O quarto artigo sobre os
líderes republicanos do fim do século XIX é sobre Quintino Bocaiúva. Já falei sobre dois líderes radicais, um positivista e agora um liberal. Ou seja, representantes das 3 correntes entre os republicanos que participaram do movimento que levou à Proclamação da República.
Quintino
Antônio Ferreira de Sousa Bocaiuva, jornalista, poeta e uma liderança política
entre os republicanos, um
dos mais importantes propagandistas da República no país, nasceu em Itaguaí, Rio de Janeiro, em 4 de
dezembro de 1836. Foi ministro das Relações Exteriores de 1889 a 1891 e
presidente do estado do Rio de janeiro, de 1900 a 1903. Seu pai era
oriundo da freguesia do Santíssimo Sacramento de Salvador na Bahia, enquanto
que sua mãe era argentina.
Ficou órfão muito cedo e com 14 anos foi para São Paulo, onde continuou
seus estudos e conseguiu se sustentar trabalhando como tipógrafo e revisor na
redação do jornal Acaiaba. Ao lado de
Ferreira Viana, também redigia para o jornal A Hora. Nessa época começou a adquirir as ideias republicanas e
nacionalistas que o fizeram adotar o nome “Bocaiúva” – nome indígena de uma
palmeira brasileira. Não conseguiu
continuar o curso de Direito por não ter os
recursos necessários. Tornou-se um jornalista polêmico e de discurso
agressivo.
Quando
voltou para a cidade do Rio de Janeiro trabalhou no jornal Diário do Rio de Janeiro em 1854 e depois no Correio Mercantil de 1860 a 1864. Foi o redator do Manifesto Republicano, que foi
publicado em 3 de dezembro de 1870, na
primeira edição do A República, no
qual escreveu até 1874, quando então fundou
o jornal O Globo (1874-1883). Também
atuou em O Cruzeiro. Em 1884 fundou o
jornal O Paiz. Era maçom, contrário
ao positivismo.
Trabalhou
como agente da imigração em Nova Iorque de 1866 a 1867. O seu objetivo era atrair
mão de obra de agricultores do sul dos Estados Unidos descontentes com a
derrota na Guerra de Secessão. Junto com dissidentes do partido Liberal fundou
o Clube Republicano da Cidade do Rio de Janeiro, em 1870. No Manifesto
Republicano declarou-se defensor do federalismo no Brasil. O Manifesto
apresentava características democráticas-liberais, com inspirações nas repúblicas
dos Estados Unidos e da França.
Defendia o advento gradual
da República, com uma campanha doutrinária pela imprensa.Teve uma posição crítica diante das crises políticas, em
especial na chamada Questão Militar, contra as punições
disciplinares. Fez a ligação
política entre republicanos civis e militares.
Participou da reunião de líderes republicanos militares e civis, em 11 de novembro, na casa do marechal Deodoro, na qual esse militar manifestou sua adesão ao movimento para acabar com a Monarquia. Na manhã do dia 15 de novembro foi o único civil a cavalgar ao lado do então tenente-coronel Benjamim Constant e do Marechal Deodoro da Fonseca com as tropas que estavam indo para o quartel-general do Exército.
Como ministro das Relações Exteriores no Governo Provisório de Deodoro, negociou e assinou o Tratado de Montevideu em 25 de janeiro de 1890, sobre a Questão de Palmas entre o Brasil e a Argentina, mas o Congresso Nacional do Brasil não concordou com a concessão territorial para a Argentina que estava no Tratado, o que causou a saída de Bocaiúva do ministério e voltou a ser senador pelo Rio de Janeiro na Assembleia Constituinte. E ao ser votada a Constituição de 1891 deixou o cargo e retornou ao jornalismo. Foi chamado de "príncipe dos jornalistas brasileiros".
Foi eleito senador novamente
em 1899 e depois escolhido para o governo do Rio de Janeiro, governando de
1900-1903 e ainda foi candidato à presidência do Brasil em 1902. De volta ao
senado, apoiou a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República (1910).
Quintino Bocaiuva veio a
falecer no Rio de Janeiro no dia 11 de junho de 1912. Quando faleceu era
presidente do Partido Republicano Conservador.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
Figuras: Google
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