A figura histórica sobre
a qual falo a seguir é o czar russo Pedro I, chamado de "O Grande",
da casa real dos Romanov, que nasceu em Moscou, em junho de 1672. Em 1721,
Pedro, que era o filho mais velho do czar Aleixo com sua a segunda esposa, Natália Naryshkina, já era o monarca do Império Russo, com apenas
dez anos de idade (seu pai havia morrido em 1676), sendo imperador até sua
morte. Ele sucedeu a seu meio- irmão Teodoro, que governou após a morte do czar
Aleixo e então começou a reinar com seu meio-irmão mais velho, Ivan V (que tinha
a saúde fragilizada) e em 1696 esse último morreu, ficando só Pedro como
governante.
No início do governo de
Pedro e Ivan, a meia-irmã de Pedro, Sofia, ficou como regente. Durante o
governo de Sofia, Pedro e sua mãe viveram exilados no campo. Mas em 1689, na
ocasião de uma revolta, Pedro conseguiu afastar Sofia, mas por algum tempo
deixou sua mãe e nobres (boiardos) tomando conta do governo do país.
Interessou-se muito por cultura. Ficou conhecido como o governante russo que
abriu mais as relações da Rússia com países da Europa ocidental para incentivar
o progresso dela.
Durante o início da
infância, Pedro foi educado pelo religioso Zotov, que o ensinou a ler, escrever
e o incentivou a estudar a Bíblia, além
de dar também a Pedro lições de canto, como também de Geografia e sobre a
história da Rússia.
Quando foi assumir o trono, após a morte de Teodoro,
houve uma revolta militar de um corpo especial do exército russo, de tendência
conservadora. Mas essa revolta foi contida após concessões aos rebeldes. Esses
acontecimentos marcaram Pedro, que passou a nutrir uma má impressão de Moscou,
com toda a sua pompa e conservadorismo.
O
imperador ainda menino gostava de brincar de guerra e aos 14 anos formou um
regimento militar ligado a ele e formado por amigos. Essa tropa depois se
tornou o primeiro regimento da Guarda Imperial Russa. E na sua adolescência
Pedro também começou a se interessar por atividades marítimas, começando a
amizade com imigrantes holandeses que lhe passaram conhecimentos sobre
navegação. Nessa época, foi aprendendo a mexer com ferramentas de construção em
madeira. Quanto a línguas estrangeiras, não aprendeu outros idiomas, a não ser
algumas noções básicas de holandês e alemão.
Em
fevereiro de 1689, aos 17 anos, Pedro casou-se com uma mulher três anos mais
velha, Eudóxia Lopukhina, da nobreza tradicional russa. Não houve
compatibilidade entre as formas de pensar de Pedro e sua esposa e desse
casamento nasceram dois filhos.
Pedro em 1697, já com mais poderes concentrados em
suas mãos, mandou ser organizada uma expedição diplomática à Europa Ocidental.
Tal expedição foi chamada de Grande
Embaixada. Essa embaixada buscava conhecimentos técnicos, militares e
náuticos e apoio militar contra o Império Otomano. Pedro, disfarçado, integrava
a missão diplomática. Ao voltar dessa expedição, Pedro trouxe para a Rússia
muitos especialistas e pessoas letradas, assim como novos instrumentos, mapas e
livros. Novas modas do Ocidente foram adotadas e diversas obras em idiomas
francês, holandês, alemão e inglês foram traduzidas para o russo. Houve então
incentivo para que estrangeiros pudessem entrar como trabalhadores
especializados na Rússia. Enviou no início do século XVIII expedições científicas
à Sibéria.
Foi no governo de Pedro que foi adotado o
calendário juliano, assim como houve também uma reforma administrativa, tendo
sido construída a partir de 1703 uma nova capital para a Rússia, a cidade de
São Petersburgo, com inspiração em modelos ocidentais. Pedro deu incentivos
à indústria e ao comércio. Outra medida importante foi a
construção de escolas e hospitais.
No tocante aos aspectos militares, Pedro reformou o
exército e acreditava na meritocracia e na Prússia assistiu exercícios de
artilharia. Os grandes conflitos militares do governo de Pedro foram a Grande
Guerra do Norte, envolvendo a Suécia e contra o Império Otomano (turcos).
Também na parte naval, a marinha russa se desenvolveu. Graças a campanhas de
guerra, foram conquistados novos territórios como a Estônia e a Finlândia. A
Rússia passou a ter mais poder no mar Báltico. Nos anos de 1722 e 1723, a
Rússia ganhou também territórios em um guerra com a Pérsia.
Mandou criar novos impostos, como o sobre o nascimento,
o do casamento, o registro de testamentos e o do funeral, entre tantos outros.
Havia até mesmo tributos sobre nozes, melões, pepinos e até mesmo um imposto
sobre o uso de água potável. O Estado russo concentrou monopólios, definindo
preços a resina, sal, peixe, óleo, peles etc. Os impostos serviam para
sustentar as despesas do Estado, inclusive nas guerras.
Pedro, apesar de muito ativo era um governante
bastante despótico, centralizando os poderes. Procurou modernizar a vida na
Rússia, adotando alguns estilos dos europeus ocidentais. Mandou os nobres se
barbearem e a usar roupas no estilo europeu.
O primeiro jornal russo foi publicado em 1703, quando Pedro governava. Mas como só uma
minoria sabia ler no império russo, o número de leitores do jornal era
limitado. Também foi organizado, a mando de Pedro, o primeiro censo do império
russo.
As batatas e os girassois foram trazidos da Holanda
para a Rússia no governo de Pedro, que teve a visão de que esses produtos
seriam uteis na Rússia. A batata, no fim do século XIX, já era considerada o
"segundo pão" para os russos.
Pedro casou-se pela segunda vez em 1707
(secretamente) e em uma segunda vez (de forma oficial), em 1712, com Catarina Alekséievna (que já era sua
amante há alguns anos). Catarina era seu nome russo.O nome verdadeiro dela
era Marta Helena Skavronsk e não tinha
origem em família nobre da Rússia. Dessa vez, diferentemente da relação com a
primeira esposa (que tinha sido mandada por Pedro morar em um convento) , Pedro
e Catarina tinham uma relação bem mais próxima e fortalecida. Em 1724, por
vontade de Pedro, Catarina foi coroada co-governante do Império Russo.
Com suas duas esposas, Pedro teve 14 filhos, porém
só três chegaram à idade adulta e desses, o seu filho mais velho Aleksei foi
preso e torturado por conspirar contra o pai, tendo morrido na prisão por causa
dos ferimentos obtidos com a tortura.
Em fevereiro de 1725, Pedro morreu em São
Petersburgo, devido a problemas graves em seu aparelho urinário.
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Márcio José Matos Rodrigues
Professor de História
Figura:
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