quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Poesia Lua Nua





























Lua nua


Ó lua,
Deitada nua,
No céu murmura,
Tão delicada e cândida figura.


Quem se compara a ti
Em beleza e formosura?
O menestrel ri,
Bebe e perde a compostura.


Tu lá de cima em celestial leito,
Olha-nos com a sensualidade de Vênus.
E os amantes nus,
Apreciam o teu jeito.


A gentil dama
Sai da cama,
Onde o lençol lhe cobria o peito
Só para te ver do parapeito.



Um poeta melancólico
Declara seu amor,
Em um momento insólito ,
De alcoólico estupor!


O que te passa em pensamento
Ó deusa serena?
Para nós grande no firmamento,
Diante do sol tão pequena.

O astro rei em seu furor,
Seus beijos ardentes
De amor,
A ti matariam com o abrasante calor.


De onde estás vistes a Amazônia em chamas,
Labaredas que lamberam a vegetação.
Ó homens sem bom coração,
Possuídos por um demônio que não ama!


“Há decerto um gélido frio,
Na alma,
De um incendiário!”
O poeta assim proclama!


Lua lança,
A tua doçura,
Para todas as humanas criaturas,
Para que tenham esperança!


Quem sabe assim,
A floresta renasça.
Rodeada por anjos e serafins,
Tu mostrarás toda a tua graça!


Embora tenha havido tal desgraça,
Ainda não é o fim!
A rosa reina esplêndida no jardim
E os namorados se beijam na praça!

Márcio José Matos Rodrigues



domingo, 25 de agosto de 2019

Poesia: Paisagens tropicais










Paisagens tropicais

Praias ensolaradas,
Paisagens tropicais.
Abacaxis e bananas,
Coquerais.
Calor?
Sim, faz!
A pele bronzeada da moça,
A beleza dos areais,
O oceano e seus corais.
Vejo o brilho de seus olhos
Nos cristais.
Mas um boto parece tristonho,
Porque o fogo queima as florestas,
Até onde o ser humano foi capaz
Na sua sede de querer sempre mais!
Sonho....
Vejo uma festa,
Onde todos comemoram um mundo que está em paz.
Será que um dia seres humanos dirão:
"O que nos resta?"
Poderá ser tarde demais!


Márcio José Matos Rodrigues






Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+praias&tbm



sábado, 24 de agosto de 2019

Artigo sobre o filósofo iluminista inglês Jonh Locke















John Locke é um pensador no contexto histórico das transformações econômicas, políticas, sociais e religiosas que aconteciam na Inglaterra no século XVII, quando houve os conflitos entre os reis da dinastia Stuart e o Parlamento, a disputa entre ideias absolutistas e liberais, a transição do feudalismo para o capitalismo, envolvendo também as questões entre puritanos, anglicanos e católicos, assim como a influência do próprio contexto mais geral da Europa naquele século. Era um defensor das ideias de liberdade individual e contra os excessos de governantes e seus interesses estavam relacionados à classe capitalista em ascensão e ao puritanismo (baseado no calvinismo).


John Locke foi um filósofo inglês, filho de um advogado e capitão da cavalaria parlamentar. Foi chamado de “pai do liberalismo”. Nasceu na aldeia de Somerse, em Wrington, Inglaterra, em 29 de agosto de 1632. Ele também foi um importante empirista britânico e um dos teóricos do contrato social. Foi defensor da liberdade e da tolerância religiosa. Para ele a mente humana é como uma folha em branco a ser preenchida com a experiência (teoria da tábula rasa), portanto, ele criticava a filosofia platonista que acreditava que há ideias inatas independentes da experiência. Ele influenciou outros filósofos em sua época, como Berkeley e David Hume. Baseado na sua teoria empírica, Etienne Condilac, seu discípulo francês, criticou a metafísica.


Defendeu a monarquia constitucional, que se estabeleceu na Inglaterra a partir de 1688, sendo ele um representante do individualismo liberal. 


Para ele, o Estado é necessário, assim como o contrato social. Segundo ele, considerando o Estado-natureza, existe uma vida pacífica devido ao reconhecimento dos homens por serem livres e iguais. 


Ele foi um estudante de Oxford, nas áreas de medicina, ciências naturais e filosofia, mais especificamente em relação às obras de Bacon e Descartes. Formou-se em 1656 e dois anos depois entrou no mestrado. Entrou nessa universidade como professor em 1660,  lecionando filosofia, retórica e grego. Tornou-se secretário de Lord Ashley Cooper, chanceler da Inglaterra e futuro conde Shaftesbury, em 1667.


Teve de fugir para os Países Baixos por ter sido acusado de traição no reinado de Carlos II, em 1683. Só voltou à Inglaterra no governo de Guilherme de Orange (que começou a reinar em 1688) e então publicou suas primeiras obras: Cartas sobre a tolerância, Ensaio sobre o entendimento humano e os Dois tratados sobre o governo civil. Entrou para o Parlamento inglês em 1695 e ficou no cargo até 1700. Não se casou e nem teve filhos. 


A sua filosofia política é fundamentada no governo consentido pelos governados, com autoridade constituída e o respeito ao direito natural do ser humano que envolve a vida, a liberdade e a propriedade. Para garantir tais aspectos do direito é que os governos foram criados, mas o desrespeito a esses aspectos dava ao povo o direito de se revoltar contra seus governantes. Suas ideias políticas influenciaram a Revolução Inglesa, a Independência das 13 colônias (“Revolução Americana)e o início da Revolução Francesa. Por causa da falha do Estado de Natureza é criado um contrato social para haver a mudança do Estado de Natureza à Sociedade Política. E quando há o exercício do poder para além do direito, objetivando o interesse e não o bem comum há então a tirania. 



Para ele, o Poder Legislativo deve predominar na sociedade (Montesquieu que também defendeu, mais tarde, no século XVIII, a divisão em três poderes, preferia um equilíbrio entre os poderes). Considerava que o trabalho é o fundamento originário da propriedade e que o ouro e o comércio corrompem o valor do trabalho, causando má distribuição das riquezas. Pelo Contrato Social há a transferência de poder dos indivíduos sem proteção para as instituições, com meios para punir os transgressores dessas instituições. Há então uma relação entre o povo e seu governante. Ele afirma que o Estado se forma para defender a propriedade, diferentemente de Hobbes que dizia que a organização do Estado se dá pelo medo da morte violenta, embora para os dois exista uma condição natural inicial do homem que é mudada para uma organização social pelo Contrato Social ( Rousseau também tinha suas ideias sobre Contrato Social, para ele o Estado deveria representar a vontade geral).


Locke dizia que a soberania não está no Estado, mas sim na população. Para que haja um Estado de direito, os representantes do povo tem que promulgar as leis e o rei ou o governo executá-las. Apresentou o princípio da divisão dos três poderes, sendo assim o poder do Estado se divide entre instituições diferentes. 


Criticou a teoria do direito divino dos reis e legitimou a propriedade privada como uma conquista à qual todos devem ter direito. O Estado então teria que proteger esse direito. A defesa da tolerância religiosa também está ligada à Locke (embora ele não estendesse essa tolerância a todos os casos).


Na sua obra Dois Tratados sobre o Governo (1689), Locke ataca o patriarcalismo e fala de uma teoria da sociedade política com base nos direitos naturais e no contrato social. Para ele todos são iguais e cada um poderá agir livremente, mas com a condição de não prejudicar o outro. Mas por outro lado, procurava defender a manutenção da escravidão. Atacou com argumentos a monarquia absoluta e era a favor de que o convencimento individual é a base da legitimidade política. Não relacionava a escravidão à raça, mas sim aos vencidos na guerra. De acordo com Locke, os inimigos e capturados na guerra poderiam ser mortos, mas como suas vidas são mantidas, devem trocar a liberdade pela escravidão.


Em relação à Epistemologia, Locke era um empirista, dizendo que conhecimentos e aprendizagens vem da experiência. Assim, pelo Empirismo há a compreensão das coisas de modo metodológico, sistemático e crítico. Na obra Ensaio do Entendimento Humano de 1690 há a defesa do argumento de que a experiência é fonte do conhecimento que se desenvolverá por meio da razão.


No segundo livro do seu Ensaio Acerca do Entendimento, no momento do nascimento a alma é uma tábula rasa, como uma folha de papel em branco e o conhecimento começa com a experiência sensível.


As fases do processo cognitivo seguem por quatro estágios:


Intuição: Recebimento das ideias simples, que podem ser frutos da experiência externa e a as que podem ser frutos da experiência interna. 

.Síntese:ideias complexas são formadas por combinação de  ideias simples..

Análise: ideias complexas formando ideias abstratas. 

Comparação:uma ideia é colocada ao lado da outra e se faz a comparação, formando relações, ideias exprimem relações.

Para Locke todo conhecimento viria da percepção sensorial. A busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências e não por deduções ou especulações. Portanto, é preciso que as experiências científicas sejam baseadas na observação do mundo. Não são consideradas pelo empirismo filosófico as explicações baseadas na fé.


Locke descartou as ideias inatas e não concordava com as teorias de filósofos racionalistas, como Descartes, que defendiam que a razão está em primeiro lugar na geração das ideias. 


Segundo Locke, as ideias para ele poderiam surgir pela sensação e pela reflexão. O contato direto com os objetos origina as ideias que vem da sensação e a percepção das ideias conseguidas pela sensação vem da reflexão e para ele existiriam duas categorias de ideias, as simples (qualidade primárias, a essência de um objeto; e secundárias dos objetos, isto é informações adicionais definindo atributos como cor, sabor, espessura etc) e as complexas (modos e relações), formadas por combinações de ideias simples. O conhecimento para Locke vem da percepção das ideias que surge da compreensão da concordância e discordância entre ideias. David Hume, outro empirista, reformulou essa tese e assim surgiu a base do empirismo moderno.


Em relação ao respeito aos direitos, suas ideias contribuíram para a formação da democracia moderna e para a defesa dos direitos humanos. Na obra Carta sobre a Tolerância, Locke defende a tolerância religiosa e critica o uso da violência para a imposição de uma “verdadeira religião”. 


No entanto Locke não reconhecia os mesmos direitos à tolerância de crenças a quem ele considerava “homem primitivo”, que estaria equiparado às bestas selvagens. Isso acabou dando base para aqueles que atacavam terras indígenas. Também não aceitava tais direitos aos que ele (um calvinista) chamava de “papistas”(católicos) e tinha ideias de aplicação de medidas severas em relação a pessoas com menos recursos econômicos, como por exemplo, os que pediam esmolas e os pais muito pobres de crianças que eles não tinham condições de alimentar (crianças a partir de três  anos teriam de ser mandadas para trabalhar). 


Em 1696 fez sua última aparição em público como Comissário para Comércio e Agricultura e tendo sua saúde bem enfraquecida, depois de quatro anos afastou-se. Nos últimos anos de vida, pouco saía, procurando responder a críticas ou revisando edições de seus trabalhos. Veio a falecer em 28 de outubro de 1704, no condado de Essex, aos 72 anos.

Principais obras de John Locke

Cartas sobre a tolerância (1689) 
Dois Tratados sobre o governo (1689) 
Ensaio sobre o entendimento humano (1690)
Pensamentos sobre a educação (1693)


Algumas frases de John Locke


- "Não se revolta um povo inteiro a não ser que a opressão seja geral".


- "A leitura  fornece conhecimento à mente. O pensamento incorpora o que lemos".


- "As ações dos seres humanos são as melhores intérpretes de seus pensamentos". 


- "O preço de qualquer produto sobe ou desce à proporção do número de compradores e vendedores...".

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“A necessidade de procurar a verdadeira felicidade é o fundamento da nossa liberdade.”


“As novas opiniões são sempre suspeitas e geralmente opostas, por nenhum outro motivo além do fato de ainda não serem comuns.”


“Todos os homens são passíveis de errar; e a maior parte deles é, em muitos aspectos, por paixão ou interesse tentada a fazê-lo.”

“O prazer e a dor, e os que os produzem, o bem e o mal, são os eixos em que assentam todas as nossas paixões.”


“Onde não há lei, não há liberdade.”


“Nossas ações são as melhores interpretações de nossos pensamentos.”

“O homem nasce como se fosse uma "folha em branco"

“Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela.”

“O que nos preocupa nos controla.”

 "Os pais se perguntam porque os riachos são insalubres, quando eles
mesmos envenenam a fonte.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História



Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+john+locke&clien