Continuando a temática dos
imigrantes nos Estados Unidos, vou falar agora dos judeus.
Em 1654, chegou em Mahattan um
grupo de 23 judeus. Eles vinham com o objetivo de criar raízes, de formar uma
comunidade. Estavam vindo de Recife (Brasil) de onde tinham sido expulsos pelas
tropas portuguesas que venceram os holandeses e reconquistaram Pernambuco. Os
judeus preferiram acompanhar os holandeses que enfrentar a Inquisição. Na época
a terra onde aportaram chamava-se Nova Amsterdã, pertencente à Holanda, que
tinha mais tolerância religiosa aos judeus.
Esse grupo fundou a primeira
congregação judaica dos Estados Unidos em 1655. E alguns anos depois outro
grupo de judeus chegou à colônia puritana de Massachusetts, sendo bem
recebidos. E em Connecticut chegou um grupo de judeus venezianos. A maior
comunidade judaica no século XVII era a de Rhode Island. De início houve proibição
de se construir sinagogas, mas depois foram liberadas. Ao todo, no período
colonial foram construídas cinco sinagogas nas chamadas treze colônias: Nova
York, Filadélfia, Savannah, Charleston e Newport.
Naquela época, em que os
colonos puritanos chegavam fugindo várias vezes de perseguições religiosas, a
nação estava começando e os judeus foram vistos como mais um povo que tentava
sobreviver em um novo mundo longe das perseguições europeias. Mas ainda assim,
havia certas diferenciações, não havia igualdade civil, sendo impedidos de
exercer determinadas funções. Além dos judeus, os católicos também não tinham
todos os direitos, porque a religião que dominava era protestante.
Em 1664, os britânicos assumiram o controle da Nova
Amsterdã, mudando seu nome para Nova Iorque, e os judeus ganharam mais
liberdade.
Os judeus começaram a se
destacar no comércio, no artesanato, na navegação costeira e se valiam de redes
de contato em vários lugares do mundo. E até 1700 existiam entre 200 a 300
judeus nas colônias, a maioria era de sefaraditas. Os judeus mais pobres
durante o período pré-independência eram de origem ashquenazita, oriundos do
norte e do centro da Europa. A partir de 1720 começaram a chegar cada vez mais
judeus da Alemanha e da Polônia.
Durante a Revolução Americana,
além de participar ativamente nos combates militares, apoiaram econômica e
financeiramente a causa revolucionária. Quando forças inglesas ocuparam Nova
York, líderes comunitários e religiosos deixaram a cidade, indo para Connecticut
e na Filadélfia. Com a derrota inglesa em 1783 os judeus contribuíram na
formação da jovem nação. A Constituição Federal, apesar de defender a liberdade
religiosa, deixou para a decisão estadual a questão do direito de voto. Nem
todos os Estados do novo país desejavam conceder aos judeus esse direito. Este
processo foi mais demorado.
Em 1861 começou a Guerra de
Secessão entre o Norte e o Sul. Já havia 150.000 judeus nos Estados Unidos.
Aproximadamente 7.000 lutaram do lado da União e 1.500 do lado dos confederados.
Havia 9 generais e 21 coronéis judeus participando na guerra.
Uma nova onda migratória se
formou no fim do século XIX por causa da fuga de judeus do Leste Europeu que
estavam sofrendo perseguições e tinham más condições de vida.
Dois milhões de judeus estavam
já morando nos Estados Unidos em 1924. Mas na ocasião começava um sentimento
anti-imigração e surgiu um sistema de cotas de imigração que reduziu o fluxo de
judeus que passaram a se dirigir para o Canadá.
Em uma pesquisa em 1939, 39%
dos habitantes dos Estados Unidos achava que os judeus deviam ser tratados como
pessoas normais, 53% consideravam que eles eram diferentes, tendo de ser
sujeitos e limitações e 10% chegava a achar que eles deviam ser deportados.
Durante a II Guerra Mundial cerca de 50% dos judeus entre 18 e 40 anos serviu
no exército americano. Aproximadamente 100.000 judeus fugindo da perseguição
nazista tentaram entrar nos Estados Unidos, porém nem todos conseguiram por
causa da política de imigração vigente. Milhares de judeus chegaram com o fim
da União Soviética.
Na política os judeus tem participação ativa e em 2007 havia 13 senadores judeus e no século XX houve intolerância de algumas organizações conservadoras e discriminatórias como a Klu Klux Klan.
Há influência judaica em várias áreas nos
Estados Unidos, como nas artes, com sua ligação com Hollywood e com a Broadway,
por exemplo e às ciências – 37% dos
americanos que ganharam um prêmio Nobel no século XX eram judeus.
Os judeus representam
atualmente cerca de 2% da população dos Estados Unidos. A maioria destes se
concentra na área da Nova Inglaterra, de Nova York (maior concentração) da
Flórida, da Califórnia e de Nevada.
A
influência na política internacional não
raramente é criticada, em especial na questão que envolve a Palestina e Israel,
sendo que crítica maior é que judeus
influentes financeiramente tem feito pressão para um forte apoio em favor de
Israel. Cito como exemplo a opinião de uma figura de destaque mundial, o Bispo
Desmond Tutu da África do Sul, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984 disse:
“O governo israelense está colocado em um pedestal [nos Estados Unidos], e
criticá-lo é imediatamente ser classificado como anti-semita”, disse ele. “Nesse
país, as pessoas têm medo de dizer o que está errado, porque o lobby sionista é poderoso – e como!”
Para encerrar destaco que
muitos artistas e cientistas nos Estados Unidos eram ou são judeus. Entre eles:
Isaac
Asimov, Fred
Astaire, Woody Allen, Bob
Dylan, Richard
Dreyfuss, Kirk
Douglas, George
Gershwin, David Copperfield,Tony
Curtis,Scarlett Johansson, Jerry
Lewis, Ben Stiller, Steven Spielberg.
Márcio José Matos
Rodrigues - Professor de História
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