Em 26 de abril de 121
nascia Marco Aurélio (em latim Marcus Aurelius), imperador romano (de 161 a
180) e filósofo estoico. Seu nome todo era César Marco Aurélio Antonino Augusto. Foi
chamado de "o último dos cinco bons imperadores". Era dedicado a
estudos filosóficos e escreveu a obra Meditações.
Foi um inteligente militar, um pensador e um bom administrador. No seu reinado
o Império Romano enfrentou partas na fronteira oriental e povos germanos na
fronteira norte. Foi designado aos 17 anos herdeiro do seu tio, imperador
Antonino Pio em 138. Mas também seu tio tinha também designado Lucio Vero como
sucessor.
O pai de Marco Aurélio
era de uma distinta família da classe senatorial com vínculos com a província
da Hispânia, que ficara rica com a plantação de oliveiras e produzindo azeite e
o seu bisavô foi pretor e senador. A mãe, Domitia Lucilla, era uma mulher muito rica, que herdou de sua mãe um complexo de olarias
e fábricas de tijolos perto de Roma.
A família teve ascensão
política com a subida de Adriano (originário da Hispânia) ao trono. Famílias
aristocráticas dessa província foram beneficiadas e muitas tinham parentesco
com Adriano e com o seu antecessor Trajano. Na época do governo de seu tio,
Marco Aurélio foi cônsul três vezes. Em
relação ao avô, Marco Aurélio demonstrou gratidão, por lhe ter ensinado a
ter “bom caráter e evitar o mau gênio”.
Dos sete aos onze anos, a educação básica de Marco Aurélio ficou a cargo de
tutores. Aos doze anos foi educado por dois grammatici e também estudou
ciências e artes, assim como filosofia. Quando adolescente ele adotou o costume
de se vestir como um filósofo grego e também dormia no chão.
Com a morte de Antonino,
Marco Aurélio e Lucio Vero subiram ao trono como augustos. Mas a posição de
Marco era superior a de Vero. Este, até a sua morte, em 169, de peste em uma
guerra, permaneceu leal à Marco Aurélio
e lutou em campanhas dos romanos contra os germânicos.
Marco Aurélio casou-se
com a filha de Antonino Pio, Faustina, a Jovem, em 145. Ela gerou 13 filhos
durante 30 anos de casamento. Uma filha, Lucila, casou-se com Lúcio Vera, para
fortalecer a aliança com Marco Aurélio.
O imperador Marco Aurélio
teve de enfrentar invasões vindas de vários povos germânicos e ainda uma
tentativa de tomada do trono por um general romano do oriente. Houve também uma
grande peste na época que dizimou parte da população do império.
Em 17 de março de 180, Marco Aurélio veio a falecer
durante uma campanha contra os germanos Marcomanos, que ameaçavam Vindobona
(na atual Áustria) . A Gália (região da Europa ocidental, atualmente ocupada pela
França, Bélgica, Holanda e oeste da Suíça) naqueles tempos era atacada por
tribos germânicas. Os Marcomanos (os “homens da fronteira”, na língua
germânica), foram auxiliados em
ataques ao Império pelos Quados,
outro povo germânico. Esses povos
cruzaram o Danúbio, chegando a derrotar um exército de 20 mil romanos em
Carnuntum.
Marco Aurélio havia escolhido,alguns anos antes de sua morte, o seu filho Cômodo
para ser seu herdeiro, o futuro imperador, que foi feito co-imperador em 177.
Cômodo não foi um bom sucessor. Não estava
preparado para governar e era uma pessoa egoísta. Sua ascensão ao poder após a
morte de seu pai para muitos historiadores significou o começou do declínio do Império Romano.
Marco Aurélio escrevia seus pensamentos geralmente
em acampamentos, em campanhas militares. Tais pensamentos eram reflexões para
si, com frases curtas e profundas, que tratavam por exemplo, sobre como a
glória e a vida são efêmeras. As palavras escritas de Marco Aurélio foram
organizadas por um discípulo em um pequeno livro ao qual deu o nome de Meditações.
Houve críticas de historiadores cristãos contra os
atos de Marco Aurélio, pois houve perseguições ordenadas por ele contra os
cristãos, possivelmente muitas prisões. Mas é provável que ele apenas tenha
seguido uma política que outros imperadores da época já realizavam, pois os
cristãos eram denunciados pelos praticantes das religiões tradicionais e por
autoridades porque se recusavam a participar de cultos dessas
religiões e nem faziam culto à figura do imperador, como era costume.
Marco
Aurélio escreveu sobre seu pai:
"Em
meu pai, observei suavidade de temperamento e resolução imutável nas
coisas que ele determinava após a devida deliberação. Não possuía nenhuma
vaidade nas coisas que os homens chamam de honras. Ele era dedicado e
perseverante no trabalho. Estava sempre disposto a ouvir aqueles que tinham
qualquer coisa a propor para o bem comum. Ele possuía firmeza inabalável,
atribuindo a cada pessoa conforme os seus méritos. Observei que ele havia
superado todas as paixões infantis. Observei, também, o seu hábito de
investigação cuidadosa em todos os assuntos que requeriam a sua deliberação.
Além disso, ele possuía uma persistência inabalável e nunca interrompia a sua
análise e pesquisa até estar satisfeito com os fatos; não se deixando enganar
pelas aparências que primeiro se apresentavam. Ele era capaz de prever coisas
muito antecipadamente e procurava não se exibir e nem se deixava afetar pelos
elogios, lisonjas e aplausos populares. Ele estava sempre atento às coisas
necessárias para a administração dos negócios e era um bom gestor das despesas,
suportando com paciência a responsabilidade pelos imprevistos. Ele sempre
demonstrou sobriedade e firmeza nas decisões tomadas em todas as coisas
públicas e particulares. Nunca demonstrou quaisquer pensamentos ou ações ruins.
Ele estava preparado para ceder sem inveja aos que possuíam alguma habilidade
particular e valorizava os profissionais para que desfrutassem da sua reputação
de acordo com seus méritos e conhecimentos. Ele sempre agiu de acordo às
instituições do país, sem demonstrar qualquer afetação por cumprir com o seu
dever. Além disso, ele era metódico em sua rotina e disciplinado nas suas
obrigações."
A estátua equestre de Marco Aurélio está hoje nos
Museus Capitolinos. Foi restaurada por Michelangelo e tornou-se um modelo para
todas as estátuas equestres do Renascimento.
A figura de Marco Aurélio está presente nos
seguintes filmes com representação de atores dos Estados Unidos:
A Queda do Império Romano (1964)
Gladiador (2000)
Pensamentos de Marco Aurélio:
“Cada um vive apenas o momento presente, breve. O
mais da vida, ou já se viveu ou está na incerteza. Exíguo, pois, é o que cada
um vive. Exíguo, o cantinho da terra onde vive. Exígua, até a mais longa
memória na posteridade, essa mesma transmitida por uma sucessão de homúnculos
morrediços, que nem a si próprio conhecem, quanto menos a alguém falecido há
muito.”
"Nada de desgosto, nem de desânimo; se acabas
de fracassar, recomeça."
"O melhor modo de vingar-se de um inimigo, é
não se assemelhar a ele."
"A nossa vida é aquilo que os nossos
pensamentos fizerem dela."
"Muitas vezes erra não apenas quem faz, mas
também quem deixa de fazer alguma coisa."
"Se te ocorrer, de manhã, de acordares com
preguiça e indolência, lembra-te deste pensamento: «Levanto-me para retomar a
minha obra de homem»."
"Escava dentro de ti. É lá que está a fonte do
bem, e esta pode jorrar continuamente, se a escavares sempre."
"A arte de viver é mais parecida com a luta do
que com a dança, na medida em que está pronta para enfrentar tanto o inesperado
como o imprevisto e não está preparada para cair."
"Quanto não ganha em tranquilidade quem não se
preocupa com o que o vizinho diz, faz ou pensa, mas apenas com os seus próprios
atos."
"Pratica cada um dos teus atos como se fosse o
último da tua vida."
"Mais penosas são as consequências da ira do
que as suas causas."
"Mudar de opinião e seguir quem te corrige é
também o comportamento do homem livre."
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+do+imperador+marco+aurélio&tbm
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