Quem se lembra das antigas enciclopédias? Aquelas que eram vendidas em livrarias ou por vendedores de porta em porta? Eram coleções de livros que tratavam de muitos assuntos e hoje em dia ainda se encontram em estantes de quem as guardou ou nas bibliotecas. Depois, com a Internet, apareceu a Wikipédia. Mas como as enciclopédias apareceram? Um de seus criadores foi o francês Denis Diderot, sobre o qual é este meu artigo.
O filósofo e escritor Denis Diretot nasceu em Langres, Champanha, reino da França, em 5 de outubro de 1713. Foi uma figura de destaque no movimento chamado Iluminismo, tendo sido o cofundador, editor chefe e que contribuiu, junto com Jean le Rond d’Alembert, com a obra Encyclopédie. Seu pai era o cuteleiro Didier Diderot e sua mãe era Angélique Vigneron. Duas irmãs e um irmão dele chegaram à idade adulta. Denis era mais velho que eles.
Em 1723 Denis Diderot iniciou estudos no Colégio Jesuíta de Langres. O
ensino secundário daquela época na França era exclusividade dos jesuítas. Esse
ensino destacava o grego e o latim como línguas a serem aprendidas. Havia uma
parte humanista no ensino e uma ênfase nas orações católicas. Diderot foi um
aluno dedicado, recebendo elogios e premiações por seu desempenho como
estudante. Seus pais desejavam que ele
seguisse a carreira religiosa, como seu tio, que era cônego. Mas não foi
possível. E aos dezesseis anos, em 1728, Dênis vai para Paris e passa a ser aluno
no Liceu Saint-Louis, tendo recebido em 1732 o grau de mestre em artes na
Universidade de Paris. Nessa instituição ele se aperfeiçoou no
estudo de literatura, filosofia, lógica, física, matemática e metafísica.
Diderot chegou a cogitar a cursar Direito. Porém na ocasião seu pai estava em grave condição financeira e ele começa a trabalhar como tradutor. Em 1743 ano casa-se com Antoinette Champion. Nesse mesmo ano ele traduziu a Grecian History, de Temple Stanyan. Passa a se tornar mais conhecido quando traduz An inquiry concerning virtue or merit, de Ashley-Cooper, terceiro conde de Shaftesbury. A tradução foi publicada em 1745 com o título Essai sur le mérit et la vertu. Ao frequentar a vida social de Paris, ele conheceu pensadores iluministas como Étienne Condillac e Jacques Rousseau.
A obra que se tornou a primeira peça relevante da carreira literária de Diderot foi “Lettres sur les aveugles a l'usage de ceux qui voient” (Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem). Ele trata na obra sobre o deísmo, o ceticismo e o materialismo ateu. Devido a tais escritos ele foi preso. No entanto, é a edição da Encyclopédie (1750-1772) ou“Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers” (Dicionário razoado das ciências, artes e ofícios), que é a sua obra-prima. Nessa obra se procurou abordar todo o conhecimento que existia naquela época. Foram necessários 21 anos para a obra toda ser editada, no total de 28 volumes. A venda foi muito boa, mesmo se considerando o número reduzido de pessoas que sabiam ler e Diderot ganhou uma considerável soma em dinheiro.
Na sua vida de autor, na qual se empenhava, Diderot encontrou algumas vezes oposição do governo e do Clero. Ele escreveu peças teatrais, embora sem muito sucesso. Suas obras em estilo de romance foram mais bem sucedidas, com influências de humoristas ingleses. Também escreveu artigos de crítica de arte. Ficou conhecido como um dos primeiros autores que se dedicaram à literatura como um ofício, sendo sempre um filósofo além de escritor. Como filósofo Dênis dava atenção à natureza do Homem, a sua condição, os seus problemas morais e a questão do destino. Destacava a vida em suas manifestações e colocava a moral e a estética como aspectos da condição humana total, envolvendo a parte emocional e a racional. Certos estudiosos consideraram Diderot um precursor da filosofia anarquista.
Para Diderot, a razão devia ser o guia por meio do
qual a filosofia deveria se fundamentar para desvendar a
verdade e constituir um forte conhecimento. A metodologia elaborada por ele
estava de acordo com o modelo e informações das ciências exatas, seguindo o materialismo
científico. Ele considerava a
Ciência como motor essencial para o desenvolvimento e o progresso da
Humanidade.
Diderot defendia a política como forma de eliminar
as diferenças sociais. Ele achava absurdas as ideias absolutistas e criticava
as influências políticas da Igreja na sociedade, destacando que a mesma deveria
se restringir à questão religiosa. Para ele, o ser humano equilibrado moralmente
é o que conserva a harmonia das paixões e dizia que sem as paixões não se pode
levar adiante grandes realizações.
Dênis Diderot faleceu em Paris, aos 70 anos, em 31
de julho de 1784. Seu corpo foi sepultado no Panteão de Paris.
Dentre as principais obras de Diderot, destacam-se:
Pensamentos Filosóficos; Carta sobre os
cegos para uso dos que enxergam; Encyclopédie;
Jacques, o fatalista e seu mestre; A religiosa; O sobrinho de Rameau .Grande parte
das obras de Diderot foi publicada após sua morte.
Pensamentos de Diderot:
“Não se retém quase nada sem o auxílio das palavras, e as palavras quase nunca bastam para transmitir precisamente o que se sente.”
“Aquele que de algum modo condena o seu
semelhante à felicidade, é feliz”.
“Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros.”
“Nossa observação da natureza deve ser cuidadosa e dedicada; nossa
reflexão deve ser profunda e os experimentos exatos. Nós raramente vemos estes
três fatores combinados; e, por tal razão, gênios criativos são raros”.
“A sabedoria não é outra coisa senão a ciência da felicidade”.
“Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a
verdade que nos amarga”.
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+denis+diderot&sxsrf=ALiCzsY02UMJKhjDUHr6ZhzNhVY14sPwPA%3A1666058855591&source=h
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