No mês de outubro é celebrado no dia 4
o Dia Internacional do Poeta; no dia 20 de outubro há o Dia
do Poeta, no Brasil. Essa última data comemorativa tem origem em São Paulo.
Nesse Estado, em 20 de outubro de 1976, foi criado o Movimento Poético
Nacional, na casa de Paulo Menotti Del Picchia, um jornalista, romancista,
advogado e pintor brasileiro. Mas não há lei oficial que determine esse dia
como Dia do Poeta. E, em 31 de outubro é comemorado o Dia
Nacional da Poesia, oficializado pela Lei 13.131/2015, assinada pela
presidente Dilma Roussef. Esse dia antes era comemorado no dia 14 de março,
data que nasceu o poeta Castro Alves. Mas com alei de 2015, a data passou a
considerar o dia 31 de outubro, dia de nascimento do poeta Carlos Drumond de
Andrade. Outra data importante para a poesia, só que não é de outubro é o Dia
Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março. Tal data foi criada na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999.
A homenagem aos poetas se dá como uma
forma de valorizar e destacar este artista e escritor, que usa de sua
criatividade, imaginação e sensibilidade para fazer poesias. O poeta por meio
da palavra escrita mostra sentimentos, sensações. O poeta é um artista e um
comunicador. Expressa emoções e ideias de um modo literal. A existência dos
poetas vem desde tempos antigos, de vários lugares e idiomas diversos, com suas
produções artísticas ligadas a muitas e diferenciadas culturas pelo mundo, em
muitos períodos históricos.
Em relação às datas que são dedicadas à
poesia, buscam estimular a leitura, criação e publicação de poesias. A poesia,
por sinal, é considerada uma das Sete Artes Tradicionais.
Sobre a poesia, é um texto poético, que está relacionado ao gênero literário chamado de lírico, combinando palavras, significados, qualidades estéticas e que faz uso de diferentes dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos. Na origem da poesia, ela surge para ser cantada e assim havia a preocupação com a estética, a métrica e a rima. Na poesia o poeta expressa seus sentimentos e visões pessoais. Ele cria o sujeito poético e fictício, chamado de eu lírico. No Egito antigo, já existia, segundo pesquisas, poesias em hieróglifos, aproximadamente 25 séculos antes de Cristo.
Entre os tipos de
poesias podem ser citados como exemplos os seguintes gêneros: Poesia
Lírica, que se expressa como a forma de se expressar sentimentos por meio
da palavra falada ou escrita, há estética apurada, linguagem elaborada e
atenção à forma; Poesia Épica: na qual há objetividade e narração de
fatos que o poeta considerou importantes; Poesia Dramática: caracteriza-se
pela subjetividade e objetividade, com a opinião do poeta. Há outros gêneros,
como a poesia pastoral, um gênero que não é muito utilizado atualmente.
Um exemplo de poesia
lírica é o Soneto de Contrição de Vinicius de Moraes:
Soneto de Contrição
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
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A seguir, considerando-se estas
homenagens aos poetas e à poesia, escolhi um poeta nascido em outubro, o
paraense Antônio Tavernard:
O poeta, compositor e
dramaturgo Antônio de Nazaré Frazão Tavernard, mais conhecido como Antônio
Tavernard, nasceu em 10 de outubro de 1908 na Vila
de São João do Pinheiro, atual Icoaraci ,município de Belém do Pará,
Brasil, e faleceu na mesma cidade em 26 de maio de 1936.
Antônio Tavernard começou a estudar na
vila onde nasceu e depois fez o curso de
humanidades no Ginásio Paes de Carvalho, tracional colégio de Belém. Nesse
colégio ele fazia parte do grupo que organizava e fazia publicações para o
jornal G.P.C .Em 1926 ele ingressou no curso de Direito na Universidade Federal
do Pará. Infelizmente não viveu muitos anos porque contraiu hanseníase e das
complicações dessa doença veio a falecer.
Como poeta lírico
que era, falava de amor, morte e esperança. Na década de 1930, foi redator de
uma importante revista no cenário cultural da capital paraense chamada A
Semana. Segundo estudiosos da vida do poeta, ele publicou em vida só o
livro Fêmea. Um parente do poeta disse que em 1953 foi editada
a obra Místicos e Bárbaros. O poeta também criou peças de
teatro e participou de produções musicais como Foi Boto Sinhá e Romance.
Foi parceiro na autoria de canções ao lado do maestro e compositor Waldemar
Henrique.
A seguir algumas poesias de Antônio Tavernard:
DANAÇÃO
Na solina da tarde que efervesce
minhalma freme, torturada, louca,
num delírio de amor que minha boca
toma um murmúrio hipócrita de prece!
Prece de carne, só se for... Espouca
longínqua gargalhada que parece
ser de gnomo vergastando, rouca,
esta febre brutal que em mim recresce.
Febre de gozo sopitado... anseio
de beijar, de morder moreno seio
de uma mulher que se ofereça nua...
Tudo é lascívia! — verifico pasmo —
O próprio mar que ao longe tumultua,
tuge e rebrame em convulsões de espasmo.
CHROMO RÚSTICO
Para
a alma delicada e affectuosa da IACY
No terreiro da fazenda
em noite sem viração...
A lua fazendo renda
sobre a areia... Solidão...
Apenas, lá num recanto,
elle de linho alvejando,
ella de cassa e chitão,
arrulhavam cochichando,
a Rita e o Sebastião.
Dizia elle em quebranto:
—"Qondo nos dois se ajuntá,
meu amô, amô primêro,
a gente vae se aninhá
nas terras de Zé Lôrêro,
num ranchinho de sapê,
Lá fora, muito coquêro...
Lá dentro, eu e vancê...
Ella ajuntava, faceira,
em voz baixa, quasi extinta:
— "Dispois, nos dois e um fiinho,
todos tres agarradinho
que nem pétala de frô:
Tres pessoa bem distincta,
mas Cuma só verdadeira...
E a verdadeira é o amô..
Final: a lua escondida
com vergonha de espiar...
—"Meu pecado!" — "Mea vida!..."
E o resto eu não sei contar.
RESPOSTA
"Nunca sentiste amor?" —
me perguntaste
Naquela tarde de melancolia
Em que nas minhas mãos eu aquecia
A doce mão que tu me abandonaste.
Calei. De novo então interrogaste:
"Nunca sentiste amor?" E logo, fria,
Vendo que, mudo, nada eu respondia,
Das minhas mãos a tua retiraste.
Mas retomei a tua mão morena
Tão mimosa e sutil, tão linda, tão pequena
De unhas cor de rosa e cútis de veludo.
E apertei-a com uma tal meiguice
que, se a minha boca nada disse,
A minha mão foi te dizendo tudo.
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Márcio José Matos Rodrigues
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