terça-feira, 5 de outubro de 2021

A compositora polonesa Grażyna Bacewicz

 




Meu segundo artigo sobre compositoras polonesas é sobre Grażyna Bacewicz, compositora e violinista que nasceu em 5 de fevereiro de 1909, em Lodz, na Polônia. Sua família era unida e orientada para a música. Seu pai era Wincenty Bacewicz, que deu a Grażyna as primeiras aulas de piano e violino. Ela teve logo uma grande ligação com o violino, passando a tocar música de câmera com seus irmãos mais velhos Kiejstut e Witold. Começou a estudar no Conservatório de Varsóvia em 1928. Lá estudou violino com Jósef Jarzebski, piano com Jósef Turczynsky e composição com KazimierzSikorski. Na década de 20 ela compôs Sonata (para violino solo) (1929) - trabalho inicial, sem número e Quatro Prelúdios para piano (1924). Nessa época já se destacava como uma pessoa interessada em diversos assuntos, como a literatura e as questões mundiais.

Em 1932 ela graduou-se como violinista e compositora. Foi para Paris e com uma bolsa de estudo frequentou de 1932 a 1933 o École Normale de Musique, com Nadia Boulager, sua professora de composição e André Touret, seu professor de violino. Voltou por um breve tempo para Lodz na Polônia, onde lecionou e em 1934 retornou a Paris, onde estudou com o violinista húngaro Carl Flesch.

Tornou-se solista, compositora e membro de júri, sendo de 1936 a 1938 a violista principal da Orquestra da Rádio Polonesa. Mesmo com a Segunda Guerra Mundial, ela não deixou a Polônia, vivendo em Varsóvia, compondo e dando concertos secretos. São desse tempo a Suíte infantil para piano (1933) e 3Groteski para piano (1935). Na época estrou sua Suite para Dois Violinos. Casou-se em 1936. Teve uma filha, Alina Biernacka, que veio a ser uma pintora reconhecida. Quando houve o levante de Varsóvia em 1944, Bacewicz fugiu da cidade em ruínas e foi para Lublin. Quando terminou a guerra, ela foi ser professora do Conservatório de Música de Lodz. A partir de 1954 ela dedicou-se exclusivamente à composição e nesse mesmo ano ela se feriu gravemente em um acidente de automóvel. Faleceu em 1969 em Varsóvia.

O violino está presente em muitas das composições de Bacewicz, como os sete concertos para violino, cinco sonatas para violino com piano, três para violino solo (incluindo uma anterior não numerada de 1929), um Quarteto para quatro violinos esete quartetos de cordas. Também compôs dois quintetos para piano, quatro sinfonias em 1945, 1951, 1952 e 1953, uma Sinfonia para cordas em 1946 e muitas outras obras durante sua carreira como compositora. Ela começou a compor com treze anos e continuou a compor até perto de sua morte, antes de completar 60 anos, tendo produzido mais de duzentas composições. Esteve incluída na cultura da Polônia e foi importante divulgadora da música polonesa por toda a Europa. Foi chamada de "a primeira-dama da música" por um crítico musical inglês.

Prêmios que ganhou:

-Em 1933 o Primeiro Prémio no Concours de laSociété "Aideauxfemmes de professions libres", em Paris.

-Em 1936oSegundo prêmio no concurso de composição do Trio Editora de Música Polonesa para Oboé, Violino e Violoncelo, menção honrosa por sua Sinfonietta para Orquestra de Cordas.

-Em 1949 o Segundo prêmio (nenhum primeiro concedido) no Concurso de Composição. Frederick Chopin, organizado pelo Sindicato dos Compositores Poloneses em Varsóvia para o Concerto para Piano

 -Em 1950 o Prêmio Estadual Polonês.

 -Em 1951:  Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Composição em Liege para Quarteto de Cordas No. 5.

-Em 1955:Prêmio do Ministério da Cultura da Polônia.

-Em 1956:Segundo Prêmio no Concurso Internacional de Composição em Liege para Quarteto de Cordas No. 5.

 -Em 1960, em Paris,o Terceiro Prêmio, TribuneInternationale (UNESCO).

 -Em 1965, o Prémio do Governo Belga e medalha de ouro no Concurso Internacional para Compositores de Bruxelas para Concerto para Violino n.º 7

Também foi homegeada com a Ordem da Bandeira do Trabalho, Classe II, em 1949 e classe I em 1959; a Ordem da Polônia RestitutaCavalier (1953); em 1955 com a Cruz do Comandante e com a Medalha do Décimo Aniversário da República Popular da Polônia, em 1955. O Correio Polonês lançou um selo com o retrato dela no centenário de seu nascimento.

O compositor polonês Tadeusz Baird assim escreveu:

“A riqueza e a vastidão da criatividade alcançada em uma vida tão curta nunca para de me surpreender. Não há aspecto na música que não tenha sido enriquecido por sua caneta decidida, ágil, corajosa e experiente. Como os maestros do passado, Bacewicz sentia-se igualmente à vontade ao criar um ciclo monumental de sinfonias, miniaturas para instrumentos, música de câmara ou música para o palco. A arte de fazer música não tinha segredos para ela. Uma fonte inesgotável de inventividade, virtuosismo técnico e ampla amplitude de abordagem bastam para colocar as obras de sua vida entre as mais admiradas. Mas isso não é tudo. Ela recebeu algo mais importante, mais precioso, encontrado apenas entre poucos, um presente de ser diferente e único. ”

Sobre Grażyna Bacewicz, assim disse outro compositor polonês, Witold Lutosławski:

“Ela nasceu com uma incrível riqueza de talento musical, que ela conseguiu trazer a florescer por meio de um zelo quase fanático e fé inabalável em sua missão. A intensidade de suas atividades era tão grande que ela conseguiu, em uma vida cruelmente encurtada, dar à luz tais tesouros que qualquer compositor de sua estatura com uma vida consideravelmente mais longa só poderia invejar.

Não me proponho a discutir ou insistir nos méritos de seu legado composicional. Para quem esteve próximo da sua criatividade, para conhecer e vivenciar as suas criações, o seu valor artístico é bastante evidente. Para ter certeza, sempre fui de opinião que um verdadeiro julgamento da capacidade criativa de um compositor não pertence a críticos ou artistas contemporâneos, mas a milhares de públicos ao longo de muitas décadas, que podem ser referidos como o “júri de Tempo." Com base no fato de que muitas de suas primeiras obras ainda estão sendo executadas em todo o mundo hoje, já se pode prever que sua música resistirá ao teste do tempo. Como exemplos, podemos citar o Concerto para Orquestra de Cordas , favorito com este tipo de conjunto, e seu Quarteto de Cordas nº 3, que é marcada por uma habilidade polifônica excepcional, além de sua escrita idiomática magistral para quarteto de cordas.

Não me parece adequado julgar suas obras apenas à luz dos estilos de composição e das correntes artísticas em rápida mudança de sua vida. Como tantos outros compositores de formas composicionais maiores, ela era em grande parte independente da atmosfera que a rodeava. Em vez disso, foi sua música que ajudou a criar essa atmosfera e pode ser considerada um exemplo para a geração mais jovem de compositores.

Quando penso em Grażyna Bacewicz, não posso me limitar apenas à música dela. Tive a sorte de pertencer àquele grupo de pessoas ligadas a ela por amizade profissional. Assim, tive o privilégio de conhecê-la de perto por muitos anos. Isso me permitiu observar e admirar seu caráter em primeira mão - sua integridade, honestidade, compaixão e sua disposição de compartilhar e se sacrificar pelos outros. Esta imagem dela como artista e ser humano deve servir de inspiração para as gerações seguintes de compositores na Polónia e em todo o mundo (...)”

Sugestão para assistir: 


Grażyna Bacewicz - Humoresque for violin and piano. Marcelina Rucińska - violin

https://www.youtube.com/watch?v=Vu9eMbXcmiI

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 


Figura:

https://www.google.com/search?sxsrf=AOaemvL4NVV17yvWU1nN0ia85x8aJZ2kpQ:1633479199927&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+Gra%C5%BCyna+Bacewicz&fir=

 


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