No dia 24 de novembro deste ano houve mais um
trágico e terrível atentado terrorista na África. Cerca de 300 pessoas morreram
e aproximadamente 100 ficaram feridas em um ataque contra uma mesquita sufista
no oeste da cidade de Al Arish, na península do Sinai no nordeste do
Egito.
Grupos jihadistas, inclusive do EI, consideram
essas pessoas hereges. O chefe da polícia religiosa do EI disse em dezembro
passado que os sufistas que não se "arrependessem" seriam mortos. O
EI compartilha a visão puritana do salafismo, que considera os sufistas
apóstatas. O grupo também tem cristãos como alvos.
Foram colocados pelos terroristas explosivos ao
redor da mesquita de Al Rauda, no distrito de Bear al Abd, nas proximidades de Al Arish, capital
do norte do Sinai. Os explosivos foram acionados na saída dos fieis da oração
da sexta-feira. Os extremistas ainda atiraram em quem conseguiu escapar da
mesquita. E as primeiras ambulâncias que
chegavam para socorrer os feridos também eram alvejadas. Eles ainda teriam
incendiado veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao
templo.
No norte do Sinai, onde há um estado de emergência
desde 2014, opera uma unidade armada do Estado Islâmico, o grupo Wilayat Sina,
que tem assumido responsabilidade pela maior parte dos atentados ocorridos no
país nos últimos anos.
Também os
cristãos coptas tem sido vítimas de atentados.O país se encontra em estado de
emergência desde abril deste ano por conta dos atentados contra duas igrejas
coptas no Delta do Nilo.
O Egito luta contra uma insurgência islâmica nesta
região, um conflito que se intensificou desde 2013.
Militantes terroristas operam no norte do Sinai há
vários anos e têm atacado componentes das forças de segurança do país, com
centenas de policiais, e soldados mortos nos últimos anos. Em setembro,
ao menos 18 policiais foram mortos em um ataque a um comboio nesta região promovido
por este grupo. Provavelmente seu objetivo seja assumir o controle desta parte
do Egito para transformá-la em uma província sob o controle do EI.
As forças
militares do país lutam para sufocar a insurgência dos jihadistas, que juraram
lealdade ao EI em novembro de 2014. O Egito também enfrenta ameaças de grupos
afiliados à Al Qaeda, que operam na vizinha Líbia.
As ações contra os sufistas acontecem por causa de
sua visão do mundo diferenciada dentro do Islamismo pois tem como seus objetivos
um encontro entre seus semelhantes, o amor, a tolerância e o respeito, de modo
à restauração completa do ser humano em sua totalidade. Historicamente, certas
lideranças sufis tem sido críticas em relação a alguns líderes muçulmanos de
tendências mais extremistas, como os muhadins, salafistas e algumas lideranças
de dentro do grupo egípcio Irmandade Muçulmana. As críticas em geral se
direcionam à ostentação pela qual tais líderes comumente se apresentam frente à
sua comunidade, além do tratamento demasiadamente rígido com relação à seus
seguidores dentro das mesquitas.
Há regiões da Ásia e da África onde muitos grupos
sufis ainda são perseguidos, submetidos à inúmeros tipos de violência e
martirizados em público, principalmente devido aos sufis serem céticos à
questão da obrigatoriedade externa e ao seguimento à um determinado líder. O
sufismo surge como uma alternativa conciliatória e pacifista, mas em países
como a Arábia Saudita, não são geralmente aceitos porque lá e em outros
países sunitas daquela região a corrente
do Wahhabismo é muito conservadora, de tendência ortodoxa e
tem tido influência em movimentos extremistas.
Quanto aos
cristãos coptas, são outro grupo perseguido no Egito, com ataques
frequentes de determinados movimentos islâmicos extremistas como o Estado
Islâmico. Em 9 de abril, Domingo de Ramos, o Estado Islâmico perpetrou dois
atentados contra os cristãos no Egito, provocando a morte de aproximadamente 44
pessoas. Os coptas são cerca de 9% da população egípcia.
Um dos grupos religiosos que se opõe aos sufistas e
e coptas é o constituído pelos salafistas. Há diversas correntes no Salafismo.
Há vários grupos pacifistas, porém há posições mais radicais que apoiam organizações militantes como a Al-Qaeda e
ISIS (Estado Islâmico). Uma minoria salafista defende a Jihad militar como uma
obrigação.
Os grupos religiosos como os sufistas e coptas tem
de ser respeitados e as violências que tem sido feitas contra eles por
fanáticos é algo altamente condenável. Pessoas inocentes tem sido mortas,
torturadas ou perseguidas por motivos
religiosos em diversos lugares do mundo. Infelizmente, em pleno século XXI
práticas antigas de intolerância e perseguição por causas religiosas ainda são
bem presentes no mundo atual.
Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google
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