Neste dia 16 de setembro
de 2019 faz 105 anos do nascimento do grande compositor e cantor brasileiro
Lupicínio Rodrigues, nascido em 16 de setembro de 1914, em Porto Alegre, Rio
Grande do Sul.
Sua família era pobre, eram 21 irmãos. Passou a
trabalhar aos 12 anos como aprendiz nas oficinas da Companhia Carris
Porto-Alegrense e depois na empresa Micheletto. Atuou como compositor em blocos
carnavalescos do bairro. Aos 16 anos tornou-se soldado e aos 21 anos deu baixa
no Exército. Quando estava no quartel foi cantor de conjuntos musicais e a sua
marchinha Carnaval, escrita para o
cordão carnavalesco Prediletos venceu um concurso.
Foi bedel (funcionário da
administração) na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em Porto Alegre de 1935 a
1947. Passou alguns meses no Rio de
Janeiro em 1939, quando conheceu alguns expoentes da boemia carioca como
Germano Augusto, Kid Pepe, Wilson Batista e Ataulfo Alves, frequentou os bares
da Lapa e o muito conhecido Café Nice e, nessa época, aproxima-se do cantor
Francisco Alves que veio a cantar composições suas.
Além de marchinhas de
carnaval, compôs sambas-canção, músicas que expressam em especial a tristeza
pela perda de um amor,inventando o termo dor de cotovelo em referência
ao colocar os cotovelos em balcão ou mesa de bar, pedindo uma bebida e
lamentando a perda da pessoa amada. O compositor buscou inspiração muitas vezes
em momentos de sua vida, quando sofreu com o abandono de mulheres que amou. Ele
não dominava a
linguagem formal da música e também não tocava instrumento, tendo apenas a voz
para gerar canções.
Em parceria com o cantor Alcides Gonçalves, da
Rádio Farroupilha, compôs Triste História,
que foi a vencedora do concurso em comemoração ao centenário da Revolução
Farroupilha, em 1935. A dupla teve outros sucessos como Quem Há de Dizer
(1948) e Cadeira Vazia (1950),gravadas por Francisco Alves e Castigo
(1953), gravada por Gilberto Milfont.
A canção Se
Acaso Você Chegasse (1938), composta com Felisberto Martins, foi gravada
pelo cantor carioca Ciro Monteiro.
Foi proprietário de
bares, churrascarias e restaurante sem Porto Alegre entre nos anos de 1950 e
1960, onde havia música e ele podia encontrar com amigos.O mais famoso de seus
restaurantes foi o Batelão. Sendo torcedor do Grêmio, compôs o hino do clube em
1953.
Seu maior sucesso foi Vingança, que em 1951 foi lançado por Linda Batista, a rainha do
rádio. A música bateu recordes de venda, consagrando o nome de Lupicínio
nacional e internacionalmente. Era um tipo de hino do sentimentalismo
romântico, tendo sido bastante tocado em todo o Brasil. Foi gravado em outros
países em ritmo de fado, bolero e tango.
Do seu primeiro casamento
nasceu a filha Tereza. Viúvo, casou-se de novo em 1949, com Cerenita Quevedo
Azevedo, com quem teve o filho Lupicínio Rodrigues Filho.
Cantores famosos nos anos 50 cantaram as
composições de Lupicínio, entre eles Isaura Garcia e Nora Ney. Aproximadamente
cento e cinquenta canções de Lupicínio
foram editadas, centenas foram perdidas ou esquecidas. Faleceu em 27 de
agosto de 1974, aos 59 anos, sendo
sepultado no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.
Nos anos 1970 e 1980, cantores como Caetano Veloso,
Paulinho da Viola, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Elza Soares e
Jamelão cantaram obras de Lupicínio.
Lupicínio disse em uma crônica publicada no jornal
“Última Hora”, de Porto Alegre, no início dos anos 60: "Eu tenho sofrido
muito nas mãos das mulheres, porque sou muito sentimental, mas também tenho
ganhado fortunas com o que elas me fazem”.
Algumas
letras de canções de autoria de Lupicínio Rodrigues:
Nervos de Aço
Você sabe
o que é ter um amor, meu senhor?
Ter
loucura por uma mulher
E depois
encontrar esse amor, meu senhor
Nos
braços de um tipo qualquer?
Você sabe
o que é ter um amor, meu senhor
E por ele
quase morrer
E depois
encontrá-lo em um braço
Que nem
um pedaço do meu pode ser?
Há
pessoas de nervos de aço
Sem
sangue nas veias e sem coração
Mas não
sei se passando o que eu passo
Talvez
não lhes venha qualquer reação
Eu não
sei se o que trago no peito
É ciúme,
é despeito, amizade ou horror
Eu só sei
é que quando a vejo
Me dá um
desejo de morte ou de dor
Esses Moços
Esses
moços, pobres moços
Ah! Se
soubessem o que eu sei
Não
amavam, não passavam
Aquilo
que já passei
Por meu
olhos, por meus sonhos
Por meu
sangue, tudo enfim
É que
peço
A esses
moços
Que
acreditem em mim
Se eles
julgam que há um lindo futuro
Só o amor
nesta vida conduz
Saibam
que deixam o céu por ser escuro
E vão ao
inferno à procura de luz
Eu também
tive nos meus belos dias
Essa
mania e muito me custou
Pois só
as mágoas que trago hoje em dia
E estas
rugas o amor me deixou
Esses
moços, pobres moços
Ah! Se
soubessem o que eu sei
Não
amavam, não passavam
Aquilo
que já passei
Por meu
olhos, por meus sonhos
Por meu
sangue ,tudo enfim
É que
peço
A esses
moços
Que
acreditem em mim.
________________________________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.
Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+lupicinio+rodrigues&client=firefox
Nenhum comentário:
Postar um comentário