Escrevi este artigo para o
chamado Dia da Mentira. Pretendo escrever mais 3 fazendo relação ao tema
mentira, um sobre o Pinóquio, um personagem que está associado à mentira, outro
sobre o Barão
de Munchausen, que viveu entre 1720 e 1797 e que exagerou muito em narrativas
sobre suas aventuras, de forma fantástica. E, por fim outro sobre um caso de
Orson Welles, que enganou muita gente descrevendo uma invasão marciana à Terra.
O dia 01 de abril é
considerado como o Dia da Mentira (também chamado de "O dia de todos os
tolos") em diversos países. O Dia da mentira é frequentemente utilizado para
se “pregar uma peça. E qual a origem desta data?
Uma versão mais aceita é de
que em 1564, o rei da França tornou oficial o novo calendário que foi definido
pelo Concílio de Trento (1545 a 1563). O novo calendário foi proposto pelo papa
Gregório XIII, substituindo o calendário juliano (de Júlio César no século I a.
C) e provocando alterações importantes, como a mudança de datas comemorativas.
Pelo calendário juliano, o Ano
Novo era comemorado em 25 de março, por causa do início da Primavera no
Hemisfério Norte. Durante cerca de semana havia comemorações que terminavam no
dia primeiro de abril. Pelo calendário gregoriano a comemoração do Ano Novo
ficou para 01 de janeiro. Mas muitos franceses ainda comemoravam, após 1564, na
passagem de março para abril, o Ano Novo e os que sabiam da mudança do
calendário passaram a zombar dos que não estava avisados, chamando-os de tolos
e acusando-os de estarem comemorando de modo mentiroso a passagem do ano. Zombadores
passaram a ridicularizar o dia 1 de abril, enviando presentes esquisitos e
convites para festas que não existiam. O dia primeiro de abril ficou
marcado então como o "Dia da Mentira".
Há uma outra versão que sugere que a data remete a
um festival da Roma antiga chamado Hilaria, comemorado todo dia 25 de março em
Roma e levado para a Inglaterra após a invasão romana de 43 a .C. A data era celebrada pregando as mais
variadas peças, nem mesmo os juízes locais estavam livres delas.
A relação com o dia 1º de abril veio após a
Inglaterra substituir o calendário juliano pelo gregoriano, transferindo a data da comemoração da
Hilaria para o dia 1º de abril. A brincadeira passou a receber o nome de april
fools (abril dos tolos, em inglês), usado até os dias atuais.
Entre os brasileiros, o Dia da Mentira começou a se
popularizar em Minas Gerais, através do periódico “A Mentira”, que tratava de
assuntos efêmeros e sensacionalistas do começo do século XIX. Este periódico
teria sido lançado em 1º de abril de 1848 uma matéria que noticiava a morte do
então imperador Dom Pedro II.
O Dia Primeiro de Abril
trata-se de uma data festiva, na qual as mentiras contadas fazem parte de uma
tradição popular. Há mentiras contadas que são pequenas brincadeiras, porém é
lamentável e até mesmo condenável se usar da data para exageros ou enganos que
possam prejudicar alguém.
Para finalizar um trecho de
Umberto Eco e uma poesia de Drumond:
"Nem todas as verdades são
para todos os ouvidos. Nem todas as mentiras podem ser suportadas. Certas
coisas se sentem com o coração. Deixa falar o teu coração, interroga os rostos,
não escutes somente as línguas..." Umberto
Eco
"Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Carlos Drummond de Andrade
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Márcio
José Matos Rodrigues - Professor de História
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