Considerando-se que no dia 08 de março se comemora o Dia Internacional
da Mulher, resolvi escrever este artigo relacionando a mulher com a Segunda
Guerra Mundial, pois as mulheres durante essa guerra passaram a participar mais
do trabalho nas fábricas,em diversas funções, o que influenciou para que depois
do conflito elas tivessem mais espaço na
sociedade. Também estiveram diretamente na guerra como enfermeiras; serviços
administrativos; auxiliares em centros de controle anti-aéreo; pilotando aviões;
sendo agentes secretas, agindo em movimentos de resistência e até mesmo como combatentes,em especial no
exército da União Soviética (URSS).
Além
das atividades nas indústrias,nas forças armadas e nos movimentos de resistência,
as mulheres muitas vezes sofreram violências brutais, sendo agredidas,
violentadas, exploradas sexualmente e escravizadas, assim como perdiam entes
queridos em ataques aéreos e invasões de exércitos, tinham de suportar a perda
de maridos e filhos servindo nas tropas em combate e passavam privações várias.
Na
Grã-Bretanha, com a mobilização de 5, 5 milhões de homens, a força de trabalho
passa a ser decisiva para que o país se mantenha nesse período difícil, sendo
que de início a introdução da mulher de forma maciça no mercado de trabalho
causou diferentes reações, porque muitos havia o temor masculino de que após a
guerra a força de trabalho feminina permaneceria ativa e acabaria tirando
trabalho dos homens.
Do
mesmo modo que na Inglaterra, houve outros países como a URSS, o Canadá e os
Estados Unidos que adotaram o trabalho feminino na construção de aviões,
navios, produção de armas e outras atividades civis e militares. Assim, em
1942, 6 milhões
e 769 mil mulheres estavam envolvidas no esforço de guerra na Grã-Bretanha.
Uma
das primeiras forças aéreas a admitir mulheres foi a Força Aérea Canadense,
tendo sido criada a Força Aérea Feminina Auxiliar do Canadá em 1941. No mesmo
ano o Canadá criou o Serviço Feminino Armado Canadense e em 1942 criou a
Reserva Feminina Real do Canadá. As mulheres assumiam funções administrativas,
o que liberava os homens para lutar. Infelizmente as militares recebiam uma remuneração menor que os homens.
Também
mulheres soviéticas se destacaram nas forças armadas, sendo um bom exemplo a se
falar o das chamadas "bruxas da
noite", batizados assim pelos seus inimigos alemães porque atacavam sempre
à noite e costumavam bombardear descendo com o motor quase desligado para não
serem notadas atacando assim de surpresa. Realizaram mais de 30.000 missões de
ataque.
Em relação ao trabalho das enfermeiras, vários
exércitos as tinham para atender seus soldados feridos, inclusive a Força
Expedicionária Brasileira (FEB). Cito um trecho publicado em
http://henriquemppfeb.blogspot.com.br: "Os hospitais de campanha
não atendiam somente aos brasileiros e americanos; o socorro era prestado a
civis e prisioneiros.Também tiveram problemas com os uniformes; os primeiros
deles foi ainda no Brasil. Os uniformes que mandaram confeccionar eram de tão
má qualidade e malfeitos que não concebe que tivessem sido feitos para uma
representação feminina junto a tropas estrangeiras. As primeiras fardas que
receberam eram de brim chamado "Zé Carioca", o mesmo usado para
macacões dos mecânicos. O alfaiate escolhido é especialista em fardas para
cozinheiros e chofer de praça. Entrando na guerra muito depois das americanas
as brasileiras se portaram à altura de suas colegas que lá estavam há dois
anos. Inteligentes, adaptando-se rapidamente às exigências da técnica de
enfermagem em plena campanha de guerra. À instabilidade oriunda da frente pelos
exércitos em luta, mostraram-se resistentes fisicamente diante das longas horas
de trabalho, muitas vezes dobrando os seus serviços no desconforto do meio que
viviam."
Entre
as espiãs destacaram-se mulheres inteligentes e corajosas como a polonesa Krystyna Skarbek que
foi uma das primeiras mulheres a servir como agente britânica na Segunda Guerra
Mundial. Primeiro foi enviada para a Hungria para operar uma rede de espionagem
que contrabandeava relatórios de inteligência de guerra e protótipos de armas
para o Reino Unido e trabalhou junto a agentes e grupos de resistência na
Polônia, sendo capturada pela Gestapo. Conseguiu fugir e depois foi enviada
pelo Serviço Secreto inglês para a França onde atuou com resistentes franceses.
Uma outra espiã famosa foi a neozelandesa Nancy Wake, que era jornalista em sua terra natal. Depois de
casar com um francês, se mudar para a França e ver esse país ser ocupado por
nazistas, ela decidiu que seu novo trabalho seria contra os interesses de Hitler. Nancy se juntou à Resistência Francesa e trabalhou
ajudando soldados britânicos a escapar de volta ao Reino Unido. Chegou a ser
capturada em 1940, porém enganou seus captores e escapou. Chegou a ter um
prêmio alto por sua cabeça. Voltou à Inglaterra e foi enviada para a França
para coordenar ataques da resistência para o dia D. Sobreviveu à guerra e foi
condecorada pelo Reino Unido, França e Estados Unidos. E vários outros exemplos
de mulheres assim poderiam ser citados.
Para
encerrar, vou citar alguns trechos do historiador Max Hastings em sua obra "Inferno,
O Mundo em Guerra, 1939-1945":
"A
mobilização das mulheres foi um fenômeno social essencial na guerra, mais
generalizado na União Soviética e na Inglaterra".
"Muitas
moças sofriam, porém, quando jogadas num mundo fabril vergonhosamente chauvinista,
dominado pelos homens".
Referindo-se às
trabalhadoras nos Estados Unidos: "Todas as operárias, porém, recebiam
salários muito menores, numa média 31,50 dólares por semana, enquanto os homens
ganhavam 54,65 dólares".
Sobre mulheres que
serviram como soldadas na URSS:
"Muitas mulheres em uniformes eram exploradas sexualmente de
maneira impiedosa".
Sobre mulheres
trabalhadoras na URSS:
"As mulheres que trabalhavam em campos e fábricas na ausência de homens
sofriam fome crônica e eram com frequência convocadas a tarefas além de sua
capacidade física".
"Todos
os países beligerantes empregavam mulheres como enfermeiras, num papel que
muitas julgavam compensador".
"Se
a guerra expandiu de forma dramática as oportunidades e as responsabilidades
das mulheres em algumas sociedades, também intensificou sua exploração,
principalmente sexual, num mundo governado pela força".
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Márcio José Matos
Rodrigues - Professor de História
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