quarta-feira, 12 de junho de 2019

Grandes poetas da História: Poeta russo Alexander Sergueievitch Pushkin















Alexander Sergueievitch Pushkin, poeta romântico russo, é considerado o fundador da moderna novela russa, nascido em Moscou em 26 de maio de 1799. Ele criou um estilo de narrativaque misturava drama, romance e sátira associada com a literatura russa. Sua obra Marie: Uma História de Amor Russa, é uma ficção histórica, que fornece uma visão da Rússia na época da imperatriz Catarina II. Outras obras importantes suas foram: O prisioneiro do Cáucaso; A filha do capitão; Eugene Onegin; A história da revolta de Purgatief e O Cavaleiro de Bronze. Foi autor de novelas, poemas e peças teatrais. Assim como Goethe simboliza a Alemanha, Shakespeare a Inglaterra, Camões Portugal, Cervantes a Espanha, Pushkin simboliza a Rússia. Nele são marcantes sua liberdade interior, a serenidade, a bondade e a nobreza e também o seu amor pela Pátria.


Pushkin era filho de Sergei Lvovich Pushkin, que descendia de uma ilustre família nobre russa ea mãe do poeta era Nadezhda (Nadja) Ossipovna Hannibal, que descendia por parte de sua avó paterna de famílias da nobreza alemã e escandinava. Teve influências na infância de sua avó e uma ama que conhecia contos populares. Ouvia falar de poesia no salão de sua casa de família e havia livros de poesias de autores franceses do século XVIII na biblioteca de seu pai.


Aos 15 anos Pushkin publicou seu primeiro poema. Destacou-se na poesia e passou a ser considerado o maior dos poetas russos e o fundador da literatura russa moderna, sendo pioneiro no uso da língua coloquial em seus poemas e peças. Usava expressões e lendas populares em seus poemas e em seus versos havia a riqueza e diversidade da língua russa. Influenciou outros autores como Gogol, Liermontov e Turgeniev. Ajudou na inspiração nas obras de Gogol O inspetor Geral e Almas Mortas.


Foi exilado para regiões do sul do Império Russo, entre 1820 e 1824, por causa de questões ideológicas e por suas amizades com membros do movimento revolucionário dezembrista (alguns participantes desse movimento tinham cometido um atentado contra o czar). E é nesse exílio que, mesmo sob vigilância de censores estatais, escreve sua peça mais famosa Boris Godunov (sobre a qual o compositor Mússorgski escreveu uma ópera), que só foi publicada anos depois. E Tolstoi foi inspirado pela obra A Filha do Capitão, quando escreveu Guerra e Paz.


No seu romance em verso Eugene Onegin (o romance nacional sobre a Rússia e para a Rússia”), introduziu elementos que caracterizaram o seu estilo como “romantismo realista” russo do século XIX. Esse romance serviu de base da ópera com o mesmo nome de Tchaikovsky. Por esses anos foram compostos pelo poeta os poemas O prisioneiro do Cáucaso, A fonte de Baktchisarai e Os ciganos, todos com influência byroniana. 


Regressou a Moscou em 1826, tendo recebido perdão do czar e dois anos depois escreveu Poltav e foi muito elogiado por suas próximas obras como Contos de Belkin, A Dama de Espadas e A Filha do Capitão. O poeta foi chamado de Ovídio e Byron russo.


Em sua vida, pôde conhecer muitos estadistas e personalidades públicas célebres: escritores, compositores e artistas. Era um admirador de belas mulheres e dedicava-lhes os seus versos. Tinha o sonho de uma “união doce” de poetas e da “grande família” que pudesse reunir as pessoas de todo o mundo.


Em 1831 Pushkin casou-se com Natalya Goncharova, considerada uma mulher muito bonita. Em 1837 desafiou para um duelo um suposto amante de sua esposa e foi fatalmente ferido, vindo a falecer dois dias depois, em 29 de janeiro de 1837, em São Petersburgo.

Frases e poemas de Pushkin


“A sutileza ainda não é inteligência. Às vezes os tolos e os loucos também são extraordinariamente sutis.”


“Nunca encontrareis a poesia se não a tiverdes dentro de vós.”


“Gosto mais do engano que nos eleva / do que das verdades obscuras e baixas.”


“A melhor universidade é a felicidade de viver.”


“A palavra de um poeta é a essência do seu ser.”


“A ilusão que nos exalta é mais querida a nós que dez mil verdades.”


“Dos anos loucos a alegria extinta
Ressaca vaga, faz que eu mal me sinta.
Mas, como o vinho, é o remorso meu
Que mais forte ficou, se envelheceu.

É triste minha estrada. E me anuncia
O mar ruim do porvir dor e agonia.
Mas não desejo, amigos meus, morrer;
Quero ser para pensar e sofrer.

E sei que há gozos para mim guardados
Entre aflições, desgostos e cuidados:
Inda a concórdia poderei cantar,
Sobre prantos fingidos triunfar,

E talvez com sorrir de despedida
Brilhe o amor no sol-pôr de minha vida.”


“AOS MEUS AMIGOS

Os deuses ainda vos dão
Dias e noites de alegria,
E amáveis moças vos estão
A examinar com simpatia.

Folgai, cantai, ficai a fruir
A noite, amigos, passageira,
E a vosso prazer sem canseira
Hei-de, entre lágrimas, sorrir.”


“A FLOR

Vejo uma flor seca, sem ar
Cá esquecida em um caderno,
E meu espírito prosterno
Num esquisito meditar:
Floriu quando? Onde? Em que estação?
E postergou-se? E é estranha
Ou amiga a mão que a apanha?
E a pôs aqui por que razão?
Pra recordar um encontro amável
Ou uma separação funesta,
Ou um passeio solitário
Num sítio, à sombra da floresta?
E ele está vivo, ela também?
E a que refúgio se retêm?
Ou eles ambos já mirraram
Como esta flor que aqui deixaram?”
“Queima o sangue um fogo de desejo,
De desejo a alma é ferida,
Dá-me os teus lábios: o teu beijo
É o meu vinho e minha mirra.
Reclina para mim a cabeça
Ternamente, faz que eu durma
Sereno até que sopre um dia alegre
E se dissipe a névoa noturna.”
“Eu amei-te; mesmo agora devo confessar,
Algumas brasas desse amor estão ainda a arder;
Mas não deixes que isso te faça sofrer,
Não quero que nada te possa inquietar.
O meu amor por ti era um amor desesperado,
Tímido, por vezes, e ciumento por fim.
Tão terna, tão sinceramente te amei,
Que peço a Deus que outro te ame assim.”



“Se um dia esta vida te desiludir,
Não fiques triste ou aborrecida!
Num dia sombrio, resigna-te:
Tem confiança, dias melhores virão.
O coração vive no futuro; então;
E se a sombra invade o presente:
Tudo é efémero, tudo passará;
E o que passou torna-se, então saudoso.”



"O PROFETA

Com o espírito morto de sede,
Rojo-me num deserto escuro,
E voa um anjo de seis asas
Na encruzilhada dos meus rumos.
Com dedos leves como o sonho
O serafim toca-me os olhos:
Uns olhos profetas se abriram
Como os da águia assustada.
Eis que me assoma os ouvidos
E os enche de alvoroço:
Escuto o tremer do céu,o alto
Voo dos anjos,os deslizar
Subáqueo do monstro marinho
E a rosa a crescer no vale.
Sobre minha boca se inclina
E arranca a língua ardilosa,
Carpideira,iníqua e vã,
E com a dextra ensanguentada
Põe o dardo da sábia cobra
Na minha boca silenciada.
Com a espada me corta o peito,
O meu coração latejante
Despega,e no vão negro do seio
O anjo mete a brasa viva .
Estou,como morto,no deserto
E a voz de Deus por mim clama:
Ergue-te,ouve e vê,profeta,
Da minha vontade te tomes,
Mares e terras percorre, queima
Teu verbo o coração dos homens.”


“Não cantes, bela, frente a mim,
 Tuas canções da Geórgia triste:
 Fazes-me recordar assim
 Viver em praia que não viste.
 Ai! elas me fazem lembrar,
Essas dolorosas canções,
A estepe, a noite e, vista ao luar,
De pobre donzela as feições.
A meiga e fatal visão
Esqueço quando estás presente.
Mas entras a cantar, e então
A moça lembro novamente.
Não cantes, bela, frente a mim,
Tuas canções da Geórgia triste:
Fazes-me recordar assim
Viver em praia que não viste.”

O SEMEADOR
O semeador saiu para semear

Eu semeador, deserto afora,
da liberdade, fui com mão
pura lançar, antes que a aurora
nascesse, o grão que revigora
no sulcos vis da escravidão.
Mas todo esforço foi em vão:
joguei vontade e tempo fora.

Pasce, pois eu te repudio,
ralé submissa e surda ao brio.
Libertar gado é faina ingrata,
pois gado se tosquia e mata.
Herda, por gerações a fio,
canga, chocalhos e chibata.

“A UVA

Não choro, finda a primavera 
ligeira, a rosa que definha, 
pois, maturando numa vinha 
ao pé do monte, a uva me espera: 
primor do vale viridente, 
deleite do dourado outono,
tão diáfana e tão longo como
os dedos de uma adolescente.”


“Recordo o luminoso instante
quando eu, tomado de surpresa,
te vi: súbita imagem, diante
de mim, da essência da beleza.

Desesperado e triste, a sós
no caos do mundo, ouvi durante
anos, em mim, a tua voz, 
vi, no meu sonho, teu semblante.

Passou o tempo; um vento atroz
varreu meu sonho ao seu talante,
e não ouvi mais tua voz,
deixei de ver o teu semblante.

Minha existência se esvaía
no exilio inóspito e incolor,
sem vida, lágrimas, poesia,
sem divindade nem amor.

Reapareceste e nesse instante
minha alma despertou surpresa;
revi, súbita imagem distante
de mim, a essência da beleza.

Meu peito, cheio de alegria,
bate de novo; há no interior
dele outra vez vida, poesia,
lágrimas, divindade, amor.”




“MANHÃ DE INVERNO

Há frio e sol: que manhã linda!
Tu, meu primor, dormes ainda.
É tempo, ó bela, de acordar.
Desvenda o olhar que o torpor cerra,
Encara a aurora sobre a terra
Qual fosses novo astro polar!

À noite, neve e tempestade
Houve e, no céu, névoa, verdade?
A mancha lívida do luar
Nos nimbos era amarelada.
Tristonha estavas e sentada;
E ora... à janela vem olhar:

Ao claro azul do céu que esplende,
Tapete raro que se estende,
A neve jaz a fulgurar;
O bosque, só, sobressai, preto;
Verdeja, sob a geada, o abeto;
Sob gelo, eis a água a lucilar.

Faz-se ambarino o quarto inteiro.
Vem estalido prazenteiro
Do recém-aceso fogão.
Meditar perto dele é grato.
Mas dize: queres que, neste ato,
A poldra parda atrele, não?

A deslizar na neve, amada,
Dar-nos-emos à galopada
Do equino e sua agitação.
Iremos ver os nus e imensos
Campos, faz pouco inda tão densos,
E a praia de minha afeição.”


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Márcio José Matos Rodrigues

Professor de História.


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