O nobre alemão Karl Friedrich
Hieronymus, o Barão de Munchhausen(1720-1797),
passou a inventar histórias para divertir seus amigos, lutou em batalhas contra o exército turco no
século XVIII e também serviu como mercenário em tropas russas. Ele acabou
ficando conhecido na História como um grande mentiroso principalmente devido ao
livro publicado pelo alemão Rudolph Erich Raspe (1737-1794): As surpreendentes aventuras do Barão de
Munchausen . Um dos casos fantásticos contados pelo barão foi como se
salvara de um pântano onde caíra puxando a si mesmo pelo cabelo e em outro cavalgando balas de canhão, entre outros. Até
contou que chegara a ir à Lua.
Dezessete
destas histórias, que são atribuídas ao Barão, apareceram pela primeira vez
impressas em 1781 no Vademecum für lustige Leute e foram quatro anos mais tarde
acrescidas e traduzidas para o inglês pelo já mencionado Rudolf Erich Raspe. Em
1786, Bürguer vertia para o alemão a segunda edição inglesa e acrescentava a
esta treze histórias.
Em
1943 foi lançado um filme sobre o Barão: “The Adventures of Baron Münchausen”.
E em 1988 outro filme com o mesmo nome foi lançado.
Segundo Álvaro Alfredo Bragança Júnior, em sua obra O BARÃO DE MÜNCHAUSEN E O DISCURSO
ANTIILUMINISTA NA ALEMANHA DO SÉCULO XVIII – UM ENSAIO, no século
XVIII, na Europa, sob a forte influência da Razão, foi delineado na Europa o
Século das Luzes e assim:
" Em
busca do crescente aperfeiçoamento do Homem, cujas bases filosóficas, já no
final do século anterior, apontavam para a predominância dos postulados
cartesianos e empiristas, elege-se a sentença de Descartes, cogito ergo sum,
como o centro da própria reflexão sobre o porquê do ser humano e do mundo. Como
instância máxima para se chegar às respostas procura-se na ciência os
verdadeiros caminhos do saber".
O autor
faz então a relação com o Barão: "No início de 1786 ocupava-se Goethe com
seus estudos de botânica e das ciências da natureza, para mais tarde, em
setembro, partir em sua viagem à Itália, ponto central na mudança de ótica de
sua produção literária. Neste mesmo ano, Gottfried August Bürguer (1747-1794)
publicava as Baron Münchhausens Erzählungen seiner wunderbaren Reisen und
Kriegsabenteuer in Ruβland (“Os contos do Barão de Münchhausen sobre suas
maravilhosas viagens e aventuras bélicas na Rússia”). Bürguer, um Sturm und Dränger* , via na poesia
popular um meio para a integração de todas as camadas sociais. Com as aventuras
do Barão de Münchhausen ele acreditava na possibilidade de unir o inteligível
ao cômico e ao fantástico".
Ao me
deparar com a figura do Barão, lembro-me do Pantaleão, personagem que foi
inventado pelo saudoso Chico Anísio que contava suas aventuras como caçador para
visitantes, também de forma fantasiosa, extraordinária e que no fim de seus
relatos, quando via o visitante duvidando, perguntava para sua mulher se era
mentira e ela sempre confirmava a história, dando crédito ao que fora contado. Eis
aí um trecho de uma história de Pantaleão para vermos algumas semelhanças com
os absurdos do Barão de Münchhausen:
"– Pois bom – seguiu Pantaleão, sem prestar
atenção nas esporas já citadas.
– Eu botei reparo numa coisa: eu tava debaixo
de um pé de imburana. O galho mais baixo não estava a menos do que quinze
metros. As raposas se formavam em grupos de cinco, de oito. Eram muitas. Não
importava, agora, saber qual delas tinha comido as quatro galinhas. A vida de
Pantaleão estava em perigo. Se as raposas se enfurecessem e resolvessem atacar,
tudo podia acontecer. Ele mediu a altura do galho mais próximo e preparou o
salto.
– Eu me encolhi, compadre, e me preparei mode pular
pra cima. Pedi a proteção de São Francisco de Assis – santo de palavra, que
nunca me deixou em necessidade – e vupt, subi.
– Compadre, você estará querendo me dizer que num
pulo subiu quinze metros e pegou o galho?
Pantaleão exasperou-se. Não gostava que duvidassem
do que dizia e, muito menos, que o julgassem homem de menor competência. E o
modo como o compadre falara, insinuava mais coisas..."
( http://www.efecade.com.br/pantaleao-e-a-historia-da-raposa)
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* Tempestade e ímpeto, foi um movimento
literário romântico alemão, que ocorreu no período entre 1760 a 1780.
Imagem: Google.
Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
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