segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O escritor britânico H. G . Wells

 




 

 

O escritor, professor, jornalista e historiador britânico Herbert George Wells, considerado um dos pais da ficção científica,nasceu em 21 de setembro de 1866, em Bromley, um distrito da Grande Londres, na Inglaterra. Foi membro da Sociedade Fabiana. Seus pais eram empregados domésticos que conseguiram ser proprietários de pequenas lojas. Sua educação escolar teve falhas, sendo complementada pelo hábito de ler do futuro escritor.

O contexto onde surge H. G Wells é a Segunda Revolução Industrial, com seus avanços na ciência e tecnologia, com seus automóveis, telefones, uso da eletricidade e vários inventos. Enquanto o escritor precursor da ficção científica Júlio Verne mostra uma visão mais de deslumbramento e de progresso, Wells, outro escritor que se destacou neste gênero literário, vai se mostrar desconfiado e temeroso em relação ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Quando jovem,Wells foi aprendiz de negociante de panos, mas não se destacou nessa ocupação, tendo se esforçado para se dedicar aos estudos. Escreveu posteriormente o romance Kipps, com base nessa ocupação de negociante. Iniciou como professor, em 1883, na Midhurst Grammar Schoool e depois ganhou uma bolsa para estudar na Escola Normal de Ciências, em Londres com a finalidade de estudar Biologia. Os primeiros livros publicados por Wells eram didáticos. Ele começou sua carreira de escritor como jornalista, sendo um colaborador da revista Nature. O primeiro livro publicado por ele foi Livro Didático de Biologia. O primeiro romance foi A Máquina do Tempo(1895).

Nos primeiros romances de Wells, chamados de "Romances científicos”, ele trabalhou em temas que depois seriam aproveitados mais profundamente por outros escritores de ficção científica. Tais temas, como A Máquina do Tempo, O Homem Invísivel e a Guerra dos Mundos entraram para a cultura popular. Outros tipos de romance tiveram boa aceitação no público como Tono-Bungay e Kipps.

Wells em um de seus artigos escreveu que poderia haver uma enciclopédia mundial que para ele “deveria ser viva, crescendo e mudando constantemente sob revisão, extensão e substituição pelos pensadores originais em todos os cantos do mundo”. A ideia dele lembra muito a Wikipédia que só seria criada com a criação da Internet décadas depois.

Apesar de ser um visionário, escrevendo sobre lugares no futuro com novas tecnologias e outras formas de vida, Wells também foi um crítico da realidade em que vivia, tendo escrito sobre luta de classes e a ética na ciência. Em certos romances fez críticas sociais, relatando dilemas e problemas da baixa burguesia vitoriana. Ao mesmo tempo que demostrava espanto pelo avanço da ciência também alertava sobre a questão tecnológica que para ele poderia trazer perigos.

Vislumbrou no início do século XX questões do futuro como uma possível guerra nuclear, o surgimento de um Estado Mundial e sobre a Ética na manipulação de animais. Escreveu romances utópicos, pensando em como seria uma sociedade mais organizada. No livro The Shape of Things to Come, de 1933, um conselho mundial de cientistas toma o poder ( a obra depois foi adaptada por Wells para o filme Daqui a Cem anos, de 1936, dirigido por Alexandre Korda). Nesse filme havia a descrição de um cenário mais tarde visto na Segunda Gierra Mundial, com cidades sendo alvos de bombardeios aéreos. Há romances que não terminam com um final feliz utópico, como na obra When the Sleeper Awakes. O escritor acreditava serem “socialistas” as suas ideias políticas. Assim, de início viu com bons olhos a forma como Lenin tentava reerguer a economia russa, tendo visitado a Rússia em 1920 e escrito o relato: Rússia in the Shadows. Mas em 1934 Wells entrevistou Stalin e mostrou discordâncias sobre o modo do ditador dirigir a União Soviética, em especial no tocante ao excesso de autoritarismo do governo e à falta de liberdade de expressão.

Na sua obra A Máquina do Tempo, um cientista inventa uma máquina capaz de fazer viajar no tempo, indo até o ano de 802.701. Nessa sociedade existiam os Elois, pacíficos, que eram devorados pelos Morlocks, que moravam em subterrâneos. Em “Os dias do Cometa”, seres humanos tem seu comportamento afetado por gases que saem de um cometa que passa perto da Terra. Em A Ilha do Dr. Moreau, Wells descreve a manipulação genética. Em O Homem Invisível,há a possível influência da obra Dr. Jekyll e Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, publicado um ano antes, sobre as experiências de um cientista usando a si mesmo como cobaia. Uma invasão alienígena da Terra foi descrita em A Guerra dos Mundos. E em Os Primeiros Homens na Lua antecipa a viagem até o satélite da Terra que no futuro seria feita no fim dos anos de 1960. Júlio Verne também escreveu no século XIX sobre uma viagem à Lua.

H. G. Wells publicou no ano de 1920 a sua obra The Outline of History, que foi traduzida no Brasil nos anos de 1950 como História Universal. Ele nessa obra mostrava uma crença na possibilidade de um socialismo global. Tentou a carreira política, sendo candidato ao Parlamento, sem conseguir se eleger. Ele integrou a Sociedade Fabiana, que objetivava mudar a sociedade inglesa, de forma gradativa, para o socialismo. O escritor passou a criticar o nacionalismo e idealizar um Estado Universal.

Em 1934 foi publicada a autobiografia de H. G. Wells: Um Experimento em Autobiografia e em 1938, na véspera do dia das bruxas, a rede de rádio dos Estados Unidos, Columbia Broadcasting System (CBS), fez uma interrupção na sua programação e noticiou como se fosse verdade uma invasão de marcianos à Terra, provocando pânico em muita gente que escutava o programa. Era um rádio teatro baseado em Guerra dos Mundos, de H. G. Wells.

 Ainda que mostrasse um lado de crítico social e humanista em várias obras, infelizmente há um outro lado de Wells que foi sua visão eugenista. Ele escreveu Anticipations (1901) e The Open Conspiracy (1928). Ele falava da Nova República, na qual mostrava ideias racistas. Disse o escritor: "De que modo a Nova República tratará as raças inferiores? Como ela lidará com os negros? E com os judeus? Com esses enxames de pessoas de pele negra, marrom, branco-escura e amarela, que não se ajustam aos novos requisitos de eficiência? Ora, o mundo não é uma instituição de caridade, e eu assumo que não há lugar para eles". Embora Wells fosse muito crítico em relação aos nazistas, ao expressar tais ideias ele se aproximava deles.

Perto do fim da vida deixou-se dominar por uma visão pessimista em relação ao futuro da Humanidade, o que deixou claro em seu último livro. Morreu em 13 de agosto de 1946, aos 79 anos, em Londres, Inglaterra. Foi casado de 1891 a 1894 com Isabel Mary Wells e de 1895 a 1927 com Amy Catherine Robbins. Teve quatro filhos.

Segundo Luara França, editora da Suma de Letras, que publica as obras de Wells no Brasil: "Wells é um dos pais fundadores da ficção científica. Ele foi o primeiro a imaginar que a Terra poderia ser invadida por extraterrestres do mal. Acho que sem ele, nossa história com os alienígenas seria completamente diferente". E ainda a mesma editora: "Em suas obras, Wells tentou imaginar uma civilização mais humanista do que a nossa. Ele queria mudar o mundo, e fazia isso misturando teorias científicas e críticas à sociedade".

Algumas frases de H. G. Wells:


“A grandeza de homem pode ser medida por aquilo que ele deixa para crescer, e se ele introduziu uma nova mentalidade com um vigor que perdurou após ele´. A julgar por este teste, Jesus ocupa o primeiro lugar.”

“Toda vez que vejo um adulto em uma bicicleta, eu já não me desespero quanto ao futuro da raça humana.”

“Se você caiu ontem, fique de pé hoje.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura:

https://www.google.com/search?sxsrf=AOaemvLhzmqlqg6LStaM1HK9CtjnZcH32A:1632778415980&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+H+G+Wells

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