terça-feira, 8 de junho de 2021

O filósofo e economista escocês Adam Smith

 










Adam Smith nasceu em 5 de junho de 1723, em Kirkcaldy, na Escócia e morreu em Edimburgo, também na Escócia. Era Filho do advogado Adam Smith e de Margaret Douglas. O seu contexto histórico estava ligado ao chamado “Século das luzes” (século XVIII). É considerado o pai da economia moderna e tendo como sua maior obra “Uma Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações”. Nela destaca que a ação dos indivíduos, com seus interesses, é que produz a riqueza das nações, havendo crescimento econômico e inovação tecnológica. Ele disse que: "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse". Defendia a iniciativa privada, dizia que o sistema bancário para ele tem que ser livre e  que não deve haver intervenção governamental na economia. Ele afirmava que a queda de preços de mercadorias e as inovações tecnológicas estão relacionadas à livre competição entre os produtores que querem que os custos de produção caiam e que possam ultrapassar os concorrentes.

 

Smith acreditava que uma “mão invisível” leva, por exemplo, um comerciante, impulsionado por seu interesse, a promover o bem estar da sociedade. É essa “mão” que, para ele, pode fazer o preço de mercadorias cair e o valor dos salários deveria subir. O que ele queria dizer é que se chegando a um estado de eficiência na economia, o Estado poderia ser dispensado de certas funções porque os mercados seriam dirigidos de tal forma que pareceria haver uma mão invisível regulando automaticamente para se chegar a uma situação eficaz. Esse conceito de “mão invisível” serve para dar explicações sobre as leis de mercado e sobre a questão de oferta e procura.

 

Smith dizia que às vezes poderia haver intervenção estatal nos bancos ou para reduzir a pobreza e para instituir certas mudanças que apoiassem o trabalhador. Era contra as guerras e defendia a regulação do mercado financeiro. Para ele, o aumento da riqueza individual, com salários maiores, seria um incentivo ao maior envolvimento com o trabalho e contribuiria para o aumento da riqueza de todos.

 

Foi a mãe de Smith que o motivou para que trilhasse o caminho para ser um acadêmico. Ele estudou entre 1729 e 1737 no Burgh School of Kirkcaldy, uma escola bem conceituada naquela época no ensino secundário. Nesse colégio Smith estudou latim, matemática, História e escrita. Aos 14 anos foi estudar Filosofia moral na Universidade de Glasgow, com o professor Francis Hutcheson e em 1740 entrou na Universidade de Oxford. Smith renunciou à sua bolsa em 1746 e em 1748 passou a lecionar em Edimburgo, com a proteção de Lord Kames.

 

No final dos anos de 1740 que Adam apresentou pela primeira vez a filosofia econômica do "sistema simples e óbvio da liberdade natural" que ele iria mostrar na sua Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações. David Hume, importante filósofo naqueles tempos, veio a ser amigo próximo de Smith. Outro amigo foi Edmund Burke, conhecido atualmente como "pai do conservadorismo moderno", que elogiou as obras A Riqueza das Nações e Teoria sobre os Sentimentos Morais, ambas de Adam Smith que, em 1751, foi nomeado professor de Lógica na Universidade de Glascow e em 1752 também passou a lecionar filosofia moral. As duas disciplinas possibilitam a Smith atingir os campos da ética, retórica, jurisprudência e política econômica.

 

Teoria dos Sentimentos Morais foi publicada em 1759 e dizia respeito à explicação da aprovação ou desaprovação moral. Nessa obra percebe-se a capacidade de Smith de argumentação, fluência e persuasão. Sua explicação se baseia na empatia e na simpatia. Ele faz em sua obra uma análise crítica da moral do seu tempo, sugerindo que a consciência surge das relações sociais. Procura explicar como as pessoas chegam a formar juízos morais, mesmo havendo em cada ser humano uma natural tendência ao auto-interesse. Ele diz que imaginar-se no lugar dos outros leva a se tornar consciente de si e da moralidade de seu comportamento.

 

Na obra A Riqueza das Nações é preciso que se entenda que houve a influência da economia política dos fisiocratas.  Alguns analistas das obras de Smith dizem que não há contradição entre o que ele defende na obra A Teoria dos Sentimentos Morais com o que ele diz em A Riqueza das Nações. Para esses estudiosos as duas obras destacam aspectos diferentes da natureza humana, variando de acordo com o momento.

 

Na primeira obra Smith diz que os homens buscam aprovação por meio do “observador imparcial”, que é resultante de um ato de imaginação, em que se busca observar a própria ação de um ponto de vista imparcial, com o objetivo de julgá-la moralmente. Tal obra, para certos analistas, é centrada em situações onde a moralidade tende a desempenhar um papel de predomínio entre as relações das pessoas.

 

A segunda obra, segundo esses analistas, baseia-se em situações onde a moralidade do homem está mais sob influências para desempenhar um papel menor, por exemplo, o trabalhador envolvido na elaboração do trabalho. Essa obra influenciou bastante para o estudo da economia e para que ela passasse a ser uma disciplina independente.

 

Para Adam Smith a economia, exemplificando o caso do comércio, tinha como um efeito benéfico a liberação dos pobres de sua dependência em relação aos ricos. Smith se baseava em uma  estrutura baseada na origem da renda obtida e, nesse sentido, os trabalhadores  seriam uma classe intermediária, já que seriam os parceiros mais diretos no empreendimento econômico. Ele não via com uma ótica de divisão entre classes. Ele explicava o comércio como um impulso natural sendo para ele "comum a todos os homens”. Defendia em suas idéias que poderia haver uma igualdade básica na sociedade não em aspectos econômicos ou políticos e sim por intermédio da educação, que proporcionaria oportunidades.

 

Smith em A Riqueza das Nações criticava o mercantilismo e quando foi publicada não havia ainda crença no livre comércio, que era criticado. Levou algum tempo, mesmo com a obra de Smith, para o parlamento inglês e capitalistas da época fossem se desligando do mercantilismo.

 

Em 1763 Adam Smith deixa o cargo de professor para ser tutor de um jovem nobre. Em viagem pela França conheceu de 1764 a 1766 os intelectuais franceses Turgot, d’Alembert, André Morellet, Helvetius e François Quesnay. Em 1778 passou a ser comissário da alfândega da Escócia e faleceu em 17 de julho de 1790.

Críticas:

Para o economista Alfred Marshall, em sua crítica ao pensamento de Adam Smith, o ser humano deve ser tão importante em uma sociedade como o dinheiro, que os serviços tem sua importância da mesma forma que os bens e que precisa haver um destaque maior na questão do bem estar dos seres humanos e que a “mão invisível não funciona bem em todas as situações, pois havendo condições de monopólio e oligopólio a tal mão falha.

 

Há outros críticos que dizem que ao falar de “mão invisível” se dá muita liberdade ao indivíduo e aos seus interesses, deixando de lado os interesses da coletividade.

Segundo a professora de História Juliana Bezerra:

“Um das grandes influências no pensamento de Adam Smith foi o pensamento do filósofo escocês David Hume. Para Hume, havia uma relação entre a moral natural, baseada no impulso egoísta e o altruísmo.

Mais do que a bondade, o que levava o ser humano a agir corretamente era a sobrevivência. Curiosamente, isto era positivo, pois ao pensar em si mesmo, por várias vezes o indivíduo terminava por beneficiar seu entorno.

Em 1759, Adam Smith publica “Teoria dos sentimentos morais”. Nessa obra, ele analisa criticamente a moral do seu tempo e da natureza humana, buscando entender suas motivações para atuar na sociedade.

Principais Obras: Teoria dos Sentimentos Morais (1759); Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776); Ensaio sobre Temas Filosóficos (1795). (...)”


Pensamento e frases de Adam Smith:

 “Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, frequentemente ele promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo.

“O que vai gerar a riqueza das nações é o fato de cada indivíduo procurar o seu desenvolvimento e crescimento econômico pessoal.”

 “Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos.”

“A ciência é o grande antídoto contra o veneno do entusiasmo e da superstição.”

“É injusto que toda a sociedade contribua para custear uma despesa cujo benefício vai a apenas uma parte dessa sociedade.”

“A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram.”

“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”

“O verdadeiro valor das coisas é o esforço e o problema de as adquirir.”

“Nenhuma nação pode florescer e ser feliz enquanto grande parte de seus membros for formada de pobres e miseráveis.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

Figura: https://br.images.search.yahoo.com/search/images;_ylt=A2KLfRcvCcBgxPsAH2nz6Qt.;_ylu=Y29sbwNiZjEEcG9zAzEEdnRpZAMEc2VjA3Nj?p=imagem+de+adam+smith


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