sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O escritor francês Albert Camus

 




Em 4 de janeiro de 1960 morria, em Villeblevin (França), aos 46 anos, em um acidente automobilístico, o escritor franco-argelino Albert Camus, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1957. Além de escritor foi filósofo, dramaturgo, jornalista e ensaísta. Ele esteve ligado às correntes:  Absurdismo, Existencialismo e Anarquismo. Entre seus principais trabalhos podem ser citados O EstrangeiroA PesteO Mito de Sisifo e o Homem Revoltado. Foi participante da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial e protestou contra a dominação colonial francesa na Argélia, tomando posição defensiva quanto aos exilados antifascistas espanhois e sendo contrário ao stalinismo. Entre suas obras encontram-se peças de teatro, novelas, poemas, filmes e ensaios. Ele desenvolveu um humanismo com base na consciência do absurdo da condição humana, como também considerou a revolta como uma resposta a esse absurdo. Agindo motivado por tal revolta, encontra-se o sentido do mundo e da existência. Foi amigo de Sartre, mas teve discordâncias em relação a certas ideias desse filósofo que envolviam o existencialismo e o marxismo.

Camus nasceu em 7 de novembro de 1913, em Mondovi (atualmente Dréan), Argélia. Era filho de Lucien Auguste Camus, francês nascido na Argélia e Catherine Hélène Sintès, também nascida na Argélia. O pai de Albert Camus morreu na Primeira Guerra Mundial em 1914. Com a morte do pai a mãe mudou-se para Argel, na Argélia. Albert teve uma infância ligada à pobreza, mas segundo ele relatou depois, não foi infeliz nessa fase de sua vida, que tinha uma relação com a natureza. Ele tinha um irmão mais velho.

Incentivado por um professor da escola primária Camus  prosseguiu os estudos e foi para uma escola secundária. Ele ficou em dúvida na época se devia ir para essa escola, pois sabia que sua família era pobre, podendo ter mais condições se ele trabalhasse em vez de estudar. A mãe lavava roupa para ajudar no sustento e o tio trabalhava em uma oficina. Camus se não tivesse escolhido ir se aprofundar nos estudos possivelmente teria ido trabalhar com esse tio.

Na escola secundária para onde foi estudar Camus sentia ainda as dificuldades financeiras da família e quase abandonou os estudos. Um outro professor, Jean Grenier, o apoiou para que seguisse em frente e conseguisse se graduar em Filosofia. Os professores que lhe deram maior estímulo a estudar foram lembrados por ele em obras posteriores que ele escreveu. A sua dissertação de mestrado foi baseada em neoplatonismo e a sua tese de doutoramento teve como base Santo Agostinho.

Camus trabalhou como jornalista no jornal Alger Republicain, que ajudou a fundar.  Depois na Segunda Guerra Mundial e até 1947 colaborou na França com o jornal Combat. Também houve colaborações para o jornal Paris-Soir. 

Quando completou seu doutorado, ficou impossibilitado de se tornar um professor porque teve problemas sérios de saúde, devido à tuberculose. A doença e a possibilidade de morrer devido a ela influenciaram no desenvolvimento de obras suas. Também a doença impediu que ele continuasse a ser goleiro de futebol da seleção universitária. A respeito do futebol Camus disse certa vez em uma entrevista quando o entrevistador lhe perguntou sobre a importância do futebol na vida do escritor: "O que eu sei sobre a moral e as obrigações de um homem devo ao tempo em que joguei futebol…"

Os primeiro livros publicados de Camus foram: "O Avesso e o Direito" e "Bodas em Tipasa". Em 1939 ele foi da Argélia para a França. Sua mudança foi principalmente por causa de atritos com autoridades francesas na Argélia, pois o escritor tinha feito críticas ao tipo de tratamento dado por franceses aos árabes na Argélia. Nessa época Camus era vinculado ao Partido Comunista francês, do qual  depois se desligou. Com a eclosão da guerra a esposa e os filhos de Camus ficaram na Argélia e ele em Paris, trabalhando como jornalista. Por casua da pressão nazista, acaba indo para a região da França controlada pelo regime de Vichy, um governo francês colaboracionista dos alemães. Nessa região ele se torna membro do Núcleo de Resistência conhecido como Combat, que tinha um jornal com o mesmo nome. Também nessa época, além do jornalismo ele se dedicou ao teatro. E em 1942 ele conheceu o filósofo Jean Paul Sartre. Após a guerra tornaram-se amigos. Mas em 1952 a amizade terminou devido a a um desentendimento entre os dois por causa de críticas de Camus ao comunismo soviético, defendido por Sartre.

 Camus adorava o futebol. Quando esteve no Brasil, em agosto de 1949, ficou impressionado pela paixão dos brasileiros pelo futebol. Nessa ocasião teve contatos com intelectuais brasileiros como Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. Camus pasou pelas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Olinda, Porto Alegre e Salvador. A experiência no Brasil deixou influências em algumas obras do escritor. O Brasil teve lugar de destaque nas lembranças de seu Diário de Viagem, junto com anotações sobre viagens aos Estados Unidos, ao Canadá, para a Argentina, o Uruguai e o Chile.

Havia a proximidade de pensamento entre Camus e autores anteriores como Franz Kafka e Dostoiévsky a respeito de angústias da sociedade, com dilemas e conflitos. Também outros autores tem ligação ao movimento que envolve   arte, teatro, literatura, filosofia, movimento que é conhecido como a estética do absurdo e que tem também outros autores ligados ao mesmo (Samuel Beckett e Eugene Ionesco).

Ao morrer, em janeiro de 1960, Camus tinha em sua maleta o manuscrito de O Primeiro Homem, um romance autobiográfico, que em anotação do autor havia a observação de que deveria ser inacabado. A mãe do escritor morreu no mesmo ano. Ele não queria ter feito a viagem de carro com seu editor Michel Gallimard e sim de trem, porém o editor preferiu que fossem de carro. Além do escritor e do editor (que faleceram devido ao acidente) estavam no automóvel a esposa e a filha do editor. Houve revelações do escritor tcheco Jan Zabrana, publicadas em diário de forma póstuma, cinquenta anos depois da morte de Camus, fazendo a suposição de que a morte dele não tinha sido por mero acidente e sim por causa um plano soviético de eliminar o escritor francês que estava fazendo oposição ao tipo de política que era praticada na União Soviética, em especial à intervenção desse país na Hungria em 1956.

Segundo Fernando Luis Schuler:  “Camus viveu o lado obscuro do século XX. Século da “peste”, do medo, da submissão do homem ao absurdo da ideologia. A grande guerra, a ocupação da França o engajamento na resistência, a guerra de independência na Argélia, sua terra natal e de formação. Após o fim da guerra, foi um dos poucos intelectuais franceses a tomar plena consciência – e a tratar disso com coragem – do horror soviético, dos campos de concentração, do absurdo totalitário.” E ainda o mesmo autor: “O desassossego que sempre acompanhou Camus não se restringia ao contexto histórico em que viveu. Seu tema é existencial. A solidão. Sua própria. “Se eles não querem que eu lute”, escreveu, em 1939, logo depois de ser impedido de servir na guerra, em função da tuberculose crônica, “é porque meu destino é sempre ser deixado de lado.” O desconforto, a inadequação. Camus declarou certa vez que passara a vida com uma estranha sensação de que era culpado de alguma coisa. A desconfiança crônica com a qualidade de sua literatura. O casamento desapaixonado com Francine. O fastio com a vida intelectual parisiense. A sedução da fuga para as “cidades sem passado”. E o tédio das conferências. Uma delas, em Porto Alegre, numa noite fria, agosto de 1949, durante uma turnê pelo Cone Sul. Recebido com uma fala curta e elogiosa de Erico Verissimo, anotou em seu diário: “Essas ilhotas de civilização são frequentemente horrendas”.

Sobre a obra de Camus A Peste escreveu o doutor em letras Raphael Luiz de Araújo em 8 de março de 2020:

“Na atual conjectura, não é uma má ideia se ter por perto o clássico “A peste” (1947), do escritor franco-argelino Albert Camus. Por conta do aumento de casos de covid-19, a crônica teve suas vendas dobradas na França neste início de ano e foi alçada a terceiro livro mais vendido na Itália— juntamente com a retomada das vendas de “Ensaio sobre a cegueira” (1995), que chegou a quinto mais vendido no país.

 Para quem não a conhece, trata-se da história de uma epidemia que dizima grande parte da população da cidade de Orã, na Argélia. Em meio a um surto que expulsa ratos dos esgotos e gera pilhas de cadáveres humanos, transformando a vida de pessoas em dados estatísticos, o doutor Rieux tenta combater a morte com o que faz de melhor: curar um doente por vez.

Nestes últimos dias, alguns veículos da mídia internacional têm relembrado da obra como um tipo de antídoto, não só para o coronavírus, mas para a negligência de parte da administração da saúde pública em países atingidos, para as fake news que circulam e para o medo por parte da população que pode chegar à xenofobia, como é possível ler no The Jerusalem Post do dia 20 de fevereiro.

 Aqui no Brasil, além de opor-se a uma eventual histeria por conta da doença, Camus também pode nos inspirar a lidar com mazelas que ultrapassam essa questão. Sua obra põe em evidência os princípios da sabedoria e da coragem como formas de lidar com os excessos das nossas patologias histórico-estruturais.

O autor nos faz perceber que certos discursos políticos autoritários, assim como os micro-organismos causadores das doenças, são abstrações niilistas que nos dispersam e aniquilam.

A obra foi fundamentada em estudos do escritor sobre epidemias que atingiram a Europa, o Oriente Médio e a própria Argélia em diferentes momentos históricos, além de nutrir-se bastante da estrutura e do embate entre homem e natureza de “Moby Dick” (1851). Quando de sua publicação, “A peste” serviu como analogia para a ocupação alemã em Paris durante a Segunda Guerra, trazendo a violência absurda e arbitrária para o cotidiano das pessoas. A epígrafe emprestada de Daniel Defoe — “É tão válido representar um modo de aprisionamento por outro quanto representar qualquer coisa que de fato existe por alguma coisa que não existe” — conecta o confinamento do livro ao mal da “maladie” (“doença” em francês) que ameaçava o leitor na época.

 Mais tarde, em carta a Roland Barthes de 1955, como lembra artigo do Le Monde, de 3 de março, Camus afirma que a obra descreve “a luta da resistência europeia contra o nazismo. A prova disso é que mesmo esse inimigo não sendo nomeado, todo mundo o reconheceu em todos os países da Europa”. Assim, como um bom clássico, o livro volta a ser atual e traz uma mensagem de alerta ante os regimes totalitários sempre à espreita, afinal, “o bacilo da peste não dorme nem desaparece nunca”.

Não é à toa que “A peste” foi agrupada com outras obras de Camus no que ele denominou de Ciclo de Prometeu — o titã cuja revolta contra os deuses consiste em transmitir a sabedoria do fogo aos mortais. Em meio à desproporção entre o que esperamos dos governos e eventuais atitudes com consequências atrozes para o meio ambiente e para os grupos mais frágeis ao redor do mundo, é preciso se manter lúcido.” E ainda outro trecho do texto do articulista: “Também em contraposição às reações xenofóbicas ao vírus, Camus valoriza a união dos combatentes. Em uma cidade monótona, repleta de homens em quarentena, que tiveram que se separar de esposas e filhos, as palavras se tornam raras e sem sentido. A memória de momentos felizes se faz nebulosa. O elo entre os habitantes é ameaçado, pois a constante lamúria perde sua força. Como resposta, a amizade do doutor Rieux com o viajante Tarrou expõe o entendimento de que ambos compartilham de uma condição comum naquele universo. O amor “philia”, de amizade, constante e consciente, é uma força que se opõe ao flagelo e ao mal que nos atingem todos os dias. O amor, aliás, é o princípio e o fim da revolta camusiana, que deve arder sem jamais perder sua ternura (...)”

 

Frases de Camus:  


“Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.”

“Não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade.”

“A imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efetivamente são.”

“Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.”

“O homem tem duas faces: não pode amar ninguém, se não se amar a si próprio.”

“O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites.”

“Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo.”

“Não quero ser um gênio... Já tenho problemas suficientes ao tentar ser um homem.”

“O homem não é nada em si mesmo. Não passa de uma probabilidade infinita. Mas ele é o responsável infinito dessa probabilidade.”

Respiro a única felicidade que sou capaz - uma consciência atenciosa e cordial. Passeio o dia todo(...) cada ser que encontro, cada cheiro dessa rua, tudo é pretexto para amar sem medida. Jovens mulheres supervisionam uma colônia de férias, a trombeta do vendedor de sorvetes, as barracas de frutas, melancias vermelhas com caroços negros, uvas translúcidas e meladas - tantos apoios para quem não sabe ser só. Mas a flauta ácida e terna das cigarras, o perfume de águas e de estrelas que se encontram nas noites de setembro, os caminhos aromáticos entre as árvores de pistache e os juncos. tantos sinais de amor para quem é forçado a ser só.”

“Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quanto a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.”

"Mas do amor só conheço a mistura de desejo,
ternura e entendimento que me liga a determinado ser."

“A vida é a soma das suas escolhas.”

“Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fazemos e o que impedimos de fazer.”

“E no meio de um inverno eu finalmente 
aprendi que havia dentro de mim 
um verão invencível.”

 “Nada é mais depreciável que o respeito baseado no medo.”

“Não existe pátria para quem desespera e, quanto a mim, sei que o mar me precede e me segue, e minha loucura está sempre pronta. Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe. Eis porque sofro, de olhos secos, este exílio. Espero ainda. Um dia chega, enfim...”

“Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. - Acho que tudo está bem-, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe.”

“Já se disse que as grandes ideias vêm ao mundo mansamente, como pombas. Talvez, então, se ouvirmos com atenção, escutaremos, em meio ao estrépito de impérios e nações, um discreto bater de asas, o suave acordar da vida e da esperança. Alguns dirão que tal esperança, jaz numa nação; outros, num homem. Eu creio, ao contrário, que ela é despertada, revivificada, alimentada por milhões de indivíduos solitários, cujos atos e trabalho, diariamente, negam as fronteiras e as implicações mais cruas da história. Como resultado, brilha por um breve momento a verdade, sempre ameaçada, de que cada e todo homem, sobre a base de seus próprios sofrimentos e alegrias, constrói para todos.”

“Compreender e sentir são inseparáveis.”

 “Mas os meus escritos são as minhas horas de felicidade. Mesmo naquilo que eles tiverem de cruel. Preciso escrever assim como preciso de respirar, porque o corpo me exige.”

“Outono é outra primavera, cada folha uma flor.”

“Não há grandes dores, nem grandes arrependimentos, nem grandes recordações. Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas, e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para os desesperos sem razão que se apoderam de nós.”

“A primeira coisa que um bom cientista faz quando está diante de uma descoberta importante e tentar provar que ela esta errada."

“Amo ou venero poucas pessoas. Por todo o resto, tenho vergonha de minha indiferença. Mas aqueles que amo, nada jamais conseguirá fazer com que eu deixe de amá-los, nem eu próprio e principalmente nem eles mesmos.”

“No meio do inverno, aprendi que existia em mim um invencível verão.”

“...Compreendi que agir, amar, sofrer, tudo isso é, na verdade, viver, mas é viver na medida em que se é lúcido e se aceita o destino, como o reflexo único de um arco-íris de alegrias e de paixões, que é igual para todos.”

“Assim como não concebia uma felicidade sobre-humana, também não conseguia conceber uma eternidade além da curva dos dias. A felicidade era humana e a eternidade quotidiana. Tudo resumia em saber humilhar-se, harmonizar o coração ao ritmo dos dias, em vez de obrigá-los a seguir a curva de nossa esperança. Da mesma forma que é necessário, em arte, saber parar, pois chega sempre um momento em que uma escultura não deve ser mais tocada, e que, para isso, a vontade da inteligência serve melhor ao artista do que os mais amplos recursos da clarividência, assim também é necessário um mínimo de inteligência para se conseguir uma existência feliz. E quem não a tiver, tem de conquistá-la.”

“Ela refletia tudo sem nunca refletir, e que, com tanto silêncio e sombra, conseguia ficar à altura de qualquer luz.”

“Como deve ser duro viver somente com o que se sabe e que se tem lembrança, privado do que se espera.”

“Uma imprensa livre pode, é claro, ser boa ou ruim, mas, certamente sem liberdade, a imprensa sempre será ruim.”

“O que era necessário era reconhecer claramente o que devia ser reconhecido, expulsar, enfim, as sombras inúteis, tomar as medidas que convinham.”

“Não é, pois, necessário precisar a maneira como se ama entre nós. Os homens e as mulheres ou se devoram rapidamente no chamado ato do amor, ou se entregam a um longo hábito entre dois. Também isso não é original. (...) por falta de tempo e de reflexão, é-se obrigado a amar sem o saber.”

“Mas os dias passam-se sem dificuldades desde que se tenham criado hábitos. Sob este aspecto, sem dúvida, a vida não é muito emocionante. Mas, ao menos, não se conhece entre nós a desordem.”

“E está justamente aí o gênio: a inteligência que conhece suas fronteiras.”

“O homem cotidiano não gosta de demorar. Pelo contrário, tudo o apressa. Ao mesmo tempo, porém, nada lhe interessa além de si mesmo, principalmente aquilo que poderia ser.”

"Impacientes do presente, inimigos do passado e privados do futuro, parecíamo-nos assim bastante com aqueles que a justiça ou o ódio humanos fazem viver atrás das grades".

"Um homem se julga sempre pelo equilíbrio que obtém entre as necessidades de seu corpo e as exigências de seu espírito".

''O homem não é inteiramente culpado, não foi ele que começou a história; nem completamente inocente, já que ele a continua.''

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Márcio José Matos Rodrigues

 

Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+albert+camus&sxsrf=ALeKk03xh99HhU-pU3Dy6NaNp0RgB8HAqA:1609546759249&tbm=isch&source


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