domingo, 19 de julho de 2020

O escritor e dramaturgo Alexandre Dumas, filho, autor do romance "A Dama das Camélias"














Alexandre Dumas, filho, foi um escritor e dramaturgo francês, nascido em Paris, em 27 de julho de 1824, filho ilegítimo de Alexandre Dumas, pai e de Marie Catherine Labay. 


Pai e filho só se conheceram em 1831 e nesse ano seu pai o reconheceu legalmente, procurando garantir sua educação, encaminhando-o para estudar primeiramente na Instituição Goubaux e depois no Colégio Bourbon. Sua mãe entristeceu-se devido o menino Alexandre lhe ter sido tirado para ficar sob a responsabilidade do pai, mas não pôde ir contra isso, pois as leis permitiam. Essa situação inspirou Alexandre filho na criação de personagens femininos trágicos.


Quando criança, além de conviver com o fato de seus pais não serem casados, o que fazia a alta sociedade da época discriminar os filhos de uniões assim, também a questão dele ter ancestrais africanos reforçava essa discriminação. Tais aspectos influenciaram seu comportamento e seu processo criativo quando se tornou escritor e autor de peças de teatro. Segundo estudiosos de sua personalidade, ele era orgulhoso, afoito e brilhante ao conversar, não raramente apresentando-se violento. Tinha semelhança física com o pai, embora na cor da pele fossem diferentes, pois o pai herdara a cor de ancestrais africanos e o filho não.


Em 1842 conheceu a cortesã Marie Duplessis, que lhe inspirou na posterior  criação do romance A Dama das Camélias (1848),  pois Marie usava uma camélia no peito. Ela, cujo nome de batismo era Alphonsine, tinha  tido uma infância problemática, mudando-se aos 14 anos para Paris, passando a trabalhar como costureira. Mas percebendo que tinha uma boa aparência e que os homens se sentiam atraídos por ela, tornou-se uma cortesã de luxo, tendo diversos amantes. Quando conheceu Alexandre Dumas filho no Teatro de Variedades ela tinha 20 anos. Eles se apaixonaram, mas em 1845 ele terminou o relacionamento, pois ele a amava muito, porém não se considerava rico para sustentar seus hábitos e tinha muito ciúme dela, que continuava a ter outros relacionamentos. E em relação ao romance A Dama das Camélias, foi depois por ele adaptado ao teatro em 1851 e Verdi criou uma ópera baseada nele: La Traviata


Em 1844 passou a viver em Saint-Germain-en-Lave, com seu pai. Este ajudou o filho a conhecer pessoas influentes da sociedade da época, levando-o a cafés literários, teatros e saraus. E ele, o filho, passou a ser um observador da alta sociedade,  frequentando-a , mesmo não sendo originário dela. Como escritor começou com poemas publicados em jornais. O seu primeiro livro de poemas chamou-se Pecados de Juventude e foi publicado graças ao apoio financeiro do pai. Em certas obras tinha um estilo crítico à sociedade, devido às humilhações que tinha sofrido por sua origem. 


Dumas filho casou-se em 1864 com Nadeja Naryschkine e o casal teve uma filha. Quando sua primeira esposa faleceu, ele casou-se com Heriette Régnier, que tinha quarenta anos menos que ele. 


Além de Dama das Camélias, Alexandre escreveu peças e mais doze romances, um deles um romance semi-autobiográfico, "L'affaire Clemenceau, obra muito elogiada. Entrou para a Academia Francesa em 1874 e ganhou em 1894 a Legião de Honra


Foi defensor de uma igualdade entre homens e mulheres e fez campanha pela instituição do divórcio. Teve uma visão moralista contra o adultério, mas tinha muitas semelhanças em relação ao pai quanto à moral pessoal vivenciada, tendo muitos envolvimentos amorosos, alguns com mulheres casadas. 


Dumas Filho faleceu em 27 de novembro de 1895, em Marly-le-Roy, Yvelines, sendo sepultado no cemitério de Montmartre em Paris. Entre suas obras podem ser citadas: O amigo das mulheres, A estrangeira, O filho natural, Pai pródigo, A princesa Georges, A dama das pérolas, Três homens fortes, O processo Clemenceau, Cesarina, O doutor Servans, Questão de dinheiro, Francillon, A princesa de Bagdá, Dionísia, As idéias de Mme. Aubray.


*Frases


"O que as grandes e puras afeições têm de bom é que depois da felicidade de as ter sentido, resta ainda a felicidade de recordá-las."


"É mais fácil ser bom para todos do que para alguém."


 “O valor não é favor da natureza, mas sim resultado da educação que recebemos”


"Aconteça o que acontecer, nada apaga da memória a criança que um dia fomos.”


 “A vida é o último hábito que se deve perder, porque foi o primeiro que se tomou.”



 “Não estimes o dinheiro nem mais, nem menos do que ele vale: é um bom servidor e um péssimo amo.”


 “É necessário idealizar o real que se vê, e realizar o ideal que se sente.”



“A glória pela glória é uma especulação reles. Os homens felizes pela sua celebridade são ingênuos; os homens soberbos pelo seu gênio são tolos.”





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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


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sábado, 18 de julho de 2020

O general Thomas Alexandre Dumas Davy de Pailleterie, heroi da Revolução Francesa e pai de Alexandre Dumas







Ao pesquisar para escrever o artigo sobre Alexandre Dumas, o pai, li a respeito de seu pai e do filho também famoso, também chamado de Alexandre Dumas. Assim, resolvi fazer uma trilogia, falando primeiro do Alexandre Dumas pai, para depois prosseguir com outros artigos falando sobre os outros dois. Desta forma, este artigo é sobre o pai de Alexandre Dumas, o general Thomas Alexandre Dumas Davy de Pailleterie, que provavelmente serviu de inspiração para Alexandre Dumas em seus romances "Os Três Mosqueteiros" e "O Conde de Monte Cristo". 


Thomas foi um general importante, chegando ao posto de general comandante de um exército francês no tempo da Revolução francesa. Ele nasceu em 25 de março de 1762, em Jérémie, na colônia de  Saint-Domingue (atualmente no Haiti). Era filho do Marquês Alexandre Antoine Davy de la Pailleterie (que tinha servido ao exército francês como oficial e era de uma família nobre da Normandia com a riqueza em decadência) e de Marie-Cessete Dumas, descendente de africanos. Seu pai tinha saído da França e ido trabalhar no engenho do irmão em Saint-Domingue e depois foi ser dono de plantação de café e cacau. Embora Thomas tenha nascido na escravidão, foi para a França em 1776 , foi educado, tendo depois entrado no exército desse país em 1786. Sua mãe e irmãos tinham sido vendidos como escravos por seu pai em Saint-Domingue. Ele também chegou a ser vendido como escravo pelo pai na ilha, que depois o comprou na França, onde adquiriu sua liberdade. 



Tendo se tornado republicano, passou a servir em uma unidade de soldados negros chamada de "A Legião Americana" durante o período revolucionário. Subiu rapidamente de cabo para general de divisão em menos de dois anos. Assim, com somente 31 anos, Thomas estava comandando 53 mil franceses do Exército dos Alpes. Sua campanha nos Alpes foi vitoriosa contra as tropas austríacas. Ele uniu-se ao exército da Itália em novembro de 1796, tendo como comandante-chefe Napoleão Bonaparte. Houve nessa época já um início de tensão entre os líderes quando Napoleão permitiu o saque de propriedades na região por parte de suas tropas, com o que não concordava Thomas. 



Em 1797, o general Thomas deteve um ataque austríaco em uma ponte sobre o rio Eisack, sendo muito elogiado por essa proeza. Os austríacos o apelidaram de "Diabo Negro". Na expedição ao Egito, serviu como comandante de cavalaria. Lá teve atritos verbais com o general Napoleão Bonaparte, que comandava a expedição.



Thomas saiu do Egito em março de 1799 em um navio que encalhou no sul da Itália, que era parte do Reino de Nápoles. Lá ele foi preso em uma masmorra, onde permaneceu até 1801. Após sua libertação, foi para a França e  em 1802 nasceu seu filho Alexandre Dumas. Infelizmente, o preconceito na época por causa da cor da pele do general fez com que ele não tivesse um reconhecimento posterior por seus feitos militares. Quando voltou para casa, não tinha mais seus bens. Tentou voltar ao exército francês, porém Napoleão o ignorou. E em 27 de fevereiro de 1806, com dificuldades financeiras, Thomas faleceu de câncer no estômago.


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História





Figura: 

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