domingo, 17 de setembro de 2017

Coreia do Norte e a questão nuclear





                                                         Figura: Península da Coreia






Este artigo é sobre a atual questão da Coreia do Norte, envolvendo sua política de armas atômicas.

Vou começar relatando sobre uma parte da história da Coreia, até a divisão em Coreia do Norte e do Sul e a atualidade em relação a este último país.

A Coreia esteve muito influenciada politicamente e culturalmente pela China desde o final do século XIV até 1910, quando o Japão começou a ser a potência com mais influência na península coreana. 

Com a vitória do Japão sobre a China ( que tinha um poder sobre a Coreia) em 1895  e sobre a Rússia em 1905 (essa última potência disputava o poder regionalmente com o Japão), a Coreia foi obrigada a assinar o Tratado de Eulsa, que transformou o país em um protetorado japonês. E em 1910 as tropas japonesas  ocuparam a Coreia. 

No início dos anos 40 do século XX, o Japão enfrentava os Aliados e em 1943 foi assinada a Declaração do Cairo pelos países aliados, na qual entre outros aspectos estava a previsão de independência da Coreia. 

Pela Conferência de Potsdam foi acertada a nova situação da Coreia e assim, em 12 de agosto de 1945, tropas soviéticas invadiram o norte da Coreia, até o paralelo 38. Assim, a parte setentrional  ficou sob controle da URSS e no sul foi criada uma organização capitalista, com influência dos Estados Unidos. 

A República da Coreia (Coreia do Sul) foi formada em agosto de 1948 e um mês depois foi formada a República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte), governada por Kim Il Sung. As tensões entre os lados levaram à invasão do sul pelo norte, em plena Guerra Fria. Durante 3 anos (1950-1953) houve guerra entre as Coreias, com a participação de países capitalistas liderados pelos Estados Unidos, lutando junto com a Coreia do Sul e a entrada na guerra da China junto com as forças norte-coreanas. Em 1953 a restauração da paz devolveu a fronteira aos limites anteriores à guerra.

No ano de 1972 houve um acordo, prevendo uma possível reunificação no futuro. E no mesmo ano, as duas Coreias foram admitidas na ONU.

Na Coreia do Norte há um só partido, o Partido dos Trabalhadores Norte-Coeranos. Até os anos 70 apresentou bons índices de desenvolvimento econômico e industrial, tendo substancial ajuda da URSS. Mas a partir da crise mundial do petróleo o país parou de crescer. 

O primeiro presidente da Coreia do Norte, que governava desde 1948, morreu em 1994, sendo então substituído por seu filho Kim Jong-Il que tomou o controle do partido único em 1997. Ele, do mesmo modo que seu pai, opôs-se à abertura econômica e continuou com grandes gastos na área militar.

Quando morreu, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011, foi substituído por seu filho, Kim Jong-un. A data de nascimento dele seria em 1983 ou no começo de 1984. Ele, ficou como líder supremo da Coreia do Norte, após a morte do pai. Como seus antecessores, ele reforça o culto à personalidade. 

Este ditador  tem ficado famoso por notícias como estas: 

-" Ditador norte-coreano manda executar 33 cristãos " (segundo a notícia, ele teria condenado à morte essas pessoas que supostamente receberam dinheiro de um pastor da Coreia do Sul para instalar 500 igrejas clandestinas no país) 

- "Tio de líder da Coreia do Norte foi comido vivo por 120 cachorros, diz jornal chinês "         ( conforme noticiado, o ditador teria mandado matar seu tio Chang e cinco assessores mais próximos. Todos foram despidos, jogados em uma gaiola e atacados por 120 cães de caça famintos, sem comer havia cinco dias. A acusação foi de traição.)

- "Coreia do Norte fuzila ex-namorada de ditador e mais 11 pessoas em público" (Seria uma mulher que foi namorada do ditador e que, segundo as acusações, teria se envolvido com pornografia, o que é proibido na Coreia do Norte. Junto com ela teriam sido mortos mais 11 pessoas de uma orquestra que também, conforme os acusadores, estaria envolvida nos crime de pornografia).

Ultimamente as notícias tem sido sobre os repetidos lançamentos de mísseis, inclusive o último ultrapassou o Japão e caiu a uma distância considerável  no oceano Pacífico.  Kim Jong-un já disse que pode atingir a ilha Guam, território dos Estados Unidos. 

A China, tradicional aliada da Coreia do Norte pede mais diplomacia, mas o presidente dos Estados Unidos já mencionou um possível uso da força. 

Além de um aumento na capacidade de longo alcance de mísseis da Coreia do Norte, um outro fator que preocupa países como Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul é a possibilidade de lançamento de mísseis nucleares de submarinos norte-coreanos. 

Em 2006, 2009 e 2013, a Coreia do Norte realizou o que chamou de testes nucleares bem sucedidos. Pode ser  que Pyongyang esteja desenvolvendo um dispositivo nuclear suficientemente pequeno para ser inserido em um míssil balístico.

Agora, a Coreia do Norte parece se focar em construir mísseis de longa distância, com o objetivo de chegar na parte continental dos Estados Unidos.

Dois tipos de), mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), conhecidos como KN-08 e KN-14, vêm sendo mostrados  em paradas militares desde 2012.

Tais mísseis têm um alcance estimado de cerca de 1 mil km, e carregam ogivas convencionais, químicas ou possivelmente biológicas.

O Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, avaliou que esses projéteis podem "atingir todo o território da Coreia do Sul e grande parte do Japão".

Já está havendo um boicote econômico internacional contra a Coreia do Norte. Mas ainda assim o ditador coreano continua com suas ameaças e disparando seus mísseis. 

Mesmo não tendo condições de fazer um ataque a muitas cidades dos Estados Unidos, um ataque nuclear norte-coreano, caso acontecesse, poderia causar sérios danos, perda significativa de vidas e um prejuízo de milhões de dólares. 

A maioria da população norte-coreana fica em condições difíceis de vida, enquanto o governo gasta muito com armas. 

O governo chinês não tem interesse que a Coreia do Norte desapareça como nação independente, pois mesmo não sendo uma economia desenvolvida, que possa servir como um grande parceiro comercial, serve como um Estado que se interpõe à Coreia do Sul capitalista, onde há tropas dos Estados Unidos estacionadas. Aparentemente a China não tem se empenhado muito nas tentativas de convencer a Coreia do Norte a mudar de atitude e seu ditador parece determinado a continuar com sua política nuclear, possivelmente como uma estratégia de mostrar força à Coreia do Sul, Japão e às potências ocidentais. E assim a situação permanece, sem uma clara definição do que vai acontecer.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.  

Figura: Google



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