domingo, 30 de abril de 2017

Dia do Trabalho





No dia 01 de maio comemora-se o Dia do Trabalho. A referida data diz respeito a um episódio da História, quando em 01 de maio de 1886 houve uma greve que paralisou as indústrias da cidade de Chicago, nos Estados Unidos. A greve ocorrida no dia 01 de maio foi alvo de violenta repressão policial, o que provocou uma reação dos trabalhadores em uma série de manifestações em dias seguintes.

O contexto histórico desses eventos relacionava-se com a Revolução Industrial, que estava a pleno vapor, tendo começado na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e que no final do século XIX encontrava-se já em sua segunda fase, com o uso cada vez maior do aço, da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, assim como o capitalismo já passava para um outro momento, o da concentração em grandes conglomerados, como os trustes e carteis, havendo um fortalecimento do capital financeiro sob controle de poderosos bancos e um imperialismo econômico e político das grandes potências industriais como Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, imperialismo que viria a causar em 1914 a I Guerra Mundial.

Os trabalhadores das fábricas nos séculos XVIII e XIX na Europa e Estados Unidos eram bastante explorados pelos donos das indústrias, com jornadas pesadas de trabalho, baixos salários e más condições laborais, tendo que lutar em várias situações por melhorias salariais e por direitos trabalhistas. O trabalho infantil era frequente e o trabalho feminino nas fábricas era bem menos remunerado que o masculino. O movimento cartista surgiu assim na Inglaterra na primeira metade do século XIX e surgiram também nesse século os primeiros sindicatos, como também os movimentos de ideologia socialista, comunista e anarquista.

No Brasil, a menção ao dia 1º de maio começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída. Nessa época a indústria brasileira estava já se desenvolvendo, sendo que no início do século XX, começaram a formar-se os movimentos de trabalhadores organizados, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, destacando-se o anarcossindicalismo, de origem italiana e em 1922 surgia o Partido Comunista do Brasil, que depois passou a influenciar o movimento operário.

Em 1917, houve uma grande greve na cidade de São Paulo e em 1925 o presidente Arthur Bernardes resolveu reservar o dia primeiro de maio como Dia do Trabalho no Brasil, que passou a ser feriado nacional. O governo Vargas utilizou a data como forma de propaganda e promoção de Getúlio Vargas, com festas e discursos populistas.

Atualmente, o que vem sendo debatido em vários círculos políticos brasileiros são as reformas do governo Temer como a reforma Trabalhista, a Terceirização e a reforma da Previdência. As citadas reformas vem justamente em um momento que a sociedade brasileira assiste estupefata um imenso número de lideranças ligadas à política partidária ser denunciado como fazendo parte de um volumoso esquema de corrupção, inclusive com ex-governadores tendo sido presos, como também empresários e altos funcionários.

Diante de tal realidade, quando se percebe o quanto foi surrupiado dos cofres da nação, há cada vez mais questionamentos e críticas em relação ao governo e suas tentativas em fazer os trabalhadores pagarem pelos rombos públicos. Será justo fazer com que os trabalhadores trabalhem ainda mais anos? E os poderosos empresários que tem grandes dívidas? Por que tem regalias? Quais as consequências para a classe trabalhadora com a chamada terceirização? Acontecerá uma precarização nas relações de trabalho? Haverá uma perda no serviço público com o risco de se reduzirem os concursos públicos e se utilizar cada vez mais mão de obra terceirizada com salários menores? Existirá o risco de aumento da corrupção com a entrada no mercado de um número crescente de empresas terceirizadas? São questões que merecem ser bem analisadas e deve-se garantir que os trabalhadores não sejam mais penalizados, assim como o serviço público seja valorizado.

  Em outras partes do mundo também há várias dúvidas diante da realidade que se encontra, com governos autoritários ganhando força e reprimindo a oposição como na Turquia, onde  até jornalistas, estudantes e professores foram presos e nos Estados Unidos onde o governo Trump tem se mostrado discriminatório em relação aos imigrantes, como no caso dos trabalhadores mexicanos a quem trata como uma escória a ser enxotada.

E ainda há os diversos casos das mulheres trabalhadoras em diversos países passando por diversas situações difíceis e o trabalho análogo à escravidão em tantos lugares do mundo, até mesmo no Brasil, situações que nos fazem lembrar a exploração dos trabalhadores durante a  Revolução Industrial na Europa nos séculos XVIII e XIX.

O dia Primeiro de Maio para muitos poderá ser mais um feriado para descanso ou lazer. Mas para outros tantos há de ser mais que isto, um momento de questionamento, de protesto, de recordar as conquistas e de pensar em como evitar que determinados aviltamentos continuem mundo afora e para que não se regrida na questão de direitos fundamentais já adquiridos.   E quando se cobra sacrifícios dos trabalhadores vem a muitos a pergunta: Por que nossos deputados e senadores não cortam primeiro diversos privilégios que possuem?

A pressão popular já se fez sentir e a perda do foro privilegiado de membros do Congresso (com algumas exceções), constitui-se em um avanço inicial que muitos esperam que não fique só nisso. Que nosso país possa caminhar rumo a um futuro mais próspero e com melhores condições para nossa população! Que a Humanidade possa viver melhor, com mais entendimento e menos conflitos! Viva os trabalhadores!!!!


Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

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