O segundo artigo que escrevi sobre personagens históricos ligados ao
movimento de independência do Brasil é sobre Cipriano Barata.
Cipriano José Barata de Almeida foi um participante da política
brasileira nos séculos XVIII e XIX. Nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de
setembro de 1762. Foi influenciado pelas ideias iluministas quando esteve
estudando em Portugal. Nasceu em uma família de posses e formou-se na
Universidade de Coimbra em Cirurgia, Filosofia e Matemática.
Quando esteve trabalhando na lavoura na Vila de Abrantes (atual
Camaçari), teve contato com o trabalho escravo. Entrou para a Maçonaria, na
"Loja Cavaleiros da Luz", que foi fundada em Salvador em 1797.
Em 1798 esteve participando da Conjuração Baiana e quando esse movimento foi
derrotado, ele foi preso. É provável que tenha sido redator do Manifesto
ao Povo Bahiense, chamando a população para participar da conjuração. Participou
da Revolução Pernambucana de 1817.
Exerceu uma forma de nativismo exaltado quando foi deputado pela Bahia
nas Cortes de Lisboa em 1821, o que desagradou deputados portugueses. Há
historiadores que dizem que, para mostrar sua oposição ao colonialismo das
metrópoles europeias, ele andava por Lisboa, que estava sujeita a
influências inglesas e francesas, com roupas de algodão feitas no Brasil, com
sapatos de bezerro sem tinta, chapéu de palha e um bengalão rústico. Ele e
outros deputados brasileiros como Feijó e Antônio Carlos de Andrada perceberam
nas Cortes uma vontade por parte de deputados portugueses de restabelecer laços
coloniais. Voltou para o Brasil com a posição crítica de que era preciso
separar o Brasil de Portugal.
Tendo estado no Rio de Janeiro, não pôde ir a Salvador, que estava
dominada pelo general português Madeira de Melo e ficou no Recife e colaborou
nessa cidade com o jornal Gazeta de Pernambuco, denunciando intenções
absolutistas de Dom Pedro e as tentativas portuguesas de recolonização do
Brasil. Fundou na mesma cidade o jornal Sentinela da Liberdade na
Guarita de Pernambuco em 1823. Era um defensor da independência do Brasil,
de mais autonomia às províncias e contra a escravatura. O jornal saía às
quartas-feiras, tinha uma linguagem forte e crítica, denunciando o que o
jornalista considerava falhas do poder.
Cipriano foi um dos primeiros a defender a liberdade de imprensa no
Brasil, tendo escrito em 1823: "Toda e qualquer sociedade onde houver
imprensa livre está em liberdade; que esse povo vive feliz e deve ter alegria,
segurança e fortuna; se, pelo fato contrário, aquela sociedade ou povo que
tiver imprensa cortada pela censura prévia, presa e sem liberdade, seja debaixo
de que pretexto for, é povo escravo que pouco a pouco há de ser desgraçado até
se reduzir ao mais brutal cativeiro".
Apesar de ter sido eleito deputado pela Bahia para a Assembleia Nacional
Constituinte, não quis participar dessa, enxergando a possibilidade de
repressão por parte do império aos constituintes. De fato, pouco depois dele
ter dito isso, tropas a mando do imperador fecharam e dissolveram a Assembleia.
Ainda estando em Pernambuco, por suas críticas ao império Cipriano foi
preso, como foi também o redator do Escudo da Liberdade do Brasil, João Mendes
Viana. Estando preso, não pôde participar da revolta chamada Confederação do
Equador, em 1824, envolvendo Pernambuco e outras províncias nordestinas.
Da prisão, editava o seu jornal, dessa vez chamado de Sentinela da
Liberdade na Guarita de Pernambuco Atacada e Presa na Fortaleza do Brun por
Ordem da Força Armada e Reunida. Devido a esses atos, ele foi transferido para
a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, no Rio de Janeiro. Ainda assim, continuava
com publicações jornalísticas, sendo mandado para outras fortalezas e a cada
mudança mudava o título da publicação.
Cipriano Barata só foi libertado em 1830, publicando dessa vez o jornal
com o título A Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel General do Pirajá.
Foi preso ainda mais vezes devido a suas críticas. Seu último jornal foi
publicado em 1835, quando ele tinha 73 anos. Esse jornal teve a duração de 13
anos e em várias partes do país surgiram jornais com o nome de Sentinela da
Liberdade, seguindo o exemplo dado por Cipriano. Ele defendia condições mais
humanas aos presos políticos, inclusive tendo fundado comitês de solidariedade.
Foi morar em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1836, abandonando o
jornalismo, passando a lecionar a língua francesa. Faleceu em primeiro de julho
de 1838, aos setenta e cinco anos de idade.
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Seus artigos sobre a nossa Independência estão ótimos. Garanto que muitos estudantes hoje desconhecem estes personagens. Parabéns!
ResponderExcluirobrigado
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