sábado, 8 de junho de 2019

O poeta Claudio Manuel da Costa

















Entre os personagens históricos nascidos em junho, começarei por Claudio Manuel da Costa, um advogado, fazendeiro, minerador e poeta do Brasil Colônia. Ele nasceu em 5 de junho de 1729, em Vila do Ribeirão do Carmo (atual Mariana em Minas Gerais) em 5 de junho de 1729 e que era filho de João Gonçalves da Costa (português) Teresa Ribeiro de Alvarenga, nascida em Minas. 


Além de seu destaque como poeta nos estilos Barroco (quando estudante na Universidade de Coimbra) e o Arcadismo (depois que sofreu influências do Iluminismo) , ele também envolveu-se na Inconfidência Mineira. 


Estudou na infância com jesuítas e tempos depois, estudou humanidades no Rio de Janeiro e Direito na Universidade de Coimbra, obtendo o Bacharelado em Cânones. 


 Dedicou-se à advocacia em Minas Gerais, sendo jurista culto, tendo exercido o cargo de procurador da Coroa. Elaborou em 1758 a "Carta Topográfica de Vila Rica e seu termo" (1758). Teve influência em escritores da época em Minas Gerais. 


Quando aconteceu a Inconfidência Mineira, ele foi um dos participantes. Mas sua morte é envolta em mistérios. Não se sabe ao certo se foi ele que se enforcou ou se foi assassinado. Houve suspeitas na época de que ele teria tido inseguranças diante do interrogatório em relação à sua participação, podendo ter implicado alguém do movimento. Segundo uma versão, ele enforcou-se com remorso de que tivesse prejudicado alguém em seu depoimento. Uma outra versão é de que ele foi assassinado. 


Foi secretário de governo, poeta conhecido em Portugal e advogado de importância na capitania, tendo acumulado significativa fortuna. Era muito amigo de Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, escritores. 


 Há suspeitas, depois que foram analisados documentos da época, de que ele não tinha muita esperança no movimento inconfidente. Na véspera de sua morte, conforme relatos de amigos, ele estava bastante deprimido. Esse fato foi utilizado por alguns para dizer que ele tinha se matado. Porém ainda há os estudiosos que acreditam que foi assassinado devido às circunstâncias em que o corpo foi achado. Um autor inclusive relata em sua obra sobre os acontecimentos a respeito da Inconfidência Mineira que familiares de Cláudio foram mortos na tarde do mesmo dia em ele foi preso. Cláudio, que morreu no dia  4 de julho de 1789, tinha o sonho de ver implantada no Brasil uma república, o que aconteceu somente cem anos após a sua morte. 


Usou em suas poesias o pseudônimo árcade: Glauceste Satúrnio. Há poemas seus que tem temática pastoril, bem estruturados como sonetos, buscando a reflexão sobre a vida, a moral e sobre o amor.



A seguir obras de Cláudio Manuel da Costa: 

Culto Métrico (1749); Munúsculo Métrico (1751); Epicédio (1753); Obras Poéticas de Glauceste Satúrnio (1768); O Parnaso Obsequioso e Obras Poéticas (1768); Vila Rica (1773). 


Algumas poesias: 

 
Trecho do poema Vila Rica, Canto VII

O conceito, que pede a autoridade,
Necessária se faz uma igualdade
De razão e discurso; quem duvida,
Que de um cego furor corre impelida
A fanática idéia desta gente?
Que a todos falta um condutor prudente
Que os dirija ao acerto? Quem ignora
Que um monstruoso corpo se devora
A si mesmo, e converte em seu estrago
O que pensa e medita? Ao brando afago
Talvez venha ceder: e quando abuse
Da brandura, e obstinados se recuse
A render ao meu Rei toda a obediência,
Então porei em prática a violência;
Farei que as armas e o valor contestem
O bárbaro atentado; e que detestem
A preço do seu sangue a torpe idéia.


Sonetos


Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,
Porás a ovelha branca, e o cajado;
E ambos ao som da flauta magoado
Podemos competir de extremo a extremo.
Principia, pastor; que eu te não temo;
Inda que sejas tão avantajado
No cântico amebeu: para louvado
Escolhamos embora o velho Alcemo.
Que esperas? Toma a flauta, principia;
Eu quero acompanhar te; os horizontes
Já se enchem de prazer, e de alegria:
Parece, que estes prados, e estas fontes
Já sabem, que é o assunto da porfia
Nise, a melhor pastora destes montes.


LXIII (Sonetos) -Já me enfado de ouvir este alarido

Já me enfado de ouvir este alarido,

Com que se engana o mundo em seu cuidado;

Quero ver entre as peles, e o cajado,
Se melhora a fortuna de partido.

Canse embora a lisonja ao que ferido
Da enganosa esperança anda magoado;
Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado
Do velho desengano apercebido.

Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.

Eu não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade.

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Márcio José Matos Rodrigues- Professor de História





Figura: https://www.google.com/imgres?imgurl=https://static.todamateria.com.br/upload/57/f2/57f2e2bf3871a-claudio-manuel-da-costa.jpg











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