quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O escritor francês Sthendall

 





                                                                        




Em 23 de janeiro de 1783, nascia o escritor e redator de jonais Marie-Henri Beyle, em Grenoble, França. Ficou conhecido com Sthendal. Seu pai era Querubim Beyle e sua mãe Henriette Gagnon. Sua irmã era Pauline Beyle. Escreveu romances como O Vermelho e o Negro, A Cartuxa de de Parma e o inacabado Lucien Leuwen. Foi um dos maiores romancistas franceses do século XIX  como Flaubert, Vitor Hugo, Balzac e Zola. Nos seus romances, considerados como de características psicológicas, os personagens estão em conflitos entre suas intenções verdadeiras e as máscaras sociais que adotam em busca de seus objetivos. Os personagens mesmo desprezando convenções da sociedade burguesa, precisam se adaptar ao contexto. Os estilos do autor são o romantismo e  o realista.

Como características do seu estilo literário podem ser citadas: Valorização dos sentimentos e paixões dos personagens; Valorização dos aspectos psicológicos dos personagens; Valorização do prazer (hedonismo);  Recursos literários para analisar a sociedade; Estilo seco.

Em 1789 a mãe de Stendhal morre. Ele tinha seis anos e passa a ser criado pelo pai e pela tia. A morte da mãe o afeta fazendo-o a ter uma inclinação para a solidão e a se distanciar do pai. Ele não aceita as qualidades da monarquia e da religião que sua família queria lhe fazer crer. Logo alimenta desejo de sair de sua cidade natal. Torna-se republicano e se alegra com a execução do rei e com a breve prisão de seu pai. Foi aluno da Escola central de Grenoble a partir de 1796 e ganhou o primeiro prêmio de matemática em 1799. Não conseguiu ir fazer a prova de acesso para entrar como aluno na Escola Politécnica em Paris porque estava doente. Pierre Daru, com parentesco distante, o apoia e graças a essa proteção Stendhal inicia seu trabalho no ministério de Guerra. Ele tinha um sonho de se tornar um dramaturgo.

Em 1800, como auxiliar do general Michaud, vai para a Itália. Fica entusiasmado pela paisagem e arte deste país. Mas desiludido com o Exército, sai em 1801. Passa a frequentar salões e teatros parisienses e se apaixonar por algumas mulheres, assim como começa a ter ambições na área da literatura, porém nessa época ainda sem sucesso. Sua vida econômica estava mal e graças a Daru pode ingressar em um posto como intendente militar em Brunswick, lá ficando entre 1806 e 1808. Torna-se um grande admirador do imperador Napoleão, tendo cargos oficiais e participado em campanhas do exército napoleônico.

Após o fim da Era Napoleônica, Stendhal foi para em Milão, morando nessa cidade de 1817 a 1821 e conheceu várias cidades italianas. Aproximou-se de liberais milaneses e de integrantes do movimento nacionalista carbonário. Estudou artes e música. Seus primeiros livros de crítica de arte foram publicados sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet. Escreveu em 1817 Roma, Nápoles e Florença, no qual a crítica é misturada com recordações pessoais. Passa a usar o pseudônimo de Stendhal. Teve de abandonar Milão em 1821, porque o governo austríaco o acusou de apoiar o movimento de independência da Itália. Foi então para Londres e depois para Paris, onde passou a ter boa frequência nos salões e tinha rendimentos ligados à colaborações em revistas literárias inglesas. Publicou a obra Sobre o amor, que era um ensaio com base em grande parte nas experiências pessoais do autor. Nessa obra mostrava ideias avançadas para a época, como a sua teoria da cristalização.

Com sua obra Vida de Rossini e duas partes de Racine e Shakespeare, um manifesto autêntico do romantismo, Stendhal vai se tornando mais conhecido como escritor. Teve um caso sentimental com a atriz Clémentine Curial, que foi até 1826. Depois viajou para a Inglaterra e Itália, tendo escrito sua novela Armance. Mal das finanças e sem ainda se firmar bem como escritor de sucesso, tentou um posto na Biblioteca Real, sem conseguir. O seu protetor, conde Daru, faleceu em 1829. Stendhal nesse tempo estava sem recursos financeiros. Mas superou as dificuldades, tendo conseguido o cargo de consul em Trieste e depois em Civitavecchia, ao mesmo tempo que se dedicou a escrever, até que publica em 1830 sua crônica analítica da sociedade francesa na época da Restauração e considerada sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro. O escritor com essa obra relata as contradições da emergente sociedade de classes, fazendo uma análise psicológica das personagens, com uma narração de estilo direto e objetivo.

A obra A Cartuxa de Parma foi publicada em 1839, de estilo mais novelesco que a obra anterior. Constitui-se uma confissão poética muito sincera por sua espontaneidade. Obra elogiada pelo escritor Balzac.

Nas duas obras percebe-se um novo tipo de heroi, moderno, que tem como características o seu isolamento da sociedade e o seu confronto com as suas convenções e ideais, refletindo aspectos pessoais de Stendhal.

Em 1837 Stendhal escreve Napoleão. Nessa obra são descritos momentos de destaque da vida do general Bonaparte. O autor disse, na época que  escreveu a obra, que havia carência de registros sobre o período da carreira militar do general e também o autor era um admirador dele. No livro o foco principal é a guerra na Itália e a ascensão militar de Napoleão entre 1796 e 1797.

O escritor morreu de um AVC em 23 de março de 1842 em Paris, aos 59 anos, em uma rua, sem ter concluído sua obra Lamiel, publicada anos depois de sua morte.

Stendhal tinha dito que o reconhecimento de sua obra se daria muito depois de sua morte, o que realmente aconteceu, aproximadamente 50 anos depois dele ter falecido.

 

  Frases de Sthendal:

 

"Já vivi o suficiente para ver que a diferença causa o ódio."

 

 "Só há uma lei no amor; fazer feliz a quem se ama."

 

“O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício.”

  

“A coragem consiste em escolher o mal menor, por mais que ele ainda possa ser.”

 

“Eu só tenho realmente valor em certos momentos de exaltação.”

 

“O homem que não amou apaixonadamente, ignora a metade mais formosa da existência.”

 

“O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la.”

 

“O escritor precisa de quase tanta coragem como o guerreiro; um não deve preocupar-se mais com os jornalistas do que o outro com o hospital.”

 

“Honro com o nome de virtude o hábito de praticar ações penosas e úteis aos outros.”

 

“Um romance é como um arco de violino, a caixa que produz os sons é a alma do leitor.”

 

“As alegrias do amor são sempre proporcionais ao medo de as perdermos.”

 

“Quanto mais forte é um caráter, menos sujeito está à inconstância.”

 

“A beleza é apenas a promessa da felicidade.”

 

“O amor é um sentimento tão delicioso porque o interesse de quem ama confunde-se com o do amado.”

 

“A presença do perigo confere gênio ao homem sensato.

 

“Podemos conhecer tudo, salvo a nós próprios.”

 

“Investe-se maior paixão para obter o que se não tem, do que para conservar o que já se tem.”

 

“O ideal é um poderoso bálsamo que duplica a força dos homens de gênio e mata os fracos.”

 

“O medo nunca está no perigo, mas em nós.”

 

“O despotismo impressiona pela estupidez do estilo.”

 

“Os homens só se compreendem uns aos outros na medida em que os animam as mesmas paixões.”

 

“Quando se está preso, o pior é não poder fechar-se a porta.”

 

“Chamo caráter de um homem à sua maneira habitual de ir à caça da felicidade.”

 

“O amor é como a febre, nasce e extingue-se sem que a vontade tome minimamente parte nele.”


"O amor é a única paixão que se paga com uma moeda que ela mesmo fabrica.”

 

“Saber que um rival é amado já é bastante cruel, mas receber a confissão do amor que ele inspira feita pela própria mulher que se ama é sem dúvida o cúmulo do sofrimento.”

 

Para que um bom relacionamento possa continuar de modo agradável, é preciso não apenas suspeitar prudentemente como ocultar discretamente a suspeita.”

 

“Basta um grão muito pequeno de esperança para que nasça o amor!”

 

“A lembrança do que perdemos parece sempre superior ao que podemos esperar do futuro.”

 

“Um bom livro é um evento na minha vida.”

 

"Só a imaginação escapa sempre à saciedade."

 

_____________________________________________

 

Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.


Figura: https://www.google.com/search?sxsrf=AJOqlzUHIuUln2mP_pl-LKPsKvGqDv-CpQ:1673583433566&q=imagem+de+stendhal&tbm=isch&source=univ&fir=68LZXplP9VRfhM%252CGN6j3I6Xn



Nenhum comentário:

Postar um comentário