sexta-feira, 17 de março de 2017

Os imigrantes nos Estados Unidos-parte 3: Os judeus



Continuando a temática dos imigrantes nos Estados Unidos, vou falar agora dos judeus.

Em 1654, chegou em Mahattan um grupo de 23 judeus. Eles vinham com o objetivo de criar raízes, de formar uma comunidade. Estavam vindo de Recife (Brasil) de onde tinham sido expulsos pelas tropas portuguesas que venceram os holandeses e reconquistaram Pernambuco. Os judeus preferiram acompanhar os holandeses que enfrentar a Inquisição. Na época a terra onde aportaram chamava-se Nova Amsterdã, pertencente à Holanda, que tinha mais tolerância religiosa aos judeus. 

Esse grupo fundou a primeira congregação judaica dos Estados Unidos em 1655. E alguns anos depois outro grupo de judeus chegou à colônia puritana de Massachusetts, sendo bem recebidos. E em Connecticut chegou um grupo de judeus venezianos. A maior comunidade judaica no século XVII era a de Rhode Island. De início houve proibição de se construir sinagogas, mas depois foram liberadas. Ao todo, no período colonial foram construídas cinco sinagogas nas chamadas treze colônias: Nova York, Filadélfia, Savannah, Charleston e Newport.

Naquela época, em que os colonos puritanos chegavam fugindo várias vezes de perseguições religiosas, a nação estava começando e os judeus foram vistos como mais um povo que tentava sobreviver em um novo mundo longe das perseguições europeias. Mas ainda assim, havia certas diferenciações, não havia igualdade civil, sendo impedidos de exercer determinadas funções. Além dos judeus, os católicos também não tinham todos os direitos, porque a religião que dominava era protestante.

Em 1664, os britânicos assumiram o controle da Nova Amsterdã, mudando seu nome para Nova Iorque, e os judeus ganharam mais liberdade.

Os judeus começaram a se destacar no comércio, no artesanato, na navegação costeira e se valiam de redes de contato em vários lugares do mundo. E até 1700 existiam entre 200 a 300 judeus nas colônias, a maioria era de sefaraditas. Os judeus mais pobres durante o período pré-independência eram de origem ashquenazita, oriundos do norte e do centro da Europa. A partir de 1720 começaram a chegar cada vez mais judeus da Alemanha e da Polônia.

Durante a Revolução Americana, além de participar ativamente nos combates militares, apoiaram econômica e financeiramente a causa revolucionária. Quando forças inglesas ocuparam Nova York, líderes comunitários e religiosos deixaram a cidade, indo para Connecticut e na Filadélfia. Com a derrota inglesa em 1783 os judeus contribuíram na formação da jovem nação. A Constituição Federal, apesar de defender a liberdade religiosa, deixou para a decisão estadual a questão do direito de voto. Nem todos os Estados do novo país desejavam conceder aos judeus esse direito. Este processo foi mais demorado.

Em 1861 começou a Guerra de Secessão entre o Norte e o Sul. Já havia 150.000 judeus nos Estados Unidos. Aproximadamente 7.000 lutaram do lado da União e 1.500 do lado dos confederados. Havia 9 generais e 21 coronéis judeus participando na guerra.

Uma nova onda migratória se formou no fim do século XIX por causa da fuga de judeus do Leste Europeu que estavam sofrendo perseguições e tinham más condições de vida.

Dois milhões de judeus estavam já morando nos Estados Unidos em 1924. Mas na ocasião começava um sentimento anti-imigração e surgiu um sistema de cotas de imigração que reduziu o fluxo de judeus que passaram a se dirigir para o Canadá.

Em uma pesquisa em 1939, 39% dos habitantes dos Estados Unidos achava que os judeus deviam ser tratados como pessoas normais, 53% consideravam que eles eram diferentes, tendo de ser sujeitos e limitações e 10% chegava a achar que eles deviam ser deportados. Durante a II Guerra Mundial cerca de 50% dos judeus entre 18 e 40 anos serviu no exército americano. Aproximadamente 100.000 judeus fugindo da perseguição nazista tentaram entrar nos Estados Unidos, porém nem todos conseguiram por causa da política de imigração vigente. Milhares de judeus chegaram com o fim da União Soviética.

Na política os judeus tem participação ativa e em 2007 havia 13 senadores judeus e no século XX houve intolerância de algumas organizações conservadoras e discriminatórias como a Klu Klux Klan.

 Há influência judaica em várias áreas nos Estados Unidos, como nas artes, com sua ligação com Hollywood e com a Broadway, por exemplo e às ciências –  37% dos americanos que ganharam um prêmio Nobel no século XX eram judeus.

Os judeus representam atualmente cerca de 2% da população dos Estados Unidos. A maioria destes se concentra na área da Nova Inglaterra, de Nova York (maior concentração) da Flórida, da Califórnia e de Nevada.

A influência  na política internacional não raramente é criticada, em especial na questão que envolve a Palestina e Israel, sendo que  crítica maior é que judeus influentes financeiramente tem feito pressão para um forte apoio em favor de Israel. Cito como exemplo a opinião de uma figura de destaque mundial, o Bispo Desmond Tutu da África do Sul, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984 disse: “O governo israelense está colocado em um pedestal [nos Estados Unidos], e criticá-lo é imediatamente ser classificado como anti-semita”, disse ele. “Nesse país, as pessoas têm medo de dizer o que está errado, porque o lobby sionista é poderoso – e como!”

Para encerrar destaco que muitos artistas e cientistas nos Estados Unidos eram ou são judeus. Entre eles: Isaac Asimov, Fred Astaire, Woody Allen, Bob Dylan, Richard Dreyfuss, Kirk Douglas, George Gershwin,  David Copperfield,Tony Curtis,Scarlett Johansson, Jerry Lewis, Ben Stiller, Steven Spielberg.


Márcio José Matos Rodrigues - Professor de História




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