Tenho escrito sobre algumas
datas especiais. Resolvi então escrever
sobre o Dia D, 06 de junho de 1944, o dia em que as chamadas forças aliadas
desembarcaram nas praias da Normandia, na França, criando uma nova frente
contra os nazistas que ainda ocupavam uma área considerável da Europa e que
estavam enfrentando desde 1941 os soviéticos, que nesse ano de 1944 já estavam
empurrando os alemães de volta para sua nação, eles que no início da chamada
Operação Barbarrosa chegaram bem perto de Moscou, capital da URSS e também
desde julho de 1943 uma força composta de soldados de vários países aliados
combatia os nazi-fascistas em solo italiano.
Uma outra frente de ataque
aos alemães já tinha sido sugerida por Stalin em encontros com Roosevelt e
Churchill em encontros iniciais com lideranças dos Estados Unidos e Inglaterra
ou por meio de comunicações escritas. Stalin esperava que um ataque feitos por
britânicos e norte-americanos aliviaria a pressão na frente oriental contra os
soviéticos que perdiam a cada ano na guerra milhões de combatentes. O ataque à
Itália foi uma forma de enfraquecer mais os alemães, porém o ataque tão
esperado seria contra o exército alemão na França, que não teve condições
materiais para ser realizado em 1943 e muito menos em 1942.
Quando finalmente os ataques
aconteceram no Dia D, os alemães possuíam uma rede fortificada não só na costa
francesa, como no litoral de países ocupados até a Noruega. Os aliados faziam
questão de confundir Hitler, espalhando informações falsas para que o Alto
Comando alemão pensasse que a invasão seria em outro lugar, na Noruega ou no
ponto que os alemães mais esperavam, o passo de Calais, na França, o ponto mais
próximo da Inglaterra e que portanto oferecia mais condições para um deslocamento
e desembarque de tropas de forma mais rápida.
O fato é que até o dia da
invasão, os nazistas ainda acreditavam que ela se daria com mais probabilidade
em Calais. Essa ilusão permitiu que divisões alemães ficassem mais ao norte,
impossibilitadas de participar de imediato do enfrentamento aos aliados.
Horas antes dos desembarques
os aliados realizaram assaltos aerotransportados, com paraquedistas e
planadores que saltaram atrás das linhas alemãs para destruir armas e pontos de
defesa, assim como controlar pontes e estradas para impedir que reforços fossem
imediatamente deslocados para as praias. Também ataques da Resistência Francesa
a ferrovias e locais estratégicos e bombardeios maciços às instalações
germânicas e à infraestrutura necessária ao seu exército causaram sérios danos,
atrapalhando as comunicações e o transporte de soldados e blindados.
No Dia D, na chamada Hora H, cerca de 156.000 combatentes de nações aliadas, em especial Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá desembarcaram nas praias da Normandia que foram chamadas de Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. A luta mais encarniçada foi em Omaha, uma das duas praias escolhidas para serem alvo dos Estados Unidos.
As fortificações na costa da
Normandia tinham sido organizadas pelo famoso general alemão Rommel, que
estabeleceu linhas de defesa fixas com casamatas, ninhos de metralhadoras,
cercas, obstáculos contra barcos, minas terrestres etc. Mas parte das forças
alemãs de defesa eram de tropas de segunda linha, como poloneses e russos
deslocados da Europa Oriental para lutarem na defesa da França ocupada contra
os aliados. E havia divisões de tanques, as chamadas Divisões Panzer, que não
foram logo enviadas para as áreas de desembarque, o que poderia ter complicado
as coisas para os invasores. Outro fator de desvantagem para os alemães foi a
supremacia aérea aliada, pois a força aérea alemã estava muito ocupada em
defender a Alemanha dos ataques aéreos dos Estados Unidos e Inglaterra e também
dando apoio na chamada Frente Oriental contra os soviéticos.
Segundo alguns autores, a
guerra teria sido ganha de qualquer forma pelos soviéticos, sem a invasão da
Normandia. Porém, os custos em vidas seriam muito maiores para a URSS e poderia
talvez a guerra durar bem mais tempo, prolongando o sofrimento dos povos de
nações ocupadas e dos prisioneiros de campos de concentração nazistas. Também
as perdas no lado soviético foram geralmente
maiores e as forças alemães eram mais numerosas na parte oriental da Europa
para impedir a invasão soviética da Alemanha. Esse páis havia sofrido derrotas
terríveis para o exército soviético, como a batalha de Kursk, em julho de 1943,
quando uma quantidade significativa de blindados alemães tinha sido destruída,
sem que se pudesse substituir adequadamente as perdas e também o número de
mortos, feridos e capturados alemães era considerável, estando já a Alemanha,
no início de 1944 com sérias dificuldades para conseguir substitutos para os
soldados que eram perdidos.
Em agosto de 1944 a
resistência alemã na Normandia já estava destroçada. A força aérea americana era
implacável, destruindo formações blindadas e de infantaria dos alemães. No
entanto, os tanques mais modernos e eficientes dos alemães, o Pantera e o
Tigre, embora em número bem menor que os tanques aliados, provocaram pesadas perdas nas tropas
aliadas, destruindo diversos tanques adversários. Muito mais soldados aliados foram chegando após o dia D e mais material bélico.
Com a retirada alemã, a França foi sendo libertada. Ela que em 1940 tinha sido sofrido uma derrota humilhante e sido ocupada em grande parte pelos alemães até 1942, quando Hitler ordenou a total ocupação desse país. A guerra só acabou em maio de 1945 na Europa. Porém, a bem sucedida invasão aliada na chamada Operação Overlord mostrou a grande superioridade aliada em quantidade de armas e em aviação, como também um potencial enorme em recursos humanos e industriais diante de uma Alemanha já muito abalada depois de várias batalhas e muitos bombardeios às suas fábricas, instalações militares e cidades, o que impossibilitava uma reposição maciça de equipamentos e soldados como seria necessária diante das perdas cada vez maiores que ocorriam.
Com a retirada alemã, a França foi sendo libertada. Ela que em 1940 tinha sido sofrido uma derrota humilhante e sido ocupada em grande parte pelos alemães até 1942, quando Hitler ordenou a total ocupação desse país. A guerra só acabou em maio de 1945 na Europa. Porém, a bem sucedida invasão aliada na chamada Operação Overlord mostrou a grande superioridade aliada em quantidade de armas e em aviação, como também um potencial enorme em recursos humanos e industriais diante de uma Alemanha já muito abalada depois de várias batalhas e muitos bombardeios às suas fábricas, instalações militares e cidades, o que impossibilitava uma reposição maciça de equipamentos e soldados como seria necessária diante das perdas cada vez maiores que ocorriam.
Deixar a incumbência da
derrota alemã nas mãos dos russos também implicaria em uma situação militar,
econômica, política e social muito diferente da que houve após a vitória
definitiva em maio de 1945, pois a influência soviética seria muito maior, com
a ocupação não só da parte oriental da Alemanha e sim da Alemanha como um todo
e possivelmente de outros países que estavam ocupados pelos alemães. Quais
seriam as consequências disso? Com certeza um stalinismo (regime altamente
autoritário) mais espalhado pela Europa
e com mais força diante dos Estados Unidos e Inglaterra. Portanto, o Dia D foi
não só o início de uma nova frente, como também um começo de uma tomada de
posição militar e política em territórios europeus importantes, o que
resultaria na formação dos blocos antagônicos na Europa da Guerra Fria, um
comandado pelos Estados Unidos e outro pela União Soviética (URSS).
A seguir alguns trechos da
obra "Inferno, o Mundo em Guerra de 1939 a 1945" do historiador Max
Hastings:
"... A batalha do Dia D
custou aos britânicos, americanos e canadenses apenas três mil mortos, preço
desprezível para uma conquista estratégica decisiva. O povo da Normandia,
porém, sofreu terrivelmente por sua libertação, perdendo tantas vidas em 6 de
junho quanto os invasores. Os soldados aliados chocaram a população pelo seu
desprezo pela propriedade civil ..."
"...Eisenhower e seus
generais sempre reconheceram que a "batalha de ampliação" nas semanas
seguintes ao Dia D seria tão crucial quanto os desembarques: se os alemães
concentrassem forças na Normandia com mais rapidez que os aliados, os invasores
poderiam ser despejados_como Hitler esperava e exigia. Os planejadores de
simulações deram contribuição vital com sua brilhantemente sofisticada operação
Fortitude, que convenceu os alemães de uma contínua ameaça ao passo de Calais,
onde forças importantes permaneceram durante semanas..."
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figura: Imagem do Google.
Figura: Imagem do Google.
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