segunda-feira, 3 de abril de 2017

O Barão de Munchausen






                                                    

O nobre alemão Karl Friedrich Hieronymus, o  Barão de Munchhausen(1720-1797), passou a inventar histórias para divertir seus amigos,  lutou em batalhas contra o exército turco no século XVIII e também serviu como mercenário em tropas russas. Ele acabou ficando conhecido na História como um grande mentiroso principalmente devido ao livro publicado pelo alemão Rudolph Erich Raspe (1737-1794): As surpreendentes aventuras do Barão de Munchausen . Um dos casos fantásticos contados pelo barão foi como se salvara de um pântano onde caíra puxando a si mesmo pelo cabelo e em outro  cavalgando balas de canhão, entre outros. Até contou que chegara a ir à Lua.  

Dezessete destas histórias, que são atribuídas ao Barão, apareceram pela primeira vez impressas em 1781 no Vademecum für lustige Leute e foram quatro anos mais tarde acrescidas e traduzidas para o inglês pelo já mencionado Rudolf Erich Raspe. Em 1786, Bürguer vertia para o alemão a segunda edição inglesa e acrescentava a esta treze histórias.

Em 1943 foi lançado um filme sobre o Barão: “The Adventures of Baron Münchausen”. E em 1988 outro filme com o mesmo nome foi lançado.

Segundo Álvaro Alfredo Bragança Júnior, em sua obra  O BARÃO DE MÜNCHAUSEN E O DISCURSO ANTIILUMINISTA NA ALEMANHA DO SÉCULO XVIII – UM ENSAIO, no século XVIII, na Europa, sob a forte influência da Razão, foi delineado na Europa o Século das Luzes e assim:
" Em busca do crescente aperfeiçoamento do Homem, cujas bases filosóficas, já no final do século anterior, apontavam para a predominância dos postulados cartesianos e empiristas, elege-se a sentença de Descartes, cogito ergo sum, como o centro da própria reflexão sobre o porquê do ser humano e do mundo. Como instância máxima para se chegar às respostas procura-se na ciência os verdadeiros caminhos do saber".

O autor faz então a relação com o Barão: "No início de 1786 ocupava-se Goethe com seus estudos de botânica e das ciências da natureza, para mais tarde, em setembro, partir em sua viagem à Itália, ponto central na mudança de ótica de sua produção literária. Neste mesmo ano, Gottfried August Bürguer (1747-1794) publicava as Baron Münchhausens Erzählungen seiner wunderbaren Reisen und Kriegsabenteuer in Ruβland (“Os contos do Barão de Münchhausen sobre suas maravilhosas viagens e aventuras bélicas na Rússia”). Bürguer, um Sturm und Dränger* , via na poesia popular um meio para a integração de todas as camadas sociais. Com as aventuras do Barão de Münchhausen ele acreditava na possibilidade de unir o inteligível ao cômico e ao fantástico".

Ao me deparar com a figura do Barão, lembro-me do Pantaleão, personagem que foi inventado pelo saudoso Chico Anísio que contava suas aventuras como caçador para visitantes, também de forma fantasiosa, extraordinária e que no fim de seus relatos, quando via o visitante duvidando, perguntava para sua mulher se era mentira e ela sempre confirmava a história, dando crédito ao que fora contado. Eis aí um trecho de uma história de Pantaleão para vermos algumas semelhanças com os absurdos do Barão de Münchhausen:

"– Pois bom – seguiu Pantaleão, sem prestar atenção nas esporas já citadas.

 – Eu botei reparo numa coisa: eu tava debaixo de um pé de imburana. O galho mais baixo não estava a menos do que quinze metros. As raposas se formavam em grupos de cinco, de oito. Eram muitas. Não importava, agora, saber qual delas tinha comido as quatro galinhas. A vida de Pantaleão estava em perigo. Se as raposas se enfurecessem e resolvessem atacar, tudo podia acontecer. Ele mediu a altura do galho mais próximo e preparou o salto.

– Eu me encolhi, compadre, e me preparei mode pular pra cima. Pedi a proteção de São Francisco de Assis – santo de palavra, que nunca me deixou em necessidade – e vupt, subi.

– Compadre, você estará querendo me dizer que num pulo subiu quinze metros e pegou o galho? 

Pantaleão exasperou-se. Não gostava que duvidassem do que dizia e, muito menos, que o julgassem homem de menor competência. E o modo como o compadre falara, insinuava mais coisas..."      
( http://www.efecade.com.br/pantaleao-e-a-historia-da-raposa)
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* Tempestade e ímpeto, foi um movimento literário romântico alemão, que ocorreu no período entre 1760 a 1780.

 Imagem: Google.

     Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

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