quarta-feira, 29 de junho de 2022

O Dia Mundial dos Oceanos




Em 8 de junho é comemorado o Dia Mundial dos Oceanos. Quero destacar esta data, pois são de imensa importância os oceanos, ressaltando-se a vida marítima.  Os oceanos são fundamentais para o equilíbrio da vida no planeta.

É bom lembrar que os oceanos tem muita importância na biodiversidade, clima, alimentação, economia e eles são responsáveis pela maior parte do oxigênio na atmosfera. Eles cobrem mais de 70% da superfície da Terra e contêm 97% da água de todo o planeta. Também é importante considerar que as águas salgadas abrigam uma biodiversidade com quase 200 mil espécies identificadas e absorvem aproximadamente 30% do dióxido de carbono produzido pelos seres humanos. Até mesmo para a arqueologia os oceanos tem sua importância, porque há o estudo de navios naufragados.

Uma área de quase 362 milhões de quilômetros quadrados é ocupada aos oceanos, com uma profundidade média de 3690 metros e um volume de mais de 1,3 bilhão de quilômetros cúbicos. A forma e a dimensão de cada oceano modifica-se de forma lenta e permanente, havendo a relação com a movimentação das placas tectônicas. Os oceanos atuais não tem mais de 200 milhões de anos o que significa cerca de 1/20 da história da Terra

Os oceanos estão relacionados ao aquecimento global, erradicação da pobreza e segurança alimentar. Alguns países já comemoravam a data, mesmo antes de ser oficializada pela ONU. O primeiro país que propôs uma data sobre a importância de se preservar os mares foi o Canadá, em conferência a que houve na cidade do Rio de Janeiro em 1992. O governo canadense na época apoiou o evento “Oceans Day At Global Forum – The Blue Planet”, organizado pelo Instituto dos Oceanos do Canadá. A Comissão Intergovernamental Oceanográfica da Unesco em 1998 apoiou a criação de uma data internacional.

Com a criação da data de 8 de junho para o Dia Mundial dos Oceanos, cerca de 200 entidades de diversos países fazem várias atividades e realizam discussões  sobre a situação dos oceanos.

Em 5 de dezembro de 2017, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) anunciou  a  “Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável”. O período compreende os anos de 2021 a 2030. Esta proposta pretende formar uma estrutura de apoio às ações de gerenciamento sustentável dos Oceanos efetuadas por vários países. E assim destacou-se a seleção de uma série inicial de ações para incentivar uma “revolução do conhecimento do oceano”.

Segundo a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay:

“Da restauração da Grande Barreira de Corais ao mapeamento de 100% do fundo do oceano em alta resolução, esses programas e contribuições inovadores constituem o primeiro conjunto de Ações da Década da Ciência Oceânica que contribuirão para ajudar a entregar o oceano que desejamos até 2030”.

Entre estas ações estão incluídas iniciativas para expandir a pesquisa em alto mar e a exploração da “zona crepuscular” do oceano. Também estão previstas ações baseadas no desenvolvimento de conhecimentos e soluções para reduzir as múltiplas pressões sobre os ecossistemas marinhos, como as alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição e também ações para melhorar a gestão sustentável dos estoques pesqueiros.

Informações adicionais sobre os oceanos:

Mitologia Grega

Para os gregos antigos, Oceano era o mais velho dos titãs, primogênito de Urano (o Céu) e Gaia (Terra). Ele era o deus das águas correntes, do fluxo e do refluxo e a origem de todas as massas líquidas e fontes de água doce do mundo, regulamentava também o nascer e o ocaso de corpos celestes, porque a crença era de que esses corpos surgiam e desciam no reino aquático nas extremidades da Terra. Oceano era um gigantesco rio cósmico do início dos tempos, que circundava o mundo, que o mantinha apertado em uma rede circular de suas águas. Já numa época posterior, a helenística, com mais conhecimentos sobre geografia, Oceano tornou-se o deus que representava os oceanos e Poseidon reinava sobre o mar Mediterrâneo. Na obra grega Ilíada, Oceano era chamado de "o pai de todos os seres". Da união de Oceano com sua irmã Tétis, deusa das fontes de água pura surgiram rios, poços, nascentes e nuvens de chuva.

Como foram definidos os oceanos:

Conforme a proximidade dos continentes e várias características oceanográficas são definidos pela Organização Hidrográfica Internacional (IHO) cinco grandes oceanos: Oceano Atlântico, Oceano Ártico, Oceano Índico, Oceano Pacífico e Oceano Antártico. Este foi definido recentemente, pois houve há pouco tempo a identificação de suas águas como um ecossistema distinto e de grande impacto no clima global. A formação da atmosfera, o resfriamento do planeta e formação da litosfera tem uma ligação forte com a origem dos oceanos. Graças à atmosfera é que veio pelo menos 50% da água que está nas bacias oceânicas. A outra parte da água pode estar relacionada à meteoros. Os primeiros oceanos provavelmente tinham uma composição muito diferente da atual. Foi há cerca de 2,2 bilhões de anos que houve um aumento da quantidade de oxigênio no planeta. A forma como os oceanos e os continentes foram se arranjando foi um fator muito importante para haver mudanças climáticas e para a evolução de espécies.

Atlântico: O nome está relacionado à Atlas, que na mitologia grega é um dos Titãs. Por isso que também há uma outra denominação para o Atlântico: Mar de Atlas. Este oceano foi mencionado pelo historiador grego antigo Heródoto. Na Idade Média, se chamou de “mar Ocidental” ou “mar do Norte”. Foi o geógrafo Mercator que voltou a chama-lo de “Atlântico” em seu mapa do mundo de 1569.

Pacífico: Foi antes chamado de Oceano do Sul, pelo navegador espanhol Vasco Nuñez de Balboa. Foi o navegador português Fernão de Magalhães que em 1520 o chamou Pacífico, impressionado com a tranquilidade das águas deste oceano. É o maior dos oceanos.

Índico: Foi chamado assim devido às características geográficas, porque banha áreas como Índia e Indonésia. O almirante chinês Zheng He o chamava no século XV de “oceano Ocidental”, nome como os chineses conheciam este oceano. É o terceiro maior oceano, ficando trás do Atlântico e do Pacífico em extensão. Banha áreas da Ásia, da África e da Oceania.

Ártico: O nome está relacionado à geografia, vem da palavra grega “arctos” (urso, animal que habita regiões banhadas pelo Ártico) e situa-se no polo norte sob a constelação de Ursa Maior.

Antártico: O nome vem em oposição ao Ártico, o do norte é Ártico e o do sul é Antártico e circula a Antártica, o continente congelado.

Limite dos Oceanos:

Há algum tempo eram definidos 4 oceanos delimitados por terra (continentes e algumas ilhas). Hoje em dia se considera o oceano Antártico, cujas águas possuem um impacto nos outros oceanos. Atualmente a Organização Hidrográfica Internacional (IHO) é quem define os limites entre as águas oceânicas. São 77 os países que fazem parte desta Organização. Os técnicos da IHO para definir limites analisam os oceanos levando em conta relevos marinhos destes oceanos, tipos de correntes marítimas, temperaturas dessas águas e ecossistemas estabelecidos nestes ambientes.

Foi no ano 2000 que os limites do Oceano Antártico foram propostos pela IHO. Houve países membros da IHO que discordaram dos parâmetros. Em 2021 a National Geographic Society fez um reconhecimento oficial daquelas águas como sendo o quinto oceano.

Problemas:

Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus), uma Organização Não Governamental de Ambiente, de Portugal, aponta dez problemas:

 "1) Sobreexploração da pesca

Estudos indicam que há uma considerável redução nas populações de algumas espécies de peixes. Como exemplo, a sobrepesca do bacalhau nas águas do Canadá quase levou à extinção deste peixe e a pesca da sardinha em Portugal que tem recomendações de organismo científico internacional para que termine totalmente já este ano. Para além da sobrepesca, também existe uma grave falta de gestão da atividade ou incumprimento de regras. Falta de definição das dimensões dos animais ou da época de captura o que permita a captura de juvenis ou fêmeas com ovos são alguns dos problemas recorrentes.

 2) Captura excessiva de espécies com ciclos de vida longos, tais como alguns tubarões e atuns

Algumas destas espécies são utilizadas para culinária de luxo ou com fins de terapias alternativas para tratamentos de saúde (exemplo, a barbatana de alguns tubarões é muito apreciada na Ásia). As espécies no topo das cadeias alimentares têm, normalmente um ciclo de vida mais longo, com reprodução mais espaçada, logo menos resistente à recuperação das espécies.

 3) Aquicultura não sustentável

A aquicultura intensiva no mar promove a proliferação de agentes poluentes nas águas marinhas. A produção de peixes e bivalves implica a utilização de antibióticos e outros produtos químicos, alguns deles tóxicos para o ecossistema. Esta situação é facilmente visível nas águas da Ásia devido à produção intensiva de amêijoa vietnamita.

 4) Lixo

A quantidade de lixos deixados nas praias ou atirados para as linhas de águas terrestres, tais como rios e ribeiras, têm como destino final o oceano. A situação é mais grave quando se tratam de resíduos não biodegradáveis, tais como os plásticos, que se vão fragmentando em partículas mais pequenas, os microplásticos, e que são confundidos com alimento por muitas espécies marinhas. Os microplásticos presentes em produtos de higiene e de limpezas domésticas e industriais também terão os mesmos destinos. As ilhas de lixo de plástico são já uma realidade em algumas zonas dos oceanos.

 5) Aquecimento das águas

O aumento da temperatura dos mares causa imensas alterações nos ecossistemas marinhos, com consequências gravosas e letais para muitas espécies. É também responsável por alteração de rotas migratórias provocando desequilíbrios nas cadeias alimentares. Para se ter uma noção, o aquecimento de 0,5ºC nas águas dos recifes de coral, provoca a sua morte. Os recifes de coral saudáveis funcionam como “maternidades” e zonas de abrigo para variadíssimas espécies usadas na alimentação humana e das quais dependem algumas comunidades de povos pescadores.

 6) Poluição

Muitos fertilizantes e pesticidas utilizados sistematicamente na agricultura acabam por ir parar ao oceano. Alguns desses produtos provocam alterações irreversíveis e fatais para as espécies (por exemplo, afetam no processo de reprodução). Além disso, se ingeridos pelo ser humano podem trazer problemas de saúde ao mesmo.

7) Concentrações elevadas de mercúrio

O mercúrio em excesso causa doenças graves nos seres vivos e no Homem. É um poluente que se acumula na cadeia alimentar (bioacumulação) e chega ao Homem através da ingestão de peixes, e que em excesso pode causar graves doenças. Daí o consumo de determinados peixes dever ser regrado, como o peixe-espada preto, o atum, entre outros.

 8) Destruição de habitats

Existem habitats muito importantes como local de abrigo para a reprodução, por exemplo as pradarias marinhas e as florestas marinhas, que estão a ser destruídas por várias causas, entre as quais a utilização de artes de pescas agressivas como a pesca de arrasto.

 9) Obras de engenharia e extração de petróleo

Todas as alterações do meio marinho provocadas por construções, perfurações em profundidade, e tantas outras (incluindo a poluição sonora) causam, alterações no habitat, provocam perturbações várias e produzem poluentes. Estes fatores contribuem para a destruição do habitat e comprometem a sobrevivência das espécies marinhas.

 10) Acidificação dos Oceanos e corais

Algumas das mudanças verificadas com as alterações climáticas ao nível dos oceanos implicam alterações do Ph, devido ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Esta situação é bem notória nas zonas tropicais, onde os ecossistemas marinhos são extremamente sensíveis e ricos em biodiversidade, e cujos habitats estão a sofrer alterações que se podem revelar irreversíveis, nomeadamente do caso dos recifes de corais.”

 A referida associação fez esta observação:

“Por todos estes motivos a Quercus pediu aos responsáveis políticos que acelerem e tornem mais ambiciosos os planos para a criação de Áreas Protegidas Marinhas e que invistam fortemente na redução das fontes de poluentes marinhos.”

A seguir algumas colocações de especialistas:

Para a autora Jennifer Ann Thomas: “O lixo coloca em risco não apenas o ecossistema marinho, mas também a sobrevivência humana”

Para o oceanógrafo Alexander Turra, responsável pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos, “a poluição prejudica a biodiversidade e os processos da natureza, o que também gera impacto nos benefícios que os oceanos garantem para a humanidade”

Segundo avaliação de Marcos César de Oliveira Santos, coordenador do Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos e professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP):

“Até então, eram raros os institutos de pesquisa oceanográfica que se dedicavam à investigação dos oceanos. A partir dos anos 1960 e 1970 novos centros de oceanografia surgiram pelo mundo e tornaram a ciência oceanográfica uma realidade, e uma necessidade, para compreendermos nosso planeta e como manejá-lo da melhor forma(...)”

(...) “Em paralelo, movimentos conservacionistas se fizeram presentes globalmente com a preocupação intrínseca sobre os efeitos de nossas ações sobre a natureza e as consequências para nossa saúde e bem-estar...”

Para Ricardo Aguilar, biólogo e pesquisador sênior da Oceana, uma das ONGs mais ativas na defesa dos oceanos no mundo:

“Infelizmente, e apesar dos oceanos estarem na agenda, não houve muitos avanços, fora o reconhecimento do papel do ecossistema marinho – nada foi aprovado até agora para protegê-los de verdade (...). Temos que aumentar a superfície da área marinha protegida em todo o globo para chegar pelo menos aos 30% recomendados por cientistas, ONGs e a União Internacional para a Conservação da Natureza.”

A questão dos oceanos é algo que tem que ser tratado com muita seriedade e as recomendações dos especialistas precisam ser consideradas, com ações imediatas e amplas para se combater os problemas citados. É urgente. A negligência e a ganância que existem em muitas situações devem ser superadas para o bem da Humanidade.

Sugestão de vídeos: 

Mares e oceanos estão em perigo

https://www.youtube.com/watch?v=duzOPcSkBPE


Poluição dos Oceanos

 

https://www.youtube.com/watch?v=z3nkfhkmZls

_______________________________________

Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História 

Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+oceanos&sxsrf=ALiCzsZvGetrxQPOfjQ-UaS-3BwrVsQYKw:1656556056230&tbm=isch&sourc

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