Um dia desses assisti o filme Encontro Marcado em DVD. É um filme feito
nos Estados Unidos em 1998, com a direção de Martin Brest, com os seguintes
atores principais: Brad Pitt, Anthony Hopkins e Claire Forlani.
É um filme logo, com cerca de 3 horas de
duração. No início um bilionário (Hopkins), pai de uma jovem médica bonita (Claire
Forlani) a aconselha a viver mais intensamente, que viva não automaticamente e
sim apaixonadamente. O que o ricaço não sabia era que a Morte o escutava e se
interessou pelo conselho dele sobre o estilo de vida que ele propunha.
A
mesma médica conhece um rapaz (Brad
Pitt) numa lanchonete, os dois conversam e os dois sentem uma atração um pelo
outro. Mas o rapaz ao atravessar a rua sofre uma acidente fatal sem que a
médica veja, pois já ia bem adiante.
E o pai da médica passou a escutar a Morte
que deu sinal que iria levá-lo. E o mais surpreendente é que ela, a Morte, assumiu
o corpo do jovem que tinha conhecido sua filha e passou a seguir o bilionário
em diversos momentos, pois ele seria uma espécie de guia no mundo dos vivos. E
então em um jantar o rapaz (que era a Morte) dá de cara com a médica que o
reconhece, sem que ele possa lembrar porque não foi a Morte que a conheceu e
sim o jovem.
Durante parte do filme há passagens sobre
preparativos do aniversário de 65 anos do magnata. E ele em uma reunião se
recusa a vender sua grande firma para um conglomerado, o que leva a uma ação
conspiratória do ex-namorado de sua filha que tramou para que a venda fosse
concretizada e o bilionário afastado da presidência.
A Morte acaba se apaixonando pela moça e a
paixão se torna recíproca, inclusive com relação física entre eles, sendo que
quando o pai dela descobre o envolvimento, revela à Morte não concordar com o
romance.
No final há o aniversário do personagem de Hopkins
com uma enorme festividade, com tudo dando certo para ele, mesmo sabendo que a
Morte o levaria após a festa.
Na verdade o filme cansa um pouco pela sua
duração, mas a meu ver vale a pena ser visto, não se resumindo a uma questão sentimental
romântica, mas até para refletir um pouco, embora não haja a intenção de ser uma
obra filosófica.
É na verdade uma espécie de segunda versão de
um filme dos anos 30, Uma sombra que passa, de 1934. O ator
principal (Frederic March) faz o papel da Morte que deseja ver o que é ser
mortal e tira umas férias como um príncipe que passa três dias com um rico e
seus convidados em sua propriedade. Apesar de algumas belas mulheres se
sentirem atraídas pelo príncipe, percebem algo estranho nele e se afastam. Mas
uma delas, namorada do filho do anfitrião, se interessa por ele do jeito que é e os dois
se apaixonam. É uma adaptação de uma peça de teatro La Morte
in vacanza.
Bem, esses filmes me lembram, de certa forma o
relato do amor de Hades (Senhor do Mundo dos Mortos e irmão de Zeus) e
Perséfone, deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, que é filha de Zeus com
sua mãe Deméter, a deusa da agricultura e estações do ano.
Perséfone havia já sido cortejada pelos deuses
Hermes, Ares, Dioniso e Apolo. Mas sua mãe os rejeitou e escondeu sua filha. É
descrita como uma deusa de olhos escuros, possuidora de uma beleza estonteante,
pela qual muitos homens se apaixonaram.
Segundo uma versão do mito, existiam gigantes
presos dentro do vulcão Etna, mas eles forçavam para procurar uma saída e suas
tentativas provocavam tremores fortes e Hades temendo que seu mundo inferior
pudesse acabar sendo exposto ao sol resolveu ir verificar a situação partindo
para a superfície na sua carruagem. No momento em que ele passou, a deusa do
amor, Afrodite, estava junto com seu filho Eros (o mesmo que Cupido), os dois sentados em um monte viram o deus passar.
Afrodite desafiou Eros a atingir Hades com uma de suas flechas. E na mesma
ocasião Perséfone passeava no vale de Ena, na Sicília.
Flechado de amor, Hades rapta sua sobrinha, levando-a
para seu reino de sombras. Deméter depois
de muitas buscas consegue descobrir onde está sua filha e desesperada procura o
rei dos deuses, Zeus. Como Zeus não pode interferir no mundo do irmão, chamou o
deus Hermes (deus do comércio, da velocidade etc), o mensageiro dos deuses, para
que levasse Demeter para o submundo para tentar convencer Hades a libertar
Perséfone.
Foi feito um acordo com Hades e assim ela passou a
ficar metade do ano no mundo de cima, quando a terra ficava fértil e as plantas
surgiam, com abundância nas colheitas e flores nos campos (é a primavera e o
verão) e nos seis meses que fica no reino de Hades, há a queda das folhas das
árvores e depois o frio (outono e inverno).
Assim, creio que os dois filmes mencionados e a peça que lhes inspirou tem algum relação
com o mito de Hades e Perséfone, quando Hades, deus do mundo dos mortos, se
apaixona e acaba sendo correspondido apesar de sua estranha natureza.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google.
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