Neste mês de agosto além de outros assuntos, pretendo homenagear neste blog pessoas famosas que deram sua contribuição para a Humanidade e que nasceram neste mês.
Vou começar por Gonçalves Dias, um importante poeta e
escritor brasileiro (que também foi advogado, jornalista e teatrólogo), que nasceu em Caxias, Maranhão,
em 10 de agosto de 1823. Destacou-se como poeta romântico e na tradição literária conhecida
como “indianismo”. Recebeu o título de poeta nacional do Brasil. É
famoso por ter escrito o poema "Canção do Exílio" — um dos poemas
mais conhecidos da literatura brasileira —, o curto poema épico I- Juca
Pirama e muitos
outros poemas nacionalistas e patrióticos. Foi um pesquisador das línguas
indígenas e do folclore brasileiro. Era advogado de formação e escreveu 4 peças
de teatro. Colaborou com a Revista Contemporânea de Portugal e Brasil.
Estudou em Cuba e Portugal, terminando aí seus
estudos secundários e fez bacharelado na Faculdade de Direito da Universidade
de Coimbra (1840-1845). Ainda em Coimbra, participou dos grupos medievalistas
da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio
Feliciano de Castilho. Estando tanto tempo fora do Brasil,
inspirou-se para escrever a Canção do Exílio.
Um ano depois de retornar conheceu aquela que foi
sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. No mesmo ano viajou para
o Rio de Janeiro, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de
ter atuado como jornalista, contribuindo para as seguintes publicações:
Jornal do Comercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da
Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em
1852, mas a família dela, em virtude da ascendência do escritor, filho de um
português com uma mestiça, recusou o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de
Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa.
Foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios
Estrangeiros e durante quatro anos ficou na Europa realizando pesquisas em prol
da educação nacional. De volta ao Brasil foi convidado a participar da Comissão
Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Foi à Europa em 1862 para um tratamento de saúde,
mas não conseguiu resultados e retornou ao Brasil em 1864, tendo o navio em que
viajava naufragado na costa brasileira. Todos no navio se salvaram, exceto o
poeta, que foi esquecido, agonizando em seu leito, e se afogou. O acidente
ocorreu perto de Tutoia, no Maranhão em 03 de novembro
de 1864.
Características de seu estilo
literário:
- Representação romântica e valorização do indígena
brasileiro e sua cultura.
- Poesias escritas buscando sempre a perfeição
rítmica e formal.
- Poemas marcados pela presença de rima,
musicalidade e métrica.
- Retratou também, de forma positiva, os negros.
- Exaltou as belezas naturais do Brasil.
-Retratou temas ligados aos valores medievais
(principalmente dos cavaleiros), transportados para o contexto brasileiro.
- Abordou também a religiosidade de caráter
cristão.
- Em suas poesias, abordou o sentimentalismo.
Principais obras e poesias de
Gonçalves Dias:
- I-Juca Pirama
- Primeiros Cantos
- Leonor de Mendonça
- Leito de folhas verdes
- Marabá
- Canção do Tamoio
- Últimos cantos
- O canto do piaga
- Se se morre de amor
- Os Timbiras
- Lira Varia
A seguir dois poemas do autor (Gonçalves Dias):
Seus Olhos
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a flauta
Quebrando a solidão,
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto humedece
Me fazem chorar.
Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.
Nas almas tão puras da virgem, do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.
Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa
Um pranto sem dor.
Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a flauta
Quebrando a solidão,
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto humedece
Me fazem chorar.
Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.
Nas almas tão puras da virgem, do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.
Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa
Um pranto sem dor.
Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.
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Canção do Exílio
Minha
terra tem palmeiras,
Onde Canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorgeiam como lá.
Onde Canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorgeiam como lá.
Nosso céu
tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em
cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não
permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Imagem do Google.
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