No dia 15 de agosto de 1823 foi
oficializada a adesão do Pará à independência do Brasil. Apesar da
independência ter sido proclamada em setembro de 1822, houve resistência de
grupos ligados à antiga metrópole, como as províncias da Bahia, Piauí, o Maranhão e Pará. Essa província foi a última a reconhecer
a independência.
Havia um conflito interno na
província do Pará entre os adeptos da independência e os contrários. E em 1823
uma Junta de Governo impopular foi
instalada em apoio a Portugal.
Após conseguida a adesão do
Maranhão, o comandante das forças imperiais interventoras, Lord Cochrane,
incumbiu o oficial John Pascoe Greenfell para desempenhar a missão de conseguir
a adesão do Pará. Na época o Pará englobava toda a região norte do Brasil. E assim
Greenfel seguiu para o Pará, em 05 de agosto de 1823, com uma tripulação de 96
homens comandando o brigue "Maranhão".
A Junta pró-Portugal que
governava o Pará recebeu de Greenfell o ofício de Cochrane, no dia 11 de agosto, dizendo que o
Brasil do sul ao Maranhão estava sob controle do império brasileiro, faltando
apenas o Pará para que a nação se unificasse. Houve a notícia de que uma
esquadra sob o comando de Cochrane se encontrava próxima à Belém, o que causou
agitação. O Conselho governamental em Belém decidiu então aderir à
independência. Foi lavrada uma ata e enviada a Greenfell. Mas a adesão é
comemorada no dia 15 porque nesse dia é que a mesma foi oficializada.
Mesmo
com a adesão, pessoas ligadas à Coroa de Portugal continuavam exercendo cargos
importantes no governo do Pará. Muitos brasileiros protestaram contra a
situação, exigindo a demissão desses altos funcionários. Não conseguindo isso, diversos descontentes
se revoltaram conseguindo a demissão dos citados funcionários.
Greenfell
sabedor dos conflitos em terra, mandou marujos desembarcarem para prender quem
fosse suspeito e centenas foram aprisionados. Inclusive, na manhã seguinte
mandou realizar fuzilamentos e também ordenou a prisão do líder popular cônego Batista
Campos que foi amarrado à boca de um canhão. O canhão só não foi disparado por
causa da interferência de gente influente, como o bispo Dom Romualdo Coelho,
que assim salvaram a vida do cônego. Mas o mesmo foi transferido para um navio
onde ficou preso. A maioria dos prisioneiros da noite de 16 de agosto foi
assassinada no navio chamado de "brigue Palhaço", totalizando 252
mortos e apenas 4 sobreviventes.
Segundo
o historiador Jean Ribeiro:
“O nome do navio era
Brigue São José Diligente, em função do que aconteceu, da forma como eles foram
mortos, em função inclusive da utilização de cal na morte dos homens, isso
ganhou notoriedade e entrou para os anais da história dessa forma. A fisionomia
dos paraenses que estavam mortos ali no porão, asfixiados, com os lábios e os
olhos arroxeados e o rosto esbranquiçado lembravam palhaços”.
A
tragédia do "brigue Palhaço" provocou rebeliões em povoações
paraenses. A situação política tensa no Pará e a existência de profundas injustiças sociais viriam a
causar em 1835 uma grande revolta popular no Pará: A Cabanagem.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História.
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