Este artigo é sobre outro
grande brasileiro aniversariante de outubro, o poeta, compositor, jornalista,
dramaturgo e cantor Marcus Vinicius de Moraes, mais conhecido
como Vinicius de Moraes, que nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 19 de
outubro de 1913 e faleceu na mesma cidade em 09 de julho de 1980.
Ficou famoso por seus
sonetos. Foi carinhosamente apelidado de poetinha
por Tom Jobim. Era um incorrigível fumante, gostava muito de uísque e ligado à
vida boêmia. Teve nove mulheres e suas obras foram voltadas para a literatura,
cinema, teatro e música. Dizia que a sua atividade artística vinha de sua
poesia que considerava a sua maior vocação. Seus principais parceiros na música
foram: Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto e Carlos Lyra.
Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva
Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lydia Cruz de
Moraes, pianista amadora. Foi o segundo quatro filhos. Em 1924 entrou no
Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, no qual cantava no coral e montava
pequenas peças de teatro. Em 1927 junto aos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós
começou a fazer suas primeiras
composições. Em 1929, após concluir o ginásio, entrou para a Faculdade de
Direito do Catete, que atualmente é a Faculdade Nacional de Direito, da UFRJ.
Lá ele graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933. Conseguiu o emprego
de censor cinematográfico em 1936. E dois anos mais tarde ganhou uma bolsa do
Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de
Oxford.
Nos anos 30
Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel Bandeira,
Mário de Andrade e Oswaldo de Andrade.
Quando voltou ao Brasil em 1941, empregou-se como
crítico de cinema no jornal "A manhã" , também colaborando para a
revista "Clima". Em 1943 foi aprovado, na sua segunda tentativa, em
concurso para o Ministério das Relações Exteriores, sendo que em 1946 foi
chamado a assumir como vice-consul em Los Angeles (EUA). Quando o pai morreu em
1950, Vinicius voltou ao Brasil. Foi do corpo diplomático nos anos 50, atuando
em Paris e Roma, onde participava de encontros animados na casa do historiador
Sérgio Buarque de Holanda.
Com sua peça Orfeu da Conceição, que estreou em
1956, tornou-se prestigiado. Sua carreira musical progrediu na década de 1950,
época em que começou uma parceria com Tom Jobim. Nos anos 60 Vinicius viveu um
período grandioso na MPB, tendo sido gravadas cerca de 60 composições de sua
autoria. Teve como alguns de seus parceiros Baden Powell e Carlos Lyra.
Em 1957 foi como diplomata em Montevidéu, onde
permaneceu por três anos.
Em 1968 o governo militar o afastou da carreira
diplomática . Na ocasião o poeta estava junto com Chico Buarque em Portugal
dando espetáculos .
O violonista Toquinho, na
década de 70, passou a ser seu parceiro. Seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso Na manhã de
09 de julho de 1980, após ter se sentido mal no dia anterior, começou a
ter dificuldades para respirar e faleceu.
Sobre o poeta Vinicius de Moraes escreveu Carlos
Drummond de Andrade: “Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o
signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural. Eu queria ter sido
Vinicius de Moraes”.
A seguir uma lista de
obras de Vinicius de Moraes:
"Loira ou
Morena"( A letra era de Vinicius) em 1928.
Livro de Poemas O Caminho para a Distância em 1933.
"Dor de uma
saudade", canção composta por Vinicius e Joaquim Medina em 1933.
"O Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta
com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite" (composta com Paulo Tapajós)
e Canção para alguém (composta com Haroldo Tapajós), em 1933.
Livros: Forma e
Exegese e Ariana, a Mulher, em
1935.
Livro Cinco
Elegias, 1943.
Livro Poemas, Sonetos e Baladas, em 1946.
Revista Filme, como jornalista e crítico de
cinema em 1947.
Livro Pátria Minha, em 1949.
Nos anos 50 as canções
"Quando passas por mim"(em parceria com Antônio Maria), "Dobrado
de Amor a São Paulo", também em parceria com Antônio Maria e com Tom Jobim
compôs "Lamento
no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de
Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você", "A
Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que vou te
amar", "Garota de Ipanema", "Insensatez" e outras.
Também dos anos 50 é sua coletânea de poemas Antologia Poética e sua peça teatral
Orfeu da Conceição.
Entre 1957 a 1958, o diretor de cinema Marcel Camus
filmou "Orfeu do Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu
o nome de Orfeu Negro, sendo que Vinicius
compôs para o filme as canções "A
Felicidade" e "O Nosso Amor".
No fim da década de 50, com o início da Bossa Nova,
Vinicius e Tom criaram o álbum
"Canção do Amor Demais", onde constavam, além da faixa-título, as
canções como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra
Vez" e "Chega de Saudade".
Nos anos 60, foram lançadas as canções
"Janelas Abertas"(composta com Tom Jobim) e "Bate Coração"
(composta com Antônio Maria). Também nessa época, Vinicius pela primeira vez
registrou sua voz no álbum que continha os sambas "Água de Beber" e
"Lamento no Morro", em parceria com Tom Jobim. Com Carlos Lyra, nessa
década, Vinicius compôs "Você e Eu", "Coisa Mais Linda",
"A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Em 1961, no
Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro, foi estrelada a peça "Procura-se uma
rosa", cujos autores eram Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil.
Foi
gravada em 1962, pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio, a "Serenata do
Adeus", um ano depois gravar "Rancho das Flores". No mesmo ano foram
gravadas "Em Noite de Luar" (composta com Ary Barroso) e "Canção
da Eterna Despedida".
Também em
1962 Vinicius publicou Procura-se
Uma Rosa e Para Viver um Grande Amor.
Com Pixinguinha compôs a trilha sonora do filme Sol sobre a Lama, escrevendo as letras para os chorinhos
"Lamento" e "Mundo Melhor".
Ainda nos anos 60 com Badem Powell compôs
"Apelo", "Canção de Amor", "Canto de Tem Dó",
"Tempo Feliz", entre outras.
Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o
grupo Os Cariocas lançou no show Encontro as canções "Ela é Carioca", "Garota de
Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só
Danço Samba".
Na mesma época, Vinicius compôs as canções "Sabe
Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" para
a peça "Pobre Menina Rica". E outras canções foram compostas, com
Carlos Lyra: "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e "Minha
Namorada" .
Em 1965, duas canções de Vinicius de Moraes
concorreram, no I Festival Nacional de
Música Popular Brasileira. "Arrastão" (composta com Edu Lobo,
defendida por Elis Regina), ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor
que Não Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso,
ficou com o segundo lugar. O poeta também trabalhou no roteiro do filme Garota de Ipanema com o diretor Leon
Hirszman e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".
Em 1966
lançou livro de crônicas Para Uma Menina Com Uma Flor.
Em 1969,
Vinicius de Moraes publicou o livro Obra Poética.
Naquele mesmo período, iniciou suas primeiras
composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Dessa parceria, viriam
clássicos como "Como Dizia o poeta", "Tarde em Itapoã" e
"Testamento".
Nos anos 70 a parceria Vinicius/Toquinho
excursionou por várias cidades brasileiras e também pelo exterior. sendo
lançado o primeiro LP de estúdio, da dupla, em 1971 com destaque para "Maria
Vai com as Outras", "Morena Flor", "A Rosa
Desfolhada" e "Testamento". Em 1972, eles lançaram o
álbum "São Demais os Perigos Dessa Vida", contendo - além da
faixa-título - grandes sucessos como "Cotidiano nº 2", "Para
Viver Um Grande Amor" e "Regra três". Com Toquinho,
também compôs a trilha sonora da telenovela "Nossa Filha Gabriela"
(da extinta Tv Tupi).
Vinicius e Toquinho compuseram em 1974 "As
Cores de Abril" e "Como É Duro Trabalhar", ambas incluídas na
trilha sonora da novela Fogo sobre Terra da
Rede Globo. Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum Toquinho, Vinicius e
Amigos. Em 1975, Vinicius de Moraes lançou o álbum "O Poeta e o
Violão". No mesmo ano, a gravadora Philips lançou o álbum "Vinicius
e Toquinho". Deste LP, destaca-se "Onde Anda Você" -
parceria com Hermano Silva. No mesmo ano, Vinicius lançou o livro de poemas
infantis A Arca de Noé.
Em 1977
foi publicado o livro "Breve Momento".
Em 1978 foi
lançado o álbum Vinicius e Amália, gravado em Lisboa com a cantora
portuguesa Amália Rodrigues. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum "10
Anos de Toquinho e Vinicius" - uma coletânea de uma década de
trabalhos da dupla.
Em 1980
foi lançado o álbum Arca de Noé, que trouxe diversos intérpretes para as
composições infantis do poeta, musicadas a partir do livro homônimo.
Citei muitas das obras do poeta, mas não todas, pois a quantidade é bem
vasta.
A seguir algumas poesias de Vinicius de
Moraes:
Soneto de Fidelidade
De tudo
ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero
vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim,
quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa
me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
A Ausente
Amiga,
infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
Vinicius de Moraes
A brusca poesia da mulher amada
Longe dos
pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!
A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?
Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...
Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!
A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?
Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...
Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além
Vinicius de Moraes
Canções
https://www.ouvirmusica.com.br/vinicius-de-moraes/49278/
https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/86481/
https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49277/
Canções
https://www.ouvirmusica.com.br/vinicius-de-moraes/49278/
https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/86481/
https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49277/
_______________________________________
Márcio
José Matos Rodrigues
Figura: Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário