sábado, 12 de junho de 2021

O economista britânico John Maynard Keynes

 






John Maynard Keynes foi um economista nascido em Cambridge, Inglaterra, em 5 de junho de 1883. Era filho de John Neville Keynes, secretário da Universidade de Cambridge, autor da obra Escopo e Método de Economia Política (1891). A mãe de Keynes foi prefeita de Cambridge.

As teorias de John Keynes foram baseadas em obras anteriores que faziam uma análise dos ciclos econômicos. As ideias dele foram muito importantes, pois causaram mudanças na teoria e na prática da macroeconomia. Foi um economista muito influente no século XX e considerado o fundador da macroeconomia moderna. Com base em Keynes foi criada a escola chamada de keynesianismo. Ele também um incentivador das artes e diretor do Banco da Inglaterra, assim como um conselheiro de instituições de caridade, investidor privado, fazendeiro e colecionador de arte.

Em sua vida escolar, John Maynard, como estudante do Colégio Eton, recebeu medalhas por mérito em matemática e recebeu uma bolsa para estudar no King’s College, ligado à Universidade de Cambridge. Um professor ilustre dele foi o economista Alfred Marshall. Em 1906 Keynes foi para a Índia Office (serviço administrativo britânico na Índia) e dois anos depois regressou ao King’s College para se especializar no ensino dos Princípios Econômicos de Marshall. Ele passou a ter um envolvimento grande em assuntos públicos e em especial em questões de comércio e finanças. Ele se interessava menos pela economia como ciência pura e mais na economia a serviço de políticas. Sua contribuição está mais relacionada considerando-se os contextos de guerra e entre-guerras. Ele procurava achar soluções para certos problemas originários em situações desses períodos como a interrupção das relações de comércio e padrão-ouro no decorrer da Primeira Guerra Mundial. Ele examinava teoricamente tais aspectos e buscava com urgência soluções práticas para as questões.

Ao começar a Segunda Guerra Mundial Keynes concentrou-se nas questões que diziam respeito às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comércio internacional e de moedas estáveis. Para a defesa de suas idéias ele publicou um panfleto: Como Pagar a Guerra, publicado em 1940, e elaborou o "Plano Keynes" para que fosse estabelecida uma autoridade monetária internacional, que ele propôs em 1943. A proposta seguida na Conferência de Bretton Woods, em 1944, na qual ele era líder da delegação britânica, demonstrava a influência do pensamento Keynesiano.

Nos anos 30 do século XX Keynes se opôs às ideias da economia neoclássica, defensora da ideia de que mercados livres oferecem de forma automática empregos para os trabalhadores desde que fossem flexíveis em relação aos salários. Nações poderosas da Europa pós-Segunda Guerra Mundial, usaram ideias de Keynes e nas décadas de 1950 e 1960 tais ideias tinham já se tornado populares, influenciando nas políticas de vários países ocidentais. Mas a partir dos anos 70, a influência do pensamento de Keynes diminuiu em especial devido a problemas que foram acontecendo (como a Crise do Petróleo) e as fortes críticas de economistas liberais que questionavam a capacidade do Estado em resolver os problemas vindos das crises que apareciam. 

Para Keynes, os governos usariam medidas fiscais e monetárias para atenuar os efeitos negativos dos ciclos econômicos, efeitos como a recessão e a depressão. Portanto, ele defendia uma política de Estado intervencionista. Não concordou com a lei de Say, que ele, Keynes, resumiu da seguinte forma: "a oferta cria sua própria demanda".Para Keynes a produção de mercadorias não geraria, sempre e de maneira obrigatória, demanda suficiente para outras mercadorias, pois poderia haver crises de superprodução. Segundo Keynes, o mercado livre, quando ocorrem os períodos recessivos, pode não gerar demanda bastante para garantir o pleno emprego dos fatores de produção devido ao "entesouramento" das poupanças. Ele dizia que o Estado nessas situações deveria criar déficits fiscais, de modo a aumentar a demanda efetiva e criar uma situação de pleno emprego.

Keynes enfatizou os  níveis de renda. Para ele, os níveis de renda afetavam os níveis de emprego, o que constitui, naturalmente, uma ênfase diferente da encontrada nos estudos anteriores. Keynes procurava encontrar causas e curas para o desemprego periódico. Ele combinou idéias suas com desenvolvimentos anteriores. Tal forma de analisar causou transformações na Economia.

Keynes não era contra o capitalismo, mesmo ao defender a intervenção do Estado na economia. Ele elogiava o capitalismo como sistema. Mas ele queria um sistema mais aperfeiçoado, unindo um altruísmo social a ser feito pelo Estado com os impulsos ligados aos ganhos individuais (com base na iniciativa privada). O Keynesianismo apresentava-se como uma alternativa às teorias econômicas liberal e marxista.

 A intervenção estatal na economia é necessária para Keynes porque a união citada entre essas partes não acontece naturalmente, devido haver problemas em relação ao livre mercado. Ele também era um ferrenho opositor à inflação e dizia que a inflação era uma espécie de confisco de renda.

Em 7 de março de 1931, foi publicado o artigo Proposta de Receita Tarifária de Keynes no jornal New Statesmanand Nation. O autor destaca que a redução dos salários leva a uma redução da procura interna que causa sérias limitações ao mercado. Ele defendia então uma política expansionista junto com um  sistema tarifário para neutralizar os efeitos na balança comercial.

No final dos anos 2000, após mais uma crise econômica mundial, fez voltar à discussão o pensamento de Keynes. As teorias deste pensador deram apoio aos planos do presidente Roosevelt nos anos 30 e também para o governo de Obama há alguns anos nos Estados Unidos. Sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, teve consideráveis conseqüências nos meios acadêmicos e na formulação de políticas públicas. A revista Times homenageou Keynes como uma das cem pessoas mais influentes do século XX.

Quando Keynes faleceu em 21 de abril de 1946, devido a um ataque cardíaco, tinha há pouco tempo organizado o acordo de empréstimo americano. Na ocasião ele era um líder na questão de economia na Inglaterra e em outras partes do mundo. As obras mais famosas de Keynes foram: “As Consequências Econômicas da Paz”; “Um Tratado sobre Moeda”; “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”.

 

Trechos de obras e frases de Keynes:

 

 

“É necessário um elevado nível de especialização internacional num mundo racional, sempre que tal seja ditado por grandes diferenças no clima, recursos naturais, nível de cultura e densidade populacional. Mas para uma gama cada vez mais vasta de produtos industriais, e talvez também de produtos agrícolas, não acredito que as perdas económicas devidas à auto-suficiência sejam maiores do que os benefícios não económicos que podem ser obtidos ao trazer gradualmente o produto e o consumidor para o seio de uma única organização econômica e financeira nacional. A experiência está a provar cada vez mais que muitos processos modernos de produção em massa podem ser dominados na maioria dos países e em quase todos os climas com eficiência comparável.”

 

“Simpatizo com aqueles que querem minimizar o emaranhado econômico das nações e não com aqueles que o querem alargar ao máximo. Ideias, conhecimentos, arte, hospitalidade, viagens, são coisas que pela sua natureza devem ser internacionais. Mas que as mercadorias sejam feitas domesticamente sempre que possível e razoável. E, acima de tudo, que o financiamento seja principalmente nacional.”

“A verdadeira dificuldade não está em aceitar ideias novas, mas escapar das antigas.”

“Aqueles que mais verdadeiramente trilham os caminhos da virtude e da sã sabedoria são os que menos se ocupam em pensar no amanhã.”

“São as ideias, não os interesses encapotados, que são perigosas para o bem ou para o mal”.

"O economista–mestre tem de possuir uma rara combinação de dons. Ele tem de ser matemático, historiador, estadista, filósofo — em algum grau. Ele tem de compreender símbolos e falar em palavras. Tem de contemplar o particular em termos do geral, e tocar abstrato e concreto no mesmo voo do pensamento. Tem de estudar o presente à luz do passado com o objetivo do futuro. Nenhuma parte da natureza humana ou das suas instituições deve cair completamente fora do seu olhar. Tem de ser voluntarioso e desinteressado numa disposição simultânea; tão indiferente e incorruptível quanto um artista, mas por vezes tão terra a terra quanto um político."

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 


Figura: https://www.blogger.com/blog/post/edit/1042539871208354879/1793924462042124782


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