No dia 31 de março de 1732, nascia na
vila de Rohrau, perto da Hungria, no Sacro Império Romano-Germânico, o
compositor clássico, maestro, músico e musicólogo Franz
Joseph Haydn. Era filho de Matthias Haydn e Maria
Koller.Foi um importante autor de música erudita ocidental. Fez parte da
chamada Trindade Clássica Vienense, ao lado de outros dois grandes
compositores, Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. A carreira de
Haydn foi desde o fim do Barroco até o início do Romantismo. Foi o compositor mais
importante de quartetos de cordas no Classicismo. Ele estabeleceu o formato
formal deste gênero para as gerações futuras. Definiu um novo equilíbrio de
forças entre os quatro instrumentos que constituem o quarteto de cordas: dois
violinos, viola de arco e violoncelo. Sua
participação nesse período foi fundamental para o desenvolvimento musical dessa
época na Europa. Michael Haydn, irmão de Franz, era compositor e foi colega de
Mozart em Salzburgo.O outro irmão era o tenor Johann Evangelist Haydn.
Franz Haydn viveu
principalmente na Aústria e a sua carreira foi quase toda como músico de
corte para a poderosa família Eszterházy. Haydn disse que ele foi “forçado a
ser original”. Sua genialidade foi reconhecida em vida. Teve origem em uma
família de poucas posses. Não havia uma forte tradição musical na sua família,
embora seu pai fosse um incentivador da música tradicional e sabia tocar harpa
de ouvido. Mas houve uma atmosfera musical na infância de Haydn, acontecendo
serões de canto com os vizinhos, conforme pôde ser constatado por anotações do
compositor. Os pais dele tiveram a percepção de que o filho deles tinha talento
para a música e, devido a isso, para que Haydn tivesse melhores
oportunidades, aos seis anos ele foi morar em Hainburg com seu parente, Johann
Matthias Franck, mestre de capela. Com ele teve sulas de música. Apesar de seu
período com Franck ter sido difícil, tendo passado fome e humilhações, Haydn
aprendeu a tocar cravo e violino. Ele era uma criança com uma bonita voz e
passou a cantar como soprano no coro da igreja local. O diretor de música da
catedral de Santo Estevão, Georg von Reutter, teve ótima impressão
sobre o talento musical de Haydn. Ele enviou Haydn para Viena e lá ele foi
cantor por nove anos. Nesse tempo, nos últimos quatro anos o irmão dele,
Michael, lhe fez companhia.
Com 18 anos, em 1749, Haydn
não tinha mais uma bela voz para cantar e ficou desempregado, passando
necessidade. Foi parar na boemia de Viena, sendo um músico ambulante por dez
anos. Mas Haydn nesse tempo entrou em um meio intelectual. Assim, tornou-se a
partir de 1753 secretário de Nicola Porpora, um destacado compositor italiano.
Foi ele que ensinou a Haydn os fundamentos da composição. Mas Haydn teve o
mérito de ter conseguido uma formação musical por seus esforços, estudando por
sua conta o tratado de contraponto Gradus ad Parnassum, de autoria
de Fux, um compositor da corte. Também o segundo filho de Johann Sebastian
Bach, de nome Carl Philipp Emanuel Bach, influenciou significativamente
Haydn. A partir de 1750 Haydn passa a escrever missas e a sua primeira
ópera: Der Krumme Teufel. Pouco depois Haydn compôs os primeiros
divertimentos e outras peças para cordas, deixando-o com uma boa imagem como
compositor e sendo bem sucedido em um novo tipo de formação musical: o
quarteto de cordas.
Entre 157-1759, Haydn passou a ser mestre de capela
do conde Karl von Morzin. O compositor dirige nessa época a orquestra de câmara
do conde e compõe suas primeiras sinfonias para esse tipo de formação que tinha
16 músicos. Também nesse tempo começou a lecionar música e se apaixona por
Theresa Keller, tendo lhe pedido em casamento. Mas como ela iria para o
convento, Haydn se casa em 1760 com Maria Anna Keller, a irmã mais velha dela,
não tendo filhos. Foi um casamento infeliz. Ele teve vários casos
amorosos e ela também pode ter tido um caso com um pintor.
Após dificuldades financeiras do conde Morzin, sua
orquestra foi desfeita e Haydn foi ser mestre de capela assistente para a rica
família húngara dos príncipes de Eszterházi. Por meio de contrato, as condições
para um músico dessa corte não eram muito dignas, com uniforme de criado e não
possuindo exclusividade sobre sua criação. Mas Haydn foi respeitado. O príncipe
Paul II Ezsterházy valorizou o gênio de Haydn. Com a morte desse príncipe,
Haydn recebeu maior apoio de Nikolaus I Ezsterházy, irmão de Paul e grande
mecenas de artistas. Em 1766 Haydn substitui o anterior mestre de capela que
tinha falecido. Foi um período de mais de 30 anos que Haydn trabalhou para essa
poderosa família. Ele tinha várias responsabilidades, como a composição, a
regência da orquestra, a execução da música de câmara, o desenvolvimento de
produções de ópera italiana, dramas heroicos ou dramas cômicos. Haydn compôs e
interpretou mais de 100 sinfonias. Tornou-se assim um dos compositores mais
reconhecidos da Europa. Também obteve autorização para viajar e em 1770 rege
obras suas em Viena, depois vai a Paris a convite da rainha Maria Antonieta.
São dessa época as bem sucedidas Sinfonias de Paris e a versão para orquestra
das Sete Últimas Palavras de Cristo.
Haydn e Mozart, a partir de aproximadamente 1781,
se tornaram bons amigos. Haydn tinha 24 anos a mais. Eles se influenciaram.
Haydn considerava Mozart um gênio. Disse Haydn para o pai do amigo: "digo-o
perante Deus e como um homem honesto, que vosso filho é o maior compositor que
eu conheço em pessoa ou em nome, porque tem o gosto e a maior das ciências da
composição". Mozart considerava que Haydn era um mestre e um modelo, tendo
dedicado seis quartetos para ele. Chamava Haydn de: “Papá”, “Guia” e
“melhor amigo”. Mozart levou Haydn para participar da maçonaria em 1785. Quando
se despediram antes da viagem de Haydn a Londres em 1790, que tinha aceitado
uma ótima oferta de emprego, seria a última vez que se veriam. Mozart morreu em
1791. Devido o sucesso de sua música, Haydn regressou e ficou em Londres nos
anos de 1794/1795. Nesses anos ele compôs as suas últimas doze sinfonias (nº
93-104), as chamadas “Sinfonias Londrinas”. Foi muito elogiado e recebeu
convite para permanecer em Londres. Mas ele decidiu voltar para a Áustria.
Em Viena, após seu retorno da Inglaterra, Haydn
dedicou-se à compor grandes obras religiosas para coro e orquestra como os
últimos nove quartetos, os oratórios A Criação, As Estações,
o Te deum e mais seis missas que dedicou à família Eszterházy.
Foi o ápice da obra de Haydn. O príncipe Nikolaus II dessa família era um
entusiasta das artes e deu atribuições a Haydn. Um trabalho que foi dado a ele
foi a composição anual de uma missa para celebrar o aniversário onomástico da
esposa do príncipe, a princesa Maria Hermenegild,
Em 1802 ele já dava sinais de fraqueza física, sem poder compor, o que lhe deixou triste, pois ainda tinha ideias no campo da música. Ele nessa época foi muito visitado e recebeu homenagens. Porém o abalava a sua situação de inatividade.
A morte de Haydn foi em Viena, aos 77 anos, em 31
de maio de 1809. Na ocasião estava havendo um forte bombardeio da artilharia de
Napoleão, antes da tomada de Viena. O imperador francês mandou um guarda ficar
à porta da casa do compositor durante o tempo que ele estava próximo de morrer,
para que tivesse sossego em seus últimos momentos de vida.
Houve casos interessantes da vida de Haydn,
conhecido por ser tranquilo e geralmente otimista, com um refinado senso de
humor. Em sua sinfonia A Despedida, ele reforçou a questão do
respeito que se devia dar aos músicos, o que foi percebido pelo príncipe, que
passou a dar mais valor a eles. Também houve casos que a obra tinha uma nota
forte súbita, que era para os espectadores não dormissem enquanto a obra era
executada. Era muito respeitado pelos músicos que ele supervisionava e era
muito católico. Quando terminava uma composição escrevia: “Laudate Deo”
(“Glória a Deus”) ou uma expressão nesse sentido. Ele é considerado o pai
da sinfonia clássica e do quarteto de cordas. Criou a forma sonata, a
forma de variação dupla, sendo o pioneiro em integrar a fuga e outros modelos
de contraponto à forma clássica. São quatorze as óperas de Haydn que chegaram
aos dias de hoje. Na época que foram criadas, a mais popular foi
“drammaeroicomico” Orlando Paladino, inspirado no Orlando
Furioso de Ariosto.
Haydn foi o compositor clássico que mais compôs no
estilo trio para piano, violino e violoncelo. Ele criou 45, Mozart seis e
Beethoven sete. Haydn foi autor de 14 missas, as principais foram as seis que
estrearam entre 1796 e 1802 para homenagear Maria Hermenegild. O jovem
Beethoven teve algumas aulas com Haydn, que percebeu o talento do rapaz, mas
não pôde lhe dar muita atenção porque se encontrava muito ocupado. Foram 104 as
sinfonias de Haydn, 83 quartetos de cordas, 45 trios para piano e cordas, 62
sonatas para piano e outros trabalhos.
Segundo José Carlos Fernandes:
“Joseph Haydn (1732-1809) chegou à maioridade no
ano em que Bach faleceu, foi amigo de Mozart, professor de Beethoven
e morreu no ano em que Mendelssohn nasceu. É conhecido do grande público
sobretudo pelas sinfonias, mas consagrou-se a todos os géneros correntes no seu
tempo – tendo nalguns deles uma produção copiosa – e ainda arranjou tempo para
compor peças para instrumentos pouco comuns, como o “baryton”, uma espécie de
viola da gamba baixo com cordas metálicas adicionais, que era o instrumento
predileto do seu “patrão” Nikolaus Esterházy e para o qual escreveu 120 trios.
Haydn nasceu numa modesta família em Rohrau, na
Áustria, foi menino de coro na Catedral de St.º Estêvão, em Viena, agarrou-se,
na juventude, a várias tarefas humildes para ganhar a vida – a mais profícua
foi a de assistente/criado do compositor italiano Nicola Porpora, com quem
disse muito ter aprendido – e foi subindo na “cadeia alimentar” até, que, em
1761, com 31 anos, assumiu o posto de vice-mestre de capela da poderosa família
Esterházy, ao serviço da qual iria passar três décadas, parte delas em
condições de semi-isolamento, no magnífico palácio que o príncipe Nikolaus I
Esterházy fez construir em Esterháza. Nikolaus mudou-se para lá com a sua corte
em 1766 e aí permaneceu até à morte em 1790. Embora Haydn, promovido a mestre
de capela em 1766, não tivesse mãos a medir para assegurar a intensíssima vida
musical da corte, a partir de 1780 a sua fama foi difundindo-se pela Europa e
as encomendas de obras iam chegando-lhe um pouco de todo o lado.”
Segundo o maestro Roberto Minczuk: “Alegre,
tranquilo e, ao mesmo tempo sério, Haydn era respeitado por todos. Era um
mestre não somente em sua arte, mas também em suas atitudes para com colegas.
Tinha tanto respeito que se atrevia a correr alguns riscos. Para mostrar ao príncipe
Nicolaus Esterházy a importância dos músicos, compôs a Sinfonia Nº 45, Do
Adeus, em que os instrumentistas vão se retirando do palco um depois do
outro, até restar somente dois deles para encerrar a peça. Importante dizer
que, depois dessa apresentação, o príncipe passou a tratar melhor os músicos
que trabalhavam para ele (...)” (Grandes Compositores da Musica Clássica.
Haydn. Abril Coleções. 2009.)
“Mozart e Haydn, dois expoentes do Classicismo,
eram profundamente diferentes. O primeiro, emocionalmente instável; o outro,
quase sempre tranquilo e bem humorado. Mozart tinha pouco senso de ordem e não
dava importância ao dinheiro; Haydn construiu aos poucos, excelente patrimônio.
Além disso, os separava uma grande diferença de idade. No entanto, ligaram-se
por sólida amizade e influenciaram-se reciprocamente”. (Mestres da Música.
Haydn. Abril Cultural. 1982)
Frases de Haydn:
“Jovens podem aprender com o meu exemplo que
algo pode vir de nada. O que me tornei é o resultado dos meus esforços
difíceis”.
“Nunca fui tão devoto como quando compus a Criação.
Eu ajoelhei-me a cada dia para orar a Deus para me dar força para o meu
trabalho ... Quando eu estava trabalhando na Criação me senti
tão impregnado com a certeza divina, que antes de sentar-se ao piano, eu iria
de forma calma e confiantemente orar a Deus para me conceder o talento que era
necessário para elogiá-lo dignamente.”
“É a melodia que é o charme da música e é o que é
mais difícil de produzir. A invenção de uma fina melodia é uma obra de gênio”.
“Se você quiser saber se você tem escrito qualquer
coisa que valha a pena preservar, cante para si mesmo sem qualquer
acompanhamento”.
“Mozart é a encarnação da música”.
“Eu te digo diante de Deus e como honesto Homem,
seu filho (WA Mozart) é o maior compositor conhecido por mim . Ele é o que tem
maior habilidade na composição”.
“Muitas vezes_lutando
contra obstáculos de toda ordem, ou sentindo minhas forças falharem e achando
difícil perseverar no caminho escolhido_um secreto sentimento murmurava dentro
de mim: existem poucas pessoas contentes e felizes aqui na Terra: talvez teu
trabalho possa, um dia, ser a fonte onde os fracos, abatidos e sobrecarregados,
encontrem alguns momentos de repouso e bem estar".
Sugestão para assistir:
Joseph Haydn Sinfonia Nº 104 em
Ré maior Londres - 3º
https://www.youtube.com/watch?v=S8gDYXU6540
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
https://www.google.com/search?sxsrf=APq-WBsrs3ngsgzXd9VTPEd_23_S-MWo6A:1647403814450&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+Haydn&fir
Abs meu amigo Márcio. Parabéns 👏👏
ResponderExcluirObrigado. Qual seu nome?
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