Os meus dois artigos a seguir são sobre duas pessoas ilustres nascidas no dia 07 de fevereiro,
Thomas More e Charles Dickens. O primeiro viveu em uma época renascentista e onde o absolutismo real
já existia em alguns países. O segundo conviveu com uma sociedade vitoriana com
a Revolução Industrial iniciando sua expansão. Os dois, eram famosos escritores
nascidos na Inglaterra, críticos em suas épocas e que desejavam uma sociedade
melhor.
Thomas More (Thomas Morus)
O inglês Thomas More foi um filósofo humanista,
estadista, escritor, diplomata e advogado, que ocupou cargos públicos de
destaque, como o de Chanceler do Reino, no reinado de Henrique VIII. Ele nasceu
em Londres, em 7 de fevereiro de 1478.
Foi uma figura de destaque no movimento cultural europeu chamado
Renascimento, autor de várias obras literárias, sendo Utopia a principal.
Filho do juiz sir John
More e de Agnes Graunger,Thomas se considerava sendo “de família honrada, sem ser
célebre, e um tanto entendido em letras”. Em 1505 casou-se com sua primeira
esposa, Jane Colt, com a qual teve quatro filhos. Após Jane morrer em 1511,
casou-se novamente, dessa vez com lady Alice Middleton.
Era conhecido por ter bom
humor e possuir dedicação à família, valorizando muito as amizades, dentre as
quais sobressaíram pessoas como Erasmo de Roterdã e Luis Vives, famosos
humanistas.
Preocupou-se com a
educação dos filhos, os quais estudaram latim, grego, lógica, astronomia,
medicina, matemática e teologia, não fazendo distinção entre a educação de
filhos e filhas.
Na sua profissão de
advogado era competente e respeitado, tendo sido também professor
universitário. E em 1504 entrou para a Câmara dos Comuns, sendo um ativo
parlamentar, chegando a ser eleito presidente dessa câmara e em 1520 entrou
para a corte de Henrique VIII, tornando-se cavaleiro em 1521. Após ter exercido
as funções de embaixador, vice-tesoureiro e Chanceler do Ducado de Lancaster,
chegou à posição de Chanceler da Inglaterra.
Na sua obra mais famosa,
Utopia, de 1516, ele idealizou uma ilha-reino que foi considerada por alguns
como uma forma imaginada por ele de Estado e outros consideraram que ele estava
fazendo uma sátira da Europa do século XVI. Com essa obra, a palavra utopia
passou a significar uma sociedade ideal, mesmo que de existência impossível,
como também pode ser uma ideia generosa, ainda que não possível de ser
praticada. Segundo estudiosos, diversas características da ilha estariam
baseadas na vida de mosteiros. Em parte a obra inspirou-se no livro “A
República de Platão” e inspirou
socialistas do século XIX como Proudhon (1809-1865), Charles Fourier
(1772-1837), Robert Owen (1771-1858) e Saint-Simon (1760-1825), que foram
conhecidos como utópicos.
O pensador humanista
Erasmo de Roterdã teria dito de Thomas More:
"É um homem que vive com esmero a verdadeira
piedade, sem a menor ponta de superstição. Tem horas fixas em que dirige a Deus
suas orações, não com frases feitas, mas nascidas do mais profundo do coração.
Quando conversa com os amigos sobre a vida futura, vê-se que fala com
sinceridade e com as melhores esperanças. E assim é More também na Corte. Isto,
para os que pensam que só há cristãos nos mosteiros."
Thomas More substitui, em 1529,o chanceler Thomas
Wolsey, arcebispo de York, da função de chanceler após ele ter sido demitido,
após fracassar na tentativa de divórcio ou anulação do casamento do rei com a
espanhola Catarina de Aragão. Mas opondo-se aos desejos do monarca de
separar-se da rainha, pois era seguidor das ideias católicas sobre a
indissolubilidade do matrimônio e temendo que na Inglaterra pudesse haver
mudanças em direção à Reforma Protestante, que já tinha começado na Europa,
More deixa o seu cargo de chanceler do rei em 1532, o que causou insatisfação
em Henrique VIII, que pelo Ato de Supremacia tornava-se chefe supremo da Igreja
na Inglaterra.
A
Igreja criada pelo rei (Anglicana), tornou nulo o primeiro casamento com
Catarina, permitindo que ele se casasse com Ana Bolena e os funcionários reais
além de terem de jurar obediência ao rei como chefe da Igreja, também tinham de
aceitar que qualquer criança nascida do casamento de Henrique com Ana Bolena
seria legítima.
Tendo More sido convocado a fazer o juramento em 17
de abril de 1534 e se recusou. Foi então aprisionado na Torre de Londres, junto
com o Bispo de Rochester. Diante do silêncio de More, que não demonstrou
vontade de apoiar o monarca, esse ordenou sua execução, que foi efetivada em 6
de julho de 1535. Pediu aos presentes à sua execução que orassem pelo rei,
dizendo que: "morria como bom servidor do rei, mas de Deus
primeiro." Durante um mês a
sua cabeça foi exposta na ponte de Londres e depois foi recolhida por sua filha
Margaret. Seu corpo se encontra sepultado na Capela Real de São Pedro ad
Vincula.
Foi considerado pela
Igreja Católica como exemplo de fidelidade, reconhecido como mártir, decretado
beato em 29 de dezembro de 1886 e canonizado em 19 de maio de 1935. Dia 22 de
junho é o seu dia festivo como santo católico.
No ano 2000 foi declarado “Patrono dos Estadistas e Políticos”, pelo
papa João Paulo II.
Obras (além
de Utopia, já citada):
Trabalhos de sir Thomas
More
Diálogo da fortaleza
contra a tribulação
Um homem para todas as
horas (Correspondências de Thomas More)
A Apologia
A Agonia de Cristo
Um homem só
Os Novíssimos
Réplica a Martinho Lutero
Diálogo contra as Heresias
Súplica das Almas
Refutação da Resposta de
Tyndale.
Debelação de Salem e
Bizâncio.
Tratado sobre a Paixão
de Cristo.
Expositio Passionis.
Tratado para receber o
Corpo de Nosso Senhor.
Piedosa Instrução.
Orações.
Epitáfio.
Vida de Pico della
Mirandola.
História de Ricardo III.
Márcio José Matos
Rodrigues- Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+Thomas+More&client
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