sábado, 8 de agosto de 2020

A Libertação de Paris durante a Segunda Guerra Mundial













Em 6 de junho de 1944, tropas aliadas invadiram a região da Normandia na França, durante a Segunda Guerra Mundial. Começava a abertura de uma nova frente contra a Alemanha nazista, que nessa altura estava sentindo bastante os ataques soviéticos na Europa Oriental, com o Exército Vermelho se aproximando das fronteiras originais da Alemanha.  Também na Itália, a partir de 10 de julho de 1943, forças dos Estados Unidos, da Inglaterra e de outros países estavam combatendo  forças nazi-fascistas. 



Durante os meses de junho e julho os Aliados lutaram na Normandia contra divisões alemães em uma luta encarniçada. Os alemães estavam já enfraquecidos por bombardeios e por anos de guerra, mas ainda tinha soldados e recursos para enfrentar os seus adversários, só que em inferioridade numérica. Tinham  tanques e canhões pesados, embora sua força aérea estivesse fragilizada, possuindo os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a supremacia aérea no céu da França. 



Nessa realidade, de avanço dos Aliados pela França e de derrotas e recuos alemães, muitos em Paris ansiavam a libertação da cidade. Desde 22 de junho de 1940 os alemães controlavam a cidade. Em agosto de 1944, membros da Resistência francesa se levantaram em Paris contra os ocupantes alemães. Começava a Batalha por Paris!



Também em agosto de 1944, os poloneses tinham começado sua revolta em Varsóvia, sua capital. Em primeiro de agosto os poloneses iniciaram sua revolta, que só seria totalmente dominada depois de dois meses de terríveis combates e massacres realizados  por tropas alemães. O auxílio soviético não veio a tempo para socorrer os poloneses. 


O plano dos comandantes dos Aliados, ainda envolvidos na batalha de Falaise contra divisões alemães, era de contornar Paris para não demorar sua progressão em direção ao leste para chegar à fronteira com a Alemanha. Segundo relatos do general Bradley, Paris não tinha significado tático e o objetivo maior era ocupar a região alemã do Ruhr, onde existia um importante parque industrial. Para esses comandantes, Paris podia ficar para depois que o principal objetivo fosse alcançado.


A Resistência não quis esperar mais tempo. A partir de 18 de agosto o Comitê de Libertação de Paris chamou o povo parisiense para se rebelar contra o exército ocupante alemão. Iniciaram-se greves da polícia, dos funcionários do  metrô de Paris e dos correios. Albert Camus escrevia no Le Combat : “Hoje, 21 de agosto, no momento que nós aparecemos abertamente pela primeira vez, a liberdade de Paris se realiza. Após cinquenta meses de ocupação, de luta e de sacrifícios, Paris renasce para o sentimento da liberdade a despeito dos tiros que são disparados pelas ruas”. Integrantes da Resistência ocuparam prédios públicos, redações de jornais e grupos armados passaram a enfrentar soldados alemães nas ruas e barricadas foram erguidas. O principal líder era Henri Tanguy, chamado de coronel Rol, chefe das Forças Francesas Internas. Ele estava ligado ao movimento comunista e queria conquistar Paris antes da chegada de forças francesas ligadas à Charles de Gaulle, que lutavam junto com os Aliados.


Assim, Paris parecia reviver tempos como os da Revolução Francesa, a Revolução de 1848 e o levante da Comuna de Paris de 1871 quando houve combates entre populares e soldados nas ruas. Pessoas comuns pegavam ferramentas e tiravam pedras das ruas para fazer as barricadas. 


O comandante alemão em Paris desde 7 de agosto era o general Dietrich von Choltitz, um militar que lutara na Primeira Guerra Mundial e que estivera nos anos 40  liderando forças nazistas no front russo. O antecessor dele no posto em Paris tinha sido o general Carl-Heinrich von Stülpnagel, condenado por ter participado da tentativa de golpe contra Hitler em julho de 1944. 


O general recebera instruções de Hitler para defender a ocupação alemã  com tudo que tivesse a seu alcance e que deveria proceder por meio de grandes destruições na cidade se fosse preciso o exército alemão retirar-se. 


Mesmo os generais ingleses e dos Estados Unidos querendo adiar a libertação de Paris pelos Aliados, o líder das Forças dos Franceses Livres (FFL), Charles De Gaulle, tinha decidido que os franceses precisavam tomar Paris antes de outras tropas de países aliados, por uma questão de honra nacional. E, dessa forma, enviou a Segunda Divisão Blindada do general Leclerc, que estava a cerca de 200 quilômetros da cidade.


Com os combates em Paris entre a Resistência e as tropas alemães, o general Choltitz poderia ter cumprido a ordem de Hitler e mandado detonar explosivos pela cidade, o que causaria enorme destruição na mesma. Mas ele decidiu não obedecer. Há quem diga que as visitas do prefeito da cidade e do consul da Suécia que pediram para ele descumprir as ordens destrutivas de Hitler, foram fundamentais na decisão do general. 


Choltitz sabia que parte importante da História da Humanidade se perderia se tivesse obedecido suas ordens de destruição e é possível que percebendo a inutilidade da continuação da luta diante da realidade da guerra, quando os alemães estavam em situação dramática, sem chances de vencer, quisesse poupar as vidas dos soldados alemães.


Há outras explicações dadas por estudiosos da libertação de Paris sobre a razão dele não ter destruído a cidade. Alguns dizem que ele não tinha os recursos necessários. Outros especialistas dizem que teve uma má impressão de Hitler no encontro que teve com ele, que tinha sobrevivido a um atentado com bomba e tinha uma aparência de doente, sem condições físicas e mentais para continuar sendo líder alemão.



Alguns dias após o início do levante os primeiros destacamentos da força francesa mandada por De Gaulle chegaram a Paris. Muitos dos componentes desses destacamentos eram republicanos espanhois que tinham lutado contra Franco e que depois da vitória desse tinham procurado refúgio na França. Eram parte da divisão La Nueve (a nona). Era noite do dia 24 de agosto de 1944.  A população da cidade os recebeu entusiasmada. Civis e soldados se abraçavam. Sinos das igrejas começaram a tocar. Na Torre Eiffel um bombeiro francês levou para lá uma bandeira francesa. 



Finalmente, em 25 de agosto o  general Charles De Gaulle entrava com suas forças na cidade e disse ao povo: “Paris! Paris ultrajada! Paris submetida! Paris martirizada! Mas sem dúvida Paris libertada! Libertada por si mesmo, liberada pelo povo com ajuda das tropas da França, com o apoio e a participação de toda a França, da França combatente, da única França, da França autêntica, da França eterna.”. A multidão festejava!  Dias antes, conforme relatos, Hitler teria ligado para o general von  Choltitz e perguntado: “Paris está em chamas?”


Choltiz rendeu-se ao coronel Rol e ao general Leclerc às 16 horas do dia 25 de agosto de 1944. Segundo registros os alemães tiveram 3.200 soldados mortos e 12 mil prisioneiros. Os franceses tiveram cerca de mil soldados mortos e aproximadamente 600 civis mortos, com 3.500 feridos. Outras forças aliadas que chegaram à cidade para ajudar os franceses tiveram 130 mortos e 319 feridos. 



Diferentemente de Varsóvia, que depois do levante polonês derrotado estava quase toda em ruínas, Paris após quatro anos de ocupação alemã estava pouco danificada, para alegria de seu povo. 


Sugestões de Links de vídeos para assistir: 



https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=rO6jcH5khvE&feature=emb_logo
https://www.youtube.com/watch?v=1-fqWNzvkwQ
https://www.youtube.com/watch?v=LJfJhnT1SZM
https://www.youtube.com/watch?v=NY1-0dtpWPw





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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História







Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk00yKiY8IilxqjgvxzfpM5T3OULBnw:1596949835241&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+A+Liberta%C3%A7%C3%A3o+de+Paris&client=firefox-b-



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