Considerando que dia 22 de
março é o Dia Mundial da Água (foi instituído pela ONU em 22 de março de 1992),
decidi escrever este artigo sobre a Seca no Nordeste do Brasil. A água é um
recurso essencial para a vida e infelizmente tantos brasileiros na região
Nordeste tem durante muito tempo sofrido com diversas secas que tem ocorrido
durante a história brasileira.
Conforme o site https://pt.wikipedia.org/wiki/Seca_no_Brasil:
"Na região Nordeste
existe a região do semiárido que
é delimitada pela região chamada de Polígono das Secas,
criada em 1951 pelo governo federal para combater as secas e diminuir seus
efeitos sobre a população sertaneja, compreendendo partes de quase todos
estados da região, sendo exceção o estado do Maranhão
(por possuir regularidade de chuvas, em relação aos outros estados da mesma
região, podendo ainda ser atingido pela seca), além do norte de Minas
Gerais. Inicialmente o Polígono abrangia cerca de 950 mil km²,
estendendo-se basicamente pelas áreas de clima semiárido. Entretanto, após a
ocorrência de grandes secas, a área do Polígono foi ampliada, alcançando parte
do estado de Minas Gerais, também atingido pelas estiagens. Quando ocorrem
períodos prolongados de estiagem, a maior parte da população sertaneja enfrenta
muitas dificuldades por causa da falta de água."
As secas ainda são uma
realidade para o povo nordestino. Elas fazem parte de todo um cenário que não é
só climático. Há toda uma história de descasos, de indiferença por diversos
governos, de exploração dos sertanejos por parte de poderosos locais. Um
estudioso da questão das ações governamentais em relação às secas, Marco
Antonio Villa, ressaltou em sua obra Vida
e morte no sertão, o saldo de mortos com as sucessivas secas, de um lado, e
o imobilismo das autoridades públicas e da sociedade, de outro, tendo estimado
em torno de três milhões de pessoas as vítimas fatais nos século XIX e XX e
destacou a seca de 1877-1879 como uma das mais terríveis, dizimando cerca de 4%
da população nordestina.
Certos aspectos que o mesmo
autor salienta em sua obra são: os efeitos das secas sobre a economia regional
e os grandes prejuízos que ocasionam; o fenômeno das migrações, orientadas, ao
longo do tempo, para quase todo o Brasil, com destaque para o Maranhão, Pará,
Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e capitais do Nordeste; o
surgimento de expressões, personagens e situações próprias ao universo das
secas, como "indústria da seca", a Sudene, os saques, retirantes,
epidemias, frentes de trabalho, entre outros.
O autor relata em seu livro
que o semi-árido foi transformado em uma região aparentemente sem história por
fatores de conservação, considerando-se
a permanência e imutabilidade dos problemas. Como se com as décadas ao passarem não tivessem mudado
a realidade e o presente fosse um eterno passado.
A seguir um breve histórico
das secas no Nordeste nos séculos XIX, XX e início do XXI https://pt.wikipedia.org/wiki/Seca_no_Brasil):
1808/1809: Seca atinge Pernambuco na região do rio São
Francisco. -1824/1825: Seca e varíola juntas definem essa grande seca. Campos esterilizados e
fome atingem engenhos de cana-de-açúcar; 1833/1835
- Grande seca atinge Pernambuco- 1844/1846
: Grande fome. O saco de farinha de mandioca foi trocado por ouro ou prata- 1877/1879 : Uma das mais graves secas
que atingiram todo o Nordeste. O Ceará, na época, com uma população de 800 mil habitantes foi
intensamente atingido. Desses, 120 mil (15%) migraram para a Amazônia e 68 mil pessoas foram para outros Estados-1888/1889;
Ceará-1898/1900: Seca atinge Pernambuco-anos de 1930, 1932, 1953,1954, 1958, 1962: Seca na Região Nordeste-1963: Grande parte do Brasil enfrenta
uma forte e intensa estiagem, seguida de recordes de calor-1966: Região NE- Seca de 1970:Seguida pelo início da construção da rodovia
Transamazônica que visa
entre outros objetivos transferência de parte da população mais pobre do NE
para as margens extensas da rodovia Transamazônica.-Década de 1980: A década é considerada chuvosa, com apenas dois
períodos de estiagem, correspondentes aos anos de 1982 e 1983- Década de
1990 - Os anos de 1993, 1996, 1997, 1998
e 1999 foram anos sofríveis -2012
- Seca na Região Nordeste, considerada a mais intensa das três décadas
anteriores e que ainda está presente.
Entre
as medidas tomadas pelos governos na época citada acima (séculos XIX, XX e
início do XXI) podem ser citadas: A Regência Trina autoriza a
abertura de fontes artesianas profundas em 1831; 1888/1889 - D.
Pedro II cria a Comissão Seca (depois Comissão de Açudes e
Irrigação em 1888/1889; o governo de Nilo
Peçanha cria o Instituto de Obras Contra as Secas (IOCS) em
1909; o Presidente Venceslau
Brás
reestrutura em 1915 o Instituto de Obras Contra as Secas (IOCS), que passou a
construir açudes de grandes portes e Campos de Concentração no
Ceará foram criados para isolar a população faminta e impedir-lhe
o movimento em direção às cidades; o governo Epitácio Pessoa
transforma o IOCS em DNOCS que ainda em 1919 pelo Decreto 13.687 foi chamado de
Inspetoria Federal de
Obras Contra as Secas; reutilização dos Campos de Concentração no Ceará com
plano de controle social em 1932; Transposição do Rio São
Francisco iniciada em 2007.
Vê-se então uma série de ações
tomadas pelos governos de diferentes épocas, chegando ao absurdo de se criar
campos de concentração. Quanto à Transposição do São Francisco, embora sendo
divulgada como uma obra essencial de combate à falta de água em regiões do
Nordeste, é também polêmica, tendo sido criticada por especialistas, que
questionam os impactos ambientais, a questão política envolvida e se o objetivo
de resolver a falta de água seria alcançado. Sugiro que se leiam os
seguintes sites:
Que o Dia Mundial da Água possa servir como um momento de
reflexão sobre um elemento importantíssimo para todos nós!
Márcio
José Matos Rodrigues - professor de História.
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