terça-feira, 15 de agosto de 2017

A Adesão do Pará à Independência do Brasil






No dia 15 de agosto de 1823 foi oficializada a adesão do Pará à independência do Brasil. Apesar da independência ter sido proclamada em setembro de 1822, houve resistência de grupos ligados à antiga metrópole, como as províncias da Bahia,  Piauí, o Maranhão e  Pará. Essa província foi a última a reconhecer a independência. 

Havia um conflito interno na província do Pará entre os adeptos da independência e os contrários. E em 1823 uma Junta de Governo impopular foi  instalada em apoio a Portugal. 

Após conseguida a adesão do Maranhão, o comandante das forças imperiais interventoras, Lord Cochrane, incumbiu o oficial John Pascoe Greenfell para desempenhar a missão de conseguir a adesão do Pará. Na época o Pará englobava toda a região norte do Brasil. E assim Greenfel seguiu para o Pará, em 05 de agosto de 1823, com uma tripulação de 96 homens comandando o brigue "Maranhão".

A Junta pró-Portugal que governava o Pará recebeu de Greenfell o ofício de Cochrane, no dia 11 de agosto, dizendo que o Brasil do sul ao Maranhão estava sob controle do império brasileiro, faltando apenas o Pará para que a nação se unificasse. Houve a notícia de que uma esquadra sob o comando de Cochrane se encontrava próxima à Belém, o que causou agitação. O Conselho governamental em Belém decidiu então aderir à independência. Foi lavrada uma ata e enviada a Greenfell. Mas a adesão é comemorada no dia 15 porque nesse dia é que a mesma foi oficializada.

Mesmo com a adesão, pessoas ligadas à Coroa de Portugal continuavam exercendo cargos importantes no governo do Pará. Muitos brasileiros protestaram contra a situação, exigindo a demissão desses altos funcionários.  Não conseguindo isso, diversos descontentes se revoltaram conseguindo a demissão dos citados funcionários.

Greenfell sabedor dos conflitos em terra, mandou marujos desembarcarem para prender quem fosse suspeito e centenas foram aprisionados. Inclusive, na manhã seguinte mandou realizar fuzilamentos e também ordenou a prisão do líder popular cônego Batista Campos que foi amarrado à boca de um canhão. O canhão só não foi disparado por causa da interferência de gente influente, como o bispo Dom Romualdo Coelho, que assim salvaram a vida do cônego. Mas o mesmo foi transferido para um navio onde ficou preso. A maioria dos prisioneiros da noite de 16 de agosto foi assassinada no navio chamado de "brigue Palhaço", totalizando 252 mortos e apenas 4 sobreviventes. 

Segundo o historiador Jean Ribeiro: 

“O nome do navio era Brigue São José Diligente, em função do que aconteceu, da forma como eles foram mortos, em função inclusive da utilização de cal na morte dos homens, isso ganhou notoriedade e entrou para os anais da história dessa forma. A fisionomia dos paraenses que estavam mortos ali no porão, asfixiados, com os lábios e os olhos arroxeados e o rosto esbranquiçado lembravam palhaços”. 

A tragédia do "brigue Palhaço" provocou rebeliões em povoações paraenses. A situação política tensa no Pará e a existência de profundas injustiças sociais viriam a causar em 1835 uma grande revolta popular no Pará: A Cabanagem.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.

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