O
Natal é uma festividade cristã relacionada ao nascimento de Jesus Cristo. É
tradicionalmente comemorado no dia 25 de dezembro, embora historicamente não se
saiba com exatidão qual o dia do nascimento de Jesus. Por muitos séculos tem se relacionado o Natal
como um sentimento de alegria entre os cristãos e a data é muito especial na
cristandade. Simbolicamente é uma festa
cristã vista como o dia consagrado à reunião da família, à paz, à
fraternidade e à solidariedade entre os homens.
Vou
abordar aqui alguns aspectos históricos e simbólicos sobre o Natal, tendo
recorrido a autores que escreveram sobre o assunto e que se embasaram nas suas
áreas de conhecimento.
Em 245 d.
C o teólogo Orígenes repudiava a idéia de se festejar o nascimento de
Jesus "como se fosse um Faraó". Há inúmeros testemunhos de como os
primeiros cristãos valorizavam cada momento da vida de Jesus Cristo,
especialmente sua Paixão e Morte na Cruz. No entanto, não era costume na época
comemorar o aniversário e portanto não sabiam que dia havia nascido o seu
Senhor.
Sobre
a origem do Natal o dia 25 de dezembro foi estipulado pela Igreja Católica no
ano de 350 pelo papa Júlio I, depois oficializado como feriado. O Natal passou
a ser celebrado para substituir a festa pagã da Saturnália, que
tradicionalmente acontecia entre 7 e 25 de dezembro. Pode-se dizer que a
comemoração do Natal no dia 25 foi uma tentativa de facilitar a aceitação do
cristianismo entre os pagãos.
O dia 25 de
dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o
Sol da Virtude. Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes
simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã. As referências da Igreja ao simbolismo de Cristo
como "o sol de justiça" (Malaquias 4:2) e a "luz do mundo"
(João 8:12) demonstram um sincretismo religioso. Semelhantemente, o Natal
também incorpora esse mesmo princípio de renovação ao celebrar o nascimento de
uma figura central do cristianismo, Jesus Cristo.
Não dá para dizer ao
certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a
troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. No decorrer da Idade
Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de
outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um
influência mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem
ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a
árvore de Natal vêm dessa cultura.
Outra
contribuição do norte foi a idéia de um ser sobrenatural que dá presentes para
as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda
é) um gnomo quem cumpre esse papel. No Ocidente
essa figura ganharia traços mais
humanos, sendo representada atualmente pelo Papai Noel.
As
antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o
tempo que levou para os três reis Magos chegarem até a cidade de Belém e entregarem os
presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus. Para a Igreja Ortodoxa o
Natal é comemorado no dia 07 de janeiro.
A psicóloga
Caroline Treigher elaborou um texto seu
publicado na Internet em 2013 sobre o Natal, fazendo sua análise a partir da
Psicologia Analítica. Vou reproduzir aqui um pequeno trecho:
"...Dentro
do referencial simbólico, qualquer dia pode ser Natal, pode nascer esse Filho
de Deus em nós. E com Ele, nascem o Amor e a Fraternidade, a Fé e a Realização.
O fato dessa data ser comemorada no final do ano, tem a conveniência – também
simbólica! – de nos remeter ao fim de uma etapa e começo de outra, ou de morte
e renascimento. Mas para quem viveu momentos marcantes, talvez a contagem do
tempo seja diferente e um ano novo tenha começado ainda em julho, ou vá começar
apenas ano que vem..."
Em
seguida a opinião da psicóloga e membro do Instituto Junguiano do Paraná, Maria
de Lourdes Bairão Sanchez, que define o
Natal como um rito de passagem que envolve as pessoas em torno da ideia
de fim (do ano) e renascimento (representado pela figura de Jesus Cristo):
“Nossa sociedade tem cada vez menos rituais, e o Natal é um dos poucos que
ainda preservamos”, Ela considera os rituais importantes pois nos permitem sair
da rotina para compartilharmos mais: “Isso faz bem à psique, porque não se vive
sozinho. É a interação que faz o humano continuar humano, e no Natal exercemos
nossa humanidade da forma mais plena. Porém, é fundamental manter uma vida
afetiva no dia a dia, e não só nas festas de fim de ano”.
Como visto na opinião de autores citados, a importância do Natal além do sentido religioso é o de um rito de passagem, de um simbolismo ligado à esperança e à renovação e à interação humana e ao relacionamento familiar. A troca de presentes precisa ser vista mais no sentido simbólico, como forma de se confraternizar, de fazer parte de uma tradição que busca há muito tempo a aproximação entre as pessoas e não como forma de consumismo ou materialismo somente. A tradição de trocar presentes é muito antiga, mas não quer dizer que se deva valorizá-la mais que a questão maior do Natal, que é Jesus.
É óbvio
que há uma questão comercial. Porém olhemos também de outra forma. Se por um
lado temos que ver em primeiro lugar o significado principal ligado a Cristo, fator que incentiva sentimentos de
confraternização e solidariedade, por outro lado não condenemos radicalmente o
comércio nesta época, que proporciona às pessoas que desejarem (e que tem
condições) poderem comprar presentes para dar e para comprar enfeites natalinos
que servirão de adornos as suas casas, dando uma satisfação de estar vivendo um data
especial. E também há a questão do emprego, mesmo que temporário, para os que
trabalham em lojas nesta época.
É bonita
a atitude de pessoas que ajudam outras que têm carências (materiais e mesmo
afetivas) no Natal. Alguns até se vestem de Papai Noel para dar alegrias às
crianças pobres.
Nesta atual fase de dificuldades do nosso país, que o Natal sirva como um
momento de felicidade, de maior aproximação entre as pessoas e de renovação de
esperanças. E neste sentimento natalino peçamos a Deus pela paz no mundo, que
ainda está envolvido com guerras, injustiças e tantos conflitos.
Márcio
José Matos Rodrigues - Psicólogo e Professor de História.
Imagem: Google
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