Meu segundo artigo sobre compositoras
polonesas é sobre Grażyna Bacewicz, compositora e violinista que nasceu em 5 de
fevereiro de 1909, em Lodz, na Polônia. Sua família era unida e orientada para
a música. Seu pai era Wincenty Bacewicz, que deu a Grażyna as
primeiras aulas de piano e violino. Ela teve logo uma grande ligação com o
violino, passando a tocar música de câmera com seus irmãos mais
velhos Kiejstut e Witold. Começou a estudar no Conservatório de Varsóvia
em 1928. Lá estudou violino com Jósef Jarzebski, piano com Jósef Turczynsky e
composição com KazimierzSikorski. Na década de 20 ela compôs Sonata
(para violino solo) (1929) - trabalho inicial, sem número e Quatro
Prelúdios para piano (1924). Nessa época já se destacava como uma
pessoa interessada em diversos assuntos, como a literatura e as questões
mundiais.
Em 1932 ela graduou-se
como violinista e compositora. Foi para Paris e com uma bolsa de estudo
frequentou de 1932 a 1933 o École Normale de Musique, com Nadia Boulager, sua
professora de composição e André Touret, seu professor de violino. Voltou por
um breve tempo para Lodz na Polônia, onde lecionou e em 1934 retornou a Paris,
onde estudou com o violinista húngaro Carl Flesch.
Tornou-se solista, compositora e membro
de júri, sendo de 1936 a 1938 a violista principal da Orquestra da Rádio
Polonesa. Mesmo com a Segunda Guerra Mundial, ela não deixou a Polônia, vivendo
em Varsóvia, compondo e dando concertos secretos. São desse tempo a Suíte
infantil para piano (1933) e 3Groteski para piano (1935). Na época
estrou sua Suite para Dois Violinos. Casou-se em 1936. Teve uma
filha, Alina Biernacka, que veio a ser uma pintora reconhecida. Quando houve o
levante de Varsóvia em 1944, Bacewicz fugiu da cidade em ruínas e foi para
Lublin. Quando terminou a guerra, ela foi ser professora do Conservatório de
Música de Lodz. A partir de 1954 ela dedicou-se exclusivamente à composição e
nesse mesmo ano ela se feriu gravemente em um acidente de automóvel. Faleceu em
1969 em Varsóvia.
O violino está presente em muitas das
composições de Bacewicz, como os sete concertos para violino, cinco sonatas
para violino com piano, três para violino solo (incluindo uma anterior não
numerada de 1929), um Quarteto para quatro violinos esete
quartetos de cordas. Também compôs dois quintetos para piano, quatro sinfonias
em 1945, 1951, 1952 e 1953, uma Sinfonia para cordas em 1946
e muitas outras obras durante sua carreira como compositora. Ela
começou a compor com treze anos e continuou a compor até perto de sua morte,
antes de completar 60 anos, tendo produzido mais de duzentas composições. Esteve
incluída na cultura da Polônia e foi importante divulgadora da música polonesa
por toda a Europa. Foi chamada de "a primeira-dama da música" por um
crítico musical inglês.
Prêmios que ganhou:
-Em 1933 o Primeiro Prémio no Concours
de laSociété "Aideauxfemmes de professions libres", em Paris.
-Em 1936oSegundo prêmio no concurso
de composição do Trio Editora de Música Polonesa para Oboé, Violino e
Violoncelo, menção honrosa por sua Sinfonietta para Orquestra de Cordas.
-Em 1949 o Segundo prêmio
(nenhum primeiro concedido) no Concurso de Composição. Frederick Chopin,
organizado pelo Sindicato dos Compositores Poloneses em Varsóvia para o
Concerto para Piano
-Em 1950
o Prêmio Estadual Polonês.
-Em
1951: Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Composição em
Liege para Quarteto de Cordas No. 5.
-Em 1955:Prêmio do
Ministério da Cultura da Polônia.
-Em 1956:Segundo Prêmio no Concurso
Internacional de Composição em Liege para Quarteto de Cordas No. 5.
-Em 1960, em
Paris,o Terceiro Prêmio, TribuneInternationale (UNESCO).
-Em 1965, o Prémio do Governo
Belga e medalha de ouro no Concurso Internacional para Compositores de Bruxelas
para Concerto para Violino n.º 7
Também foi homegeada com a Ordem da
Bandeira do Trabalho, Classe II, em 1949 e classe I em 1959; a Ordem da Polônia
RestitutaCavalier (1953); em 1955 com a Cruz do Comandante e com a Medalha do
Décimo Aniversário da República Popular da Polônia, em 1955. O Correio Polonês
lançou um selo com o retrato dela no centenário de seu nascimento.
O compositor polonês Tadeusz Baird
assim escreveu:
“A riqueza e a vastidão da criatividade
alcançada em uma vida tão curta nunca para de me surpreender. Não há aspecto na
música que não tenha sido enriquecido por sua caneta decidida, ágil, corajosa e
experiente. Como os maestros do passado, Bacewicz sentia-se igualmente à
vontade ao criar um ciclo monumental de sinfonias, miniaturas para
instrumentos, música de câmara ou música para o palco. A arte de fazer música
não tinha segredos para ela. Uma fonte inesgotável de inventividade,
virtuosismo técnico e ampla amplitude de abordagem bastam para colocar as obras
de sua vida entre as mais admiradas. Mas isso não é tudo. Ela recebeu algo mais
importante, mais precioso, encontrado apenas entre poucos, um presente de ser
diferente e único. ”
Sobre Grażyna Bacewicz, assim
disse outro compositor polonês, Witold Lutosławski:
“Ela nasceu com uma incrível riqueza de
talento musical, que ela conseguiu trazer a florescer por meio de um zelo quase
fanático e fé inabalável em sua missão. A intensidade de suas atividades era
tão grande que ela conseguiu, em uma vida cruelmente encurtada, dar à luz tais
tesouros que qualquer compositor de sua estatura com uma vida consideravelmente
mais longa só poderia invejar.
Não me proponho a discutir ou insistir
nos méritos de seu legado composicional. Para quem esteve próximo da sua
criatividade, para conhecer e vivenciar as suas criações, o seu valor artístico
é bastante evidente. Para ter certeza, sempre fui de opinião que um verdadeiro
julgamento da capacidade criativa de um compositor não pertence a críticos ou
artistas contemporâneos, mas a milhares de públicos ao longo de muitas décadas,
que podem ser referidos como o “júri de Tempo." Com base no fato de que
muitas de suas primeiras obras ainda estão sendo executadas em todo o mundo
hoje, já se pode prever que sua música resistirá ao teste do tempo. Como
exemplos, podemos citar o Concerto para Orquestra de Cordas ,
favorito com este tipo de conjunto, e seu Quarteto de Cordas nº 3, que
é marcada por uma habilidade polifônica excepcional, além de sua escrita
idiomática magistral para quarteto de cordas.
Não me parece adequado julgar suas
obras apenas à luz dos estilos de composição e das correntes
artísticas em rápida mudança de sua vida. Como tantos outros compositores de
formas composicionais maiores, ela era em grande parte independente da
atmosfera que a rodeava. Em vez disso, foi sua música que ajudou a criar essa
atmosfera e pode ser considerada um exemplo para a geração mais jovem de
compositores.
Quando penso em Grażyna Bacewicz, não
posso me limitar apenas à música dela. Tive a sorte de pertencer àquele grupo
de pessoas ligadas a ela por amizade profissional. Assim, tive o privilégio de
conhecê-la de perto por muitos anos. Isso me permitiu observar e admirar seu
caráter em primeira mão - sua integridade, honestidade, compaixão e sua
disposição de compartilhar e se sacrificar pelos outros. Esta imagem dela como
artista e ser humano deve servir de inspiração para as gerações seguintes de
compositores na Polónia e em todo o mundo (...)”
Sugestão para assistir:
Grażyna Bacewicz -
Humoresque for violin and piano. Marcelina Rucińska - violin
https://www.youtube.com/watch?v=Vu9eMbXcmiI
____________________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
https://www.google.com/search?sxsrf=AOaemvL4NVV17yvWU1nN0ia85x8aJZ2kpQ:1633479199927&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+Gra%C5%BCyna+Bacewicz&fir=
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