convidado a se juntar como ajudante de um grupo de pintores e escultores, que atuavam na restauração de igrejas quando ele tinha 14 anos. E aos 16 anos foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) no Rio de Janeiro. Aos 20 anos passa a participar de exposições e sendo elogiado em jornais. O pintor passa a se interessar pelo movimento modernista nas artes.

Depois de tentar em 1926 e 1927 ganhar a medalha de ouro do Salão da ENBA, finalmente ele consegue em 1928. Portinari disse que não ganhou nos dois anos anteriores porque os juízes não gostaram dos elementos modernistas nas suas obras. Na terceira vez ele adotou uma arte mais tradicional. Com a conquista de 1928 ele ganha uma medalha de ouro e uma viagem para a Europa. Passou a viver em Paris por dois anos, cidade na qual conheceu artistas como Van Dongen e Othon Friesz. Lá ele conheceu sua futura esposa, a uruguaia Maria Martinelli.

Quando voltou ao Brasil Portinari já tinha um interesse maior pelo aspecto social. Ele mudou a estética de sua obra, com destaque para cores e a ideia das pinturas. Deixa de adotar a tridimensionalidade em suas obras. Pouco a pouco ele vai se dedicar a murais e afrescos, abandonando as telas pintadas a óleo. Em 1939 ele expõe três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque (EUA). O diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, Alfred Barr, fica impressionado com as obras de Portinari. Na década de 40 Barr compra a tela de Portinari chamada "Morro do Rio", que passa a ser exposta de forma individual no Museu de Nova Iorque. É desse tempo que o Portinari criou dois murais para a Biblioteca do Congresso na cidade em Washington. Nesse museu Portinari teve teve um forte impressão com a obra “Guernica” de Pablo Picasso. 

Portinari ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi candidato a deputado federal em 1945 e a senador em 1947, quando perdeu por um número muito pequeno de votos. Nessa época o PCB passava por momentos de perseguição política, havendo suspeitas de que ele perdeu a eleição por motivo fraude promovida por adversários políticos.

Em 1952 Portinari retornou ao Brasil, graças a uma anistia geral e nesse ano ele teve obras suas expostas na Primeira Bienal de São Paulo. Mas nos anos 50 Portinari a saúde de Portinari começou a apresentar problemas, como uma séria intoxicação por chumbo em 1954 chamada saturnismo, por causa das tintas que usava. Apesar de doente ele continuou a pintar e viajar para participar de exposições em outros países (Estados Unidos, Europa e Israel). Ele participa no início de 1962 de uma grande exposição com 200 telas a convite da prefeitura de Barcelona. E veio a falecer nesse ano devido à intoxicação por tintas nas quais havia chumbo. Foi sepultado no Cemitério de São João Batista. 

Segundo o autor Israel Pedrosa em 2009 no seu artigo “O Pintor do Novo Mundo”:

Sempre que se quis definir Portinari a partir da visão de sua obra, essa definição atingia uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização simplesmente humana do pintor.

Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, apresentando-o como “Portinario Brazil,”, formulação que dava-lhe o foro de pintor nacional de seu país (...)”

Segundo Liane Carvalho Oleques, Mestre em Artes Visuais (UDESC, 2010) e Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica (UFSM, 2008): 

Um dos maiores artistas brasileiros do século XX retratou com grande emoção a cultura, a infância, as mazelas e as questões sociais do Brasil, contribuindo para que a cultura brasileira fosse reconhecida em âmbito internacional. Cândido Portinari nasceu no interior de São Paulo numa cidadezinha chamada Brodowski em 30 de dezembro de 1903. Filho de imigrantes italianos teve uma infância pobre numa fazenda de café. Desde muito cedo já expressa gosto pela arte, começando a pintar com nove anos de idade.

Portinari participou ativamente, ao lado de escritores, poetas, jornalistas e artistas, da vida cultural e política do país e das mudanças estéticas as quais passava o Brasil no começo do século XX.

 Segundo a Arte-educadora, fotógrafa e artista visual Laura Aidar:

Candido Portinari nasceu no dia 30 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café, na cidade de Brodowski, interior de São Paulo.

Filho de italianos, Portinari veio de uma família humilde e era o segundo filho de doze irmãos.

Mesmo com formação escolar apenas até o ensino primário, ele participou da elite intelectual brasileira da década de 1930.

Portinari deixou São Paulo aos 15 anos e fixou residência no Rio de Janeiro, onde se matricula na "Escola Nacional de Belas Artes". Aos 20 anos, Candido já é prestigiado pela crítica nacional.

Contudo, será em 1928, quando conquistou o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro" da Exposição Geral de Belas-Artes, que Portinari ganhará o mundo.

Morou em Paris e outras cidades europeias, onde conheceu artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de Maria Martinelli, uruguaia com quem se casou e viveu toda a vida.

Regressou ao Brasil em 1931 e nessa época passou a valorizar mais as cores em seus trabalhos, abandonando os conceitos de volume e tridimensionalidade.

Em 1935, Candido Portinari recebeu uma "Menção Honrosa" na Exposição Internacional do Carnegie Institute de Pittsburgh, Estados Unidos. Esse acontecimento abriu de vez as portas para o pintor naquele e em outros países. Após isso, produziu três grandes painéis para o pavilhão do Brasil na "Feira Mundial de Nova York", em 1939.

Contudo, será na década de 40 que este processo de reconhecimento irá se consolidar. O pintor participa da "Mostra de arte latino-americana" no Riverside Museum, em Nova York.

Além disso, destacou-se com sua exposição individual no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York. Tudo isso ao lado de outros grandes artistas consagrados mundialmente.

Nesse momento, Candido Portinari terá o primeiro livro dedicado a sua pessoa, a obra Portinari, His Life and Art, da Universidade de Chicago.

Em 1941, o artista produz os murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, sempre enaltecendo a temática latino-americana.

Mais tarde, o pintor é convidado por Oscar Niemeyer, em 1944, a contribuir com suas obras para o complexo arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).

Nesse projeto, destacaram-se as composições sacras São Francisco e Via Sacra na Igreja da Pampulha.

A primeira exposição de Portinari na Europa será em 1946, quando o pintor regressa à Paris e expõe na renomada Galerie Charpentier no ano seguinte, 1947.

Suas obras terão lugar no salão Peuser, em Buenos Aires, bem como nos salões da Comissão Nacional de Belas Artes, em Montevidéu.

A estada pela América Latina se estende quando Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, em 1948.

Ele era ativo no movimento político-partidário e filiado ao "Partido Comunista Brasileiro". Se candidatou a deputado, em 1945, e a senador, em 1947, perdendo em ambas as eleições.

Em 1950, irá receber a medalha de ouro do "Prêmio Internacional da Paz" e, em 1951, é destaque na 1° Bienal de São Paulo.

A década de 50 marcou a vida de Cândido. Isso porque surgem problemas de saúde causados por intoxicação de chumbo presente nas tintas que o pintor utilizava em suas obras.

É nessa época também que ele realiza os famosos murais Guerra e Paz (1953-1956) para a sede da ONU, em Nova York.

Posteriormente, também em Nova York, em 1955, Portinari é honrado com a medalha de ouro da Internacional Fine-Arts Council na categoria melhor pintor do ano.

 Importante ressaltar que Portinari foi o único artista brasileiro convidado para exposição 50 Anos de Arte Moderna, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958.

 Por fim, em meados de 1962, Portinari aceita uma encomenda da prefeitura de Barcelona, contudo, seu nível de intoxicação pelas tintas torna-se fatal e ele falece neste ano em 06 de fevereiro, aos 58 anos.

Frases de Cândido Portinari

“O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém um meio indispensável.”

“Estou com os que acham que não há arte neutra. Mesmo sem nenhuma intenção do pintor, o quadro indica sempre um sentido social.”

 “Sou um homem que tem saudade de Deus...”

 “Se há tantos meninos em minha obra em balanços, gangorras é que seria meu desejo fazer com que eles fossem lançados ao ar a virarem belos anjos...”

 

Algumas obras de Portinari



                                                             O Café



                                                                         Retirantes


                                                                      

                                                                    Criança Morta


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

Figuras:https://www.google.com/search?q=imagem+de+portinari&sxsrf=AJOqlzXvAlDAMhsxyNcamSU5vy_7bR6S8A%3A1676606673317&source=hp&ei=0fzu

 

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