domingo, 5 de julho de 2020

Artigo sobre um aniversariante de julho: O filósofo alemão Leibniz












Gottfried Wilhelm Leibniz foi um matemático, jurista, físico, filósofo, diplomata, historiador, musicólogo, escritor, biólogo, poeta etc, que nasceu em Leipzig, na Alemanha (na época Sacro Império Romano- Germânico), em primeiro de julho de 1646. Seu pai era um professor de filosofia moral em Leipzig. Ele morreu em 1652, quando Leibniz tinha apenas seis anos.


Em 1661, Leibniz entrou na Universidade de Leipzig como estudante, lá estudou retórica, latim, greco e hebraico. Ele graduou-se bacharel em 1663.  Por esses tempos ele afiliou-se à Sociedade Rosacruz.


 Em outubro de 1663 Leibniz volta a Leipzig. Ele recebeu o grau de Mestre em Filosofia por uma dissertação que combinava aspectos de Filosofia e lei, estudando as relações entre estes assuntos com idéias matemáticas.


Foi adepto da corrente racionalista, junto com Descartes e Spinoza. Entre suas principais contribuições para a ciência está as ideias de cálculo diferencial e integral. Foi um dos inventores de calculadoras mecânicas, tendo trabalhado para aperfeiçoar a calculadora de Pascal. Outro de seus inventos foi a roda de Leibniz, usada na primeira calculadora produzida em massa, o aritmômetro. Trabalhou também com números binários, que séculos depois seriam base dos computadores digitais. Na filosofia é conhecido pelo seu otimismo. Dizia que este universo que vivemos é o melhor dos mundos possíveis criado por Deus. Leibniz defendia o  ecumenismo cristão na religião, leis romanas codificadas e lei natural em jurisprudência.


Na Física ele deu contribuições teóricas, além de conceitos que estavam relacionados ao desenvolvimento posterior da Biologia, Psicologia, Filosofia, Teoria das Probabilidades, Linguística e Informática.


As obras que escreveu foram sobre Filosofia, Política, Direito, Ética, Teologia, História e Filologia, contribuindo também para a área de biblioteconomia. Ele escreveu em diversas línguas, com destaque para latim, francês e alemão.


Escreveu em 1666  De Arte Combinatória. O modelo científico nessa obra é um precursor teórico de computação moderna. Segudo tal modelo: todo raciocínio, toda descoberta, verbal ou não pode ser reduzida a uma combinação ordenada de elementos, como por exemplo números, palavras, sons ou cores. 


Em 1667,  recebeu o título de doutor em leis em fevereiro de 1667,  Universidade de Altdorf, por sua tese De Casibus Perplexis.


Na visão que teve da existência de uma "característica universal", Leibniz encontrava-se dois séculos à frente da época, no que concerne à matemática e à lógica.


Aos 26 anos começou a ter aulas com o professor Christiaan Huygens, que entre seus trabalhos constava a teoria ondulatória da luz. A máquina de calcular criada por Leibniz era superior a de Pascal, pois fazia as quatro operações.


Trabalhando como secretário para a Sociedade Alquímica de Nuremberg, conheceu o Barão Johann Christian von Boineburg. Em Frankfurt, em 1667, Leibniz passou a trabalhar para este barão. Passou a trabalhar em projetos científicos, literários e políticos. Trabalhou na corte de Mainz na área jurídica, pouco antes de 1670. Ele tinha um plano de organizar todo o conhecimento humano.


Publicou em 1671 publicou Hypothesis Physica Nova. Assim como Kepler, dizia que o movimento depende da ação de espíritos. Em 1672 foi para Paris patrocinado por Boineburg. Leibniz tinha um plano de invasão do Egito e queria tentar convencer Luis XIV a fazer isso e para o rei desistir de atacar partes da Alemanha. Em Paris conheceu matemáticos e filósofos. Lá estudou Matemática e Física.


Foi eleito membro estrangeiro da Sociedade Real em Londres. Em 1676 descobriu o teorema fundamental do cálculo, publicado em julho de 1677.


Leibniz também buscou em genealogias provas legais para títulos, em trabalhos que fez para aristocratas. Realizou durante seus últimos 40 anos trabalhos para a família Brunswick. Organizou a Academia de Ciências da Prússia, em 1700, sendo seu primeiro presidente. Essa Academia foi muito importante a nível mundial, mas com a ascensão dos nazistas ela acabou.

Os escritos filosóficos de Leibniz consistem principalmente de muitos escritos curtos: artigos de periódicos, manuscritos publicados muito tempo depois de sua morte, e muitas cartas a muitos correspondentes. Escreveu dois tratados filosóficos, sendo que apenas um, Teodiceia, foi publicado em 1710, enquanto o filósofo ainda vivia. 


Para Leibniz, o seu início na história da filosofia se dá com seu Discurso sobre metafísica, escrito em 1686, no qual ele comenta uma contínua disputa entre Malebranche e Antoine Arnauld.


Em 1695 Leibniz escreveu um artigo de jornal: "Novo Sistema da Natureza e da comunicação das substâncias". Com esse artigo ele fez sua entrada na filosofia europeia. Compôs Novos ensaios sobre o entendimento humano, entre 1695 e 1705. Na obra Monadologia, de 1714, há 90 aforismos e foi publicada em 1714. 


A descoberta do cálculo diferencial e integral é creditada a Leibniz e a Isaac Newton. Outros foram adiante no desenvolvimento do teorema fundamental do cálculo de Leibniz como James Gregory e Isaac Barrow. Ainda é chamada de "lei de Leibniz"a regra de produto do cálculo diferencial. O princípio de transferência de Robinson, um matemático do século XX, é uma implementação matemática de Leibniz. 


Leibniz teve debates com outro filósofo, Espinoza. Este filósofo e Descartes não tinham a formação universitária de Leibniz na área da Filosofia. Os métodos e  suas preocupações em diversas ocasiões anteciparam a lógica e a analítica, como também a filosofia da linguagem do século XX.   Ele dizia que os sentimentos dele em Filosofia eram próximos da Condessa Conway e que eram a favor de uma posição entre Platão e Demócrito. 


Sobre a liberdade e a determinação, Leibniz dizia haver "causas eficientes" que determinam a forma de agir dos seres humanos na cadeia causal do mundo natural. Tais causas para ele estão relacionadas ao corpo e seus atos. Mas paralelamente às causas eficientes há as causas finais, como um número muito grande de pequenas inclinações e disposições da alma, presentes e passadas que influenciam como se age no presente. Há assim uma infinita quantidade de motivos para explicar um desejo singular. As escolhas feitas interferem de modo determinante na ação e assim não há a arbitrariedade ou ação fora do contexto. Para ele há ação livre, porém ela tem que ser "contingente, espontânea e refletida". Ele diz que toda ação é espontânea. O que  o indivíduo faz depende dele mesmo. A diferença em relação aos animais, segundo Leibniz, é a capacidade de reflexão e também que os seres humanos são capazes de pensar a ação e saber a razão pela qual agem.

Na sua obra Monadologia, Leibniz diz que as mônadas são equivalentes na realidade metafísica ao que são os átomos para os fenômenos físicos. Elas são centros de força, elementos máximos do universo, sendo eternas, indecompostas, individuais, sujeitas às próprias leis, sem interação mútua, cada uma refletindo o próprio universo em uma harmonia preestabelecida e tem uma instrução pré-programada.


Para Leibniz, Deus é "O ser mais perfeito". Para ele a perfeição é a totalidade das qualidades ou atributos afirmativos. Deus existe , pois é possuidor de todos os atributos afirmativos.


Na Física, Leibniz desenvolveu uma nova teoria do movimento, com base na energia cinética e energia potencial, sendo o espaço como relativo. Já Newton considerava o espaço como absoluto. Leibniz argumentou contra Newton, que o espaço, tempo e movimento são relativos e não absolutos, antecipando-se assim a Einstein.


Foi um opositor à teoria da tábula rasa da mente, de John Locke, dizendo que os seres humanos aprendem só por meio dos juízos.


Em encontros com o czar da Rússia, Pedro, o Grande, aconselhou-o a realizar reformas educacionais neste país e fez proposta para o que depois se tornou a Academia de Ciência de Saint Petersburg.

O secretário de Leibniz foi a única testemunha de seus últimos dias. O filósofo faleceu em 14 de novembro de 1716, em Hanôver, na Baixa Saxônia. Ele morreu solitário e esquecido.


Frases de Leibniz:

"A educação pode tudo: ela faz dançar os ursos."

"Entendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada, mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária a outra."

"No reino do espírito, busque clareza; no mundo material, busque utilidade."

"Enquanto Deus calcula e exerce seu pensamento, o mundo se faz."

"Deus compreende tudo por meio da verdade eterna, já que Ele não precisa da experiência."

"Aquele que compreende Arquimedes e Apolônio admirará menos os feitos dos mais notáveis homens de épocas posteriores."

"Acaso é quando ignoramos as causas físicas."

"Mais importante que as invenções é como foram inventadas."

"Os fatos fazem os homens."

“Amar é ser levado a ter prazer na perfeição, no bem, ou na felicidade do objeto amado.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História



Figura:
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