Em 7 de junho de 1839 nascia em Campos do Rio Real, uma vila de Sergipe que atualmente é o município de Tobias Barreto, o filósofo, poeta, crítico e jurista Tobias Barreto, que viria a ser líder da chamada Escola do Recife, um movimento intelectual, poético, crítico, filosófico e jurídico, que marcou a Faculdade de Direito do Recife. Ele é patrono da nº 38 da Academia Brasileira de Letras. Seu pai era Pedro Barreto de Menezes e sua mãe Emerenciana Barreto de Menezes. Após ter começado seus estudos na vila de Campos, depois estudou latim e música em Estância.
Foi estudar em 1861, em um seminário na
Bahia, mas desistiu e foi morar em um república de amigos em Salvador. Estudou
disciplinas como Filosofia e depois retornou para a vila onde nasceu e no ano
seguinte foi para Recife e entrou na faculdade de Direito. No meio dos alunos
desse curso estavam pessoas que se destacariam como Rui Barbosa, Joaquim
Nabuco e Castro Alves. Ele durante anos teve de dar aulas particulares para
poder ter seu sustento.
Tentou ensinar Latim no Ginásio
Pernambucano, mas não conseguiu a vaga. Em 1867 tentou ser professor de
Filosofia na mesma instituição e apesar de classificado, não foi escolhido. Era
de origem humilde e se sentia discriminado pela cor de sua pele. A família de
posses de Leocádia Cavalcanti não deixou que ele se casasse com ela.
Apaixonou-se pela atriz portuguesa Adelaide do Amaral, que era casada e
declamava versos para ela. Com Castro Alves Tobias travou duelos poéticos.
Tendo concluído seu curso de Direito,
Tobias morou dez anos na cidade de Escada em Pernambuco. Lá casou-se com a
filha de um abastado dono de engenho e passou a dedicar-se à advocacia. Editou
na época um jornal local e fez parte da assembléia provincial, mas não por
muito tempo. Foi para Recife e passou a lecionar Direito. Em sua homenagem a
Faculdade de Direito é conhecida como "A Casa de Tobias”. Deixou publicado
o livro de poesias “Dias e Noites”, em estilo romântico-condoreiro.
Tobias era da terceira fase de poetas românticos brasileiros. Fazia
parte do grupo de escritores românticos que se preocupava com os problemas
sociais.
Foi influenciado primeiramente pelo
espiritualismo francês, depois pelo naturalismo de Haeckel e Noiré. Defendeu em
1870 o germanismo contra a forte influência cultural francesa no Brasil. Estudou
alemão e autores alemães. Na sua biblioteca havia 437 livros, sendo 102
alemães. Escreveu Estudos Alemães.
Trabalho que recebeu críticas de alguns estudiosos que diziam que imitava obras
de autores alemães.
Não foi considerado um grande poeta,
porém era muito bom na oratória em vários temas. Ele gostava muito dos estudos
sobre Filosofia e em jornais universitários publicou “Tomás de Aquino",
“Teologia e Teodiceia não são ciências", "Jules Simon".
Teve problemas sérios de finanças e de
saúde. Veio a falecer no Recife em 26 de junho de 1889, aos 50
anos. O nome de Tobias Barreto graças à Lei n° 13.927 de
10 de dezembro de 2019 foi inscrito no Livro dos Herois e Heroinas da
Pátria.
Segundo a autora
Dilva Frazão:
“(...) A sua contribuição filosófica e
científica foi de grande importância, uma vez que contestou as linhas gerais do
pensamento jurídico dominante e tentou fazer um entrosamento entre a filosofia
e o direito, propagando os estudos de Darwin e o positivismo de Haeckel.
Tobias Barreto faleceu no Recife,
Pernambuco, no dia 26 de junho de 1889.
Obras de Tobias Barreto: O Gênio da
Humanidade, 1866; A Escravidão, 1868; Ensaios de Filosofia e Crítica, 1875;
Ensaio de Pré-História da Literatura Alemã, 1879; Estudos Alemães, 1880; Dias e
Noite, 1881;Menores e Loucos em Direito Criminal, 1884;Discursos, 1887;Questões
Vigentes de Filosofia e Direito, 1888;Polêmicas, 1901.”
Frases de Tobias Barreto:
“A gratidão é a virtude da posteridade.”
“Um homem que tem a boca cheia de língua parece-me inadmissível que
tenha uma cabeça cheia de ideias.”
“Só é grande a liberdade que sacode a majestade e arranca a juba dos
reis!...”
Algumas poesias:
Que Mimo!
Tu és morena e sublime
Como a hora do sol posto.
E, no crepúsculo eterno
Que te envolve o lindo rosto,
O céu desfolha canduras
De alvoradas e jasmins,
E passam roçando n'alma
As asas dos querubins...
Teu corpo que tem o cheiro
De cem capelas de rosas,
Que t'enche a roupa de quebros,
De ondulações graciosas,
Teu corpo derrama essências
Como uma campina em flor:
Beijá-lo!... fôra loucura;
Gozá-lo!... morrer de amor...
Amar
Amar é fazer o ninho,
Que a duas almas contém,
Ter medo de estar sozinho,
Dizer com lágrimas: vem,
Flor, querida, noiva, esposa...
Cabemos na mesma lousa...
Julieta, eu sou Romeu:
Correr, gritar: onde vamos?
Que luz! que cheiro! onde estamos?
E ouvir uma voz: no céu!
Vagar em campos floridos
Que a terra mesma não tem;
Chegamos loucos, perdidos
Onde não chega ninguém...
E, ao pé de correntes calmas,
Que espelham virentes palmas,
Dizer-te: senta-te aqui;
E além, na margem sombria,
Ver uma corça bravia,
Pasmada, olhando p'ra ti!
Dois de Julho
Na frente dos belos dias
Que trajam mais viva luz,
Desfilando entre harmonias
No vasto império da cruz,
Passa um dia sublimado,
Qual guerreiro namorado,
Valente, bravo e gentil,
Que traz a glória estampada,
Na face meio embaçada
Pelo alento do fuzil.
Neste dia, sempre novo,
Entre os aplausos do mar,
Entre os ruídos do povo,
Vai a cidade falar...
Atriz majestosa e bela,
Falando só e só ela
Diante de duas nações,
Representa um alto feito,
Que arranca brados do peito
De emudecidos canhões.
Para escutar:
Amar | Poema de
Tobias Barreto com narração de Mundo Dos Poemas
https://www.youtube.com/watch?v=A63b1lzAyMw
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk03P_N8na0cS4HghIIr2u2QRBHlNDQ:1623123319367&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+tobias+barreto&sa=X
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