Em decorrência de, ser o mês de novembro o mês em que a República
foi proclamada no Brasil, por meio de um golpe militar, em um dia 15, decidi escrever
sobre as lideranças republicanas da época, não por entender que elas por si só
tenham sido responsáveis pelo fim do império e o início do período republicano,
pois houve todo um processo envolvendo vários fatores, mas reconhecendo o papel
que essas lideranças tiveram no movimento que findou com a monarquia
brasileira.
Irei começar com Silva Jardim, um líder no grupo mais radical dos
republicanos, que desejavam mudanças mais profundas no Brasil, com mais
participação popular . Esse grupo foi derrotado em suas pretensões pelos
integrantes republicanos mais
conservadores.
Antônio da
Silva Jardim, nasceu em 18 de agosto de 1860, na Vila de Nossa Senhora da Lapa de
Capivari, na então província do Rio de Janeiro. Seu pai era um modesto
professor em Capivari e enviou Silva Jardim para Niteroi para que pudesse
estudar. Em um dos colégios que esteve, o São Bento, estudou as disciplinas Português, Francês, Geografia e Latim. Nesse período de sua vida, ajudou
a fundar um jornal estudantil , onde começou sua vida política e sua luta pela
liberdade.
Passou por
dificuldades financeiras, porque seu pai não tinha muitas condições para
sustentá-lo. Teve de procurar trabalho para pagar seus estudos e acabou
trabalhando na instituição de ensino onde estava estudando, o externato Jasper.
Em São Paulo formou-se em Direito. Na
faculdade não demorou para que começasse
a fazer parte da política, onde eram discutidas ideias republicanas e sobre
abolicionismo.
Casou-se na cidade
de Santos com uma sobrinha-neta de José Bonifácio de Andrade e Silva, chamado
de Patriarca da Independência. Percorreu diversas regiões do Brasil fazendo discursos
fortes contra o Império nos meses que
antecederam a queda da Monarquia. Segundo Laurentino Gomes, em sua obra
"1889": " Numa incursão a Minas Gerais, visitou 27 cidades em
trinta dias, viajando a cavalo, em carro de boi ou mesmo a pé. "A
revolução brasileira deve estalar pujante e vitoriosa no ano de 1889, não
além!", anunciava, para delírio das multidões que se reuniam para
ouvi-lo".
Às vezes ele se defrontava com ambientes hostis como na cidade de Paraíba
do Sul, onde havia considerável influência dos barões de café. Lá falou sob uma
chuva de pedras lançadas por simpatizantes da Monarquia.
Em Campinas, na noite de 26 de fevereiro de 1888, pregou a execução sumária
da família imperial brasileira se resistisse à sua substituição pelo regime
republicano. Para ele, os republicanos deveriam aproveitar que em 1889 seria o
centenário da Revolução Francesa para derrubar o Império. Para a família
imperial, segundo ele, teriam de ser dadas duas opções: a primeira, o exílio e
a segunda, se houvesse resistência, a morte em praça pública. Ele se destacava
como o mais radical dos propagandistas republicanos. Entre os opositores aos métodos
revolucionários de Silva Jardim estava o grande chefe republicano Quintino
Bocaiúva.
Tinha a saúde
fragilizada desde a infância, por causa
da malária. Candidatou-se ao Congresso no Distrito Federal e foi derrotado. Tendo se decidido retirar-se da política,
viajou para outros países.
Quando estava com
30 anos, visitou Pompeia, na Itália e
resolveu conhecer o vulcão Vesúvio, mas ao se aproximar demais da cratera, em 1º de julho de 1891, foi tragado por uma fenda que
se abriu.
Seu ideal de
República estava ligado às construções mais arcaicas e radicais do direito
romano, do pensamento iluminista, dos jacobinistas e ideólogos de 1789, da
ideia de cidadania nacional na transição ao romantismo oitocentista
entre franceses, alemães e italianos. Portanto, o resultado foi um conjunto de
valores e concepções que se baseavam de modo intransigente na defesa de um
espaço público e na subordinação incondicional de qualquer mecanismo de
representação política à vontade do povo.
Da morte de Silva
Jardim, José do Patrocínio declarou: "Extraordinário o destino do grande brasileiro: até para morrer, se
converteu em lava."
Obras
de Silva Jardim: Idéias de moço (1878); O general
Osório (1879); A crítica de escada abaixo (1880); Campanhas de
um propagandista (1891); Memórias e viagens (1891) – obra
póstuma publicada em Lisboa.
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figuras: Google
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