Em 6 de fevereiro de 1962, aos 58 anos,
morria devido à intoxicação por chumbo, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, o
pintor e desenhista brasileiro Candido
Portinari. Ele nasceu em 29 de dezembro de 1903 em Brodowski, São Paulo.
Ele pintou mais de cinco mil obras, entre elas pequenos esboços e pinturas em
tamanho padrão e também grandes murais, como os painéis Guerra e Paz,
que está desde 1956 na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova
Iorque.
Portinari nasceu em uma fazenda de
café, perto de Brodowski, que no inicio do
século XX era um distrito do município de Batatais. Seus pais eram os
imigrantes italianos, Giovan Battista Portinari (João Baptista Portinari)
e Domenica Turcato (Domingas Torquato),da província de Vicenza, região
do Vêneto.
Quando menino
Portinari manifestou logo habilidade em artes, mas não terminou seus estudos no
ensino Primário. Ele foi convidado a se juntar como ajudante de um grupo de
pintores e escultores, que atuavam na restauração de igrejas quando ele tinha
14 anos. E aos 16 anos foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) no
Rio de Janeiro. Aos 20 anos passa a participar de exposições e sendo elogiado
em jornais. O pintor passa a se interessar pelo movimento modernista nas artes.
Depois de tentar
em 1926 e 1927 ganhar a medalha de ouro do Salão da ENBA, finalmente ele
consegue em 1928. Portinari disse que não ganhou nos dois anos anteriores
porque os juízes não gostaram dos elementos modernistas nas suas obras. Na
terceira vez ele adotou uma arte mais tradicional. Com a conquista de 1928 ele
ganha uma medalha de ouro e uma viagem para a Europa. Passou a viver em Paris
por dois anos, cidade na qual conheceu artistas como Van Dongen e Othon Friesz.
Lá ele conheceu sua futura esposa, a uruguaia Maria Martinelli.
Quando voltou ao
Brasil Portinari já tinha um interesse maior pelo aspecto social. Ele mudou a
estética de sua obra, com destaque para cores e a ideia das pinturas. Deixa de
adotar a tridimensionalidade em suas obras. Pouco a pouco ele vai se dedicar a
murais e afrescos, abandonando as telas pintadas a óleo. Em 1939 ele expõe três
telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque (EUA). O diretor geral
do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, Alfred Barr, fica impressionado com as
obras de Portinari. Na década de 40 Barr compra a tela de Portinari chamada
"Morro do Rio", que passa a ser exposta de forma individual no Museu
de Nova Iorque. É desse tempo que o Portinari criou dois murais para a
Biblioteca do Congresso na cidade em Washington. Nesse museu Portinari teve
teve um forte impressão com a obra “Guernica” de Pablo Picasso.
Portinari
ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi candidato a deputado
federal em 1945 e a senador em 1947, quando perdeu por um número muito pequeno
de votos. Nessa época o PCB passava por momentos de perseguição política,
havendo suspeitas de que ele perdeu a eleição por motivo fraude promovida por
adversários políticos.
Em 1952 Portinari
retornou ao Brasil, graças a uma anistia geral e nesse ano ele teve obras suas
expostas na Primeira Bienal de São Paulo. Mas nos anos 50 Portinari a saúde de
Portinari começou a apresentar problemas, como uma séria intoxicação por chumbo
em 1954 chamada saturnismo, por causa das tintas que usava. Apesar
de doente ele continuou a pintar e viajar para participar de exposições em
outros países (Estados Unidos, Europa e Israel). Ele participa no início de
1962 de uma grande exposição com 200 telas a convite da prefeitura de
Barcelona. E veio a falecer nesse ano devido à intoxicação por tintas nas quais
havia chumbo. Foi sepultado no Cemitério de São João Batista.
Segundo
o autor Israel Pedrosa em 2009 no seu artigo “O Pintor do Novo Mundo”:
“Sempre que se quis
definir Portinari a partir da visão de sua obra, essa definição atingia uma tal
abrangência que ultrapassava em muito a caracterização simplesmente humana do
pintor.
Foi assim quando de
sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, apresentando-o como
“Portinario Brazil,”, formulação que dava-lhe o foro de pintor nacional de seu
país (...)”
Segundo
Liane Carvalho Oleques, Mestre em Artes Visuais (UDESC, 2010) e Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica (UFSM, 2008):
“Um dos maiores
artistas brasileiros do século XX retratou com grande emoção a cultura, a
infância, as mazelas e as questões sociais do Brasil, contribuindo para que a
cultura brasileira fosse reconhecida em âmbito internacional. Cândido
Portinari nasceu no interior de São Paulo numa cidadezinha chamada
Brodowski em 30 de dezembro de 1903. Filho de imigrantes italianos teve uma
infância pobre numa fazenda de café. Desde muito cedo já expressa gosto pela
arte, começando a pintar com nove anos de idade.
Portinari participou
ativamente, ao lado de escritores, poetas, jornalistas e artistas, da vida
cultural e política do país e das mudanças estéticas as quais passava o Brasil
no começo do século XX.
Segundo a Arte-educadora,
fotógrafa e artista visual Laura Aidar:
Candido Portinari
nasceu no dia 30 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café, na cidade de
Brodowski, interior de São Paulo.
Filho de italianos, Portinari veio de
uma família humilde e era o segundo filho de doze irmãos.
Mesmo com formação escolar apenas até
o ensino primário, ele participou da elite intelectual brasileira da década de
1930.
Portinari deixou São Paulo aos 15
anos e fixou residência no Rio de Janeiro, onde se matricula na "Escola
Nacional de Belas Artes". Aos 20 anos, Candido já é prestigiado pela
crítica nacional.
Contudo, será em 1928, quando
conquistou o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro" da Exposição Geral de
Belas-Artes, que Portinari ganhará o mundo.
Morou em Paris e outras cidades
europeias, onde conheceu artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de Maria
Martinelli, uruguaia com quem se casou e viveu toda a vida.
Regressou ao Brasil em 1931 e nessa
época passou a valorizar mais as cores em seus trabalhos, abandonando os conceitos
de volume e tridimensionalidade.
Em 1935, Candido Portinari recebeu
uma "Menção Honrosa" na Exposição Internacional do Carnegie
Institute de Pittsburgh, Estados Unidos. Esse acontecimento abriu de vez
as portas para o pintor naquele e em outros países. Após isso, produziu três
grandes painéis para o pavilhão do Brasil na "Feira Mundial de Nova
York", em 1939.
Contudo, será na década de 40 que
este processo de reconhecimento irá se consolidar. O pintor participa da
"Mostra de arte latino-americana" no Riverside Museum, em Nova
York.
Além disso, destacou-se com sua
exposição individual no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte
Moderna de Nova York. Tudo isso ao lado de outros grandes artistas consagrados
mundialmente.
Nesse momento, Candido Portinari terá
o primeiro livro dedicado a sua pessoa, a obra Portinari, His Life and
Art, da Universidade de Chicago.
Em 1941, o artista produz os murais
na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, sempre
enaltecendo a temática latino-americana.
Mais tarde, o pintor é convidado
por Oscar Niemeyer, em 1944, a contribuir com suas obras para o
complexo arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).
Nesse projeto, destacaram-se as
composições sacras São Francisco e Via Sacra na Igreja da
Pampulha.
A primeira exposição de Portinari na
Europa será em 1946, quando o pintor regressa à Paris e expõe na
renomada Galerie Charpentier no ano seguinte, 1947.
Suas obras terão lugar no
salão Peuser, em Buenos Aires, bem como nos salões da Comissão Nacional de
Belas Artes, em Montevidéu.
A estada pela América Latina se
estende quando Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, em 1948.
Ele era ativo no movimento
político-partidário e filiado ao "Partido Comunista Brasileiro". Se
candidatou a deputado, em 1945, e a senador, em 1947, perdendo em ambas as
eleições.
Em 1950, irá receber a medalha de
ouro do "Prêmio Internacional da Paz" e, em 1951, é destaque na 1°
Bienal de São Paulo.
A década de 50 marcou a vida de
Cândido. Isso porque surgem problemas de saúde causados por intoxicação de
chumbo presente nas tintas que o pintor utilizava em suas obras.
É nessa época também que ele realiza
os famosos murais Guerra e Paz (1953-1956) para a sede da ONU, em
Nova York.
Posteriormente, também em Nova York,
em 1955, Portinari é honrado com a medalha de ouro da Internacional
Fine-Arts Council na categoria melhor pintor do ano.
Importante ressaltar que
Portinari foi o único artista brasileiro convidado para exposição 50 Anos de
Arte Moderna, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958.
Por fim, em meados de 1962,
Portinari aceita uma encomenda da prefeitura de Barcelona, contudo, seu nível
de intoxicação pelas tintas torna-se fatal e ele falece neste ano em 06 de
fevereiro, aos 58 anos.
Frases de Cândido Portinari
“O alvo da minha
pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém um meio
indispensável.”
“Estou com os que
acham que não há arte neutra. Mesmo sem nenhuma intenção do pintor, o quadro
indica sempre um sentido social.”
“Sou um homem
que tem saudade de Deus...”
“Se há tantos
meninos em minha obra em balanços, gangorras é que seria meu desejo fazer com
que eles fossem lançados ao ar a virarem belos anjos...”
Algumas obras de
Portinari:
O Café
Retirantes
Criança Morta
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figuras:https://www.google.com/search?q=imagem+de+portinari&sxsrf=AJOqlzXvAlDAMhsxyNcamSU5vy_7bR6S8A%3A1676606673317&source=hp&ei=0fzu
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