Em 14 de
abril de 1857,em São Luís, capital do Maranhão, nasceu o romancista, cronista,
contista, caricaturista, diplomata, desenhista, pintor e jornalista brasileiro
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo. Seu pai era o vice-consul português David Gonçalves de Azevedo, viúvo de
sua primeira esposa e a mãe era Emília Amália Pinto de Magalhães, que tinha se
casado com um comerciante português aos 17 anos, mas que se separou dele porque
o mesmo era um homem muito severo. Aluisio sentiu desde criança o impacto da
união de seus pais desaprovada pela sociedade, pois não houve casamento
oficial. Tinha um irmão mais novo, o dramaturgo e jornalista Artur Azevedo. Na
infância já mostrava habilidade para desenhar e pintar e este talento lhe
ajudou quando adulto na produção literária. Estudou inicialmente em São Luís,
lá ficando até a adolescência e trabalhou nessa cidade como caixeiro e
guarda-livros.
Em 1876 foi para o Rio de Janeiro. Lá
estuda na Academia Imperial de Belas-Artes. Conseguiu a ocupação de colaborador
caricaturista de jornais, entre os quais Fígaro,
O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada.
Teve de retornar ao Maranhão, pois seu pai tinha falecido e Aluísio teve de dar
apoio financeiro à família. As dificuldades financeiras apertam e deixa por um
tempo os desenhos.
Começa como escritor e é publicada sua
obra Uma Lágrima de Mulher em 1879,
que se caracterizava por ser um livro no estilo dramalhão romântico. Por
esse tempo foi colaborador do jornal O Pensador, que era a favor da abolição da
escravatura. Seu segundo livro, O Mulato é publicado em 1881, quando
estava já fervendo a luta abolicionista. As camadas conservadoras da sociedade
da época ficaram escandalizadas porque o autor abordou no livro, de forma bem
aberta a questão racial. Essa obra inicia o Naturalismo nos meios literários no
Brasil. Nesse tempo o escritor já mostrava ser abolicionista por convicção.
No Maranhã
sua obra não é bem recebida, porém na cidade do Rio de Janeiro foi vista como
um exemplo da escola naturalista. Ele então volta para esta cidade em setembro
de 1871. No período de 1882 até 1895 passa a produzir romances, contos,
crônicas e peças de teatro, com seus parceiros Artur de Azevedo e Emílio Rouède. Os críticos
consideraram irregular o conjunto de obras que ele produziu na época, pois por
um lado tem características do romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial
para o grande público e por outro lado há obras voltadas para o naturalismo.
As obras do autor primeiro eram mais
simples, com o objetivo de gerar renda para poder se manter. Mas o autor passou
a se preocupar em observar e analisar aspectos dos grupos sociais. Foi assim
que surgiram Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). Obras
desse tipo contribuíram para se ter uma compreensão da realidade social da
cidade do Rio de janeiro no final do século XIX, quando existia uma cruel
exploração econômica e uma profunda desigualdade social.
Passa
a atuar como diplomata e vai trabalhar nessa área na Inglaterra, Espanha,
Itália, Japão, Argentina e Paraguai. Foi morar em Buenos Aires em 1910, sendo
cônsul. Nessa cidade tem um relacionamento com a argentina Pastora Luquez,
adotando os dois filhos dela. Três anos depois vem a falecer. Era fundador da
cadeira número 4 da Academia Brasileira de Letras. Seus restos mortais foram
transladados para São Luís, no Brasil, onde estão hoje em dia.
Aluísio
de Azevedo foi influenciado por escritores naturalistas europeus, como o
francês Émile Zola e o escritor português Eça de Queirós. Também há a
influência de ideias deterministas de Hippolyte Taine. Segundo esse teórico,
para se compreender o ser humano e sua história deve-se fundamentar em três
pontos: o
meio, a raça e o momento histórico.
Nas
obras do escritor brasileiro certas características do Naturalismo são
encontradas, como o fatalismo, assim como o meio social e a hereditariedade
influenciando na formação das personalidades. O crítico Alfredo Bosi fez o
seguinte comentário sobre Aluísio: "a natureza humana afigura-se-lhe uma
certa selvageria onde os fortes comem os fracos.”
Segundo a professora licenciada em
Letras Daniela Diana:
“(...) Exímio escritor, Aluísio possui
uma vasta obra literária. Escreveu contos, crônicas, romances, críticas,
novelas e peças teatrais.
Foi um dos mais emblemáticos escritores
da prosa naturalista brasileira. De suas obras literárias merecem destaque:
- O
mulato(1881):
obra que inaugura o movimento naturalista no Brasil, denunciando o
preconceito racial e criticando o Clero.
- Casa
de Pensão (1884):
obra em que descreve a vida de jovens estudantes, habitantes de uma pensão
no Rio de Janeiro.
- O
Cortiço (1890):
marco do movimento naturalista, essa obra é um retrato da sociedade
brasileira do século XIX. Narra as histórias dos habitantes de um cortiço
no Rio de Janeiro.
Características das
Obras
Como escritor, as principais
características de suas obras são: Descrição minuciosa e narrativa lenta;
Linguagem simples e regional; Foco na realidade cotidiana; Retrato da sociedade
e crítica social; Temas de patologia social; Promiscuidade, adultério e vícios;
Personagens simples e degradadas; Animalização dos personagens; Foco no
comportamento dos personagens; Decadência moral; Preconceito racial.”
Frases de Aluísio de Azevedo:
“Confio nos meus dentes, e esses
mesmo me mordem a língua!”
“Infeliz daquele a quem não é dado chorar; só o pranto afoga a dor
que a vontade não vence destruir”.
“É que seu gênio retraído e seco
dava-se maravilhosamente com esses amigos submissos e generosos - os livros;
esses faladores discretos, que podemos interromper à vontade e com os quais nos
é permitido conversar dias inteiros, sem termos aliás obrigação de dar uma
palavra.”
“E o canto daquela guitarra estrangeira
era um lamento choroso e dolorido, eram vozes magoadas, mais tristes do que uma
oração em alto-mar, quando a tempestade agita as negras asas homicidas, e as
gaivotas doidejam assanhadas, cortando a treva com os seus gemidos pressagos,
tontas como se estivessem fechadas dentro de uma abóboda de chumbo.”
___________________________________________
Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk008zeYh-fmoKLYCiCuFRGSFze1Jzg:1618004621367&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+aluisio+de+azevedo&sa=X
Nenhum comentário:
Postar um comentário