quinta-feira, 28 de outubro de 2021

O grande compositor e pianista hungaro Franz Liszt

 



 

Em 22 de outubro de 1811 nasceu em Doborjan (atual Raiding), no Império Austro-Húngaro,o compositor, talentoso pianista, maestro e professor Franz Liszt (batizado em latim com o nome “Franciscus”, em alemão era chamado de “Franz”, em francês “François” e em húngaro “Ferenc”, “Ferencz” ou “Ferentz”).        No início do século XIX destacou-se como pianista na Europa, tendo sido considerado em 1840 o maior pianista de todos os tempos. Ele deu apoio para compositores de sua época como Berlioz, Wagner, Saint-Saens, Grieg, Vianna da Motta e Borodin. Ele como compositor foi integrante da “Nova Escola Alemã” e o estilo musical era o “romântico”. Influenciou compositores de seu tempo e ainda antecipou tendências do século XX. Uma significativa contribuição dele foi a criação do poema sinfônico. Também foi importante o seu trabalho na popularização de uma vasta variedade de música de transcrição para piano. Na região onde Liszt nasceu o alemão era mais usado e poucos falavam húngaro e oficialmente se utilizava o latim. Franz Liszt tornou-se fluente em alemão, italiano e francês, dominava um pouco o inglês e menos ainda o húngaro. Ele era filho de Adam Liszt (húngaro descendente de alemães) e Anna Maria Liszt (austríaca).

O pai de Liszt, Adam,estudou piano, violino, violão e violoncelo. Também estudou filosofia na Universidade de Pressburg. Nessa época teve aulas de instrumentação com Paulo Wigler, mas por falta de recursos teve de parar com as aulas. Trabalhou com o príncipe Nikolaus II Esterházy a partir de 1798 e tocou como segundo violoncelista em uma orquestra em Einsenstadt que se apresentava na casa de férias do príncipe Nikolaus, que teve como regentes Franz Haydn (até 1804) e Johan Hummel (até 1811). Beethoven regeu a orquestra em 13 de setembro de 1897, quando essa tocou a Missa em Dó maior da autoria dele mesmo. Adam conheceu assim Haydn, Hummel e Beethoven.

O filho de Adam, Franz Liszt, nasceu com problemas de saúde. Seus pais chegaram a pensar que ele não sobreviveria. Franz disse que na sua infância teve contatos com a música de artistas ciganos, mas seus estudos musicais foram voltados para obras complexas dos grandes da música como Bach, Mozart e Clementi. Já em outubro de 1820 o menino Franz participou de um concerto do violinista Baron van Praun, tendo sido bem sucedido ao tocar um concerto em Mi bemol maior de Ferdinand Ries. Em sua infância Liszt podia reproduzir com sua memória horas de música tocadas pelo pai. Em novembro de 1820 Franz Liszt tocou para um público formado por nobres do Império. Um grupo de pessoas ricas garantiu um valor anual durante seis anos para que ele pudesse realizar estudos no exterior. A quantia não era bastante e para que o filho pudesse estudar Adam pediu um ano de dispensa de seu trabalho junto ao príncipe Esterházy em 1822 e com a permissão desse para se ausentar, o pai de Franz Liszt vendeu seus bens e foi com a família para Viena.

Em Viena Liszt teve aulas de piano com um grande mestre, Carl Czerny, um ex-aluno de Beethoven. Czerny ficou bem impressionado com o talento de Liszt, mas em suas memórias comentou que Liszt tinha erros ao tocar. Houve divergências entre Czerny e seu aluno Liszt em relação a detalhes de execução e da expressividade. O pai de Liszt interferiu, falando com o professor, para que as aulas continuassem.

Em primeiro de dezembro de 1822 Liszt estreou tocando em um evento que aconteceu na "LandständischerSaal" e em 13 de abril de 1823 deu um concerto na "KleinerRedoutensaal". Passou a ter aulas de composição a partir de julho de 1822 com Antônio Salieri, que tinha dado aulas a Beethoven. Em 13 de abril de 1823, Beethoven, passando por situação financeira difícil e já com sintomas de surdez foi a um concerto de Liszt. Quando a apresentação terminou Beethoven reconheceu o talento de Liszt e beijou a testa dele, que era ainda um adolescente. Em abril de 1823 Liszt e seus pais voltaram para a Hungria e ele deu concertos em Pest em maio. No fim de maio a família retornou a Viena e em fim de 1823 foi para Paris. Adam, pai de Liszt, procurou fazer o filho entrar no conservatório dessa cidade, mas o diretor do mesmo disse que só franceses poderiam estudar nessa instituição. Adam morreu em 1827. O pai disse ao filho antes de morrer que ele seria dominado pelas mulheres em sua vida. A primeira paixão de Liszt foi sua aluna Carolina de Saint-Cricq. Mas era já estava prometida a um conde e Liszt não mais voltou para dar aulas a ela.

Em 1830 tinha tentado escrever sua Sinfonia Revolucionária, no entanto no começo de sua vida adulta deu prioridade para sua carreira como interprete e em 1847 já tinha espalhado sua fama como pianista talentoso. A Europa conhecia então a "Lisztomania”. Havia uma forte carga emocional em seus concertos e houve ouvintes que reagiam de uma forma extremada, como uma reação histérica. Segundo o musicólogo Alan Walker: "Liszt era um fenómeno natural e a gente era dominada por ele… Com a sua cativante personalidade, a sua larga melena de cabelo solto criou uma encenação assombrosa. Havia muitos testemunhos para declarar que a sua interpretação tinha melhorado realmente o estado de ânimo da audiência a um nível de êxtase místico”. Devido à sua dedicação como pianista, Liszt ficava sem tempo para compor, frustrando seu desejo de criar trabalhos orquestrais. Em setembro de 1847 após um recital ele anunciou que iria se retirar do circuito de concertos e foi para Weimar. Lá ele passou a trabalhar em suas composições.

Liszt viveu com a condessa Marie d’Agoult, que tinha um casamento infeliz e era seis anos mais velha que ele. O casal depois se separou, tendo havido três filhos dessa união (uma filha de Liszt, Cosima, casou com Richard Wagner). Eles viveram um tempo na Itália depois de saírem de Paris. Liszt voltou para essa cidade porque soube que um outro pianista, Sigismond Thalberg, estava fazendo sucesso. Houve um duelo musical entre eles. O comentário na época foi: “Thalberg é o pianista número um do mundo, mas Liszt é único”.

As turnês de Liszt voltaram a acontecer no período entre 1839 e 1847 e também nesse tempo terminou sua relação com d’Agoult .Liszt passou então a se relacionar com  a princesa CarolynezuSayn-Wittgenstein, que conheceu durante uma série de recitais em Kiev. Eles viveram juntos durante muitos anos. Mas ela era casada, apesar de ser independente do marido e a Igreja Católica não via com bons olhos essa relação de Liszt. Ela procurou invalidar seu casamento para casar com Liszt. Em 22 de outubro de 1861, ela e Liszt iriam se casar em Roma. Mas o marido dela conseguiu reverter a anulação e assim impediu o casamento de Liszt.

O governo russo, ligado ao marido da princesa, fez pressão, apreendendo propriedades dela para que a mesma não se separasse ( a separação e o casamento com o compositor poderiam gerar um escândalo que o governo russo queria evitar). Liszt e ela estabeleceram após isso uma relação platônica, tendo ele se tornado abade na Igreja Católica. O casal contribuiu para uma cultura musical na cidade de Weimar. A princesa foi uma incentivadora de Hector Berlioz, com o qual se comunicava por cartas. Em 1860 o casal tinha se mudado para a Itália. O relacionamento entre eles durou cerca de quarenta anos. Ela faleceu no final de 1885 e ele em 31 de julho de 1886, em Bayreuth, na Baviera, que na época fazia parte do Império Alemão, sendo sepultado na mesma cidade. 

Entre as obras de Liszt, além do poema sinfônico, também podem ser mencionadas quatro oratórias na área da música sacra, duas sinfonias (Sinfonia Dante e a Sinfonia Fausto), muitos lieder (canções) e peças para música de câmara, com destaque para as peças para violino e piano. É muito conhecida a sua Rapsódia nº 2 que foi usada como trilha sonora para desenhos animados(Pernalonga e Tom & Jerry) e destacam-se também a sua Sonata em Si menor e a peça Nº 3 conhecida como "Liebestraum".

A vida de Liszt foi apresentada no musical premiado Sonho de Amor (em inglês: Song Without End), contando a paixão do pianista pela princesa Caroline. O filme recebeu os seguintes prêmios: Oscar de Melhor Musical Original e o Globo de Ouro na categoria Melhor Filme Cômico ou Musical (ambos em 1961).

Segundo o Instituto Ling, em 03 de setembro de 2020:

Génieoblige – algo como “gênio por obrigação” – foi o lema escolhido pelo próprio Franz Liszt, o único músico húngaro no século XIX a ser reconhecido como um dos maiores que já existiram. Ele certamente desfrutou de toda a sua fama e glória como um dos pianistas mais importantes de sua época, como um compositor ousado e inventivo, como regente e respeitado professor de música. Além de ser conhecido como Don Juan e queridinho de Ludwig van Beethoven, Liszt revolucionou o mundo da música, estabelecendo ideias que ainda seguem atuais! (...)”

E ainda:

“(...) Aos 12 anos, seu pai resolveu levá-lo a Paris, arriscando suas finanças para garantir que o menino continuasse sua instrução musical. Ele estudou brevemente com Ferdinand Paër e Anton Reicha. Começou a se apresentar na França e na Inglaterra e logo alcançou o sucesso: em 1830, já tinha publicado várias peças para piano e tinha até o rascunho de um concerto! Em Paris, fez amizade com artistas ilustres: Frédéric Chopin, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Honoré de Balzac e até Eugène Delacroix. Em 1832, sua carreira mudaria para sempre: ao ver uma performance virtuosa do violinista Paganini, Franz Liszt decidiu dominar cada aspecto da técnica ao piano.

Inovou com suas partituras para piano das sinfonias de Beethoven e Berlioz e ficou famoso por sua frase “leconcert, c'est moi”, dita quando, em 1839, fez uma apresentação solo em que representou todos os sons de uma orquestra tocando apenas um instrumento, o piano. Vale lembrar que é nessa época – chamada de Romantismo – que o intérprete ganha tanta notoriedade quanto o compositor, e Liszt foi um dos responsáveis por elevar a condição social da sua profissão, assim como Beethoven o fez. Dotado de uma técnica excepcional ao piano, Liszt ganhou o público com suas apresentações envolventes e cheias de personalidade. Estava sempre disposto a atender aos pedidos de seus ouvintes com improvisações de obras eruditas e até mesmo músicas folclóricas. Sua popularidade pode ser comparada à dos Beatles nos anos 1960, pois onde passava conquistava muitos admiradores e causava um certo êxtase no público feminino.

Em 1833, Liszt conheceu e se apaixonou pela condessa Marie d'Agoult, com quem teve três filhos. No período em viveram juntos, moraram na Suíça e em Roma, e Franz concentrou-se na composição e em escrever memórias de suas viagens, que foram publicadas nos jornais de Paris. A relação do casal terminou em 1844; e alguns anos depois ele se apaixona pela princesa Carolyne Von Sayn-Wittgenstein, com quem viveu em Weimar, na Alemanha.

O desejo de Liszt era tornar a cidade de Weimar um polo artístico e cultural novamente. Lá, ele dedicou-se à composição, regência de orquestras e o ensino musical. Sempre acreditando no poder de renovação da música e de que não pertence apenas a um período. Por isso, incentivou e aconselhou a carreira de músicos e compositores mais jovens, tendo destaque seu apoio a Richard Wagner, que se tornou um dos grandes nomes de sua época.

Franz foi um visionário, sendo o responsável por grandes inovações no fazer musical e no pensar a arte. Em 1830, Liszt publicou nos jornais de Paris um manifesto em defesa da educação musical, com pautas que permanecem relevantes até hoje:

 “Em nome de todos os músicos, da arte e do progresso social, exigimos:

 A – A realização de uma assembleia dedicada à música sinfônica, dramática e religiosa a cada cinco anos. As melhores obras em cada uma dessas três categorias serão executadas diariamente durante um mês no Louvre e serão, posteriormente, compradas pelo governo e publicadas à custa deste. Em outras palavras, exigimos a fundação de um museu musical.

B – A adoção de ensino de música nas escolas primárias, sua extensão a outros tipos de escolas e um movimento para a implantação de uma nova música de igreja.

C – A reorganização do canto coral e a reforma do cantochão em todas as igrejas de Paris e das províncias.

D – Encontros gerais das sociedades filarmônicas, inspirados nos grandes festivais de música da Inglaterra e da Alemanha [a Alemanha ainda não existia juridicamente; Liszt refere­-se ao conjunto das pequenas cortes e principados espalhados pelo que hoje é o território alemão].

E – Montagens de óperas, concertos sinfônicos e de música de câmara, organizados de acordo com planejamento traçado segundo nosso artigo prévio sobre os conservatórios [Liszt refere-­se a um artigo anterior enfocando apenas os conservatórios]

F – Uma escola de estudos musicais avançados, que atue separadamente dos conservatórios, dirigida pelos mais eminentes artistas – uma escola cujos tentáculos estendam­-se a todas as cidades do interior do país por meio das disciplinas história e filosofia da música.

G – Uma edição de baixo custo, para venda a preços acessíveis, das mais importantes obras dos novos e dos antigos compositores, desde a Renascença até a atualidade. Estas partituras abarcarão o desenvolvimento da arte em sua totalidade, da canção folclórica até a Sinfonia coral de Beethoven. Esta série de publicações como um todo será chamada O panteão da música. As biografias, os tratados, os comentários e os glossários que acompanharão estas partituras formarão uma verdadeira “enciclopédia da música” (...) “

 Segundo Leonardo Martinelina Revista CONCERTO de janeiro de 2011:

“Em uma época em que as práticas musicais passavam por intensas transformações, poucos compositores encarnaram de maneira tão ampla todas as delícias, os infernos e os paradoxos do espírito romântico, como Franz Liszt o fez. Pianista ímpar e compositor de grande originalidade, Liszt teve uma vida agitada, talvez mais próxima à de um herói de ficção que a de um músico. Desde um megaestrelato, com direito a surtos histéricos de tietes (então sem precedentes na história da música) à autorreclusão religiosa, sua vida foi permeada por diferentes experiências, refletidas em uma obra tão bela quanto profícua e heterogênea (...)”. E: “(...) Se o paradoxo é uma das mais fortes características do espírito romântico, poucos compositores viveram de maneira tão paradoxal como Liszt. Se de um lado é inegável a vida mundana que levou – regada a viagens, festas na alta sociedade e vários “pequenos amores” em meio a suas duas grandes paixões –, é igualmente notável o alto grau de misticismo e religiosidade que permearam sua existência. Ainda criança, Liszt chegou diversas vezes a manifestar o desejo pela vida religiosa e, quando da morte do pai, mergulhou em uma profunda introspecção religiosa.

A mudança para Roma e a proximidade com o Vaticano, aliadas ao avanço da idade e à impossibilidade de casamento com Carolyne, Liszt reaproximou-se a tal ponto da Igreja que chegou a travar amizade com o Papa Pio IX. Passando a se dedicar aos estudos teológicos, foi admitido, em 1865, membro de quatro ordens religiosas menores. A partir daí o “Abade Liszt” passou a trajar-se como religioso (...)”.

Segundo Amaral Vieira:

“O pianista e compositor húngaro Franz Liszt (1811-1886) foi indiscutivelmente o criador da moderna técnica do piano. Esta verdade histórica é universalmente aceita, mas não chega a revelar o fato de que a enorme produção pianística de Liszt continua ainda hoje desconhecida de intérpretes e plateias. O conjunto da obra lisztiana, excetuando-se algu­mas peças de virtuosismo e bravura (sempre as mesmas, infelizmente), tem sido muito injustamente negligenciado.

As inovações empreendidas por Liszt em suas composições pianísticas podem ser mais facilmente compreendidas a partir de uma apreciação técnica de suas obras. Baseando-se inteiramente nas possibilidades físicas naturais da mão, consegue Liszt desenvolvê-las ao extremo, multiplicando a riqueza de efeitos pianísticos tanto no domínio puro da sonoridade, como também no aspecto mecânico, rítmico e dinâmico.

O piano é tratado por Liszt de forma essencialmente dramática, e é justamente para atender às exigências desse dramatismo expressivo e dinâmico que ele é levado a criar sua técnica prodigiosa e original, partindo das descobertas de Beethoven e Weber e encaminhando-as a riquezas de sonoridades até então desconhecidas: efeitos de temas em acordes, notas dobradas, oitavas caracterizadas de modo tão pessoal, a grande tessitura com que sua música amplia o teclado e a polifonia complexa de uma escrita quase orquestral, densa e grandiosa.

Acrescentemos ainda os saltos de grandes intervalos, trêmolos, glissandi, efeitos simulando os pizzicati das cordas, figuras que entrelaçam ou superpõem as mãos, trinados em registro agudo imitando o címbalo, ornamentos fulgurantes em notas dobradas, e o hábito de fazer cantar poderosamente uma voz intermediária com a utilização alternada dos polegares. Tudo isto era inteiramente novo e transformou a fisionomia do piano, e consequentemente, da música de piano, abrindo as portas a todas as inovações e realizações que se farão sentir na música moderna de piano (...)”

Segundo a autora Dilva Frazão:

“(...) Franz Liszt inicia uma fase de excessivo trabalho, que o obriga a tirar um período de descanso no litoral francês. Em agosto de 1827, morre seu pai, e junto com sua mãe, fixa residência em Paris onde passa a lecionar música, abandonando temporariamente os concertos. Liszt apaixona-se por uma aluna, Carolina, filha do Conde Saint Cricq, e as aulas se prolongam mais do que o normal. Obrigado a se afastar da amada, recolhe-se ao isolamento. Em 1830, a revolução contra a monarquia de Carlos X, consegue tirar Liszt da apatia. Estabelece grande amizade com Frédéric Chopin e conhece Niccolò Paganini, com quem aprende a importância da atitude e do comportamento em cena. Em 1835, conhece a Condessa Marie d'Agoult, com quem fixa residência na Suíça, período que deixou de lado o piano e se dedicou à composição. Franz Liszt partiu para Veneza, quando ficou sabendo que uma enchente do Danúbio espalhara a ruína pela Hungria. Resolve doar a renda de três recitais aos compatriotas. Uma delegação oficial húngara convida-o a visitar Budapeste e ele aceita. Recebido como herói, foi alvo de homenagens nacionais (...)”.

E ainda a autora:

“(...) Liszt passou seus últimos anos compondo e lecionando. Viveu o suficiente para ver a consagração de Richard Wagner – seu genro, casado com sua filha Cosima. Com a morte de Wagner em 1883, acentuou-se o sentimento de solidão que o acompanhou até a morte. Franz Liszt faleceu em consequência de uma pneumonia, em Bayreuth, Alemanha, no dia 31 de julho de 1886.

Obras de Franz Liszt: Harmonias Poéticas e Religiosas ;Mazeppa; Sonata para Piano em Si Menor ; Sinfonia de Dante (baseada na Divina Comédia); Álbum de um Viajante (três volumes); A Beira de uma Fonte; A Tempestade; Os Sinos de Genebra; Anos de Peregrinação; Os Prelúdios; Sinfonia de Fausto; Lendas; Rapsódias Húngaras."

Segundo o maestro brasileiro Roberto Minczuk (em Grandes Compositores da Música Clássica):

“Franz Liszt, o Mago do Piano

Liszt foi um artista singular. Seu talento como pianista e sua extraordinária capacidade como compositor lhe deram uma aura especial, única. A imagem do virtuose fenomenal que destruía o piano, transfigurando tudo que tocava, e a fama como gênio dos teclados eram tão grandes que sua música ficou muito tempo ofuscada por seu próprio brilho.

Como compositor, Liszt foi um dos mais destacados e representativos da Nova Escola Alemã. Húngaro de nascença, não falava a língua de sua terra natal. Deixou um grande e diverso trabalho, que influenciaria seus futuros contemporâneos e anteciparia algumas idéias e tendências da música do século XX. Dentre algumas de suas mais notáveis contribuições, está a criação do poema sinfônico, o desenvolvimento da técnica pianística e as invenções harmônicas de grande ousadia(...)”. 

“Estou sempre bem: não me ocupo jamais de Franz Liszt” (...) não procuro condecorações, nem execuções de minhas obras, nem elogios, distinções e artigos nos jornais. Minha única ambição de músico foi e será lançar meu dardo nos espaços indefinidos do futuro”. “Que o artista do futuro tenha como meta não ele próprio, mas algo exterior a si mesmo”.  Franz Liszt.

 

Sugestões de vídeos: 

Lang Lang: Franz Liszt - Love Dream (Liebestraum), S. 541 No. 3

 

https://www.youtube.com/watch?v=2FqugGjOkQE

  

Franz Liszt: Liebestraum cello and piano

https://www.youtube.com/watch?v=eW_MAQj0aIA

 

Pernalonga tocando [Liszt's Hungarian Rhapsody No. 2] - (HUMOR)

https://www.youtube.com/watch?v=-iwP7HunUrA

 

Tom & Jerry | Concert Madness | Classic Cartoon | WB Kids

https://www.youtube.com/watch?v=QpEfHVFilRc

 

Cenas de "Sonho de amor" (Song without end, 1960)

 

https://www.youtube.com/watch?v=UCp8QKhEntg

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

Figura: https://www.gettyimages.pt/fotos/franz-liszt

 

 

 









O incrível Houdini

 






Em 31 de outubro de 1926 morria em Detroit, nos Estados Unidos, o ilusionista, escapologista, dublê, ator, produtor cinematográfico e piloto Harry Houdini, conhecido como “O Grande Houdini”. Na verdade, o nome dele era Erik Weisz, nascido em Budapeste, no Império Austro-Hungaro (atual Hungria), em 24 de março de 1874. Ele era judeu e quandotinha quatro anos, em 1878, sua família, que era muito pobre, foi para os Estados Unidos. Seu pai era o Rabino Mayer Samuel Weisz, que veio a tornar-se na América um Rabino da Congregação Sionista. Teve sete irmãos. Mesmo achando-se diferente dos irmãos, pois voltou-se para o lado artístico, não esquecia suas origens. Antes de iniciar sua carreira como ilusionista foi perfurador de poços, fotógrafo, contorcionista, trapezista e ferreiro. Quando ele trabalhou nessa ocupação aprendeu a abrir algemas, o que lhe serviu para futuros truques artísticos.

Em Appleton, no estado do Wisconsin, com 9 anos, passou a atuar como trapezista. Adotou o nome de “Ehrich, o príncipe do Ar”. A condição financeira da família não era boa e Ehrich procurou ajudar trabalhando. Na época continuou praticando no trapézio e começou a aprender truques de mágica, tendo se identificado com essa atividade, apesar da vontade de seu pai de que ele se dedicasse à congregação religiosa. Enrich passou a utilizar o codinome de “Harry Houdini”, procurando assim fazer uma homenagem a Jean Eugene Robert-Houdin. Ele e alguns de seus irmãos passaram a apresentar um show chamado “The Houdini Brothers” a partir de 1893. Nessa época Houdini conheceu a cantora e dançarina Beatrice Raymond, com quem viria a se casar e seria sua assistente de palco. Ela passou a adotar o nome de Bess Houdini.

Em 1899 Houdini conheceu o empresário Martin Beck que teve boa impressão sobre a arte dele. Houdini passou a fazer apresentações junto a outras de grandes mágicos e em 1900  foi para a Europa fazer uma turnê. A maior atração de Houdini era o “Handcuff Act”, no qual ele ficava totalmente preso e tinha se livrar da caixa da prisão. O truque deu fama e dinheiro a ele que se apresentou na Inglaterra, Escócia, Holanda, Alemanha, França e Rússia. Nas cidades que ia se apresentar ele desafiava a polícia a mantê-lo preso. A polícia o prendia em celas e ele conseguia sair. Depois acrescentou aos seus shows correntes, cordas penduradas em arranha-céus, camisas de força sob a água e ter que escapar e prender a respiração dentro de uma lata de leite selada com água.

Em 1904 Houdini fez um show em que milhares de pessoas assistiam enquanto ele tentava escapar de algemas especiais encomendadas pelo Daily Mirror de Londres. Também houve um espetáculo em que ele foi enterrado vivo e só foi capaz de se agarrar à superfície, subindo em um estado de quase colapso. Havia muitas pessoas que achavam que as fugas eram uma fraude.

Houdini se apresentou como uma ameaça aos falsos espíritas. Ele foi presidente da Society of American Magicians. Ele queria o profissionalismo dos mágicos e expor os artistas que tentavam enganar. Ele processava logo os que tentavam enganar o público. Também processava os que procuravam imitar suas formas de fuga nos números.

De volta aos Estados Unidos, passou a fazer sucesso, em especial no período de 1907 a 1910, com seu “Handcuff Act”. O público ficava empolgado. Em 1912 foi o auge da carreira dele, superando concorrentes com o ato “Chinese Water Torture Cell”. Ele ficava suspenso pelas pernas, preso, amarrado e imobilizado em um “aquário” de vidro com água. Em pouco tempo se livrava. Ele tinha 3 minutos para soltar-se. Se não conseguisse sair, sua assistente deveria quebrar o aquário para salvá-lo.

Como mágico Houdini fez números nos quais se libertava de algemas, correntes e cadeados, em caixas ou tanques fechados, seja dentro d’água ou fora. Deixou truques descritos em livro, mas mesmo assim nem todos eles foram desvendados. Ele também foi um "desenganador", buscava desmascarar pessoas que ele considerava serem fraudes, embora se apresentassem como paranormais.

Ele também demonstrava a habilidade de resistência abdominal, mas certa vez em Montreal, no Canadá, depois de ter apresentado seu show, um estudante entrou nos bastidores e deu três socos na barriga de Houdini, que foi pego de surpresa e não estava preparado. Apesar das dores que sentia, Houdini continuou a viajar. Uma semana depois, quando estava no Teatro Garrick, em Detroit, nos Estados Unidos, Houdini apresentava sinais de que estava mal, com febre de 40° C. Ele iria apresentar seu show “Chinese Water Torture”. Mas depois de 3 minutos ele não saiu da caixa e a esposa/assistente quebrou o vidro. Ele tinha desmaiado. Houdini veio a falecer em 31 de outubro de 1926 , em um hospital de Detroit de peritonite secundária. Segundo estudiosos da vida dele, mesmo sem os socos o apêndice dele viria a se romper porque ele já estava com apendicite e não procurou ajuda médica.  Mas na época a companhia de seguro que cobria Houdini após exames concluiu que foram os socos que tinham causado a morte dele. Não há até hoje uma certeza sobre se foram os socos que realmente provocaram a morte de Houdini.

Houdini foi enterrado no Cemitério Judaico de Machpelah no bairro do Quens, no dia 4 de novembro de 1926, em Nova York. No funeral havia mais de 2 mil pessoas, entre elas integrantes da sociedade de mágicos americanos. A insígnia da sociedade dos mágicos foi colocada em sua lápide. Em homenagem a Houdini no dia do aniversário dele a referida sociedade realiza a Cerimônia da Varinha Mágica Quebrada.

Curiosidades:

O indiano Chanchal Lahiri perdeu sua vida na semana passada ao tentar reproduzir uma performance clássica de Harry Houdini. A ideia dele, que atendia também por Mandrake, era se lançar em um rio amarrado por cordas e correntes e se soltar ainda debaixo d'água, mas o truque não deu certo. A versão original deste truque foi executada por Harry Houdini em junho de 1912, quando o húngaro-americano foi colocado dentro de um caixão com as mãos e pés algemados e presos a 90 kg de chumbo no East River, em Nova York. Houdini se soltou 57 segundos depois e subiu ileso à superfície” (UOL,  São Paulo em 25/06/2019)

"Estudiosos dizem que Houdini, em um contexto de revolução industrial e de opressão, era considerado como o homem que pregava a liberdade. Ele podia ficar preso em uma camisa de força e conseguia escapar. Estava em uma jaula e escapava desta jaula” (UOL, São Paulo em 25/06/2019).

Em 1909 comprou seu primeiro avião e na Austrália em 1910 realizou o primeiro voo de um avião neste país, embora ainda existam dúvidas se foi realmente o primeiro voo, pois há quem diga que meses antes um outro aviador realizou primeiro.

Foi diretor e protagonista de filmes que eram relacionados às suas habilidades de ilusionista.

Trabalhou a serviço dos governos dos Estados Unidos e da Inglaterra como espião na Europa, tendo espionado, por exemplo, autoridades do Império Russo.

Foi corredor e boxeador amador.

Deu aulas para soldados na Primeira Guerra Mundial sobre como escapar de cordas, algemas e naufrágios.

Fez um acordo com sua esposa Bess. Ele combinou que, se fosse possível haver comunicação após ele estar morto, enviaria a mensagem “Rosabelle believe”, que tinha a ver com uma música que eles gostavam. Bess participou de sessões quando havia Haloween, sem sucesso de contato com ele. Ainda há mágicos hoje em dia que participam de sessões espíritas com esperança de uma comunicação com Houdini.

O nome que Erik Weisz escolheu “Houdini” era em homenagem ao mágico francês Jean Eugene Robert-Houdin que tinha como nome verdadeiro Jean Eugene Robert. “Houdin” era o sobrenome da esposa desse mágico. Assim, Erik acabou se baseando sem saber em um sobrenome que não era na verdade de um mágico e sim da esposa desse.

No truque das algemas e correntes Houdini escondia uma chave sob o dedo do pé ou colada em um adesivo no couro cabeludo. A chave também podia ser deixada com um auxiliar que a escondia na palma da mão e que era entregue a Houdini em um aperto de mão. Houve casos de algemas e cadeados preparados, que em posição vertical se trancavam e se abriam se fossem colocados de cabeça para baixo.

Em um de seus truques em 1917 ele quase morreu, pois tinha sido enterrado sem caixão, com terra por cima e ficou em pânico tentando escapar, só conseguindo se salvar da morte porque conseguiu que uma de suas mãos atingisse a superfície e ele foi puxado.

Os treinos de Houdini duravam horas, dormia muito pouco por noite e não raramente esquecia de comer.

Para ter mais chances em seus truques ele aprendeu a ser ambidestro para poder trabalhar com as duas mãos.

Em casa era costume ficar em uma banheira com gelo onde ficava por horas com a finalidade de aprender a aguentar situações de dor.

Quando esteve em uma turnê em Londres, Houdini ficou desanimado em ver a pouca motivação dos ingleses pela mágica. Ele então foi até a Scotland Yard tendo pedido para ser algemado. Levou poucos minutos para se soltar. O desempenho dele chamou a atenção dos policiais e o fato foi divulgado. Os ingressos para o espetáculo acabaram logo e ele ficou por seis meses se apresentando em Londres.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: https://www.gettyimages.com.br/fotos/harry-houdini

 



terça-feira, 26 de outubro de 2021

O compositor italiano Verdi

 





Em 10 de outubro de 1813 nasceu na localidade de Roncole, no município italiano de Busseto (na época no departamento de Taro, integrante do império napoleônico, que tinha anexado o Ducado de Parma e Piacenza, atualmente na Emília-Romanha), o famoso compositor de óperas do período romântico italiano, considerado o maior compositor nacionalista da Itália, do mesmo modo como foi Richard Wagner na Alemanha. Estou me referindo a Giuseppe Fortunino Francesco Verdi. Ele foi um compositor muito influente no século XIX. Ainda atualmente suas óperas são muito executadas em casas de ópera de muitos países. Alguns de seus temas de óperas já são muito conhecidos do público como “La donna e mobile”, “Va pensiero” , “Libiamo ne’ lieticalici” e a “Gloria al Egito e ad Iside”. Os pais de Verdi eram pobres. O pai era Carlo Verdi, taberneiro. Sua mãe era Luisa Utini, que fazia alguns trabalhos como fiandeira. Apesar de ter sido batizado como Josephus Fortuninus Franciscus, o pai dele o registrou em Busseto no dia seguinte com o nome francês Joseph Fortunin François. Foi um padre da vila onde nasceu que ajudou Verdi, tendo sido o alfabetizador do futuro compositor e ainda lhe deu as primeiras lições de música. 

O talento de Verdi floresceu e foi se revelando, o que influenciou na decisão dos pais de mudar para Busseto, onde ele teria mais condições de aprendizado. O pequeno Verdi pôde ter uma educação facilitada por visitas à grande biblioteca da escola jesuítica desse lugar, onde também teve as primeiras lições de composição e aos vinte anos mudou-se para Milão para continuar seus estudos de música, tendo aulas particulares de contraponto. O conservatório que hoje em dia tem o nome de Verdi o recusou como aluno e ele teve que ter aulas particulares de música. Nos anos de 1830, a convite de Clara Maffei, Verdi apresentou-se nos salões Salotto Maffei em Milão.

Verdi voltou para Busseto, atuando como mestre de capela e maestro da banda. Depois veio a conseguir apoio de um mercador local e amante da música, Antonio Barezzi. Esse apoio deu a Verdi condições financeiras para apresentar-se pela primeira vez em público, na casa de Barezzi, em 1830. Esse patrocinador incumbiu Verdi de ser o professor de Margherita, sua filha. Ela e Verdi se casaram em maio de 1836 e essa união originou duas crianças que morreram ainda na infância. Margherita faleceu em 18 de junho de 1840, com 27 anos. Essas perdas abalaram muito Verdi.

A primeira ópera de Verdi, Oberto, foi apresentada no Teatro ala Scala de Milão, em novembro de 1839, porém sem muito sucesso. O empresário do referido teatro, Bartolomeo Merelli, ofereceu a Verdi um contrato para mais dois trabalhos. A segunda ópera, Um Giorno di Regno, apresentada em setembro de 1840, não teve sucesso, o que provocou uma angústia em Verdi, que prometeu na época que não iria mais compor. Apesar dessa situação, Merelli conseguiu convencer Verdi a compor a ópera Nabucco, apresentada em setembro de 1840, que tornou o compositor famoso em Milão.

Em uma década, a partir de 1843, Verdi compôs 14 óperas, um período descrito pelo compositor como seus "melhores anos". São desse tempo as obras I Lombardi (1843); Ernani (1844); Macbeth (1847), considerada por críticos a mais original e importante ópera de Verdi, que pela primeira vez fazia uma ópera sem uma história de amor, saindo da tradição de óperas italianas do século XIX. I Lombardi foi renomeada em 1847 como Jerusalem e produzida pela Ópera de Paris.

Após a morte de sua esposa Margherita, Verdi começou um relacionamento amoroso com a soprano Giseppina Strepponi. Eles primeiro viveram juntos, o que em algumas cidades onde moraram não foi bem visto até que se casaram em agosto de 1859, na Suiça. Foi morar em Busseto com a nova esposa e depois que sua mãe morreu em 1851 ele passou a morar em Villa Verdi Sant’Agata, em Villanova sull’Arda e lá permaneceu até sua morte.

Uma de suas melhores obras, Rigolleto, estreou em 1851, em Veneza. Foi baseada na peça Le rois'amuse, de Vitor Hugo. Mas houve revisões no libreto por causa da censura. Logo a ópera se tornou um grande sucesso. Nessa obra Verdi misturava comédia e tragédia, com uma complexidade social e cultural, misturando elementos heterogêneos. Em 1853 foram compostas por Verdi as óperas Il trovatore (produzida em Roma) e La Traviata (produzida em Veneza), duas de suas melhores obras. Outras grandes óperas foram compostas entre 1855 e 1867: Um ballo in maschera (1859); La forzadel destino (apresentada em 1862). Também foi produzida a versão revisada de Macbeth (1855). Outras obras da época foram: Les vêpres siciliennes (1855) e Don Carlo (1867), feitas para a Ópera de Paris, na língua francesa. Na atualidade essas duas obras tem mais interpretações em italiano. Outra obra foi Simon Boccanegra, de 1857.

Verdi e outros compositores compuseram uma seção para uma missa de réquiem em memória do grande compositor italiano Gioachino Rossini, porém a apresentação foi cancelada e Verdi culpou o maestro que iria conduzir a obra, Angelo Mariani, que não mostrou vontade de ir em frente com o projeto. Essa situação levou a uma ruptura de relações entre Verdi e esse maestro. Mas Verdi aproveitou a parte “Libera Me” que fez para esse Requiem , tendo feito uma revisão cinco anos depois, compondo um Requiem homenageando o poeta e romancista Alessandro Manzoni, morto em 1873. Essa obra foi apesentada na Catedral de Milão, em 22 de maio de 1874.

Houve rumores que a cantora Teresa Stolz, que participou na première europeia da ópera Aida, em Milão, em fevereiro de 1872 (mas que não apareceu na première da ópera, no Cairo em 1871), tenha tido um romance com Verdi depois que ela se separou do maestro Angelo Mariani. O papel de Aida foi escrito para ela, que também foi solista na primeira produção do Requiem. Quando Giseppina morreu, Teresa e Verdi ficaram mais ligados.

A respeito de outro grande compositor da época, também autor de óperas, Wagner, os dois não se conheceram. Eles conheciam sobre obras um do outro. É possível que tenha havido uma influência mútua, mesmo que inconscientemente. Sobre Wagner Verdi comentou: "Ele sempre escolhe, desnecessariamente, o caminho não trilhado, tentando fazer com que as pessoas alcancem os melhores resultados”. E quando Wagner morreu Verdi disse:"Triste, triste, triste! Um nome que deixará uma marca muito forte na história da arte”. Já Wagner sobre Verdi, o compositor alemão disse após ouvir o Requiem do italiano: "É melhor não dizer nada!".

Para Verdi o amor era tema constante em suas composições, houve censura em conteúdos políticos de obras suas. Ele era impulsionado a exaltar os humilhados e injustiçados. Era um romântico, com intensas paixões e com a crença na capacidade redentora do amor, tendo Victor Hugo e Shakespeare como fontes de inspiração. Compositores que antecederam Verdi e que podem ter exercido influência sobre ele: Rossini, Bellini, Meyerbeer, Donizetti e Mercadante. As óperas Otello e Aida possivelmente sofreram influência de Richard Wagner no processo de criação dessas obras.

Segundo o pesquisador Leonardo Martinelli na Revista CONCERTO de maio de 2011: “Giuseppe Verdi foi um dos maiores compositores de óperas de todos os tempos, juntamente com Wolfgang Amadeus Mozart e Richard Wagner. Suas obras são notáveis pela intensidade emocional, belas melodias e caracterizações dramáticas.

Verdi transformou a ópera italiana – de um conjunto repetitivo de recitativos e árias, com libretos antiquados e ênfase nas proezas vocais – em uma entidade musical e dramática unificada. Suas óperas estão entre as mais executadas da atualidade (...)”.

Quando o processo de reunificação da Itália estava se concluindo, o slogan “Viva Verdi” foi interpretado como “Viva Vítor Emanuel Rei da Itália”. Vitor Emanuel II era o rei do Piemonte e Sardenha que se tornou o primeiro rei da Itália. Verdi tinha sido eleito membro da Câmara dos Deputados em 1861, por causa de um conselho do Primeiro-Ministro Cavour, porém em 1865 renunciou a esse cargo e em 1874 foi nomeado Senador do Reino pelo rei da Itália. Na ópera Nabucco, a opressão do povo judeu foi relacionada à situação da Itália sob ocupação militar estrangeira. Verdi tinha de conseguir que obras suas de caráter patriótico não fossem barradas por censores austríacos ou franceses, mantendo características essenciais de suas obras.

Verdi fez trabalhos de revisão de suas primeiras composições, como novas versões de Don CarloLa forza del destino e Simon Boccanegra. Em 1887 a sua ópera Otello, que foi baseada na obra de William Shakespeare, teve sua première em Milão. O libreto foi escrito pelo compositor Arrigo Boito. As opiniões críticas se dividem entre críticos musicais, com uns dizendo que é a obra-prima trágica de Verdi e outros dizendo que não tem o brilho melódico característico do compositor. Diferentemente de outras obras de Verdi, não há prelúdio. Na estreia da obra houve destaque para a participação de Arturo Toscanini como violoncelista, que veio a ser amigo de Verdi.

Falstaff (1893) foi aúltima ópera de Verdi, com libreto escrito por Boito e baseada na obra “As Esposas Alegres de Windsor”, com tradução de Victor Hugo. Foi muito elogiada essa ópera, uma obra cômica, um grande sucesso, com destaque para a capacidade criativa de Verdi no contraponto.

A última composição orquestral de Verdi foi um curto balé para a produção francesa de Otello. Tempo depois Toscanini gravou com orquestra sinfônica da NBC a música para a RCA Victor. E finalmente a última composição de Verdi foi em 1897. Tratava-se de uma obra com base nos textos em latim de Stabat Mater. Foi a última de quatro obras sacras compostas por Verdi: Quattro Pezzi Sacri. Essas obras são: Ave MariaStabat MaterLaudo ala Vergine Maria e Te Deum. Em 7 de abril de 1898 foi executada a primeira apresentação das quatro obras na Grande Ópera, em Paris.Em 1895, ele recebeu do rei da Itália o título de Marquês de Busseto.

Verdi faleceu em 27 de janeiro de 1901. Ele havia tido um AVC no dia 21 de janeiro quando estava hospedado no Grande Hotel de Milão. Em seu funeral Arturo Toscanini conduziu orquestras e coros combinados de toda a Itália, em Milão. Toscanini conduziu coro de 820 cantores que cantaram O Coro dos Hebreusantes do corpo de Verdi ser levado para o cemitério.

Segundo a autora Dilva Frazão sobre Verdi:

“(...) Em 1839, estreou no Scala de Milão com a ópera, Oberto, Conde de San Bonifácio, conseguindo imediata aceitação de parte do público. A apresentação da ópera foi seguida da morte de sua filha Virgínia, de seu filho Icílio e de sua esposa Margherita. Desesperado, o compositor jurou que jamais criaria outra ópera. Em 1842, no entanto, Nabuco obteve extraordinário sucesso em Milão, em parte por sua descrição do cativeiro judeu na Babilônia. A celebridade de Verdi consolidou-se com uma série de óperas de temas literários e históricos: Ernani (1844), Joana d’Arc e Macbeth (1947).Depois de uma estada em Paris, Verdi estabeleceu-se perto de Busseto com a soprano Giuseppina Strepponi, com quem manteve uma feliz e duradoura união, oficializada em 1859.Em 1848, satisfeito com os acontecimentos da revolução, Verdi abandonou o gênero patriótico em suas óperas e escreveu três obras-primas: Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853) e La Traviata (1853).

Tendo alcançado grande prestígio internacional, Verdi alternou a criação de obras para a Ópera de Paris com trabalhos artisticamente mais ambiciosos, como: “Simon Boccanegra” (1857), “Um Ballo in Maschera” (1859) e “La Forzadel Destino” (1862).Em 1860, com a Itália unificada, Verdi livrou-se dos censores austríacos. Por insistência do conde Cavour, tornou-se deputado por um breve período e não teve ativa participação política. Em 1871, recebeu o convite e a encomenda de uma ópera para a inauguração do Canal de Suez. Verdi compôs a célebre Aida, com que atingiu o auge de sua carreira, sempre auxiliado por sua nova companheira, a soprano Giuseppina, que faleceu em 1879 (...)”

Segundo o maestro Roberto Minczuk:

“Não há como falar da obra de Verdi sem falar do homem que ele foi. Filho de um estalajadeiro e de uma fiandeira, sua educação se dá pelo som rude de rabecas e flautas tocadas por viajantes que se hospedavam nas humildes instalações de sua casa. Verdi não teve em sua infância uma formação de base, não teve de seu pai o apoio necessário, não teve de seus professores a instrução correta, mas algo suplantava tudo isso: o seu amor pela música.

Sério e dedicado, Verdi nunca deixou que as inúmeras dificuldades o afastassem do sonho de se tornar um músico reconhecido. Graças à proteção do comerciante Antônio Barezzi iniciou seus estudos na escola de música de sua cidade natal. Foi recusado no exame que prestou para o Conservatório de Música de Milão, que hoje leva seu nome. Após o relativo êxito obtido com sua primeira ópera no Teatro ala Scala, em menos de um ano perde sua mulher e seus dois filhos, e sua segunda ópera fracassa. Nesse momento muito difícil, mais uma vez a música faz com que ele renasça. Graças a Nabucco e seu eterno VaPensiero, Verdi se torna um dos grandes nomes da ópera italiana. Seus sucessos se sucedem com força e constância jamais vistas na história da ópera. Passou, em seus mais de 50 anos como compositor, pelas mais diversas modas e movimentos. Viu a criação dos dramas líricos de Wagner; do Fausto, de Gounod; da Carmen, de Bizet; de Boris Godunov de Mussorgsky, sem nunca perder o foco e desviar sua trajetória sob o efeito dessas novas ideias estéticas.

Sua obra tem a nobreza e a simplicidade de seu caráter. Era um camponês humilde, sensível e entusiasta. Não criou nenhuma doutrina ou sistema. Acreditava que somente a sinceridade justificava a arte. E essa deve ser a busca de um intérprete de uma ópera de Verdi: transmitir ao público a verdade do drama, dos personagens e, consequentemente, de nós mesmos.”

Frases de Verdi:

 

"De todos os compositores do passado e do presente, eu sou o que menos aprendeu"

“Todo mundo deveria sentir respeito diante da humanidade sofrida.”

“Não sou um compositor culto, mas sou experiente.”

"Pode ser uma coisa boa copiar a realidade; mas para inventar a realidade é muito melhor".

“Eu adoro arte, quando estou sozinho com minhas notas, meu coração e minhas lágrimas caem, minha emoção e prazer são imensos.”

 

Sugestão de videos:

 

https://www.youtube.com/watch?v=FJ8JRD4xVmQ

Ópera nabucco de verdi com legendas em português

 

https://www.youtube.com/watch?v=4fba_2RKuV4

VERDI, AIDA "MARCHA TRIUNFAL"

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Márcio José Matos Rodrigues-professor de História

 

 

 

Figura: https://www.gettyimages.com.br/fotos/giuseppe-fortunino-francesco-verdi


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

O imperador persa Ciro

 





Este meu artigo é sobre Ciro II (também conhecido como Ciro, o Grande,"Ciro, O Ancião" (pelos gregos), o “Rei dos Reis” e “Grande Rei”), que foi rei da Pérsia e fundou o Império Aquemênida. O profeta judeu Isaías chamou-o de "ungido do Senhor". Ciro reinou de 559 a 530 a . C. Seu pai era o rei persa Cambises I (o reino persa era chamado de Ansã) e sua mãe era Mandane. Ciro ficou famoso pelas suas conquistas militares que ampliaram os territórios de seu reino, tornando-o um império que englobava territórios do Antigo Oriente Próximo, do Sudoeste Asiático e da Ásia Central, tendo anexado o Império Medo, a Lídia, as cidades gregas da Ásia Menor e a Neobabilônia. O império que Ciro criou ia do Mar Mediterrâneo e do Helesponto até o rio Indo.

Além de ser um estrategista militar inteligente e um conquistador, outra característica que tornou Ciro respeitado e mais conhecido em seu tempo foi a sua tolerância aos costumes e religiões dos povos conquistados. Seu império destacou-se pela qualidade de sua administração governamental, que fazia com que fosse próspero. A influência de Ciro estava ligada a uma política de respeito a direitos humanos avançada para a época.

Ciro foi um príncipe persa com ligações com a casa real dos medos, povo que graças a um ágil, organizado e forte exército,dominava a região onde havia outros povos como os persas. Segundo o historiador grego Heródoto, quando Ciro nasceu o avô materno dele, o rei medo Astíages, teve um sonho que foi interpretado por sacerdotes como uma revelação que Ciro que se tornaria um conquistador do reino da Média. Astíages então deu ordem para um funcionário real chamado Hárpago matar Ciro. Mas Hárpago apiedou-se de Ciro e o entregou para ser criado por um pastor. O rei descobriu que tinha sido enganado e mandou matar e esquartejar o filho de Hárpago, servido como comida ao seu pai que nao sabia o que estava comendo, só vindo a saber quando o rei ordenou que lhe mostrassem a cabeça do filho.

Ciro foi educado na infância por pastores e na juventude por um guerreiro.Ele tornou-se rei dos persas, que era subordinado aos medos até que uma revolta iniciada em 549 a. C derrotou o rei medo Astíages. Ciro ficou com o trono do avô, poupando sua vida e conquistou todo o território dos medos. Depois dessa conquista, que envolvia a área correspondente ao atual Irã, Ciro conquistou a Lídia e territórios a leste da Pérsia e a Babilônia. Em 537 a. C os judeus que estavam cativos na Babilônia foram autorizados por Ciro a voltarem para a Judeia que se tornou um reino aliado do rei da Pérsia. Também os fenícios, povo dedicado à navegação e ao comércio, tornaram-se leais a Ciro, vindo depois a fazer parte importante da marinha persa. De acordo com alguns autores, as conquistas de Ciro aconteceram devido a uma combinação de combates árduos por parte de suas tropas com calma calculada e propaganda. Para esses autores Ciro tinha uma boa análise da situação militar e no caso da conquista da Babilônia utilizou suborno ostensivo e uma forte campanha publicitária que o colocava como um soberano calmo e que respeitava as religiões de outros povos.

Ciro buscava terras férteis para instalar seu povo, que crescia rapidamente em população. Em suas conquistas, ao contrário de vários outros conquistadores antes dele, era generoso com os povos vencidos em guerras, até mesmo aproveitando para empregar como funcionários administrativos membros originários de povos conquistados. Também manteve instituições religiosas desses povos e conservou líderes locais no poder a serviço do império persa. Comparando-se, por exemplo, com o domínio de um outro império que existiu antes do império persa naquela região, o império assírio utilizou basicamente como controle e intimidação uma política de terror, com  ameaças de castigos terríveis como a decapitação e a mutilação em casos de revoltas dos povos submetidos e contra inimigos na guerra.

Com a habilidade de Ciro e de alguns de seus sucessores o império persa pôde manter sua unidade e força, estendendo-se por uma ampla região. Os povos dominados tinham liberdade cultural e de culto religioso, mas tinham de pagar tributos e fornecer soldados para o império persa. Ciro libertou os escravos e estabeleceu direitos. Tais medidas foram escritas e foi depois encontrado por pesquisadores modernos em 1879 um cilindro de argila denominado Cilindro de Ciro (nos dias atuais está em exposição no Museu Britânico, em Londres). Nesse objeto havia determinações registradas conforme a escrita cuneiforme e em língua acádica. Foi considerado nos tempos atuais como a primeira escritura dos direitos humanos do mundo e está traduzido nas seis línguas oficiais das Nações Unidas.

O império persa a partir do governo de Ciro passou a influenciar culturalmente os povos conquistados e outras regiões vizinhas. Segundo alguns autores, embora a tolerância cultural e religiosa continuasse a existir durante o governo de sucessores de Ciro, a tributação sobre os povos conquistados foi sendo consideravelmente aumentada durante a dinastia Aquemênida para sustentar o império e causando dificuldades para povos submetidos como os judeus. Ciro morreu em dezembro de 530 a . C numa batalha contra os massagetas, uma tribo nômade da Ásia Central. Ele foi enterrado em Passárgada, cidade importante do império persa fundada pelo próprio Ciro.  Os persas chamaram Ciro de Kourash (Pastor), porque o consideraram um pastor que cuida de seu povo. O império persa iniciado por Ciro e depois expandido por sucessores tornou-se um dos maiores impérios da Antiguidade. As conquistas de Ciro compreenderam uma área que corresponde aos territórios atuais dos seguintes países: Irã, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Turquia, Afeganistão. E também envolvendo terras de parte do Paquistão atual. A conquista da Babilônia por Ciro e a libertação dos judeus estão também descritas na Bíblia.

 

A seguir um texto do Cilindro de Ciro:

“O culto de Marduque, o rei dos deuses, ele [o Rei Nabonido] transformou em abominação, diariamente fazia o mal contra a sua cidade … Atormentou os habitantes com um jugo sem descanso, arruinou-os a todos.

Às queixas dos seus habitantes, o senhor dos deuses ficou extremamente irritado e foi-se embora da sua terra, os deuses que habitavam entre eles deixaram as suas moradas, tanto ele os tinha irritado na Babilônia. Marduque que cuida… uma vez que os santuários de todos os seus lugares estavam em ruínas e os habitantes da Suméria e Acad tinham ficado como mortos, voltou a trás, dominou a sua irritação e mostrou-se compadecido. Examinou e perscrutou todos os países, procurando um governante reto, que estivesse disposto a levar processionalmente Marduque. Pronunciou o nome de Ciro, Rei de Anshã, proclamou o seu nome para ser o governante do mundo inteiro. Fez que o país de Guti e todas as hordas de Manda se inclinassem em submissão aos seus pés. E este sempre se esforçou em tratar conforme a justiça os cabeça-pretas, que Marduque o levou a conquistar.

Marduque, o grande Senhor, um protetor do seu povo , observando as suas boas ações e o seu coração reto [de Ciro], ordenou que marchasse contra sua cidade de Babilônia. Fez que ele se pusesse a caminho da Babilônia, pondo-se ele ao seu lado como um verdadeiro amigo. As suas tropas bem alargadas [compostas por citas, medos e persas], cujo número, como a água do rio, não poderia ser determinado, foram passeando, com suas armas encaixotadas. Sem nenhuma batalha, ele fez entrar na cidade de Babilônia, poupando à Babilónia qualquer calamidade. Entregou as suas mãos Nabonido, o rei que não lhe rendia adoração. Todos os habitantes de Babilônia, bem como do país da Suméria e Acad com príncipes e governadores inclinaram-se para ele [Ciro] e beijaram os pés, jubilosos por ser ele a realeza, e de faces radiantes. Felizes, aclamaram-no como um senhor através de cuja ajuda todos tinham regressado da morte à vida e tinham sido poupados ao prejuízo e ao desastre, e reverenciaram o seu nome.

Eu sou Ciro, rei do mundo, grande rei, rei legítimo, rei de Babilônia, rei da Suméria e Acad, rei dos quatro cantos [da terra], filho de Cambises, grande rei, rei de Anshã, neto de Ciro, grande rei, rei de Anshan, descendente de Teispes, grande rei, rei de Anshã, de uma família de perpétua realeza, cujo o governo Bel e Nebo amam, que eles desejam como rei para satisfazer os seus corações.

Quando eu entrei na Babilônia como amigo estabeleci a sede de governação no palácio do soberano por entre júbilo e regozijo. Marduque, o grande senhor, levou os magnânimos habitantes da Babilônia a amar-me, e eu estava diariamente ocupado em reverenciá-lo. As minhas numerosas tropas passaram por Babilônia em paz; não permiti que ninguém espalhasse o terror no país da Suméria e Acad. Esforcei-me pela paz em Babilônia e em todas as suas cidades sagradas. Quanto aos habitantes de Babilônia que, contra vontade dos deuses tinham o jugo que era contrário à sua condição, trouxe melhoria às suas degradadas condições de habitação, acabando com as suas razões de queixa. Marduque, o grande senhor, ficou bem agradado com as minhas ações e enviou amistosas bênçãos para mim, Ciro, o rei que o reverencia, para o meu filho, Cambises, rebento dos meus rins, bem como para todas as minhas tropas e todos nós [louvamos] exultantes a sua grandeza, permanecendo em paz.

Todos os reis do mundo inteiro do Mar Superior ao Inferior , aqueles que estão sentados em salas de trono, ou vivem noutros tipos de edifícios bem como todos reis do Oeste, que vivem em tendas, trouxeram seus pesados tributos e beijaram os meus pés em Babilónia. [Quanto a região de] … até Assur e Susa, Agadé, Eshnunna, as cidades de Zamban, Me-Turnu e Der [região na Mesopotâmia Oriental], assim como as regiões dos Gútios eu devolvi às cidades sagradas do outro lado do Tigre, santuários que estiveram em ruínas durante muito tempo, as imagens que viviam dentro delas e estabeleci para elas santuários permanentes. Reuni igualmente todos os seus habitantes e devolvi-lhes as suas habitações. Além disso, por ordem de Marduque, o grande Senhor, restabeleci todos os deuses da Suméria e Acad, que Nabonido tinha trazido para Babilónia para irritação do senhor dos deuses, intactos nas suas capelas, os lugares que os tornam felizes.

Possam todos os deuses que eu restabeleci nas suas cidades sagradas pedir diariamente a Bel e a Nebo uma longa vida para mim e interceder por mim; a Marduque, meu senhor, possam eles dizer: "Ciro, o rei que vos venera, Cambises, seu filho, ..." ... todos eles eu estabeleci em lugar tranquilo … patos e pombos, … Procurarei fortalecer os seus lugares de habitação."

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura:

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