Paulo Jobim
Gal Costa
Neste mês de novembro de 2022 três importantes artistas brasileiros
faleceram:
o músico Paulo Jobim, o filho mais velho do compositor Tom Jobim; a
cantora Gal Costa e o apresentador de programa, ator e cantor Rolando Boldrin
1-Paulo Hermanny Jobim, filho de Tom
Jobim e Tereza Hermanny, nasceu em 4 de agosto de 1950 na cidade do Rio de
Janeiro (RJ) e morreu na mesma cidade, aos 72 anos, às 9 horas, no dia 4 de
novembro de 2022. Ele era cantor, guitarrista, flautista, compositor,
arranjador e arquiteto brasileiro. A causa da morte foi câncer de
bexiga. Ele tinha estado internado há três semanas no Hospital São Vicente, na
zona sul carioca. Estava com câncer aproximadamente há 10 anos. Ele foi um dos
idealizadores do IACJ (Instituto Antônio Carlos Jobim), que foi criado em 2001, com o
objetivo de preservar e disponibilizar ao público a obra musical e poética de Tom
Jobim.
Paulo trabalhou com
seu pai e também com outros artistas como Milton Nascimento, Chico
Buarque, Sarah Vaughan e Astrud Gilberto. Ele aprendeu a tocar vários
instrumentos como piano, piston, violão e flauta. Teve contato com músicos
famosos, tocou e compôs com grandes nomes da música brasileira, incluindo os
componentes do Clube da Esquina. Compôs a trilha sonora do filme Brasília
18%. O músico deixou três filhos.
Segundo Beth Jobim, irmã de Paulo:
"Meu irmão estava internado há
cerca de um mês, mas estava bem. Estava sendo bem cuidado. Entretanto,
infelizmente ele partiu hoje. Ele era uma pessoa muito especial, generosa,
idealista. Um grande músico, um excelente pai, um irmão maravilhoso e que nos
deixou muito cedo".
O filho de Dorival Caymmi, Danilo
Caymmi, disse: "Vá em paz querido compadre Paulinho".
Discografia de Paulo Jobim :
- (2005)
Falando de amor (Família Caymmi e Jobim) - participação
- (2003)
Jobim Sinfônico - participação
- (1999)
Quarteto Jobim Morelenbaum (Quarteto Jobim Morelenbaum)
- (1995)
Tom Jobim: inédito (Tom Jobim) - participação
- (1995)
O Tempo e o Vento-Trilha Sonora da Minissérie (Tom Jobim) - participação
- (1993)
Antonio Brasileiro (Tom Jobim) - participação
- (1991)
Família Jobim (Tom Jobim) - participação
- (1986)
Passarim (Tom Jobim) – participação.
Para ouvir:
Paulo
Jobim - Tema
(243) Desafinado -
YouTube
2-Gal Costa:
Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa,
cujo nome original era Maria da Graça Costa Penna Burgos, foi uma cantora,
compositora e multi-instrumentista brasileira, Musa da Tropicália, Musa do
Desbunde. Foi eleita pela revista Rolling Stone Brasil como
a sétima maior voz da música brasileira. Ela nasceu em 26 de
setembro de 1945, em Salvador na Bahia. Seu pai era Arnaldo
Burgos e sua mãe era Mariah Costa Penna, que a incentivava muito e que contou
que na sua gravidez ficava ouvindo música clássica esperando que essa prática
ajudasse para que a criança fosse ser depois alguém ligada à música. O pai de
Gal morreu quando ela tinha 14 anos. Ele era um pai ausente. Gal se tornou
amiga das irmãs Sandra e “Dedé” (Andréa) Gadelha, que vieram a ser esposas de
Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Gal trabalhou como
balconista em uma loja de discos famosa em Salvador, a Roni
Discos. E nessa época, em 1959 ouviu pela primeira vez o
cantor e compositor João Gilberto no rádio cantando a canção Chega de
Saudade (de autoria de Tom Jobim e Vinicius de Morais). Esse
compositor influenciou bastante Gal Costa. Dedé Gadelha foi quem apresentou Gal
a Caetano Veloso em 1963 e os dois passaram a ser grandes amigos.
Caetano
quando soube da morte de Gal Costa disse:
"Gal era uma
menina que morava na Rua Rio de São Pedro, na Graça. O mais tocante era a
emissão da voz. João Gilberto, Antonio Carlos Jobim e eu percebemos isso. Há
muitos outros aspectos em que a canção brasileira se encontrou engrandecida por
vozes femininas. Mas a emissão da voz em Gal era já música, independentemente
do domínio consciente das notas. E isso fazia com que o espírito dela
expressasse sutilezas, pensamentos, sentimentos, asperezas, doçuras, de modo
espontâneo. O disco Recanto diz tudo o que chego a saber sobre
Maria da Graça, Gracinha, Gal. Compus novas canções (que somei a uma que eu
tinha feito para Jane Duboc, exemplo de cantora com absoluto domínio da música)
para que o significado da presença de Gal entre nós se explicitasse. Vou
ouvir Recanto - e sugiro a quem me leia que faça o mesmo -
para repensar a Gal Fa-Tal, a Gal Domingo, a Gal Meu Nome É Gal (...)”.
A cantora
incialmente em sua carreira e no primeiro compacto gravado se apresentava como
"Maria da Graça". O produtor Guilherme Araújo sugeriu a ela que
usasse o nome artístico "Gal”. Ela disse a Jô Soares, em 2013, em uma
entrevista, que tinha alterado seu registro civil para constar o apelido pelo
qual ficou conhecida nacionalmente, passando a se chamar oficialmente Gal Maria
da Graça Penna Burgos Costa.
Em 22 de agosto de
1964 Gal Costa ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé
e outros estreou o espetáculo Nós, Por exemplo, que inaugurou o
Teatro Vila Velha, em Salvador. E também em 1964 participou de Nova
Bossa Velha, Velha Bossa Nova, no mesmo teatro. Em 1965 houve a primeira
gravação em disco no disco de estreia de Maria Bethania. No primeiro compacto,
lançado pela RCA, estavam as canções: Eu vim da Bahia, de Gilberto
Gil, e Sim, foi você, de Caetano Veloso. No fim desse ano ela
conheceu João Gilberto e em 1966 participou do I Festival Internacional
da Canção, com a canção Minha Senhora, de Gilberto Gil e
Torquato Neto. Em 1967 ela lançou o primeiro LP, pela gravadora Philips, que
depois virou Polygram e atualmente é a Universal Music.
A canção "Coração Vagabundo”, que fez muito sucesso, fez parte desse
disco. Ela defendeu as canções Bom Dia, de Gilberto Gil e Nana
Caymmi e Dadá Maria, de Renato Teixeira no III
Festival de Música Popular Brasileira.
Gal
participou do disco Tropicália ou Panis et Circensis em 1968, cantando Mamãe
Coragem de Caetano Veloso e Torquato Neto; Parque Industrial (Tom
Zé); Enquanto seu lobo não vem, de Caetano Veloso e Baby, também de
Caetano, o primeiro grande sucesso solo da cantora. No mesmo ano ainda
participou, em novembro, do IV Festival da Record, com a
canção Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em
1969 ela lançou o primeiro disco solo, Gal Costa. Nesse disco
constavam Baby, Divino Maravilhoso, Que Pena (“Ele
já não gosta mais de mim”), de Jorge Benjor e Não identificado, de
Caetano Veloso. Essas canções fizeram sucesso. Ainda em 1969 ela gravou o disco
“Gal”, o seu primeiro disco solo “Gal”, com os sucessos “Meu nome é Gal”, de
Roberto e Erasmo Carlos e “Cinema Olímpia” (Caetano Veloso), sendo que foi a
partir desse disco que surgiu o espetáculo Gal!
Gal passou a viver na cidade do Rio de
janeiro desde a década de 1960 e no final dos anos 80 voltou a morar em
Salvador. Nos anos 70 foi visitar Caetano e Gil exilados na Inglaterra. De lá
trouxe para o Brasil algumas músicas para o seu disco “Legal”. Uma dessas
músicas foi “London, London”. Gravou os sucessos
"Sua estupidez" (Roberto e Erasmo Carlos) e "Você não entende
nada" (Caetano Veloso) em 1971. Também nesse ano foi realizado o show
“Fa-Tal”, gravado ao vivo e teve relevância para a música brasileira e que
levou ao disco "Fa-Tal / Gal a Todo Vapor", que traz grandes
sucessos. Gravou o disco Índia, com direção de Gilberto Gil, em
1973 e depois veio o show com o mesmo nome. Gravou em 1975 com um grande
sucesso a canção “Modinha para Gabriela”, para a novela “Gabriela” para
a Rede Globo. E em 1976 Gal gravou o disco "Gal Canta Caymmi", com
os hits "Só louco", "Vatapá", "São
Salvador" e "Dois de fevereiro", todas de Dorival Caymmi. E
também nesse ano ela participa do show “Doces Bárbaros”, com Maria Bethânia,
Caetano e Gilberto Gil. Esse show foi realizado em vários locais do Brasil, foi
gravado um disco e foi feito um filme. Em 1979 ela passou a ser uma intérprete
consagrada de MPB, distanciando-se de um anterior repertório roqueiro. Nesse
ano ela lançou “Gal Tropical” com os sucessos “Balancê”, “Força Estranha”,
“Índia” e “Meu Nome é Gal”. E em 1980 lançou “Gal Tropical” com
músicas de Ary Barroso. Ela também participou em sua carreira de vários
programas especiais de Tv.
Bem, as realizações de Gal citadas
acima são apenas parte de muitas que aconteceram até os anos 2000 e que se
fossem mencionadas todas aqui tornariam este artigo muito grande. O importante
neste momento é destacar a relevância de Gal para a cultura, brilhando desde a
década de 1960 e sendo parceira de grandes nomes da música brasileira. Ela
ganhou em 2011 o Prêmio Grammy Latino à Excelência Musical e foi indicada sem
ganhar nos anos 2003, 2004, 2006, 2007 e 2012. Em 2001 ela foi incluída
no Hall of Fame do Carnegie Hall, após participar do show 40 anos
de Bossa Nova, em homenagem a Tom Jobim, sendo ainda a única cantora brasileira
que conseguiu esta realização.
Gal nunca se casou. Teve
relacionamentos afetivos com homens e mulheres. Nunca conseguiu engravidar
porque tinha obstrução nas trompas e não foi bem-sucedido o tratamento de
fertilização que fez. Em 2007 adotou um menino de dois anos de idade do Rio de
Janeiro, oriundo de uma favela, em situação de muita pobreza, que veio a ser
batizado como Gabriel. Em 2014 ela e o filho mudaram-se para São Paulo (SP).
Afirmou ter se tornado uma pessoa melhor depois da adoção de seu filho e disse
gostar de morar em São Paulo.
Em 9 de novembro de 2022 Gal veio a
falecer aos 77 anos, com 57 anos de carreira. Ela tinha passado por uma
cirurgia recentemente para retirada de um nódulo na fossa nasal direita. Ela
ainda estava muito ativa antes dessa cirurgia e tinha até programado uma turnê
pela Europa em novembro deste ano.
Para ouvir:
Só Louco | Gal
Costa e Silva
(243) Só Louco | Gal Costa e
Silva – YouTube
Gal Costa - Jovens
Tardes de Domingo (Com Roberto Carlos) - Dueto
(243) Gal Costa -
Jovens Tardes de Domingo (Com Roberto Carlos) - Dueto – YouTube
3- Rolando Boldrin:
Rolando Boldrin nasceu em 22 de outubro de
1936 na cidade paulista de São Joaquim da Barra, que fica a 72
km de Ribeirão Preto. Era o sétimo filho de uma família de 12 irmãos. Desde
menino gostava de ouvir uma “moda de viola” e muito jovem passou a tocar tal
instrumento. Quando tinha 12 anos ele e seu irmão formaram a dupla Boy e
Formiga, que cantava na emissora de rádio da cidade natal dos dois. E aos 16
anos Rolando graças ao apoio de seu pai, foi para São Paulo de carona em um
caminhão. Trabalhou nessa cidade como sapateiro, frentista, carregador, garçom
e ajudante de farmacêutico, mas sem deixar seu sonho de ser cantor. Ao
completar 18 anos foi servir o Exército e em 1960 participou do disco de
Lurdinha Pereira, que seria sua futura esposa, tendo lançado ele próprio o
primeiro disco solo: "O Cantadô”. Também trabalhou como ator na TV Tupi,
participando de cerca de 30 novelas e em gosto de 1981 iniciou o programa Som
Brasil, na Tv Globo, no qual Boldrin era o apresentador. Em 2010 ele foi
tema do desfile da Escola de Samba Pérola Negra no carnaval de São Paulo com o
enredo" Vamos tirar o Brasil da gaveta”.
Ao todo, foram mais de 60 anos de
carreira de Rolando Boldrin na televisão. Além de “Som Brasil”, no qual ele
contava “causos”, dançava e exibia peças teatrais, minidocumentários e
principalmente apresentava atrações musicais, ele apresentou posteriormente os
programas “Empório Brasileiro”, na Tv Bandeirantes; “Empório Brasil”, no SBT; e
na Tv Cultura o “Sr. Brasil desde 2005. Ele também atuou no cinema nos filmes
“Doramundo”, “O Tronco” e “O Filme da Minha Vida”.
Rolando Boldrin faleceu no dia 9 de
novembro de 2022, aos 86 anos, devido à insuficiência respiratória e renal. Estava internado
havia dois meses no Hospital Albert Einstein em São Paulo (SP).
Para ouvir:
Vide Vida Marvada -
Rolando Boldrin (1981)
(243) Vide Vida Marvada - Rolando Boldrin (1981) - YouTube
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figuras:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsZgQ_SywAukI4ns3YAyhCwwuiCOvw:1668138483663&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+paulo+jobim&fir=
https://br.images.search.yahoo.com/search/images;_ylt=AwrNOjpXxW1jlGcGTO716Qt.;_ylu=c2VjA3NlYXJjaARzbGsDYnV0dG9u;
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