sábado, 4 de novembro de 2017

Os líderes republicanos brasileiros no fim do século XIX-artigo 1: Silva Jardim










 
 Em decorrência de,  ser o mês de novembro  o mês em que a República foi proclamada no Brasil, por meio de um golpe militar, em um dia 15, decidi escrever sobre as lideranças republicanas da época, não por entender que elas por si só tenham sido responsáveis pelo fim do império e o início do período republicano, pois houve todo um processo envolvendo vários fatores, mas reconhecendo o papel que essas lideranças tiveram no movimento que findou com a monarquia brasileira.

Irei começar com Silva Jardim, um líder no grupo mais radical dos republicanos, que desejavam mudanças mais profundas no Brasil, com mais participação popular . Esse grupo foi derrotado em suas pretensões pelos integrantes republicanos  mais conservadores.

Antônio da Silva Jardim, nasceu em 18 de agosto de 1860, na Vila de Nossa Senhora da Lapa de Capivari, na então província do Rio de Janeiro. Seu pai era um modesto professor em Capivari e enviou Silva Jardim para Niteroi para que pudesse estudar. Em um dos colégios que esteve, o São Bento, estudou  as disciplinas Português, Francês, Geografia e Latim. Nesse período de sua vida, ajudou a fundar um jornal estudantil , onde começou sua vida política e sua luta pela liberdade.

Passou por dificuldades financeiras, porque seu pai não tinha muitas condições para sustentá-lo. Teve de procurar trabalho para pagar seus estudos e acabou trabalhando na instituição de ensino onde estava estudando, o externato Jasper.  Em São Paulo formou-se em Direito. Na faculdade  não demorou para que começasse a fazer parte da política, onde eram discutidas ideias republicanas e sobre abolicionismo.


Casou-se na cidade de Santos com uma sobrinha-neta de José Bonifácio de Andrade e Silva, chamado de Patriarca da Independência. Percorreu diversas regiões do Brasil fazendo discursos fortes contra o Império nos meses que antecederam  a queda da Monarquia.  Segundo Laurentino Gomes, em sua obra "1889": " Numa incursão a Minas Gerais, visitou 27 cidades em trinta dias, viajando a cavalo, em carro de boi ou mesmo a pé. "A revolução brasileira deve estalar pujante e vitoriosa no ano de 1889, não além!", anunciava, para delírio das multidões que se reuniam para ouvi-lo".


Às vezes ele se defrontava com ambientes hostis como na cidade de Paraíba do Sul, onde havia considerável influência dos barões de café. Lá falou sob uma chuva de pedras lançadas por simpatizantes da Monarquia.

Em Campinas, na noite de 26 de fevereiro de 1888, pregou a execução sumária da família imperial brasileira se resistisse à sua substituição pelo regime republicano. Para ele, os republicanos deveriam aproveitar que em 1889 seria o centenário da Revolução Francesa para derrubar o Império. Para a família imperial, segundo ele, teriam de ser dadas duas opções: a primeira, o exílio e a segunda, se houvesse resistência, a morte em praça pública. Ele se destacava como o mais radical dos propagandistas republicanos. Entre os opositores aos métodos revolucionários de Silva Jardim estava o grande chefe republicano Quintino Bocaiúva.

Tinha a saúde fragilizada  desde a infância, por causa da malária. Candidatou-se ao Congresso no Distrito Federal e foi derrotado.  Tendo se decidido retirar-se da política, viajou para outros países.

Quando estava com 30 anos, visitou  Pompeia, na Itália e resolveu conhecer o vulcão Vesúvio, mas ao se aproximar demais da cratera, em 1º de julho de 1891, foi tragado por uma fenda que se abriu.


Seu ideal de República estava ligado às construções mais arcaicas e radicais do direito romano, do pensamento iluminista, dos jacobinistas e ideólogos de 1789, da ideia de cidadania nacional na transição ao romantismo oitocentista entre franceses, alemães e italianos. Portanto, o resultado foi um conjunto de valores e concepções que se baseavam de modo intransigente na defesa de um espaço público e na subordinação incondicional de qualquer mecanismo de representação política à vontade do povo.


Da morte de Silva Jardim, José do Patrocínio declarou: "Extraordinário o destino do grande brasileiro: até para morrer, se converteu em lava."


Obras de Silva Jardim: Idéias de moço (1878); O general Osório (1879); A crítica de escada abaixo (1880); Campanhas de um propagandista (1891); Memórias e viagens (1891) – obra póstuma publicada em Lisboa.






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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figuras: Google

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