Era o dia 30 de outubro de
1938, um ano antes do início da Segunda Guerra Mundial, com a invasão da
Polônia pelos nazistas em 01/09/1939. O mundo estava conturbado. Na época o
exército nacionalista japonês estava em plena ação na China, Mussolini tinha vencido
há poucos anos a resistência dos nativos da Somália e imposto sua tirania e
Hitler já tinha anexado a Áustria e tinha conseguido vitória na reunião de
Munique, tendo os líderes da França e Inglaterra concordado com a anexação dos
Sudetos.
Naquela
noite de 1938, milhões de ouvintes sintonizaram a rádio CBS e ouviram a
narração de uma invasão de marcianos assassinos e impiedosos contra os Estados
Unidos. O programa da rádio dizia que os alienígenas tinham pousado em Chicago
e St. Lois, destruído as defesas e estavam envenenando o ar com gás tóxico.
O cálculo feito anos depois
foi de que quase um milhão de pessoas acreditaram na notícia. Interessante é
que na parte inicial do programa houve a explicação de que a companhia
"Mercury Theater", de Orson Welles, estava fazendo um rádio-teatro,
inspirado no livro de ficção científica "A Guerra dos Mundos", de H.G
Wells, em que a Terra é invadida por marcianos. Portanto, muitos tinham
entendido mal e houve pânico, com pessoas que tentavam fugir de carro por rodovias
e outros imploravam por máscaras de gás para a polícia.
O medo paralisou três
cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de
onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e
reações assustadas de moradores também em Newark e Nova York.
Orson Welles, com apenas 23
anos, quando a notícia do desespero nas ruas chegou aos estúdios da CBS, foi ao
ar para lembrar os ouvintes que tudo não
passava de ficção. Houve até uma investigação por parte da Comissão Federal de
Comunicação, porém não foi encontrada nenhuma lei que tivesse sido
desrespeitada durante a apresentação de A Guerra dos Mundos. Após o caso,
Welles graças à publicidade gerada por isso, foi contratado por um estúdio de
Hollywood.
É importante destacar, no
caso da transmissão sobre a falsa invasão, a importância que o rádio vinha
adquirindo, nos Estados Unidos, no decorrer de menos de 20 anos de sua
existência. Já era visto como um veículo de comunicação e credibilidade,
transmitindo informações reais, inclusive pelo próprio presidente Roosevelt.
Aqui no Brasil, o governo Vargas também se valeu muito do rádio para suas
mensagens ao povo.
Na
ocasião do relato da "invasão", o rádio já tinha se firmado há algum
tempo como um instrumento de construção
do real. O poder impressionista do rádio, devido à força da crença em tudo que
o mesmo dizia , suplantou o discernimento dos ouvintes, a ponto de levarem-nos
a fugir, mediante o pânico desencadeado com as notícias.
Para saber mais sobre a
transmissão feita por Welles, sugiro acessar o site: https://www.youtube.com/watch?v=xuB7Kf0MflE .
Figura: Google.
Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
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