O meu terceiro artigo sobre republicanos no fim do
século XIX é sobre Benjamim Constant. Ele era da corrente republicana
positivista e idealizou a expressão "Ordem e Progresso" na bandeira
brasileira, que é um lema do Positivismo, pois o criador da teoria positivista,
Augusto Comte, defendia "O amor por princípio, a ordem por base e o
progresso por fim". Recebeu o título de "Fundador da República"
por proposta do positivista Demétrio Ribeiro.
Benjamin Constant Botelho de Magalhães nasceu no
dia 18 de outubro de 1836, em São Lourenço, Niterói, Rio de Janeiro. Filho do
português Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães (que foi tenente da Marinha em
Portugal), que era professor e da brasileira Bernadina Joaquina da Silva
Guimarães. Sua família passou graves dificuldades financeiras. O seu pai
obtinha o sustento por meio da escola particular onde ele lecionava. Como seus
alunos eram pobres, o que ele ganhava mal dava para a sobrevivência da
família. Leopoldo Henrique ao batizar seu filho homenageou o escritor
francês Benjamim Constant. Por dificuldades financeiras a família tinha de
mudar-se e morou em Macaé, Magé e Petrópolis.
Leopoldo Henrique foi convidado pelo Barão de Laje
a administrar uma fazenda em Minas Gerais. A situação financeira da família
melhorou, porém, durou pouco tempo, pois o pai de Benjamim morreu de tifo em 15
de outubro de 1849. Essa morte foi uma catástrofe para a família. Sua mãe
entrou em uma crise psicológica profunda e foi internada em um hospício.
Benjamim chegou a trabalhar como pedreiro no início da vida adulta por
causa dos problemas financeiros da família. Ele ajudou a cuidar de seus três
irmãos menores e tentou se suicidar.
Benjamim Constant formou-se pelo Colégio São
Bento.Foi professor, doutor em Matemática e Ciências Físicas. Chegou na
carreira militar a general de brigada. No Instituto dos Meninos Cegos, do Rio
de Janeiro, foi professor e diretor, tendo entrado em 1862 e lá trabalhou
por 20 anos. Esta escola desde 1891 passou a ser chamada de
"Instituto Benjamin Constant".
Não foi bem sucedido, do jeito que desejava,
durante o período monárquico, o que o fazia querer nova sorte com a instalação
da República. Em algumas situações em que tentava vaga como professor
titular, viu-se preterido por outros candidatos muito menos qualificados, porém
com forte apadrinhamento político.
Chegou a dar aulas de Matemática para os netos do
imperador por um breve período de tempo.
Em 22 de janeiro de 1866 foi promovido a capitão e
recebeu ordens no dia 22 de agosto para ir lutar na Guerra do Paraguai. Na
guerra pegou malária. Esteve no Paraguai de agosto de 1866 a setembro de 1867 e
decidiu voltar ao Brasil e dedicar-se exclusivamente ao magistério. Fundou o
Clube Militar em 1887, importante centro de propaganda republicana, da qual era
presidente e presidiu a sessão no dia 9 de novembro de 1889, quando foi decidido
que a Monarquia tinha de ser derrubada.
No Governo Provisório de Deodoro da Fonseca chegou
a assumir a Pasta de Ministro da Guerra. Mas por discordar de Deodoro saiu
desse cargo, tendo ido para o Ministério da Instrução Pública, Correios e
Telégrafos. Na última função, promoveu uma importante reforma curricular no
ensino primário e secundário do Distrito Federal, antigo município da corte,
com o estabelecimento de novas diretrizes para a instrução pública, inclusive
Escolas Normais para formação adequada de professores e instituição de um fundo
escolar.
Defendia o fim das Forças Armadas em um futuro
mais distante, quando seriam reduzidas à mera atuação policial para
manutenção da ordem pública. Criou assim, com base no Positivismo, a doutrina
do "Soldado-Cidadão". Por essa doutrina, antes de serem soldados, os
membros das Forças Armadas eram cidadãos de um regime republicano e como tais
deveriam comportar-se.
Faleceu no dia 18 de janeiro de 1891, em Jurujuba,
Niterói, vítima de várias complicações decorrentes da malária.
Suas principais obras foram:
- A liberdade dos antigos comparada a dos modernos
- Princípios de política aplicáveis a todos os
governos
- Princípios políticos constitucionais
A seguir trechos do livro "1889", de Laurentino Gomes,
sobre Benjamim Constant:
"...Benjamim não foi um personagem secundário
na queda do Império. A rigor, deveria estar em primeiro plano, talvez com mais
destaque ainda maior do que o dado ao marechal Deodoro. Foi ele o cérebro da
revolução de 1889, "o catequista, o apóstolo, o evangelizador, o
doutrinador, a cabeça pensante, o preceptor, o mestre, o ídolo da juventude
militar" na definição do historiador José Murilo de Carvalho. A Deodoro caberia
um papel simbólico importante, o de catalisador das energias do meio
militar..."
E ainda: "Apesar da boa reputação, às vésperas
da Proclamação da República Benjamim Constant andava visivelmente frustrado e
assombrado pelas injustiças que lhe marcavam o caminho. Na carreira militar,
sentia-se estacionado, caroneado e mal reconhecido" (...) Como professor
ganhava mal e trabalhava muito..."
__________________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário