segunda-feira, 3 de julho de 2017

A Independência dos Estados Unidos









O dia 4 de Julho é uma data histórica para os Estados Unidos e, pela importância da independência deste país e das influências em outros países, é um marco também na história mundial, pois o exemplo dos Estados Unidos influenciaria movimentos republicanos no continente americano e na Revolução Francesa, assim como fazendo surgir uma nação que no século XIX começaria se tornar uma potência industrial e a partir do século XX uma grande potência mundial militar e econômica, com influência determinante em duas guerras mundiais e disputando força com a União Soviética até 1991 na chamada Guerra Fria. E até hoje os Estados Unidos são uma grande potência. 

Surgiram dois tipos de colonização na colonização pela Inglaterra do território que originou os Estados Unidos: 

Colônias do Norte: colonizadas por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam de perseguições religiosas e que chegaram na América do Norte objetivando transformar a região num lugar próspero para a habitação de suas famílias. Essas colônias eram chamadas de Nova Inglaterra e foram caracterizadas por serem colônias de povoamento, com economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o consumo do mercado interno.

Colônias do Sul: Essas colônias, como Virgínia, Carolina e Geórgia tiveram uma colonização de exploração e tinham de seguir o pacto Colonial, tendo como base o trabalho escravo, produção para exportação para a metrópole e monocultura. 

Diferentes interesses entre essas colônias que se tornaram estados quando o país já era independente causaram a chamada Guerra de Secessão de 1861 a 1865. 

Um fator que influenciou muito no processo de independência foi uma guerra que houve envolvendo a França e a Inglaterra, a Guerra dos Sete Anos, entre os anos de 1756 e 1763.  Na América do Norte essa guerra se caracterizou pela luta entre essas nações por territórios, sendo que a Inglaterra saiu vencedora. 

Ainda que tivesse vencido a guerra, a Inglaterra resolveu descontar prejuízos no conflito por meio de cobranças aos colonos. Houve aumento de taxas e impostos, o que gerou protestos dos colonos contra a Inglaterra.

Houve  leis impostas que causaram muita insatisfação entre os colonos como a  Lei do Selo, a Lei do Açúcar e a Lei do Chá (que estabelecia um monopólio sobre o comércio do chá). Essa última ocasionou um protesto, em dezembro de 1773, chamado de "A Festa do Chá de Boston", quando colonos fantasiados de índios invadiram à noite navios ingleses com carregamento de chá e o jogaram no mar. A metrópole reagiu e exigiu ressarcimento dos prejuízos e colocou soldados ingleses cercando a cidade.  

No Primeiro Congresso da Filadélfia, em 1774, houve uma reunião dos representantes dos colonos do norte. Entre as maiores lideranças estavam Thomas Jefferson, Samuel Adams e Benjamim Franklin.  Tal congresso desejava o fim das medidas restritivas impostas pela Inglaterra e maior participação na vida política das colônias. Foi elaborada uma declaração de direitos, de inspiração iluminista. 

O governo inglês não aceitou as propostas e ainda adotou mais medidas controladoras e restritivas, como as Leis Intoleráveis. Uma dessas leis era a Lei do Aquartelamento, dizendo que todo colono norte-americano tinha de dar moradia, alimento e transporte para soldados ingleses. As Leis Intoleráveis acabaram aumentando a revolta de muitos colonos.

Em 10 de abril de 1775 aconteceu o primeiro combate em Lexington, entre tropas reais e milícias de colonos. Outros combates ocorreram em Concord e Bunker Hill.

  No Segundo Congresso da Filadélfia, em 04 de julho de 1776, os colonos se reuniram com o objetivo de conquistar a independência. Foi nesse congresso que Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. A Inglaterra não aceitou essa medida libertária dos colonos. Houve a criação do exército colonial e nos anos seguintes os colonos americanos com ajuda da Espanha e principalmente da França, venceram batalhas importantes contra os ingleses. A guerra que ocorreu entre 1776 e 1783 foi vencida pelo exército colonial. 

Em 1787 foi finalizada a Constituição dos Estados Unidos, com fortes características iluministas, garantindo a propriedade privada, mantendo a escravidão, instalando o sistema republicano federativo dando garantias individuais ao cidadão. 

No século XIX os Estados Unidos iriam se expandir até adquirirem a grandeza territorial que tem hoje, com a invasão dos territórios indígenas, a aquisição da Louisiana (da França), da Flórida (da Espanha), do Alasca (da Rússia) e com a conquista de vasta área territorial do México por meio de guerra, área que corresponde a alguns estados atuais como Texas, Arizona, Novo México, Califórnia etc.

A seguir alguns trechos da obra "1776", do historiador David McCullough:

Sobre os soldados coloniais na frente de batalha:

" A maioria dos homens compunha-se de habitantes da floresta, de ascendência escocesa e irlandesa, usando longas roupas de caça, com franjas, "túnicas de atirador", de tecido caseiro, com cores naturais indo do couro e do cinza até o marrom escuro, e mesmo ao preto, presas à cintura por cintos nos quais se enfiavam machados... 

E ainda:  "... O trabalho nas linhas de defesa prosseguia rápido, com os soldados empenhando-se arduamente com pás e picaretas, sob quaisquer condições de tempo, algumas vezes varando a noite, quando o calor do dia era rigoroso demais. O trabalho era brutal e interminável, porém as tropas eram notavelmente eficientes nele - muito mais que os seus equivalentes britânicos..."

Sobre  George Washington o autor escreveu: 

-"...Por meio de uma educação tenaz, aprendeu a escrever de forma firme e clara, e a exprimir-se no papel com energia e limpidez... " 

-" ...O grande professor de Washington foi a experiência. Com 16 anos, partiu para abrir seu caminho no mundo, como aprendiz de supervisor numa expedição à selva da Virgínia Ocidental, sobre as montanhas Blue Ridge (....)".

- "... Assim como outros agricultores de Tidewater, Washington adotou uma vida muito semelhante à da classe alta inglesa. Descendente de ingleses, ele tanto no comportamento quanto nas roupas, nos modos, nos passatempos preferidos, era o mais próximo de um cavalheiro rural inglês quanto seria possível para um americano da época(...)"

-"... A desordem o desagradava constantemente, e ele se preocupava muito com cada detalhe (...)"

-"... Inquestionavelmente o Congresso fez a escolha certa e os motivos políticos não foram o que menos pesaram. Como cidadão da Virgínia, Washington representava a mais rica e populosa das 13 colônias. Ele próprio tinha anos de experiência política, na legislatura da Virgínia, e como membro do Congresso Continental. Foi nessa qualidade que ficou conhecido e respeitado pelos membros do Congresso, e não como general. Conhecia bem os métodos da política e o sectarismo dos políticos. Compreendia o modo como  operava o sistema. Apesar de todos os adiamentos e frustrações, por mais severos que fossem os testes de paciência que teve de suportar, nas suas relações com os políticos e com o sistema, ele nunca esqueceu que o Congresso detinha o poder máximo, e que ele, o comandante-chefe, era um servidor para os cerca de 56 delegados que, diferentemente do Parlamento, reuniam-se em segredo na distante Filadélfia."

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: Google

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