Este artigo é em homenagem ao Dia Nacional da
Poesia e também a Carlos Drumond de
Andrade, grande poeta brasileiro, que nasceu em um dia 31 de outubro. Anteriormente o Dia Nacional da Poesia era
comemorado no dia de nascimento de Castro Alves, outro famoso poeta brasileiro,
que nasceu em um dia 14 de março. A data que homenageava o poeta abolicionista
foi sugerido por um deputado federal, no ano de 1977. Desde então,
essa proposta não havia sido oficializada. O Projeto de Lei que defendia essa
data como oficial foi então arquivado.
Em junho de 2015,
foi sancionada pela presidência
da República a Lei 13.131/2015, que determina o dia 31 de Outubro, dia do
nascimento de Drumond, como
a data oficial para essa comemoração.
O dia mundial da poesia é em 21 de março e
foi criado pela UNESCO em 21 de março de 1999, na sua XXX Conferência Geral, com o
objetivo de incentivar a produção e
celebrar a poesia como forma de arte em todo o mundo.
O Dia do Poeta é comemorado em 20 de Outubro, data
em que foi fundado o Movimento Poético Nacional em 20 de outubro de 1976, em
São Paulo, na casa do jornalista,
romancista, advogado e pintor brasileiro Paulo Menotti Del Picchia.
Poetas Brasileiros
No Brasil podemos destacar os poetas e poetisas:
Manoel de Barros, Machado de Assis, Paulo Leminski, Chacal, João Cabral de Melo
Neto, Castro Alves, Olavo Bilac, Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade,
Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Tomás Antonio Gonzaga,
Gregório de Matos Guerra, Augusto dos Anjos, Vinícius de Morais, Ferreira
Gullar, Ana Cristina Cesar, Adalgisa Nery, Cecília Meirelles, Cora Coralina,
Adélia Prado, Hilda Hilst, Lya Luft, etc.
Drumond
Drumond nasceu no dia 31 de outubro de 1902, na
cidade de Itabira, Minas Gerais. Foi um dos maiores poetas brasileiros do
século XX. Estudou em Belo Horizonte e no Colégio Anchieta de Nova Friburgo.
Formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua escrita
era cheia de ironia, sarcasmo e humor. Foi um dos símbolos do movimento
modernista no Brasil. Em 1925, com Emília Moura e outros fundou um veículo de informação importante para a
consolidação do modernismo a nível nacional, a Revista. No mesmo ano casou com Dolores Dutra de Morais.
Lecionou português e Geografia em Itabira, mas a
vida no interior não lhe agradou e voltando para Belo Horizonte, emprega-se
como redator no Diário de Minas.
Seu primeiro livro Alguma Poesia foi publicado em 1930 e nesse ano seu poema
"Sentimental" foi declamado na Conferência "Poesia Moderníssima
do Brasil". Colaborou no semanário Mundo
Literário (1946-1948).
Drumond foi funcionário público durante grande
parte de sua vida. Começou a escrever cedo e continuou escrevendo até o ano de
seu falecimento, em 1987, no Rio de Janeiro. Não só poesias escreveu, como
também livros infantis, contos e crônicas. Meses antes de sua morte foi
homenageado pela escola de samba Mangueira no Carnaval de 1987, como enredo
"O Reino das Palavras".
De fato, herda a liberdade linguística, o verso
livre, o metro livre, as temáticas cotidianas.
A poesia de Carlos Drummond foi várias vezes
definida por Affonso Romano de Sant'ana a partir da dialética "eu x
mundo", desdobrando-se em três atitudes:
- Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica
- Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social
- Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica
O contexto político também influenciou em parte das
poesias de Drumond, em especial a Guerra Fria, as ditaduras, o neocapitalismo
etc. No final dos anos 80 o erotismo ganha espaço na sua poesia.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1934 e assumiu a
chefia de gabinete do Ministério da Educação, do ministro Gustavo Capanema. Foi
em 1942 que publicou seu primeiro livro de prosa, "Confissões de
Minas". Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico
e Artístico Nacional.
Foi premiado, em 1946, pela Sociedade Felipe de
Oliveira, pelo conjunto da obra. Teve grande influência do Modernismo. Havia no
seu estilo poético traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo
diante da vida e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos
existenciais" e os transformava em poemas com incrível talento.
Carlos Drummond de Andrade foi também tradutor de autores como Balzac, Federico
Garcia Lorca e Molière.
Em 1962 se aposenta do serviço público mas sua
produção poética não para. Os anos 60 e 70 são produtivos. Escreveu também
crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Faleceu no dia 17 de agosto de
1987.
A seguir cito parte das obras de Carlos Drummond de Andrade
No Meio
do Caminho, poesia, 1928
Alguma Poesia, poesia, 1930
Poema da Sete Faces, poesia, 1930
Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, poesia, 1930
Brejo das Almas, poesia, 1934
Sentimento do Mundo, poesia, 1940
Poesias e José, poesia, 1942
Confissões de Minas, ensaios e crônicas, 1942
A Rosa do Povo, poesia, 1945
Poesia até Agora, poesia, 1948
Claro Enigma, poesia, 1951
Contos de Aprendiz, prosa, 1951
Viola de Bolso, poesia, 1952
Passeios na Ilha, ensaios e crônicas, 1952
Fazendeiro do Ar, poesia, 1953
Ciclo, poesia, 1957
Fala, Amendoeira, prosa, 1957
Poemas, poesia, 1959
A Vida Passada a Limpo, poesia, 1959
Lições de Coisas, poesia, 1962
A Bolsa e a Vida, crônicas e poemas, 1962
Boitempo, poesia, 1968
Cadeira de Balanço, crônicas e poemas, 1970
Menino Antigo, poesia, 1973
As Impurezas do Branco, poesia, 1973
Discurso da Primavera e Outras Sombras, poesia, 1978
O Corpo, poesia, 1984
Amar se Aprende Amando, poesia, 1985
Elegia a Um Tucano Morto, poesia, 1987
Alguma Poesia, poesia, 1930
Poema da Sete Faces, poesia, 1930
Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, poesia, 1930
Brejo das Almas, poesia, 1934
Sentimento do Mundo, poesia, 1940
Poesias e José, poesia, 1942
Confissões de Minas, ensaios e crônicas, 1942
A Rosa do Povo, poesia, 1945
Poesia até Agora, poesia, 1948
Claro Enigma, poesia, 1951
Contos de Aprendiz, prosa, 1951
Viola de Bolso, poesia, 1952
Passeios na Ilha, ensaios e crônicas, 1952
Fazendeiro do Ar, poesia, 1953
Ciclo, poesia, 1957
Fala, Amendoeira, prosa, 1957
Poemas, poesia, 1959
A Vida Passada a Limpo, poesia, 1959
Lições de Coisas, poesia, 1962
A Bolsa e a Vida, crônicas e poemas, 1962
Boitempo, poesia, 1968
Cadeira de Balanço, crônicas e poemas, 1970
Menino Antigo, poesia, 1973
As Impurezas do Branco, poesia, 1973
Discurso da Primavera e Outras Sombras, poesia, 1978
O Corpo, poesia, 1984
Amar se Aprende Amando, poesia, 1985
Elegia a Um Tucano Morto, poesia, 1987
Duas poesias de Carlos Drumond de Andrade:
Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos
Drummond de Andrade
As
sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos
Drummond de Andrade
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
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