Alexander Sergueievitch Pushkin,
poeta romântico russo, é considerado o fundador da moderna novela russa, nascido
em Moscou em 26 de maio de 1799. Ele criou um estilo de narrativaque misturava drama,
romance e sátira associada com a literatura russa. Sua obra Marie: Uma História
de Amor Russa, é uma ficção histórica, que fornece uma visão da Rússia na época
da imperatriz Catarina II. Outras obras importantes suas foram: O prisioneiro do Cáucaso; A filha do
capitão; Eugene Onegin; A história da revolta de Purgatief e O Cavaleiro de
Bronze. Foi autor de novelas, poemas e peças teatrais. Assim como Goethe
simboliza a Alemanha, Shakespeare a Inglaterra, Camões Portugal, Cervantes a Espanha, Pushkin
simboliza a Rússia. Nele são marcantes sua liberdade interior, a serenidade, a bondade e a
nobreza e também o seu amor pela Pátria.
Pushkin era filho de
Sergei Lvovich Pushkin, que descendia de uma ilustre família nobre russa ea mãe
do poeta era Nadezhda
(Nadja) Ossipovna Hannibal, que descendia por parte de sua avó paterna de
famílias da nobreza alemã e escandinava. Teve influências na infância de sua
avó e uma ama que conhecia contos populares. Ouvia falar de poesia no salão de
sua casa de família e havia livros de poesias de autores franceses do século
XVIII na biblioteca de seu pai.
Aos 15 anos Pushkin
publicou seu primeiro poema. Destacou-se na poesia e passou a ser considerado o
maior dos poetas russos e o fundador da literatura russa moderna, sendo
pioneiro no uso da língua coloquial em seus poemas e peças. Usava expressões e
lendas populares em seus poemas e em seus versos havia a riqueza e diversidade
da língua russa. Influenciou outros autores como Gogol, Liermontov e Turgeniev.
Ajudou na inspiração nas obras de Gogol O
inspetor Geral e Almas Mortas.
Foi exilado para regiões
do sul do Império Russo, entre 1820 e 1824, por causa de questões ideológicas e
por suas amizades com membros do movimento revolucionário dezembrista (alguns
participantes desse movimento tinham cometido um atentado contra o czar). E é
nesse exílio que, mesmo sob vigilância de censores estatais, escreve sua peça
mais famosa Boris Godunov (sobre a
qual o compositor Mússorgski escreveu uma ópera), que só foi publicada anos
depois. E Tolstoi foi inspirado pela obra A
Filha do Capitão, quando escreveu Guerra
e Paz.
No seu romance em verso
Eugene Onegin (“o romance
nacional sobre a Rússia e para a Rússia”), introduziu elementos que
caracterizaram o seu estilo como “romantismo realista” russo do século XIX.
Esse romance serviu de base da ópera com o mesmo nome de Tchaikovsky. Por esses
anos foram compostos pelo poeta os poemas O
prisioneiro do Cáucaso, A fonte de Baktchisarai e Os ciganos, todos com influência byroniana.
Regressou a Moscou em 1826,
tendo recebido perdão do czar e dois anos depois escreveu Poltav e foi muito elogiado por suas próximas obras como Contos de Belkin, A Dama de Espadas e A Filha do Capitão. O poeta foi chamado de Ovídio e Byron
russo.
Em sua vida, pôde conhecer muitos estadistas e
personalidades públicas célebres: escritores, compositores e artistas. Era um
admirador de belas mulheres e dedicava-lhes os seus versos. Tinha o sonho de
uma “união doce” de poetas e da “grande família” que pudesse reunir as pessoas
de todo o mundo.
Em 1831 Pushkin casou-se
com Natalya Goncharova,
considerada uma mulher muito bonita. Em 1837 desafiou para um duelo um suposto
amante de sua esposa e foi fatalmente ferido, vindo a falecer dois dias depois,
em 29 de janeiro de 1837, em São Petersburgo.
Frases e poemas de Pushkin:
“A sutileza
ainda não é inteligência. Às vezes os tolos e os loucos também são
extraordinariamente sutis.”
“Nunca
encontrareis a poesia se não a tiverdes dentro de vós.”
“Gosto
mais do engano que nos eleva / do que das verdades obscuras e baixas.”
“A melhor
universidade é a felicidade de viver.”
“A
palavra de um poeta é a essência do seu ser.”
“A ilusão
que nos exalta é mais querida a nós que dez mil verdades.”
“Dos anos loucos a alegria extinta
Ressaca vaga, faz que eu mal me sinta.
Mas, como o vinho, é o remorso meu
Que mais forte ficou, se envelheceu.
É triste minha estrada. E me anuncia
O mar ruim do porvir dor e agonia.
Mas não desejo, amigos meus, morrer;
Quero ser para pensar e sofrer.
E sei que há gozos para mim guardados
Entre aflições, desgostos e cuidados:
Inda a concórdia poderei cantar,
Sobre prantos fingidos triunfar,
E talvez com sorrir de despedida
Brilhe o amor no sol-pôr de minha vida.”
“AOS MEUS AMIGOS
Os deuses ainda vos dão
Dias e noites de alegria,
E amáveis moças vos estão
A examinar com simpatia.
Folgai, cantai, ficai a fruir
A noite, amigos, passageira,
E a vosso prazer sem canseira
Hei-de, entre lágrimas, sorrir.”
Os deuses ainda vos dão
Dias e noites de alegria,
E amáveis moças vos estão
A examinar com simpatia.
Folgai, cantai, ficai a fruir
A noite, amigos, passageira,
E a vosso prazer sem canseira
Hei-de, entre lágrimas, sorrir.”
“A FLOR
Vejo uma flor seca, sem ar
Cá esquecida em um caderno,
E meu espírito prosterno
Num esquisito meditar:
Floriu quando? Onde? Em que estação?
E postergou-se? E é estranha
Ou amiga a mão que a apanha?
E a pôs aqui por que razão?
Pra recordar um encontro amável
Ou uma separação funesta,
Ou um passeio solitário
Num sítio, à sombra da floresta?
E ele está vivo, ela também?
E a que refúgio se retêm?
Ou eles ambos já mirraram
Como esta flor que aqui deixaram?”
Vejo uma flor seca, sem ar
Cá esquecida em um caderno,
E meu espírito prosterno
Num esquisito meditar:
Floriu quando? Onde? Em que estação?
E postergou-se? E é estranha
Ou amiga a mão que a apanha?
E a pôs aqui por que razão?
Pra recordar um encontro amável
Ou uma separação funesta,
Ou um passeio solitário
Num sítio, à sombra da floresta?
E ele está vivo, ela também?
E a que refúgio se retêm?
Ou eles ambos já mirraram
Como esta flor que aqui deixaram?”
“Queima o
sangue um fogo de desejo,
De desejo a alma é ferida,
Dá-me os teus lábios: o teu beijo
É o meu vinho e minha mirra.
Reclina para mim a cabeça
Ternamente, faz que eu durma
Sereno até que sopre um dia alegre
E se dissipe a névoa noturna.”
De desejo a alma é ferida,
Dá-me os teus lábios: o teu beijo
É o meu vinho e minha mirra.
Reclina para mim a cabeça
Ternamente, faz que eu durma
Sereno até que sopre um dia alegre
E se dissipe a névoa noturna.”
“Eu
amei-te; mesmo agora devo confessar,
Algumas brasas desse amor estão ainda a arder;
Mas não deixes que isso te faça sofrer,
Não quero que nada te possa inquietar.
O meu amor por ti era um amor desesperado,
Tímido, por vezes, e ciumento por fim.
Tão terna, tão sinceramente te amei,
Que peço a Deus que outro te ame assim.”
Algumas brasas desse amor estão ainda a arder;
Mas não deixes que isso te faça sofrer,
Não quero que nada te possa inquietar.
O meu amor por ti era um amor desesperado,
Tímido, por vezes, e ciumento por fim.
Tão terna, tão sinceramente te amei,
Que peço a Deus que outro te ame assim.”
“Se um
dia esta vida te desiludir,
Não
fiques triste ou aborrecida!
Num dia
sombrio, resigna-te:
Tem
confiança, dias melhores virão.
O coração
vive no futuro; então;
E se a
sombra invade o presente:
Tudo é
efémero, tudo passará;
E o que
passou torna-se, então saudoso.”
"O
PROFETA
Com o espírito morto de sede,
Rojo-me num deserto escuro,
E voa um anjo de seis asas
Na encruzilhada dos meus rumos.
Com dedos leves como o sonho
O serafim toca-me os olhos:
Uns olhos profetas se abriram
Como os da águia assustada.
Eis que me assoma os ouvidos
E os enche de alvoroço:
Escuto o tremer do céu,o alto
Voo dos anjos,os deslizar
Subáqueo do monstro marinho
E a rosa a crescer no vale.
Sobre minha boca se inclina
E arranca a língua ardilosa,
Carpideira,iníqua e vã,
E com a dextra ensanguentada
Põe o dardo da sábia cobra
Na minha boca silenciada.
Com a espada me corta o peito,
O meu coração latejante
Despega,e no vão negro do seio
O anjo mete a brasa viva .
Estou,como morto,no deserto
E a voz de Deus por mim clama:
Ergue-te,ouve e vê,profeta,
Da minha vontade te tomes,
Mares e terras percorre, queima
Teu verbo o coração dos homens.”
Com o espírito morto de sede,
Rojo-me num deserto escuro,
E voa um anjo de seis asas
Na encruzilhada dos meus rumos.
Com dedos leves como o sonho
O serafim toca-me os olhos:
Uns olhos profetas se abriram
Como os da águia assustada.
Eis que me assoma os ouvidos
E os enche de alvoroço:
Escuto o tremer do céu,o alto
Voo dos anjos,os deslizar
Subáqueo do monstro marinho
E a rosa a crescer no vale.
Sobre minha boca se inclina
E arranca a língua ardilosa,
Carpideira,iníqua e vã,
E com a dextra ensanguentada
Põe o dardo da sábia cobra
Na minha boca silenciada.
Com a espada me corta o peito,
O meu coração latejante
Despega,e no vão negro do seio
O anjo mete a brasa viva .
Estou,como morto,no deserto
E a voz de Deus por mim clama:
Ergue-te,ouve e vê,profeta,
Da minha vontade te tomes,
Mares e terras percorre, queima
Teu verbo o coração dos homens.”
“Não cantes, bela, frente a mim,
Tuas canções da Geórgia triste:
Fazes-me recordar assim
Viver em praia que não viste.
Ai!
elas me fazem lembrar,
Essas
dolorosas canções,
A estepe,
a noite e, vista ao luar,
De pobre donzela as feições.
De pobre donzela as feições.
A meiga e
fatal visão
Esqueço quando estás presente.
Mas entras a cantar, e então
A moça lembro novamente.
Esqueço quando estás presente.
Mas entras a cantar, e então
A moça lembro novamente.
Não
cantes, bela, frente a mim,
Tuas canções da Geórgia triste:
Fazes-me recordar assim
Viver em praia que não viste.”
Tuas canções da Geórgia triste:
Fazes-me recordar assim
Viver em praia que não viste.”
O SEMEADOR
O semeador saiu para semear
Eu semeador, deserto afora,
da liberdade, fui com mão
pura lançar, antes que a aurora
nascesse, o grão que revigora
no sulcos vis da escravidão.
Mas todo esforço foi em vão:
joguei vontade e tempo fora.
Pasce, pois eu te repudio,
ralé submissa e surda ao brio.
Libertar gado é faina ingrata,
pois gado se tosquia e mata.
Herda, por gerações a fio,
canga, chocalhos e chibata.
“A UVA
O semeador saiu para semear
Eu semeador, deserto afora,
da liberdade, fui com mão
pura lançar, antes que a aurora
nascesse, o grão que revigora
no sulcos vis da escravidão.
Mas todo esforço foi em vão:
joguei vontade e tempo fora.
Pasce, pois eu te repudio,
ralé submissa e surda ao brio.
Libertar gado é faina ingrata,
pois gado se tosquia e mata.
Herda, por gerações a fio,
canga, chocalhos e chibata.
“A UVA
Não
choro, finda a primavera
ligeira,
a rosa que definha,
pois,
maturando numa vinha
ao pé do
monte, a uva me espera:
primor do
vale viridente,
deleite
do dourado outono,
tão
diáfana e tão longo como
os dedos
de uma adolescente.”
“Recordo
o luminoso instante
quando
eu, tomado de surpresa,
te vi:
súbita imagem, diante
de mim,
da essência da beleza.
Desesperado
e triste, a sós
no caos
do mundo, ouvi durante
anos, em
mim, a tua voz,
vi, no
meu sonho, teu semblante.
Passou o
tempo; um vento atroz
varreu
meu sonho ao seu talante,
e não
ouvi mais tua voz,
deixei de
ver o teu semblante.
Minha
existência se esvaía
no exilio
inóspito e incolor,
sem vida,
lágrimas, poesia,
sem
divindade nem amor.
Reapareceste
e nesse instante
minha
alma despertou surpresa;
revi,
súbita imagem distante
de mim, a
essência da beleza.
Meu
peito, cheio de alegria,
bate de
novo; há no interior
dele
outra vez vida, poesia,
lágrimas,
divindade, amor.”
“MANHÃ DE
INVERNO
Há frio e
sol: que manhã linda!
Tu, meu
primor, dormes ainda.
É tempo,
ó bela, de acordar.
Desvenda
o olhar que o torpor cerra,
Encara a
aurora sobre a terra
Qual
fosses novo astro polar!
À noite,
neve e tempestade
Houve e,
no céu, névoa, verdade?
A mancha
lívida do luar
Nos
nimbos era amarelada.
Tristonha
estavas e sentada;
E ora...
à janela vem olhar:
Ao claro
azul do céu que esplende,
Tapete
raro que se estende,
A neve
jaz a fulgurar;
O bosque,
só, sobressai, preto;
Verdeja,
sob a geada, o abeto;
Sob gelo,
eis a água a lucilar.
Faz-se
ambarino o quarto inteiro.
Vem
estalido prazenteiro
Do
recém-aceso fogão.
Meditar
perto dele é grato.
Mas dize:
queres que, neste ato,
A poldra
parda atrele, não?
A
deslizar na neve, amada,
Dar-nos-emos
à galopada
Do equino
e sua agitação.
Iremos
ver os nus e imensos
Campos,
faz pouco inda tão densos,
E a praia
de minha afeição.”
___________________________________________
Márcio
José Matos Rodrigues
Professor
de História.
Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+pushkin&tbm
E quem traduziu?
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