quinta-feira, 16 de setembro de 2021

O pensador, orador e dramaturgo romano Sêneca

 



O terceiro pensador que escolhi para minha trilogia sobre os pensadores romanos foi Sêneca.

O filósofo estoico, dramaturgo, advogado e escritor Lúcio Aneu Sêneca nasceu em Corduba (atual cidade espanhola de Córdova), na província romana da Hispania, em 4 a. C . Era conhecido como Sêneca, o Moço; ou Sêneca, o Filósofo; ou Sêneca, o Jovem. Suas obras influenciaram pensadores renascentistas. As quatorze tragédias que ele escreveu inspiraram o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia da Europa renascentista e na arte dramática da França. Ele foi muito rico, teve sucesso como dramaturgo e chegou a ser conselheiro do imperador Nero. Na sua vida teve de conviver com pessoas hostis e poderosas, encarar as dificuldades como o exílio e os problemas de saúde e, enfim a condenação que o levou à morte. Assim como precisou correr riscos também foi responsável por grandes realizações. 

O pai de Sêneca era o mestre em Retórica e membro abastado da ordem equestre Marco Aneu Sêneca (Sêneca, o Velho) e sua mãe era Hélvia. Seu irmão mais velho era Lúcio Júnio Gálio, que foi procônsul (administrador público) na Acaia e seu sobrinho foi o poeta Lucano.

Sêneca aos três anos foi para Roma para estudos de oratória e filosofia. Como o regime de estudos foi muito severo, teve sua saúde abalada e foi para o Egito se restabelecer, voltando para Roma no ano 31, passando a ser orador e advogado, ingressando pouco depois no senado. O imperador Calígula, irritado com certos discursos de Sêneca,tramou a morte dele, porém o governante morreu antes fazeralgum mal a ele, que se protegeu das artimanhas de Calígula graças a um aviso de uma amante do imperador. Mas em 41 a esposa do então imperador Cláudio, Messalina, acusou Sêneca de ter se envolvido com a sobrinha do imperador que era casada. Sêneca havia criado uma escola de filosofia em Roma e ela era uma ouvinte frequente. Devido às intrigas de Messalina a jovem foi condenada à morte e Sêneca foi mandado para a Córsega.

 

Na Córsega, Sêneca, onde ficou por oito anos, passou por dificuldades materiais e redigiu considerável parte de seus tratados de filosofia, como por exemplo, os três que foram chamados “Consolos”. Neles mostra seus ideais em que despreza os bens materiais e procurar a tranquilidade da alma, valendo-se do conhecimento e da contemplação.

 

  Agripina, que tinha se casado com Cláudio, mandou buscar Sêneca do exílio     para ser preceptor de seu filho Nero. Ela também providenciou para que Sêneca fosse pretor no ano 50. Ele se casou com Pompeia Paulina e fez amizade com pessoas influentes.

Em 54 morre Cláudio. Sêneca foi incumbido de escrever um elogio a Cláudio. Porém depois, como uma espécie de resposta vingativa ao imperador que o exilou Sêneca escreveu a sátira Apocolocyntosis divi Claudii ("Transformação em abóbora do divino Cláudio"). Era uma crítica ao autoritarismo de Cláudio.

 Sêneca foi elevado à posição de principal conselheiro de Nero quando aos dezessete anos tornou-se imperador. As orientações que ele dava a Nero eram em direção de medidas justas e humanitárias. Mas depois de sete anos a personalidade complicada de Nero começou a afastá-lo dos conselhos sábios do filósofo.

Sêneca de influenciador passou a ter que tolerar atos crueis de Nero como a execução da mãe do imperador, uma mulher muito ambiciosa e autoritária. Os críticos de Sêneca o acusavam de não conseguir conter a tirania e a ganância de Nero.  Sobre a questão dos comportamentos arbitrários de Nero Sêneca escreveu em De Beneficiis"às vezes, mesmo contra a nossa vontade, devemos aceitar um benefício, quando é dado por um tirano cruel e iracundo, que reputaria injúria que tu desdenhasses seu presente. Não deverei aceitar?"

Sobre a questão de riquezas, Sêneca era rico, vivia com alguns poucos confortos, mas não renunciou a um estilo de vida modesto, pois acreditava que não era errado ser rico, porém sendo necessário viver de um jeito que, segundo as circunstâncias, pudesse viver com o que fosse possível e deixar de lado a riqueza que a sorte pudesse ter proporcionado e também tirado. Era a favor do cumprimento do dever e preocupado com a ética. Ele defendia a imperturbabilidade da alma (ataraxia). Procurava viver na prática sua filosofia, vivendo sem luxo ou ostentação. Dizia que se o dinheiro tivesse sido ganhado de modo honesto não era errado o sábio tê-lo, porém ele deveria ser capaz de renunciar à riqueza se fosse preciso. Em relação à escravidão, Sêneca afirmou que os escravos eram iguais aos homens livres em sua natureza.

Sêneca era um estudioso entusiasmado das correntes filosóficas, sem se prender de forma restrita a um sistema de ideias. Dizia ele: "A prosa adere ao pensamento, uniformiza-se, adapta-se a ele; e muitas vezes um subentendido produz um jogo de luzes e sombras cheios de profunda beleza, amiúde a frase breve produz inesperadas imagens pictóricas, outras vezes antíteses, ou as anedotas enriquecem as sentenças austeras, a argúcia atenua a trágica solenidade do assunto". Em suas obras são fundamentais os sentimentos. Ele se importava muito com a nobreza de espírito. Ele afirmava que os bons passavam por testes, dificuldades, que podiam fazer mais nítidas suas virtudes: "Os deuses põem à prova a virtude e exercitam a força de espírito dos bons, que devem seguir seu destino preestabelecido: o sábio, por isso, nunca será infeliz."

Quando houve a conspiração de Pisão, em 65, contra Nero, Sêneca foi acusado de ter se envolvido nela. O imperador deu ordem a Sêneca para cometer suicídio. Ele então, rodeado de amigos, suicidou-se cortando as veias dos braços, depois das pernas e enfim morreu sufocado em um banho de vapor.

Segundo a obra "De Viris Illutribus"de São JerônimoSêneca teria se correspondido com o apóstolo Paulo.  Os cristãos, segundo estudiosos, teriam adotado princípios estoicos por influência de Sêneca. O historiador Edward Gibbon disse que Sêneca tinha interesse por todos os fenômenos da natureza, como mostram as cartas “Questões da natureza”. Por meio de obras de Sêneca pode-se conhecer determinados aspectos da sociedade romana do século I. O reformista protestante João Calvino teve influências do pensamento deSêneca.

 

Segundo a autora Dilva Frazão:

 “(...) Quando retornou a Roma, por volta de 31 da era cristã, Sêneca iniciou sua carreira de orador e advogado e logo foi nomeado questor e em seguida Senador.

Ao discursar no foro criticando a instituição da escravidão e as desigualdades sociais do governo de Calígula e, destacando a fraternidade e o amor como fundamento das relações entre os homens, provocou a ira de Calígula que se sentiu ofendido e decidiu matá-lo, porém Sêneca foi salvo por uma das amantes do imperador.

Em 41, com o assassinato de Calígula, sobe ao poder o imperador Cláudio. Nesse mesmo ano, Sêneca é acusado de adultério com a princesa Julia Livilla, sobrinha do imperador. É então exilado na ilha de Córsega, onde viveu oito anos.

Nessa época, Sêneca dedicou-se aos estudos e redigiu seus principais tratados filosóficos, entre eles, "Ad Marciam de Consolationes", “Ad Helviam” e “Ad Polybium” em que expõe os ideais estoicos clássicos de renúncia aos bens materiais e a busca da tranquilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação.

Com a intervenção de Agripina, esposa do imperador Cláudio, Sêneca volta para Roma em 49, e torna-se preceptor de Nero. Nessa época, casa-se com Pompeia Paulina e constitui um poderoso grupo de amigos. Logo após o assassinato de Cláudio, em 54, Sêneca vingou-se escrevendo sua obra-prima: “Transformação em Abóbora do Divino Cláudio”, uma sátira, onde critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses.

Quando Nero foi nomeado imperador, Sêneca se tornou um de seus principais conselheiros e tentou orientá-lo para uma política justa e humanitária. Durante algum tempo, exerceu influência sobre o imperador, mas em 59, decepcionado com os maus instintos de Nero, Sêneca resolve se retirar da vida pública.

 Em 62, Sêneca passa a se dedicar a escrever e defender sua filosofia. Entre seus últimos textos estão um trabalho científico intitulado “Problemas Naturais”, os tratados: “Sobre a Brevidade da Vida” e “Sobre o Ócio” e, sua obra mais profunda, as “Epistolai Morales ad Lucilium”, em que reúne conselhos estoicos e elementos epicuristas na pregação de uma fraternidade universal, mais tarde adotadas pela igreja cristã.

Sêneca deixou também nove peças dramáticas inspiradas nos modelos clássicos e que são de fato estudos das tensões emocionais a que se vêm submetidos os personagens. Entre elas: “Medeia”, “Fedra”, “Édipo”, “Hércules” e “Agamenon”  (...)”

Segundo Lúcia Sá Rebello em “Sêneca e a reflexão sobre as contradições da condição humana”:

“(...) As cartas de Sêneca a Lucílio (Epistolaemorales ad Lucilium) são consideradas a grande obra-prima do filósofo latino. Aprendendo a viver é uma seleção de 29 textos desses 124 que Sêneca redigiu nos seus anos finaisentre 63 d.C. e 65 d.C., e apresenta uma síntese dos princípios de sabedoria, virtude e liberdade que o pensador perseguiu em vida.

Influenciado pela escola estóica e também pelos ideais epicuristas, Sêneca refletiu sobre as mais profundas contradições da condição humana, questionamentos universais, que acompanham a sociedade desde o início da Era Cristã até a atualidade. Sua filosofia aborda a busca da felicidade, o medo da morte, as desilusões, a amizade e levanta uma das principais questões dos nossos dias: como conjugar qualidade de vida e tempo escasso. Leitores do século XXI serão surpreendidos por lições como: “A duração de minha vida não depende de mim. O que depende é que não percorra de forma pouco nobre as fases dessa vida; devo governá-la, e não por ela ser levado.”; “O defeito maior da vida é ela não ter nada de comple­to e acabado, e o fato de sempre deixarmos algo para depois.” Ou ainda: “Não deixemos nada para mais tarde. Acertemos nossas contas com a vida dia após dia”.

As cartas de Sêneca fazem parte de uma longa tradição do gênero epistolar, e se distinguem das cartas comuns por não se destinarem à comunicação de natureza pessoal ou familiar, aproximando-se mais da crônica histórica. É comum ao gênero a presença de um interlocutor para desenvolver a filosofia por meio do diálogo. No caso de Lucílio, não há confirmação de que ele tenha existido (...)”.

Algumas frases de Sêneca:

(...) O homem perfeito, possuidor da virtude, nunca se queixa da fortuna, nunca aceita os acontecimentos de mau humor, pelo contrário, convicto de ser um cidadão do universo, um soldado pronto a tudo, aceita as dificuldades como uma missão que lhes é confiada. Não se revolta ante as desgraças como se elas fossem um mal originado pelo azar, mas como uma tarefa de que ele é encarregado. «Suceda o que suceder», — diz ele — «o caso é comigo; por muito áspera e dura que seja a situação, tenho de dar o meu melhor!» Um homem que nunca se queixa dos seus males nem se lamenta do destino, temos forçosamente de julgá-lo um grande homem”.

A religião é vista pelas pessoas comuns como verdadeira, pelos inteligentes como falsa, e pelos governantes como útil.”

 Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis.”

 As coisas que nos assustam são em maior número do que as que efetivamente fazem mal, e afligimo-nos mais pelas aparências do que pelos fatos reais.”

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Sêneca saúda o amigo Lucílio

“Ensina, tu, com razão, a elevar o pensamento para a imensidão. Uma coisa muito grande e generosa é a alma humana. Ela não tolera mais limites do que aqueles que são comuns à divindade. Por princípio, não aceita uma pátria no sentido restrito do termo, Éfeso ou Alexandria, ou qualquer outro lugar, caso exista, de maior população ou maiores construções. Sua pátria compreende tudo o que é rodeado pelo universo até os confins mais distantes, é tudo o que se encontra sob a abóbada celeste, os mares e as terras, onde o ar separa e une ao mesmo tempo o mundo dos deuses e dos homens, onde as divindades, cada uma em seu posto, cumprem uma missão específica.

Além disso, não permite que restrinjam a sua duração. “Todos os anos são meus”, diz ela, “não existe época proibida aos grandes espíritos; não há idade inalcançável ao pensamento. Quando surgir o dia em que se dividirá o que é humano e divino, este corpo ficará ali mesmo onde foi encontrado e me reunirei aos deuses. Mesmo agora não estou longe deles; apenas ainda sou detida pela existência terrestre.”

“É parte da cura o desejo de ser curado.”

“É válido procurarmos conhecer a que má e penosa servidão nos sujeitamos quando nos abandonamos ao poder alternado dos prazeres e das dores, esses dois amos tão caprichosos quanto tirânicos.”

“Ninguém chegou a ser sábio por acaso.”

“O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário.”

“Cada um se lança à vida, sofrendo da ânsia do futuro e do tédio do presente”.

“Alguns, sem terem dado rumo a suas vidas, são flagrados pelo destino esgotados e sonolentos” .

“Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”.

“A parte mais importante do progresso é o desejo de progredir”.

“Para a nossa avareza, o muito é pouco; para a nossa necessidade, o pouco é muito.”

"Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida."

"Trabalha como se vivesses para sempre. Ama como se fosses morrer hoje."

"A duração de minha vida não depende de mim. O que depende é que não percorra de forma pouco nobre as fases dessa vida; devo governá-la, e não por ela ser levado"; "Pobre não é o homem que tem pouco, mas o homem que anseia por mais. Qual é o limite adequado para a riqueza? É, primeiro, ter o que é necessário, e, segundo, ter o que é suficiente". Ou ainda: "Não deixemos nada para mais tarde. Acertemos nossas contas com a vida dia após dia.".

“ Comporta-te assim, reivindica o teu direito sobre ti mesmo e o tempo que até hoje foi levado embora, foi roubado ou fugiu, recolhe e aproveita esse tempo. Convence-te de que é assim como te escrevo: certos momentos nos são tomados, outros nos são furtados e outros ainda se perdem no vento. Mas a coisa mais lamentável é perder tempo por negligência. Se pensares bem, passamos grande parte da vida agindo mal, a maior parte sem fazer nada, ou fazendo algo diferente do que se deveria fazer”.

“Ninguém se preocupa em viver bem, mas em viver muito; porém, todos podem agir de modo a viver bem mesmo que não saiba por quanto tempo”.

“Os desejos da vida formam uma corrente cujos elos são as esperanças.”

“Na vida pública, ninguém olha para os que estão pior, mas apenas para os que estão melhor.”

“É errado quando acreditas em cada um, mas também é errado quando não acreditas em ninguém.”

“Viver significa lutar.”

“Procura a satisfação de veres morrer os teus vícios antes de ti.”

“Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte.”

“Maior sou e para maiores coisas nasci do que para ser escravo da minha carne.”

“Pobre não é aquele que tem pouco, mas antes aquele que muito deseja.”

“Não há nada mais belo do que ser tão querido da tua mulher, que te tornas querido de ti mesmo.”

“É grande quem sabe ser pobre na riqueza.”

 “Vive de tal maneira que não faças nada que não possas dizer aos teus inimigos.”

 “Perguntas-me qual foi o meu progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo.”

 “Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros.”

 “A embriaguez excita e traz à luz todos os vícios, tirando aquele senso de pudor que constitui um travão aos instintos ruins.”

 “Não te interesses sobre a quantidade, mas sim sobre a qualidade dos vossos amigos.”

“Os fatos devem provar a bondade das palavras.”

“Ensinando, aprende-se.”

“Quem é temido, teme: não pode ficar tranquilo quem é objeto do medo alheio.”

“Ninguém se preocupa em ter uma vida virtuosa, mas apenas com quanto tempo poderá viver. Todos podem viver bem, ninguém tem o poder de viver muito.”

“Morremos a cada dia, a cada dia falta uma parte da vida.”

“O esforço chama sempre pelos melhores.”

“A agitação contínua numa vida tumultuosa não é atividade saudável, mas inquietação.”

“Ninguém é obrigado a correr pela via do sucesso.”

“A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida.”

Não temos de nos preocupar em viver muito tempo, mas em viver em pleno.

“O importante é viver bem, não viver por muito tempo; e muitas vezes vive bem quem não vive muito.”

“O trabalho é o alimento das almas nobres.”

“O início da salvação é o conhecimento da culpa.”

“Uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde.”

“Alguns cessam de viver antes de começar a viver.”

 “É grande quem usa vasos de argila como se fossem de prata, mas não é inferior quem usa vasos de prata como se fossem de argila. Uma alma fraca não sabe suportar a riqueza.”

“O lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo.”

“Infeliz é o espírito ansioso pelo futuro.”

“Existe muita diferença entre uma vida tranquila e uma vida ociosa.”

“A vantagem é recíproca, pois os homens, enquanto ensinam, aprendem.”

“As coisas não são elogiadas porque são desejáveis, mas desejadas porque são elogiadas.”

“Quem vive na tranquilidade, que seja mais ativo; quem vive na atividade deve encontrar tempo para descansar. Segue a natureza: ela te lembrará que fez o dia e a noite.”

“Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.”

“Devemos ir buscar a coragem ao nosso próprio desespero.”

“Quem dá de boa vontade dá duas vezes.”

“Se me apetece rir de um louco, não preciso de ir procurar muito longe; rio de mim mesmo.”

“Não se pode acreditar que é possível ser feliz procurando a infelicidade alheia.”

“O trabalho espanta os vícios que derivam do ócio.”

“A maldade bebe a maior parte do veneno que produz.”

“Um atleta não pode chegar à competição muito motivado se nunca foi posto à prova.”

“A companhia da multidão é nociva: há sempre alguém que nos ensina a gostar de um vício, ou que, sem que percebamos, transmite-nos esse vício por completo ou em parte. Quanto mais numerosas forem as pessoas com as quais convivemos, maior é o perigo.”

“Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente.”

“Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.”

“Ao avarento falta-lhe tanto o que tem quanto o que não tem; ao luxo faltam muitas coisas, à avareza todas.”

“Do mal não pode nascer o bem, assim como um figo não nasce de uma oliveira: o fruto corresponde à semente.”

“O amor não pode coexistir com o temor.”

“Que se cale aquele que fez um benefício. Que o divulgue aquele que o recebeu.”

“Podes conhecer o espírito de qualquer pessoa, se observares como ela se comporta ao elogiar e receber elogios.”

“Comandar não significa dominar, mas cumprir um dever.”

“Todo o prazer tem o seu momento culminante quando está para acabar.”

 “Nunca a fortuna põe um homem em tal altura que não precise de um amigo.”

“Se um grande homem cair, mesmo depois da queda, ele continua grande.”

“Diz todas estas coisas aos outros, mas de modo que, ao dizê-las, tu também possas ouvi-las.”

“Muitas vezes uma pequena oferta produz grandes efeitos.”

“As ideias belas e verdadeiras pertencem a todos.”

“A virtude, embora oculta, deixa seus vestígios para quem dela é digno.”

“Um timoneiro que se preze continua a navegar mesmo com a vela despedaçada.”

“A filosofia é um bom conselho.”

“Quem foi expulso do reino da verdade jamais poderá ser tido como um homem feliz.”

“Quem decide um caso sem ouvir a outra parte não pode ser considerado justo, ainda que decida com justiça.”

“O pobre carece de muitas coisas, mas o avarento carece de tudo.”

“Toda crueldade resulta de fraqueza.”

“Quando não podemos corrigir alguma coisa, o melhor a fazer é saber suportá-la”.

“Enquanto adiamos as coisas, a vida passa.”

“Conversa com aqueles que possam fazer-te melhor do que és.”

“Vou ensinar-te agora o modo de entenderes que não és ainda um sábio. O sábio autêntico vive em plena alegria, contente, tranquilo, imperturbável; vive em pé de igualdade com os deuses. Analisa-te então a ti próprio: se nunca te sentes triste, se nenhuma esperança te aflige o ânimo na expectativa do futuro, se dia e noite a tua alma se mantém igual a si mesma, isto é, plena de elevação e contente de si própria, então conseguiste atingir o máximo bem possível ao homem! Mas se, em toda a parte e sob todas as formas, não buscas senão o prazer, fica sabendo que tão longe estás da sabedoria como da alegria verdadeira. Pretendes obter a alegria, mas falharás o alvo se pensas vir a alcançá-la por meio das riquezas ou das honras, pois isso será o mesmo que tentar encontrar a alegria no meio da angústia; riquezas e honras, que buscas como se fossem fontes de satisfação e prazer, são apenas motivos para futuras dores.”

“Quando estiveres isolado do mundo, fales contigo mesmo.
Critica a ti mesmo, pois assim te acostumarás a dizer a
verdade e a ouvi-la. Trata com maior rigor aquilo que tu
sentes como mais débil no teu caráter.”

“O ouro é testado pelo fogo.Os bravos pela aflição.”

“Os desgostos da vida ensinam a arte do silêncio.”

“Quantas vezes o dia transcorreu como o planejado?”

“O que você pensa de si mesmo é muito mais importante do que o que os outros pensam de você.”

“Fazer publicidade da nossa virtude significa que nos preocupamos com a fama, e não com a virtude em si.
Não queres ser justo sem gozares da fama de o ser ?
Pois fica sabendo: muitas vezes não poderás ser justo sem que façam mau juízo de ti!
Em tal circunstância, se te comportares como sábio, até sentirás prazer em ser mal julgado por uma causa nobre”

“Os vícios sufocam os homens e andam à sua volta, não lhes permitindo levantar nem erguer os olhos para distinguir a verdade. Permanecem imersos, presos às paixões, não favorecendo um voltar-se para si próprio. Mesmo encontrando alguma paz, eles continuam sendo levados por suas ambições, não achando tranquilidade, tal como o fundo do mar que, depois da tempestade, ainda continua agitado.”

“Se me oferecessem a Sabedoria com a condição de guardar só para mim, sem comunicar a alguém, não a quereria.”

“O galardão das boas obras é tê-las feito. Por isso, não pode haver melhor prêmio."

"Busquemos as coisas boas, não na aparência, mas sólidas e duradouras, mais belas no seu interior. Devemos descobri-las. Não estão longe, serão encontradas; apenas se precisa saber quando as encontramos. No entanto, passamos como cegos ao lado delas, tropeçando no que desejamos..."


“Há pessoas que não param de se atormentar com lembranças das coisas passadas; outras se afligem pelos males que virão. É tudo absurdo, pois o que já aconteceu não nos afeta e o futuro ainda não nos toca... Devemos contar cada dia como uma vida separada.”

"Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve."

“Hoje compreendo que a causa principal de tamanho sofrimento era que eu nunca imaginara que ele pudesse morrer antes de mim. Como se a morte respeitasse uma ordem de passagem.”

“Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.”
Somente a pessoa que corre riscos é livre!”

“Não há vício que se não esconda atrás de boas razões; a princípio, todos são aparentemente modestos e aceitáveis, só que pouco a pouco vão-se expandindo. Não conseguirás pôr fim a um vício se deixares que ele se instale. Toda a paixão é ligeira de início; depois vai-se intensificando, e à medida que progride vai ganhando forças. É mais difícil libertarmo-nos de uma paixão do que impedir-lhe o acesso. Ninguém ignora que todas as paixões decorrem de uma tendência, por assim dizer, natural. A natureza confiou-nos a tarefa de cuidar de nós próprios, mas, se formos demasiado complacentes, o que era tendência torna-se vício.”

“Quem olha demais para as coisas dos outros não usufrui as próprias.”

“Nenhum homem é mais infeliz do aquele que nunca enfrentou a adversidade. Pois ele não está autorizado a provar a si mesmo.”

“Persuade-te, pois de que toda situação está sujeita a mudanças e de que tudo o que cai sobre os outros pode igualmente cair sobre ti.”

“Quando penso em certas coisas que falei, tenho inveja dos mudos.”

“Perdemos o dia esperando a noite e perdemos a noite esperando o amanhecer.”

“Ó tu sonho - dominador dos males, descanso do espirito, porção melhor da vida humana.”

“A justiça tardia se parece muito com a injustiça.”

“Sou homem e não considero estranho nada que é humano.”

"Tudo está repleto de crime, e o vício abunda em todo lugar; o mal praticado excede as possibilidades de qualquer remédio; a luta e a confusão tornam-se desesperadas.
Ao passo que a luxúria se degenera em pecado, a vergonha está desaparecendo com rapidez; a veneração pelo que é puro e bom é desconhecida; cada um cede aos seus próprios desejos.
Os vícios já não permanecem secretos, são públicos; a depravação tem avançado de tal maneira que a inocência torna-se não somente rara, mas desconhecida."

“Sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra alguém preparado.”

Há de vir o tempo no qual uma pesquisa diligente durante longos períodos revelará coisas que hoje estão ocultas. A duração de uma vida, mesmo que toda dedica ao céu, não seria suficiente para a investigação de um tempo de um tema tão vasto [...]. E por isso esse conhecimento só se desdobrará ao longo de sucessivas eras. Virá um tempo no qual nossos descendentes ficarão espantados com o fato de que não sabíamos de coisas que para eles serão tão evidentes [...]. Muitas descobertas estão reservadas para épocas ainda por vir, quando a lembrança sobre nós estará apagada. Nosso universo é um caso lamentavelmente ínfimo, a menos que encerre coisas que cada época terá de investigar [...]. A natureza não revela seus mistérios de uma só vez.”

“Encoraje e endureça seu espírito contra os percalços que afligem até os mais poderosos.”

“Não cedas à desgraça. Antes, avança mais audaz ainda do que a própria sorte te permite.”

“Vocês agem como mortais em tudo que temem e como imortais em tudo o que desejam.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

  

Figura:

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2 comentários:

  1. M J Rodrigues uma pessoa na qual tenho a honra de ser primo e sabedor de suas formações acadêmica, uma pessoa muito estudiosa e participante de diversos congressos e convenções inclusive internacionais. Lhe admiro muito.

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    1. Obrigado meu primo. Agradecido por seu elogio. Eu o tenho na mais alta consideração

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