Este artigo é sobre a atual questão da Coreia do
Norte, envolvendo sua política de armas atômicas.
Vou começar relatando sobre uma parte da história
da Coreia, até a divisão em Coreia do Norte e do Sul e a atualidade em relação
a este último país.
A Coreia esteve muito influenciada politicamente e
culturalmente pela China desde o final do século XIV até 1910, quando o Japão
começou a ser a potência com mais influência na península coreana.
Com a vitória do Japão sobre a China ( que tinha um
poder sobre a Coreia) em 1895 e sobre a
Rússia em 1905 (essa última potência disputava o poder regionalmente com o
Japão), a Coreia foi obrigada a assinar o Tratado de Eulsa, que transformou o
país em um protetorado japonês. E em 1910 as tropas japonesas ocuparam a Coreia.
No início dos anos 40 do século XX, o Japão
enfrentava os Aliados e em 1943 foi assinada a Declaração do Cairo pelos países
aliados, na qual entre outros aspectos estava a previsão de independência da
Coreia.
Pela Conferência de Potsdam foi acertada a nova
situação da Coreia e assim, em 12 de agosto de 1945, tropas soviéticas
invadiram o norte da Coreia, até o paralelo 38. Assim, a parte
setentrional ficou sob controle da URSS
e no sul foi criada uma organização capitalista, com influência dos Estados
Unidos.
A República da Coreia (Coreia do Sul) foi formada
em agosto de 1948 e um mês depois foi formada a República Popular Democrática
da Coreia (Coreia do Norte), governada por Kim Il Sung. As tensões entre os
lados levaram à invasão do sul pelo norte, em plena Guerra Fria. Durante 3 anos
(1950-1953) houve guerra entre as Coreias, com a participação de países
capitalistas liderados pelos Estados Unidos, lutando junto com a Coreia do Sul
e a entrada na guerra da China junto com as forças norte-coreanas. Em 1953 a
restauração da paz devolveu a fronteira aos limites anteriores à guerra.
No ano de 1972 houve um acordo, prevendo uma
possível reunificação no futuro. E no mesmo ano, as duas Coreias foram
admitidas na ONU.
Na Coreia do Norte há um só partido, o Partido dos
Trabalhadores Norte-Coeranos. Até os anos 70 apresentou bons índices de
desenvolvimento econômico e industrial, tendo substancial ajuda da URSS. Mas a
partir da crise mundial do petróleo o país parou de crescer.
O primeiro presidente da Coreia do Norte, que
governava desde 1948, morreu em 1994, sendo então substituído por seu filho Kim
Jong-Il que tomou o controle do partido único em 1997. Ele, do mesmo modo que
seu pai, opôs-se à abertura econômica e continuou com grandes gastos na área
militar.
Quando morreu, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011,
foi substituído por seu filho, Kim Jong-un. A data de nascimento dele seria em
1983 ou no começo de 1984. Ele, ficou como líder supremo da Coreia do Norte, após a morte do pai. Como seus
antecessores, ele reforça o culto à personalidade.
Este ditador tem ficado famoso por notícias como
estas:
-" Ditador norte-coreano manda executar 33 cristãos " (segundo a
notícia, ele teria condenado à morte essas pessoas que supostamente receberam
dinheiro de um pastor da Coreia do Sul para instalar 500 igrejas clandestinas
no país)
- "Tio de líder da Coreia do Norte foi comido
vivo por 120 cachorros, diz jornal chinês " (
conforme noticiado, o ditador teria mandado matar seu tio Chang e cinco assessores mais próximos. Todos
foram despidos, jogados em uma gaiola e atacados por 120 cães de caça famintos,
sem comer havia cinco dias. A acusação foi de traição.)
- "Coreia do Norte fuzila ex-namorada de ditador
e mais 11 pessoas em público" (Seria uma mulher que foi namorada do
ditador e que, segundo as acusações,
teria se envolvido com pornografia, o que é proibido na Coreia do Norte. Junto
com ela teriam sido mortos mais 11 pessoas de uma orquestra que também, conforme os acusadores, estaria
envolvida nos crime de pornografia).
Ultimamente as notícias tem sido sobre os repetidos
lançamentos de mísseis, inclusive o último ultrapassou o Japão e caiu a uma
distância considerável no oceano
Pacífico. Kim Jong-un já disse que pode atingir a
ilha Guam, território dos Estados Unidos.
A China, tradicional aliada da Coreia do Norte pede
mais diplomacia, mas o presidente dos Estados Unidos já mencionou um possível
uso da força.
Além de um aumento na capacidade de longo alcance
de mísseis da Coreia do Norte, um outro fator que preocupa países como Japão,
Estados Unidos e Coreia do Sul é a possibilidade de lançamento de mísseis
nucleares de submarinos norte-coreanos.
Em 2006, 2009 e 2013, a Coreia do Norte realizou o
que chamou de testes nucleares bem sucedidos. Pode ser que Pyongyang esteja desenvolvendo um
dispositivo nuclear suficientemente pequeno para ser inserido em um míssil
balístico.
Agora, a Coreia do Norte parece se focar em
construir mísseis de longa distância, com o objetivo de chegar na parte
continental dos Estados Unidos.
Dois tipos de), mísseis balísticos
intercontinentais (ICBM), conhecidos como KN-08 e KN-14, vêm sendo
mostrados em paradas militares desde
2012.
Tais mísseis têm um alcance estimado de cerca de 1
mil km, e carregam ogivas convencionais, químicas ou possivelmente biológicas.
O Instituto Internacional para Estudos
Estratégicos, avaliou que esses projéteis podem "atingir todo o território
da Coreia do Sul e grande parte do Japão".
Já está havendo um boicote econômico internacional
contra a Coreia do Norte. Mas ainda assim o ditador coreano continua com suas
ameaças e disparando seus mísseis.
Mesmo não tendo condições de fazer um ataque a
muitas cidades dos Estados Unidos, um ataque nuclear norte-coreano, caso
acontecesse, poderia causar sérios danos, perda significativa de vidas e um
prejuízo de milhões de dólares.
A maioria da população norte-coreana fica em
condições difíceis de vida, enquanto o governo gasta muito com armas.
O governo chinês não tem interesse que a Coreia do
Norte desapareça como nação independente, pois mesmo não sendo uma economia
desenvolvida, que possa servir como um grande parceiro comercial, serve como um
Estado que se interpõe à Coreia do Sul capitalista, onde há tropas dos Estados
Unidos estacionadas. Aparentemente a China não tem se empenhado muito nas
tentativas de convencer a Coreia do Norte a mudar de atitude e seu ditador parece
determinado a continuar com sua política nuclear, possivelmente como uma
estratégia de mostrar força à Coreia do Sul, Japão e às potências ocidentais. E
assim a situação permanece, sem uma clara definição do que vai acontecer.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de
História.
Figura: Google
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