Neste
artigo vou falar de outro aniversariante do mês, o escritor, poeta e ensaísta
Herman Melville, nascido em Nova York (Estados Unidos), no dia 01 de agosto de
1819, em uma família de origens inglesa e holandesa. Ele foi o autor do famoso
romance Moby Dick, que foi publicado
em 1851 com o título de A
baleia . No início de sua carreira foi bem sucedido, porém depois
sua popularidade decaiu, principalmente devido aos comentários negativos que
sofreu de críticos ingleses em relação a Moby
Dick ( “A baleia”),
que no século XX foi considerada sua mais importante obra.
Herman,
terceiro filho do casal Allan e Maria Melvill ( depois foi acrescentada a letra
e ao
sobrenome), quando criança teve escarlatina, que prejudicou sua visão. Durante sua
infância, a situação social da família era confortável. Mas seu pai teve sérios
problemas financeiros que o levaram à falência no ano de 1830. Ele morreu em
1832, deixando a mulher e os oito filhos numa situação instável, fazendo com
que a educação de Herman cessasse por volta dos seus quinze anos de idade. Este
passou a ajudar a família, trabalhando como bancário, professor e agricultor.
Embarcou
como ajudante de navio mercante em 1839 e em 1841 no baleeiro Acushnet, percorrendo o
oceano Pacífico. Nas ilhas Marquesas, Melville passou a viver com os nativos
Typee (que eram canibais), por algumas semanas. Esta situação influenciou o
escritor a criar sua obra Typee, em 1846. Também no ano
de 1841 ele esteve no baleeiro australiano Lucy
Ann, tendo se juntado a um motim de marinheiros, insatisfeitos com
a falta de pagamento. Foi preso no Tahiti e fugiu. Os fatos inspiraram o autor
em mais um livro: Omoo (1847). No final de
1841 embarcou como tripulante de baleeiro em outro navio e encerrou sua
carreira de marinheiro em 1844 a bordo de uma fragata. As duas primeiras obras
renderam ao autor um sucesso de crítica e de público, assim como alguns
recursos financeiros.
Em
1849 lançou seu terceiro livro, Mardi,
que embora fosse do estilo de aventuras, era mais introspectivo. Lançou ainda
dois outros livros de aventuras: Redburn,
de 1849 e White-Jacket,
em 1850, ambos com algumas características mais melancólicas.
Não havendo boas vendas dos livros Moby Dick (1850) e Pierre (1852), seu editor se
recusou publicar o manuscrito The
Isle of the Cross (nunca foi publicado).
Escreveu
sua epopeia Moby Dick
baseado na verídica tragédia acontecida em julho de 1821 com o baleeiro Essex,
afundado por um cachalote. Uniu provavelmente relatos da tripulação
sobrevivente, que eram recontados de forma fantástica pela sociedade da época e
somados à experiência de Melville com um capitão autoritário do qual foi
tripulante, por dezoito meses, encerrando sua viagem ao desertar nas ilhas
Marquesas. E é possível que a prematura morte de seu pai quando o autor contava
doze anos também possa ter tido influências em relação à forma como direcionou
muitos dos encontros conflitantes dos personagens na obra.
Além dos romances citados, ele ainda
escreveu Israel Potter,
(1856) e The confidence-man
(1857), ambos publicados, como também os seguintes contos: The Piazza Tales; Bartleby, o Escrivão; Benito Cereno; The lightning-Rod Man; The Enchanted Isles e The Bell-tower.
Nas histórias do período que vai de 1853 a
1856, percebe-se uma grande preocupação autobiográfica. Entre 1856 a 1885, ele
deixou a escrita em prosa, dedicando-se apenas a versos, incluindo poemas sobre
busca religiosa. Em 1860, tentou ganhar dinheiro como palestrante. Mudou-se
para a cidade de Nova York durante a Guerra de Secessão e três anos depois, em
1866, foi nomeado fiscal da alfândega.
O seu romance Billy Budd, que não tinha sido
publicado durante a vida do autor, depois de 30 anos guardado numa lata foi
publicado em 1924, tendo sido adaptado para ópera, teatro e cinema. Melville e
o seu amigo Nathaniel Hawthorne, a quem foi dedicado o livro Moby Dick, formaram um
importante par da intelectualidade norte-americana no século XIX. Só a partir
das primeiras décadas do século XX é que a obra de Melville seria reavaliada. A
crítica da segunda metade desse século viu nele um precursor do existencialismo,
e o escritor francês Albert Camus chamou-o de “O Homero do oceano Pacífico”.
Melville faleceu em 28 de setembro de 1891,
em Nova York.
Sobre a obsessão do capitão Ahab em matar a
baleia branca Moby Dick, o livro pode estar expressando as inquietudes mais
profundas do escritor: os falsos triunfos e derrotas do ser humano e a luta
contra impulsos destrutivos.
É importante destacar todo o contexto que envolveu a vida pessoal do escritor (sua vida familiar e suas experiências de vida) na elaboração de suas obras e também a influência da realidade econômica e social dessa época em que os Estados Unidos se desenvolviam como nação industrial, com o fortalecimento da sua marinha, a sua expansão territorial e a imigração crescente.
Frases de Herman Melville:
"De todas as absurdas suposições da
Humanidade nada excede as críticas feitas aos hábitos dos pobres feitas pelos
que tem boa moradia, estão bem aquecidos e bem alimentados" (do livro Moby Dick)
"Quem jamais fracassou em algo, não pode alcançar a
grandeza"
"A educada presteza com que alguém
recebe dinheiro é realmente maravilhosa, considerando que tão gravemente
acreditamos que o dinheiro é a raiz de todos os males terrenos e que em
hipótese nenhuma um homem endinheirado entrará no paraíso. Ah! Com que alegria
nos despachamos para a perdição!"
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
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