Este meu artigo é
sobre Ciro II (também conhecido como Ciro, o Grande,"Ciro, O
Ancião" (pelos gregos), o “Rei dos Reis” e “Grande Rei”), que
foi rei da Pérsia e fundou o Império Aquemênida. O profeta judeu Isaías
chamou-o de "ungido do Senhor". Ciro reinou de
559 a 530 a . C. Seu pai era o rei persa Cambises I (o reino persa era chamado
de Ansã) e sua mãe era Mandane. Ciro ficou famoso pelas suas conquistas
militares que ampliaram os territórios de seu reino, tornando-o um império que
englobava territórios do Antigo Oriente Próximo, do Sudoeste Asiático e da Ásia
Central, tendo anexado o Império Medo, a Lídia, as cidades gregas da Ásia Menor
e a Neobabilônia. O império que Ciro criou ia do Mar Mediterrâneo e do
Helesponto até o rio Indo.
Além de ser um
estrategista militar inteligente e um conquistador, outra característica que
tornou Ciro respeitado e mais conhecido em seu tempo foi a sua tolerância aos
costumes e religiões dos povos conquistados. Seu império destacou-se pela
qualidade de sua administração governamental, que fazia com que fosse próspero.
A influência de Ciro estava ligada a uma política de respeito a direitos
humanos avançada para a época.
Ciro foi um
príncipe persa com ligações com a casa real dos medos, povo que graças a um ágil, organizado e
forte exército,dominava a região onde havia outros povos como os
persas. Segundo o historiador grego Heródoto, quando Ciro nasceu o
avô materno dele, o rei medo Astíages, teve um sonho que foi interpretado por
sacerdotes como uma revelação que Ciro que se tornaria um conquistador do reino
da Média. Astíages então deu ordem para um funcionário real chamado Hárpago
matar Ciro. Mas Hárpago apiedou-se de Ciro e o entregou para ser criado por um
pastor. O rei descobriu que tinha sido enganado e mandou matar e esquartejar o
filho de Hárpago, servido como comida ao seu pai que nao sabia o que estava
comendo, só vindo a saber quando o rei ordenou que lhe mostrassem a cabeça do
filho.
Ciro foi educado
na infância por pastores e na juventude por um guerreiro.Ele
tornou-se rei dos persas, que era subordinado aos medos até que uma revolta
iniciada em 549 a. C derrotou o rei medo Astíages. Ciro ficou com o trono do
avô, poupando sua vida e conquistou todo o território dos medos. Depois dessa
conquista, que envolvia a área correspondente ao atual Irã, Ciro conquistou a
Lídia e territórios a leste da Pérsia e a Babilônia. Em 537 a. C os judeus que
estavam cativos na Babilônia foram autorizados por Ciro a voltarem para a
Judeia que se tornou um reino aliado do rei da Pérsia. Também os fenícios, povo
dedicado à navegação e ao comércio, tornaram-se leais a Ciro, vindo depois a
fazer parte importante da marinha persa. De acordo com alguns autores, as
conquistas de Ciro aconteceram devido a uma combinação de combates árduos por
parte de suas tropas com calma calculada e propaganda. Para esses autores Ciro
tinha uma boa análise da situação militar e no caso da conquista da Babilônia
utilizou suborno ostensivo e uma forte campanha publicitária que o colocava como
um soberano calmo e que respeitava as religiões de outros povos.
Ciro buscava terras férteis para
instalar seu povo, que crescia rapidamente em população. Em
suas conquistas, ao contrário de vários outros conquistadores antes dele, era
generoso com os povos vencidos em guerras, até mesmo aproveitando para empregar
como funcionários administrativos membros originários de povos conquistados.
Também manteve instituições religiosas desses povos e conservou líderes locais
no poder a serviço do império persa. Comparando-se, por exemplo, com o domínio
de um outro império que existiu antes do império persa naquela região, o
império assírio utilizou basicamente como controle e intimidação uma política
de terror, com ameaças de castigos terríveis como a decapitação e a
mutilação em casos de revoltas dos povos submetidos e contra inimigos na
guerra.
Com a habilidade
de Ciro e de alguns de seus sucessores o império persa pôde manter sua unidade
e força, estendendo-se por uma ampla região. Os povos dominados tinham liberdade
cultural e de culto religioso, mas tinham de pagar tributos e fornecer soldados
para o império persa. Ciro libertou os escravos e estabeleceu direitos. Tais
medidas foram escritas e foi depois encontrado por pesquisadores modernos em
1879 um cilindro de argila denominado Cilindro de Ciro (nos
dias atuais está em exposição no Museu Britânico, em Londres). Nesse objeto
havia determinações registradas conforme a escrita cuneiforme e em língua
acádica. Foi considerado nos tempos atuais como a primeira escritura
dos direitos humanos do mundo e está traduzido nas seis línguas oficiais das
Nações Unidas.
O império persa a partir do governo de
Ciro passou a influenciar culturalmente os povos conquistados e outras regiões
vizinhas. Segundo alguns autores, embora a tolerância cultural e religiosa
continuasse a existir durante o governo de sucessores de Ciro, a tributação
sobre os povos conquistados foi sendo consideravelmente aumentada durante a
dinastia Aquemênida para sustentar o império e causando dificuldades para povos
submetidos como os judeus. Ciro morreu em dezembro de 530 a . C numa batalha
contra os massagetas, uma tribo nômade da Ásia Central. Ele foi enterrado em
Passárgada, cidade importante do império persa fundada pelo próprio Ciro.
Os persas chamaram Ciro de Kourash (Pastor),
porque o consideraram um pastor que cuida de seu povo. O império persa iniciado
por Ciro e depois expandido por sucessores tornou-se um dos maiores impérios da
Antiguidade. As conquistas de Ciro compreenderam uma área que corresponde aos
territórios atuais dos seguintes países: Irã, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia,
Israel, Turquia, Afeganistão. E também envolvendo terras de parte do Paquistão
atual. A conquista da Babilônia por Ciro e a libertação dos judeus estão também
descritas na Bíblia.
A seguir um texto do Cilindro de Ciro:
“O culto de Marduque, o rei dos deuses,
ele [o Rei Nabonido] transformou em abominação, diariamente fazia o mal contra
a sua cidade … Atormentou os habitantes com um jugo sem descanso, arruinou-os a
todos.
Às queixas dos seus habitantes, o
senhor dos deuses ficou extremamente irritado e foi-se embora da sua terra, os
deuses que habitavam entre eles deixaram as suas moradas, tanto ele os tinha
irritado na Babilônia. Marduque que cuida… uma vez que os santuários de todos
os seus lugares estavam em ruínas e os habitantes da Suméria e Acad tinham
ficado como mortos, voltou a trás, dominou a sua irritação e mostrou-se
compadecido. Examinou e perscrutou todos os países, procurando um governante
reto, que estivesse disposto a levar processionalmente Marduque. Pronunciou o
nome de Ciro, Rei de Anshã, proclamou o seu nome para ser o governante do mundo
inteiro. Fez que o país de Guti e todas as hordas de Manda se inclinassem em
submissão aos seus pés. E este sempre se esforçou em tratar conforme a justiça
os cabeça-pretas, que Marduque o levou a conquistar.
Marduque, o grande Senhor, um protetor
do seu povo , observando as suas boas ações e o seu coração reto [de Ciro],
ordenou que marchasse contra sua cidade de Babilônia. Fez que ele se pusesse a
caminho da Babilônia, pondo-se ele ao seu lado como um verdadeiro amigo. As
suas tropas bem alargadas [compostas por citas, medos e persas], cujo número,
como a água do rio, não poderia ser determinado, foram passeando, com suas
armas encaixotadas. Sem nenhuma batalha, ele fez entrar na cidade de Babilônia,
poupando à Babilónia qualquer calamidade. Entregou as suas mãos Nabonido, o rei
que não lhe rendia adoração. Todos os habitantes de Babilônia, bem como do país
da Suméria e Acad com príncipes e governadores inclinaram-se para ele [Ciro] e
beijaram os pés, jubilosos por ser ele a realeza, e de faces radiantes.
Felizes, aclamaram-no como um senhor através de cuja ajuda todos tinham
regressado da morte à vida e tinham sido poupados ao prejuízo e ao desastre, e
reverenciaram o seu nome.
Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei,
rei legítimo, rei de Babilônia, rei da Suméria e Acad, rei dos quatro cantos
[da terra], filho de Cambises, grande rei, rei de Anshã, neto de Ciro, grande
rei, rei de Anshan, descendente de Teispes, grande rei, rei de Anshã, de uma
família de perpétua realeza, cujo o governo Bel e Nebo amam, que eles desejam
como rei para satisfazer os seus corações.
Quando eu entrei na Babilônia como
amigo estabeleci a sede de governação no palácio do soberano por entre júbilo e
regozijo. Marduque, o grande senhor, levou os magnânimos habitantes da
Babilônia a amar-me, e eu estava diariamente ocupado em reverenciá-lo. As
minhas numerosas tropas passaram por Babilônia em paz; não permiti que ninguém
espalhasse o terror no país da Suméria e Acad. Esforcei-me pela paz em
Babilônia e em todas as suas cidades sagradas. Quanto aos habitantes de
Babilônia que, contra vontade dos deuses tinham o jugo que era contrário à sua
condição, trouxe melhoria às suas degradadas condições de habitação, acabando
com as suas razões de queixa. Marduque, o grande senhor, ficou bem agradado com
as minhas ações e enviou amistosas bênçãos para mim, Ciro, o rei que o
reverencia, para o meu filho, Cambises, rebento dos meus rins, bem como para
todas as minhas tropas e todos nós [louvamos] exultantes a sua grandeza,
permanecendo em paz.
Todos os reis do mundo inteiro do Mar
Superior ao Inferior , aqueles que estão sentados em salas de trono, ou vivem noutros
tipos de edifícios bem como todos reis do Oeste, que vivem em tendas, trouxeram
seus pesados tributos e beijaram os meus pés em Babilónia. [Quanto a região de]
… até Assur e Susa, Agadé, Eshnunna, as cidades de Zamban, Me-Turnu e Der
[região na Mesopotâmia Oriental], assim como as regiões dos Gútios eu devolvi
às cidades sagradas do outro lado do Tigre, santuários que estiveram em ruínas
durante muito tempo, as imagens que viviam dentro delas e estabeleci para elas
santuários permanentes. Reuni igualmente todos os seus habitantes e
devolvi-lhes as suas habitações. Além disso, por ordem de Marduque, o grande
Senhor, restabeleci todos os deuses da Suméria e Acad, que Nabonido tinha
trazido para Babilónia para irritação do senhor dos deuses, intactos nas suas
capelas, os lugares que os tornam felizes.
Possam todos os deuses que eu
restabeleci nas suas cidades sagradas pedir diariamente a Bel e a Nebo uma
longa vida para mim e interceder por mim; a Marduque, meu senhor, possam eles
dizer: "Ciro, o rei que vos venera, Cambises, seu filho, ..." ...
todos eles eu estabeleci em lugar tranquilo … patos e pombos, … Procurarei
fortalecer os seus lugares de habitação."
___________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:
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